O CineBancários
exibirá, em caráter inédito no circuito exibidor gaúcho, os quatro
documentários de Eduardo Escorel que compõem a série “A Era Vargas”, realizados
entre 1990 e 2016. Eles abordam o período desde a tomada do poder por Getúlio
Vargas, em 1930, até a sua deposição em 1945.
A mostra, cujo destaque é o filme
1937-1945: Imagens do Estado Novo, exibido recentemente no 21º Festival
Internacional de Documentários - É Tudo Verdade / It’s all true, contará também
com um debate, do qual participarão o realizador dos filmes, Eduardo Escorel, e
a Profa. Dra. Carla S. Rodeghero, do PPG-História da UFRGS. O encontro
oportunizará a reflexão sobre as relações entre cinema e história, consideradas
a partir da experiência de produção de documentários com imagens de arquivo, e terá
mediação da historiadora Dra. Alice D. Trusz. O evento é uma realização do GT
História Cultural Anpuh-RS e conta com o apoio do Programa de Educação
Patrimonial UFRGS-APERS e do CineBancários.
 
Os filmes serão exibidos entre 28 de setembro e 02 de outubro nas 
sessões das 15h e 17h. O debate será realizado no sábado, 01 de outubro,
 às 17h, com entrada franca. 
MOSTRA “A ERA VARGAS” – DOCUMENTÁRIOS DE EDUARDO ESCOREL 
Integram a série sobre a Era Vargas 
os filmes 1930 – Tempo de revolução (1990), 32 – A guerra civil (1993), 
35 – O assalto ao poder (2002) e 1937-1945: Imagens do Estado Novo 
(2016). Marcados pelo compromisso de divulgar fatos importantes de 
períodos menos conhecidos da história brasileira de maneira clara e 
didática, mas sempre com o rigor histórico necessário, os documentários 
tiveram origem em um projeto idealizado pelo produtor Claudio Kahns e 
pelo cientista político André Singer. Os dois primeiros filmes foram 
realizados para exibição em televisão aberta, na TV Manchete, tendo sido
 produzidos em curto espaço de tempo e em formato adequado ao seu canal 
de veiculação. Já o terceiro episódio da série, sobre 1935, teve sua 
produção estendida por quase uma década, em parte, segundo Escorel, à 
sua temática, sobre a qual havia desinteresse e consequente dificuldade 
de captação de recursos.
São traços comuns aos três primeiros filmes o emprego de 
documentos de distintas tipologias, prevalecendo fotografias, filmes e o
 recurso à imprensa da época, além de depoimentos de testemunhas e 
considerações analíticas de especialistas. Já o quarto filme da série, 
1937-1945: Imagens do Estado Novo, inteiramente construído a partir de 
imagens de arquivo, rompe com a lógica seguida pelo realizador nos 
filmes anteriores. Tendo sua estrutura criada a partir do diário de 
Getúlio Vargas e das correspondências trocadas entre ele, seus 
ministros, parentes e o povo, a partir do que é construído um texto em 
off narrado na própria voz de Escorel, a obra se afasta do documentário 
clássico e se aproxima de uma forma ensaística, abrindo espaço para a 
reflexão sobre o próprio processo de produção das imagens. Pois Escorel,
 que também faz a leitura do diário e das cartas, assume a tarefa de 
provocar o olhar do espectador e conduzi-lo a questionar as imagens que 
assiste. Considerando as suas diferentes origens, destinações e usos, 
ele evita o seu uso ilustrativo para priorizar um exame atento ao seu 
potencial cognitivo, estimulando a percepção crítica sobre as imagens 
oficiais do regime e as demandas que motivaram a sua produção. Essa 
postura de problematização também é estendida à apropriação das imagens 
de arquivo pelo cineasta, procedimento que é evidenciado também pela 
montagem, que estabelece diálogos entre as imagens oficiais dos 
cinejornais e aquelas dos filmes amadores domésticos. Nesse processo, 
reconhece-se, ainda, a importância daqueles que produziram e preservaram
 as imagens levantadas pela produção dos documentários, muitas das quais
 inéditas, permitindo que hoje existam imagens do e sobre o passado e 
que elas possam ser retomadas para novos usos, entre os quais a produção
 de documentários sobre a história política brasileira e a história da 
produção e usos das imagens a partir de demandas políticas.
OS FILMES
1930 – Tempo de revolução (1990)
Neste filme é abordado o movimento de 1930, por meio do qual 
Getúlio Vargas ascendeu ao governo do país, procurando compreender o 
processo de substituição das oligarquias no poder central a partir da 
remissão a outras insurgências que marcaram a década de 1920, como o 
movimento tenentista, e que dão conta da instabilidade política das 
primeiras décadas do regime republicano brasileiro.
32 - A guerra civil (1993)
Para os paulistas, no início da década de 1930, o Governo 
Provisório de Getúlio Vargas se transformou numa ditadura. Contra ela, 
os paulistas deflagraram uma guerra civil, que se estendeu por três 
meses e teve apoio maciço da população. Contudo, foi derrotada, 
resultando grande número de mortos e feridos. O documentário trata 
desses eventos e questiona a noção ainda hoje dominante de que a guerra 
tinha propósitos separatistas.
35 - O assalto ao poder (2002)
O ano de 1935 estava chegando ao fim quando três levantes 
militares, em três diferentes capitais brasileiras, tentaram derrubar o 
governo de Getúlio Vargas. Liderada por membros do Partido Comunista do 
Brasil, a insurreição deflagrada em Natal, Recife e no Rio de Janeiro, 
foi um fracasso militar e político. Em poucos dias o movimento foi 
inteiramente dominado. O governo de Getúlio foi implacável com os 
insurretos, prendendo-os e torturando-os. O filme examina tais questões a
 partir de diferentes fontes e imagens inéditas, encontradas também em 
arquivos europeus e norte-americanos, trazendo ainda depoimentos de 
vários participantes do levante e intervenções de historiadores, 
cientistas políticos e jornalistas especialistas no tema.
1937 – 1945: Imagens do Estado Novo (2016)
O documentário mobiliza cinejornais, fotografias, propagandas, 
cartas, filmes domésticos e de ficção, canções e trechos do diário de 
Getúlio Vargas para, através da comparação e análise desses registros 
heterogêneos, produzidos para fins diversos, da propaganda política à 
celebração familiar, explorar as diversas camadas da trama política do 
regime expondo suas fontes de inspiração externas, sua forma de 
funcionamento e contradições. Segundo Escorel, trata-se menos de “um 
documentário sobre o Estado Novo, e sim um filme sobre as imagens a 
respeito do Estado Novo”, que discute os sentidos da produção e 
apropriação de imagens de arquivo para a produção de filmes e de 
conhecimento sobre o passado. Neste caso, buscando reavaliar a herança 
do período ditatorial do Estado Novo e sua importância para a 
compreensão da ditadura civil-militar de 1964.
EDUARDO ESCOREL
Cientista Político, cineasta e 
documentarista paulista, Eduardo Escorel teve destacada atuação como 
diretor, produtor executivo, roteirista e montador de diversas obras 
fundamentais na história do cinema brasileiro. Em 1964, trabalhou pela 
primeira vez como assistente de direção e montador no filme O padre e a 
moça, de Joaquim Pedro de Andrade. Tem início então a sua participação 
na produção de uma extensa filmografia, da qual cabe destacar a sua 
contribuição como montador nos filmes: Terra em transe (1967), de 
Glauber Rocha, Macunaíma (1969), de Joaquim Pedro de Andrade, Eles não 
usam black-tie (1981), de Leon Hirszmann, Cabra marcado para morrer 
(1984), de Eduardo Coutinho, e Santiago (2007), de João Moreira Salles. 
Para além da montagem, Eduardo Escorel desenvolveu uma sólida carreira 
como diretor de ficções e documentários. Betânia bem de perto (1966) foi
 o primeiro documentário que dirigiu, em parceria com Júlio Bressane. A 
partir dos anos 1990, passou a dedicar-se à série de documentários sobre
 a história do Brasil republicano, construídos a partir da apropriação 
de imagens de arquivo. Segundo Eduardo Morettin, “trabalhando com os 
‘vestígios do passado’, Escorel toca em questões seminais para pensar 
não somente o fazer cinema, mas o fazer histórico.” Atualmente, além de 
diretor e montador, Eduardo Escorel também atua como crítico de cinema 
no blog da revista Piauí e como coordenador da Pós-Graduação em Cinema 
Documentário da Fundação Getulio Vargas.
FICHAS TÉCNICAS
1930 – Tempo de revolução
1990 / Brasil / Documentário / 49 minutos
Direção: Eduardo Escorel
Assistente de direção: Izabel Jaguaribe
Argumento: Antonio Pedro Tota
Roteiro: Sérgio Augusto
Texto: Sérgio Augusto e Eduardo Escorel
Narração: Edwin Luisi
Música: Sérgio Saraceni
Edição: João Henrique Jardim
Projeto: André Singer e Claudio Kahns
Produtora: CineFilmes Ltda.
Produção executiva: Augusto Casé
Fotografia: José Guerra, Flávio Zangrandi e Reynaldo Zangrandi
Consultoria histórica: Regina Luz
Participações (especialistas): Boris Fausto, Antonio Cândido, Edgard De Decca, Paulo Sérgio Pinheiro
Participações (depoimentos): Luiz Carlos Prestes, Barbosa Lima Sobrinho
Apoio: Secretaria do Estado da Cultura – Governo de São Paulo
32 – A guerra civil 
1993 / Brasil / Documentário / 49 minutos
Direção: Eduardo Escorel
Argumento: Paulo Sérgio Pinheiro e Tulio Khan
Roteiro: Sérgio Augusto
Texto: Sérgio Augusto e Eduardo Escorel
Narração: Edwin Luisi
Música: Hermelino Neder
Edição: Aritanã Dantas
Fotografia: Adrian Cooper
Projeto: André Singer e Claudio Kahns
Produção: Claudio Kahns
Produtor associado: Studio B
Participações (especialistas): Boris Fausto, Aspásia Camargo, Hernani 
Donato, Paulo Sérgio Pinheiro, Vavy Pacheco Borges, José Murilo de 
Carvalho, Antonio Cândido, Edgard De Decca
Participações (depoimentos): Paulo Duarte
Patrocínio: PubliFolha, Banespa
Apoio: Secretaria do Estado da Cultura, Secretaria da Justiça e da 
Defesa da Cidadania, Secretaria do Estado da Educação – Governo de São 
Paulo.
35 – O assalto ao poder 
2002 / Brasil / Documentário / 98 minutos
Direção: Eduardo Escorel
Fotografia: José Tadeu Ribeiro
Montagem: Pedro Bronz
Assistente de montagem: Nina Galanternick
Edição on-line: Flávio Nunes
Edição de som e mixagem: Ricardo Cutz
Narrador: Paulo Betti
Roteiro e narração: Sérgio Augusto e Eduardo Escorel
Argumento: Paulo Sérgio Pinheiro e Tulio Khan
Projeto: André Singer e Claudio Kahns
Produtor: Claudio Kahns
Produção: Tatu Filmes, Brasil 1500 e CineFilmes
Co-produção: STV Rede Sesc-Senac de Televisão
Música: Hermelino Neder e Newton Carneiro
Participações (especialistas): José Murilo de Carvalho, Paulo Sérgio 
Pinheiro, William Waak, Boris Fausto, Marly Vianna, Paulo Cavalcanti, 
Fernando Morais, Homero de Oliveira Costa.
Participações (depoimentos): Luis Carlos Prestes, Apolônio de Carvalho, 
Manuel Batista Cavalcanti, Poty Ferreira, Paulo Cavalcanti, José Gutman,
 Francisco Leivas Otero, Sócrates Gonçalves da Silva, Octavio Brandão
Patrocínio: Grupo Santander Banespa, Lorenzetti, DrogaRaia, Lei do Audiovisual - MINC
Apoio: VideoFilmes, Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura do 
Recife, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo da Prefeitura de 
Natal, Governo do Rio Grande do Norte, RBS Vídeo, Studio B, VASP.
Apoio Institucional: Prefeitura Municipal de São Paulo
1937-1945: Imagens do Estado Novo 
2016 / Brasil / Documentário / 227 minutos (3h78min)
Parte 1 – 11 minutos (1h51min)
Parte 2 – 114 minutos (1h54min)
Direção: Eduardo Escorel
Produção: Cláudio Kahns
Argumento: Dulce Pandolfi (nova)
Roteiro: Flávia Castro e Eduardo Escorel
Narração: Eduardo Escorel
Pesquisa de imagem: Antonio Venâncio
Pesquisa de documentos escritos: Letícia Carvalho
Música: Hermelino Neder (idem anterior) e Newton Carneiro (idem anterior)
Montagem: Pedro Bronz (idem anterior) e Eduardo Escorel
Edição de som e mixagem: João Jabace (novo)
Pré-montagem: Jordana Berg e Thaís Blank
Gravação da narração: Denilson Campos
Pós-produção: Afinal Filmes e Tatu Filmes
Apoio: UNIVESP, FINEP, FSA, Ancine. Governo Federal BR
Produtores associados: Tatu Filmes e CineFilmes
Produtora: Brasil 1500 
GRADE DE HORÁRIOS
28 de setembro (quarta-feira)
15h - MOSTRA ERA VARGAS: 1930 - "Tempo de Revolução (1990)" e "32 - A Guerra Civil (1993)" [entrada franca]
17h - MOSTRA ERA VARGAS: 35 - O Assalto ao Poder (2002)[entrada franca]
19h - Aquarius
29 de setembro (quinta-feira)
15h - MOSTRA ERA VARGAS: 1937 - 45: Imagens do Estado Novo - Parte 1 [entrada franca]
17h - MOSTRA ERA VARGAS: 1937 - 45: Imagens do Estado Novo - Parte 2 [entrada franca]
19h - Aquarius
30 de setembro (sexta-feira)
15h - MOSTRA ERA VARGAS: 1937 - 45: Imagens do Estado Novo - Parte 1 [entrada franca]
17h - MOSTRA ERA VARGAS: 1937 - 45: Imagens do Estado Novo - Parte 2 [entrada franca]
19h - Aquarius
1º de outubro (sábado)
15h - MOSTRA ERA VARGAS: 35 - O Assalto ao Poder (2002) [entrada franca]
17h - Debate com Eduardo Escorel e Carla S. Rodeghero. Mediação: Alice D. Trusz [entrada franca]
19h - Aquarius
2 de outubro (domingo)
15h - MOSTRA ERA VARGAS: 1937 - 45: Imagens do Estado Novo - Parte 1 [entrada franca]
17h - MOSTRA ERA VARGAS: 1937 - 45: Imagens do Estado Novo - Parte 2 [entrada franca]
19h - Aquarius