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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 8 de outubro de 2024

Cine Dica: Streaming -'Vingança'

Sinopse: Três homens ricos fazem anualmente uma espécie de caçada no deserto. Desta vez, um dos empresários decide levar sua amante, mas ela acaba sendo abandonada para morrer.  

Coralie Fargeat tem chamado bastante atenção recentemente pelo elogiado "Substância" (2024) e do qual é estrelado por Demi Moore. Alguns críticos, por exemplo, têm apontado semelhanças deste filme com o clássico "A Mosca" (1986), já que em ambos os casos fala sobre o indivíduo se deteriorando a partir de um passo em falso para obter os seus objetivos. Antes disso, porém, a cineasta teve a sua consagração através do filme "Vingança" (2017), cuja premissa não é muito diferente dos típicos filmes de ação, mas sendo que a sua direção autoral faz toda a diferença.

A trama fala sobre três homens bem sucedidos que decidem anualmente colocar em prática uma espécie de caçada no deserto. Desta vez, porém, um deles decide trazer a sua amante chamada Jen (Matilda Lutz). Quando ela é abandonada para morrer devido a uma série de situações horríveis, eles terão que lidar com as consequências de uma mulher que busca vingança pelo que fizeram contra ela.

Se fosse realizado por um outro diretor qualquer esse filme cairia no esquecimento de forma fácil, pois dentro do gênero ação e policial o termo vingança já é há muito tempo degustado. Porém, Coralie Fargeat usa a premissa simples para fazer uma análise sobre o consumismo, seja ele através de riquezas, comida ou do próprio corpo em si que é vendido como se fosse uma mercadoria. À primeira vista Jen parece ser uma patricinha mimada e que se vende fácil para aquele que der o valor mais alto.

Contudo, uma vez que ela é abusada em uma cena grotesca, eis que ela se revela como um ser frágil que tem o direito pelo seu próprio corpo e que não aceita ser tratada como mero objeto. Embora a cena do estupro não seja nada explicito Coralie Fargeat constroi um jogo de cenas engenhoso para que o momento se torne ainda mais angustiante, pois o que não se pode ver se torna ainda mais assustador do que se pode imaginar. Falando em jogo de cenas, o filme é todo moldado por uma edição caprichada, quase como se fosse um vídeo clipe e cuja uma mera situação banal se torna algo interessante de se ver.

Agora, convenhamos, é preciso assistir também o filme de mente aberta, pois a realizadora gastou litros e mais litros de sangue do qual nos passa a sensação de estar saindo para fora da tela. Aliás, o crime cometido contra a protagonista é tão inverossímil que a única maneira de aceitarmos aquilo é cair na real que estamos diante de somente um filme, mas que tem algo a dizer mesmo quando se curva para o absurdo. Uma vez aceitando isso aproveitamos a sessão ao vermos a protagonista sair viva de uma situação inusitada e fazendo a gente querer em começar a carregar um isqueiro por segurança.

Após isso, não é preciso ser gênio que a personagem partirá para a pura e simples vingança, onde atriz Matilda Lutz deixa de lado toda a sua beleza para se transformar em uma verdadeira caçadora em busca pela sua preza. Do elenco masculino, se destaca Kevin Janssens ao construir um ser extremamente machista e que não mede esforços para ficar acima de seus colegas e de sua própria amante para não se sentir rebaixado. O típico homem que tem tudo, mas que no fim se encontra podre por dentro.

Voltando a direção de Coralie Fargeat, pode-se dizer que não é muito difícil de comparar a sua forma de filmar com o lado autoral de David Cronenberg. Em ambos os casos, por exemplo, há um desejo em mostrar a pele dos protagonistas de uma forma quase obsessiva, principalmente quando as peles se encontram ensanguentadas e se alinhando com qualquer ferro que surge em cena. Contudo, esse alinhamento entre organismo e o ferro é algo recente visto no cinema da França e cujo títulos como "Titane" (2021) simplifica muito bem essa tendência vinda de lá.

Porém, creio eu, que  Coralie Fargeat não ficará presa somente pela tendência do momento e buscará realizar filmes com alma própria como um todo. Se há alguma dúvida sobre isso atenção para o ato final cujo um plano-sequência que acontece no cenário principal da trama é desde já uma das melhores cenas que eu já vi no cinema recente e provando que não é preciso pirotecnia para se criar incríveis cenas, pois basta criatividade e o desejo em domar a câmera. Neste último caso, ao meu ver, Coralie Fargeat fez o seu dever de casa.

"Vingança" é o filme de estreia de  Coralie Fargeat, mas que desde já demonstra uma visão particular sobre fazer cinema autoral de qualidade e que terá muito a dizer daqui para frente. 

Onde Assistir: Netflix.  

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Cine Dica: CINEMATECA CAPITÓLIO PROGRAMAÇÃO 10 a 16 de outubro de 2024

AS PEQUENAS MARGARIDAS NO ENCERRAMENTO DA MOSTRA O MUNDO PROIBIDO DA TCHECOSLOVÁQUIA

No domingo, 13 de outubro, às 18h30, a Cinemateca Capitólio e o Cineclube Academia das Musas apresentam uma sessão seguida de debate de As Pequenas Margaridas, pérola subversiva da diretora Věra Chytilová. A sessão marca o encerramento da mostra O Mundo Proibido da Tchecoslováquia. Entrada franca.


Mais informações: https://www.capitolio.org.br/novidades/7666/o-mundo-proibido-da-tchecoslovaquia/


FILMES SUL-AMERICANOS SEGUEM EM CARTAZ

Destaques do cinema contemporâneo da América do Sul, Prisão nos Andes, do chileno Felipe Carmona, e O Auge do Humano 3, do argentino Eduardo Williams, seguem em cartaz até o dia 16 de outubro. O valor do ingresso é R$ 16,00.


Mais informações: https://www.capitolio.org.br/eventos/7723/prisao-nos-andres/

https://www.capitolio.org.br/eventos/7721/o-auge-do-humano-3/


GRADE DE HORÁRIOS

10 a 16 de outubro de 2024


10 de outubro (quinta-feira)

14h50 – O Auge do Humano 3

17h – Prisão nos Andes

19h30 – Nau dos Loucos ou Contos do Fim da Vida


11 de outubro (sexta-feira)

14h50 – O Auge do Humano 3

17h – O Baile dos Bombeiros

19h30 – Ajudante + A Mão + A Festa e os Convidados


12 de outubro (sábado)

14h50 – O Auge do Humano 3

17h – Órgão

19h – O Sétimo Dia, a Oitava Noite


13 de outubro (domingo)

15h – Prisão nos Andes

17h – Hélade Moravia + Fuga Sobre Teclas Pretas

18h30 – Cineclube Academia das Musas: As Pequenas Margaridas


15 de outubro (terça-feira)

14h50 – O Auge do Humano 3

17h – Prisão nos Andes

19h – Egresso


16 de outubro (quarta-feira)

14h50 – O Auge do Humano 3

17h – Prisão nos Andes

19h – Um Corpo Só

segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Cine Dica: Em Cartaz - 'Coringa: Delírio a Dois'

Sinopse: Encontramos Arthur Fleck institucionalizado em Arkham, à espera de ser julgado pelos seus crimes como Coringa.  

Quando eu escrevi sobre "Coringa" (2019) eu apontei como sendo um filme que deu um passo à frente com relação as adaptações das HQ para o cinema. O longa dirigido por Todd Phillips não somente contava sobre a origem da ideia, como também era uma síntese sobre uma sociedade cada vez mais fragilizada ao ser devorada por um sistema cheio de regras e fazendo com que a mesma se dívida em classes cada vez mais distintas uma da outra. O filme possui um começo e meio e fim bem amarrados, mas para o estúdio Warner um só grande feito não bastava e, portanto, o dinheiro falava mais alto.

Contudo, Todd Phillips sempre havia deixado bastante claro que somente voltaria para essa realidade que ele havia criado para o palhaço do crime se surgisse uma ideia sedutora, mas que ao mesmo tempo o levasse para um cenário diferente e tendo assim um novo desafio pela frente. O problema não é somente agradar um grande público, como também uma legião de fãs que não aceita ser contrariado, mas que ao mesmo tempo busca algo original para ser assistido. Dito isso, temos então "Coringa: Delírio a Dois" (2024), filme que dá continuidade aos eventos do filme anterior, mas sendo moldado de uma forma novamente corajosa e que irá ao mesmo tempo irritar certo público que não gosta de sair de sua zona de conforto.

A trama começa com Arthur (Joaquin Phoenix) no hospital psiquiátrico de Arkham, onde ele acaba conhecendo Harleen "Lee" Quinzel (Lady Gaga). A curiosidade mútua acaba se transformando em paixão e obsessão e eles desenvolvem um relacionamento romântico e doentio. Ambos embarcam em uma desventura alucinada, fervorosa e musical, enquanto o julgamento contra o Coringa se desenrola, impactando toda a cidade e suas próprias mentes alucinadas.

Novamente nós vemos os eventos vistos no filme pela perspectiva de Arthur Fleck, do qual sofre o inferno devido aos maus tratos dentro da prisão e quase se tornando uma mera imagem pálida ao ser comparada ao que ele havia se tornado um dia. Porém, ao mesmo tempo, começamos a testemunhar as suas ações vindas de sua própria mente e das quais são moldadas por números musicais e que remete a fase de ouro deste gênero que hoje é quase esquecido pelos grandes estúdios norte-americanos. Se no filme anterior somente víamos ação corporal do protagonista que agia de acordo com a sua mente fragmentada, aqui temos então uma noção do que vinha dentro dela e se tornando assim uma bela desculpa para que Todd Phillips preste uma homenagem de como se fazia cinema antigamente.

Se por um lado isso deixa o filme ainda mais interessante, do outro, quase nenhuma delas é feita originalmente para esse longa, sendo que muitas delas são extraídas de outros clássicos do cinema. "That's Entertainment!", por exemplo, foi ouvida pela primeira vez em "A Roda da Fortuna" (1953), estrelado pelo inesquecível Fred Astaire e sendo que o próprio clássico é visto em um determinado momento da história. Se no filme anterior Todd Phillips usou elementos dos principais clássicos do que hoje chamamos de "A Nova Hollywood", aqui o realizador faz uma homenagem a essa fase de ouro de um cinema hollywoodiano menos realístico e mais fantasioso para dizer o mínimo.

O problema talvez disso tudo esteja no fato do filme não abraçar esse gênero como um todo, sendo que as primeiras passagens musicais começam tímidas, como se o diretor não quisesse assustar um marinheiro de primeira viagem já de cara. Porém, na medida em que a trama avança, tudo começa a ficar mais colorido e espetacularmente surreal, como se esses momentos fossem uma espécie de universo que não compactua com a realidade nua e crua que o protagonista enfrenta. Portanto, nada melhor do que chamar Lady Gaga para se tornar o par romântico e misterioso do protagonista.

A interprete, por sua vez, consegue nos passar um ar de ambiguidade do começo ao final da obra e fazendo com que duvidemos de suas reais intenções com relação ao protagonista. Musa da música pop, Lady Gaga está mais do que a vontade em cantar e dançar neste filme, pois afinal de contas essa é a sua área, muito embora eu arrisque a dizer que a sua Harley Quinn seja também o seu lado mais obscuro de sua pessoa e da qual aqui ela consegue colocar para fora sem vergonha nenhuma. Porém, o lado obscuro do ser humano é tratado aqui como maior delicadeza do que foi visto no filme anterior e novamente Joaquin Phoenix contribui para essa tarefa.

Se no longa anterior a figura do Coringa era uma representação de uma ideia que se enveredava pela anarquia total contra o sistema, aqui a situação vai mais a fundo e fazendo com que exija maior desempenho do ator como um todo. Ao meu ver, Arthur nunca queria estar na posição que ele se encontra, mas que acabou sendo arrastado por uma vida dolorida, complexa e fazendo ser devorado pelo pior que ele guardava para a sua pessoa. Joaquin Phoenix entrega uma interpretação que exige do seu corpo e mente como um todo, como se houvesse dois seres dentro de si se duelando e fazendo a gente se perguntar quem ficará no comando no final de tudo isso.

Isso é notado nas cenas do seu julgamento, onde vemos em um primeiro momento um Arthur se digladiando contra si mesmo, para somente depois liberar a sua entidade da qual todo mundo um dia havia conhecido. Porém, por mais que tente ser uma ideia, ele também é um ser humano que obteve uma vida miserável e que bastou um dia ruim para que assim saísse dos trilhos. É aí que Todd Phillips nos joga a verdade e que para muitos será bastante inconveniente.

É notório, por exemplo, que muitos se identificaram com o personagem durante o primeiro filme, seja aqueles vistos na história, como também daqueles do lado de cá da tela. Portanto, o cineasta nos diz o quanto estamos errados por não somente sermos seduzidos por uma ideia, como também sermos facilmente doutrinados por pessoas que se autointitulam como a solução contra o sistema, quando na verdade caímos em uma grande armadilha. Por conta disso, não me admira que muitos críticos e cinéfilos estarem detestando o filme como um todo, pois nada mais é do que um reflexo do mundo real onde uma sociedade está cada vez mais aceitando a mentira e cuja verdade já não é mais o suficiente para ela.

E se há alguma dúvida com relação a isso que eu estou dizendo aguarde o ato final da história, onde em um belíssimo plano-sequência, alinhado com uma ótima fotografia, vemos o protagonista completamente fragilizado e encarando o seu reflexo do seu lado sombrio através dos indivíduos que o idolatram cegamente. Porém, talvez Arthur jamais tinha a intenção de abrir essa Caixa de Pandora, mas que serviu unicamente para o pior do ser humano sair das sombras e tudo que resta é somente a ideia para que outros Coringas surjam em cena. O final será bem divisivo, mas que entrega muito bem isso, pois essa caixa está mais do que aberta em nosso mundo real e que dificilmente será fechada algum dia.

Com uma poderosa trilha musical novamente orquestrada por Hildur Guðnadóttir, "Coringa - Delírio a Dois" é um tapa na cara para aqueles que idolatram um mito e revelando uma sociedade atual mentalmente fragmentada como um todo. 

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Cine Dica: Monstros no Armário

O cinema de horror tem desempenhado um papel intrigante ao longo da história, muitas vezes servindo como um espelho distorcido das questões sociais e culturais de seu tempo. Dentro desse contexto, a teoria queer oferece uma lente fascinante para interpretar filmes icônicos onde a diversidade sexual é uma temática velada, porém poderosa. Obras clássicas como Frankenstein e Drácula e os cults A Hora do Pesadelo e Hellraiser exemplificam essa dinâmica, utilizando o vilão como uma metáfora para expor a condição "monstruosa" da sexualidade que escapa da heteronormatividade em nossa sociedade.

Embora alguns cineastas não tenham necessariamente a intenção explícita de abordar questões de gênero e sexualidade em seus filmes, a teoria queer oferece uma estrutura analítica poderosa para interpretar estas obras sob uma nova luz. Ela permite que percebamos como certos elementos narrativos e simbólicos podem ser lidos como representações veladas de identidades queer e suas lutas dentro de uma cultura dominante e por vezes hostil.

Objetivos

O curso Monstros no Armário: o cinema de horror e a teoria queer ministrado por Conrado Oliveira propõe reflexões sobre diversos filmes, dos mais clássicos aos cults contemporâneos, a partir de uma nova perspectiva mais diversa e plural – permitindo que tais monstros “saiam do armário” enquanto seus filmes são dissecados numa nova e curiosa abordagem.

Ministrante: CONRADO OLIVEIRA

Crítico, professor e pesquisador de cinema. Mestre em Arte, Cultura e Comunicação pela Universidade do Minho, em Portugal. Pós-graduado em Cinema e Linguagem Audiovisual e graduado em Comunicação Social. Membro da atual gestão da Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (Accirs), foi programador da Sala de Cinema Ulysses Geremia (Caxias do Sul/RS), colaborador dos sites Cine Players e Papo de Cinema e júri e curador de diversos festivais, como Gramado e Cineserra.


Cursos

MONSTROS NO ARMÁRIO: 

O CINEMA DE HORROR E A TEORIA QUEER 

de Conrado Oliveira

* Datas

19 e 20 de Outubro

(sábado e domingo)


* Horário

14h30 às 17h30

* Local

Cinemateca Capitólio

(Rua Demétrio Ribeiro, 1085 - Centro - Porto Alegre - RS)

INSCRIÇÕES / INFORMAÇÕES

https://cinemacineum.blogspot.com/2024/09/monstros-no-armario.html

Realização

Cine UM Produtora Cultural

Apoio

Cinemateca Capitólio


domingo, 6 de outubro de 2024

Cine Dica: Sessão 08/10 (terça): "Filmefobia" na Sala Redenção (UFRGS)

Na próxima terça-feira, 8 de outubro, às 19h, o Clube de Cinema de Porto Alegre, em parceria com a Sala Redenção, convida você para uma sessão especial de "Filmefobia" (dir. Kiko Goifman, 2008), parte do nosso Ciclo de Documentários. "Filmefobia" é uma obra provocativa e visceral que testa os limites dos participantes e do público ao confrontar fobias em um formato que desafia as fronteiras entre o documentário e a ficção. O filme levanta uma pergunta instigante: até que ponto podemos suportar cenas que nos levam ao extremo?

Após a exibição, teremos um bate-papo com o cineasta Magnum Borini, mediado pela Kelly Demo Christ, diretora de comunicação do Clube de Cinema. A entrada é gratuita, então sinta-se à vontade para trazer amigos e participar.


SESSÃO CLUBE DE CINEMA

Local: Sala Redenção - Campus central da UFRGS - Rua Eng. Luiz Englert, 333.

Data: 08/10/2024, terça-feira, às 19h.

"Filmefobia"

Brasil, 2008, 80min, 16 anos

Direção: Jean-Claude Bernardet, Thiago Campos Amaral, Marcela Bannitz, José Mojica Marins (Zé do Caixão).

Sinopse: Diretor de um documentário sobre o medo na sociedade contemporânea coloca pessoas em contato com as próprias fobias. Misturando atores e não-atores, um diretor sádico (Jean-Claude Bernardet) busca a imagem verdadeira que, segundo o preceito que norteia o filme, só poderia vir de um fóbico frente ao seu objeto de medo.

Contamos com a sua presença, até lá!


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Cine Dica: CineClube Torres - 'Até que a Sbórnia nos Separe'

A animação gaúcha "Até que a Sbórnia nos Separe" de Otto Guerra na primeira sessão de outubro do Cineclube Torres, segunda-feira, dia 7, às 20h.

O filme abre o ciclo dedicado à animação na Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, localizada na UP Idiomas. No mês que terá a tradicional sessão de comemoração do Dia Internacional da Animação, no dia 28, o Cineclube Torres apresentará na sua programação continuada, uma sequência de filmes de animação. Serão animações para público em geral, ou seja, não dirigidas a público infantil, brasileiras e internacionais.

Na primeira sessão de outubro uma produção gaúcha, o filme "Até que a Sbórnia Nos Separe", uma animação de 2013, dirigida por Otto Guerra e Ennio Torresan Jr e inspirada na celebre comédia musical "Tangos & Tragédias", criação do saudoso Nico Nicolaiewsky e do Hique Gomez. Sbórnia é um pequeno país que sempre viveu isolado do resto do mundo, cercado por um grande muro que não permite o contato com os vizinhos.

Um dia, no entanto, um acidente leva à queda da construção, os sbornianos começam a descobrir os costumes modernos. Nico Nicolaiewsky e Hique Gomez dão à voz aos seus alter ego no filme, os músicos Pletskaya e Kraunus, e interpretam a trilha musical com algumas das composições que integravam o espetáculo teatral. O filme foi premiado no Festival de Cinema de Gramado de 2013 com os prêmios de Melhor Direção de Arte e de Melhor Longa-metragem Brasileiro pelo júri popular.

O Cineclube Torres agradece o autor Otto Guerra e a distribuidora Lança Filme, que gentilmente permitiram esta apresentação especial do filme. A sessão, com entrada franca, integra a programação continuada realizada nas segundas feiras, na Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, pelo Cineclube Torres, associação sem fins lucrativos com 13 anos de história, em atividade desde 2011, Ponto de Cultura certificado pela Lei Cultura Viva federal e estadual, Ponto de Memória pelo IBRAM, Sala de Espetáculos e Equipamento de Animação Turística certificada pelo Ministério do Turismo (Cadastur), contando para isso com a parceria e o patrocínio da Up Idiomas Torres.

“Até que a Sbórnia nos Separe” | de Otto Guerra e Ennio Torresan Jr | Brasil | 2013 | 1h 33min

Exibição do filme “Até que a Sbórnia nos Separe”, integrado no ciclo de animações nacionais e internacionais.

Onde: Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, na escola Up Idiomas, Rua Cincinato Borges 420, Torres

Quando: Segunda-feira, dia 7/10, às 20h.

Ingressos: Entrada Franca, até lotação do local (aprox. 22 pessoas).

Cineclube de Torres

Associação sem fins lucrativos

Ponto de Cultura – Lei Federal e Estadual Cultura Viva

Ponto de Memória – Instituto Brasileiro de Museus

CNPJ 15.324.175/0001-21

Registro ANCINE n. 33764

Produtor Cultural Estadual n. 4917

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Cine Especial: Revisitando 'KRULL'

Houve um tempo em que eu me sentava no sofá para assistir um filme qualquer de forma descompromissada em uma tarde distante, porém, cada vez mais dourada em minha mente. Era um tempo em que a maioria de nós não tínhamos um acesso fácil para assistir filmes como se tem hoje em dia, mas sim tínhamos que esperar determinado horário da tarde, mas que as vezes se tornava inesquecível. Eram tempos em que a maioria de nós aguardava para assistir "Sessão da Tarde" da Rede Globo, onde filmes se tornaram pequenos clássicos nestes horários e que revistos hoje nos desperta uma grande nostalgia.

Um desses casos foi sem sombra de dúvida "Krull" (1983), do qual até hoje muitos não sabem ao certo de qual gênero ele pertence, mas é preciso ir mais a fundo para entendermos isso. Era o início dos anos oitenta, época em que o cinema norte americano mudou drasticamente e se entregando aos filmes Blockbuster dos quais atraiam um grande público para o cinema. Muito disso se deve ao primeiro "Star Wars - Uma Nova Esperança" (1977), opera espacial recheada de aventura e que serviu de influência para inúmeros projetos que viriam em seguida.

A partir daí todos os estúdios queriam o seu "Star Wars", ou mais precisamente algo próximo a premissa básica do seu sucesso. No caso de "Krull" ele é um filme muito inspirado nos jogos RPG que faziam muito sucesso na época, mas sendo uma história original levada para o cinema e que transita entre a ficção cientifica e aventura. A trama se passa em outro planeta, mas se parecendo com o nosso, mas de tempos longínquos e que não havia essa fusão de magia com a tecnologia.

Ou seja, o filme não somente bebe da fonte de "Star Wars" como também de outros elementos literários como no caso de "O Senhor dos Anéis, Rei Arthur e, logicamente, da teoria de Joseph Campbell, intitulada “O Herói de Mil Faces”, onde mostrava os estágios que moldam a jornada do herói e do qual serviria de influência para muitas obras que viriam em seguida. Com esses elementos se criou então "Krull", filme que não se deu bem nas bilheterias na época, mas que rapidamente se tornou cultuado e lembrado pelos fãs através dos anos.

Dirigido por Peter Yates, a trama se passa no planeta Krull, da qual foi invadida pelo vilão A Besta (Trevor Martin) e seus soldados. Para enfrenta-lo, há dois reinos rivais que decidem se unirem para combater esse mal. Para celebrar o acordo fica decidido que o príncipe Colwyn (Ken Marshall), filho do rei Turold (Tony Church), se casará com a princesa Lyssa (Lysette Anthony), filha do rei Eirig (Bernard Archard). Porém, a cerimônia de casamento é atacada pelos soldados da Besta que sequestram Lyssa. Colwyn parte em seu resgate, contando com a ajuda de Ynyr (Freddie Jones), o ciclope Rell (Bernard Bresslaw), o mágico covarde Ergo (David Battley), o garoto Titch (Graham McGrath) e o ex-escravo Torquil (Alun Armstrong) que lidera ladrões foragidos.

A trama poderia facilmente ser inserida em qualquer época antiga da nossa terra, mas ao invés disso ela é retratada em um planeta longínquo, onde vemos o protagonista lutar de espada com inimigos que disparam raios laser. Se essa mistura pode parecer estranha é justamente pelo fato do que foi dito acima, sendo que o filme foi um projeto de muitos que foram lançados após o estrondoso sucesso de "Star Wars", mas nem todos obtiveram a chance de serem lembrados nos anos seguintes. Porém, "Krull" possui alguns elementos que o fazem ser lembrado até hoje.

Para começar, os personagens são extremamente humanos, sendo que cada um possui uma personalidade distinta e fazendo com que a gente se identifique rapidamente com eles. O Ciclope, por exemplo, talvez seja um dos personagens mais lembrados pelo grande público, já que ele sofre de uma maldição ao saber o dia em que morrerá e fazendo desejar o poder da ignorância para não saber da verdade. Há também os personagens cômicos, como no caso do feiticeiro Ergo, interpretado de forma brilhante por David Battley e fazendo de sua figura a mais improvável para participar dessa perigosa aventura.

Já Colwyn é a típica figura dos filmes de aventura de antigamente, já que o seu visual remete muito daqueles personagens interpretados pelo ator Errol Flynn, sendo esse último bastante conhecido pelo clássico "As Aventuras de Robin Hood" (1938). Colwyn é o típico herói em busca pela sua amada e para isso precisará não somente de aliados, como também da arma o Glaive, objeto lendário em forma de estrela do mar. É uma pena, portanto, que Ken Marshall não tenha se tornado um astro na época e sendo relegado a somente para séries para a televisão.

Curiosamente, o filme possui algumas figuras que posteriormente se tornariam conhecidas pelo grande público, como no caso de Liam Neeson (Kegan) e Robbie Coltrane, sendo que este se tornaria bastante conhecido por ter participado da franquia "Harry Potter" como Rhun. Já Alun Armstrong, que deu vida como líder dos ladrões, construiu uma carreira curiosa, atuando em diversos filmes conhecidos e produções para a tv. Contudo, eu acho que o melhor ator em cena seja realmente Freddie Jones, ao dar vida ao sábio Ynyr e do qual protagoniza a passagem mais lembrada da trama, sendo ela “aranha de vidro”.

Nesta passagem, o velho  Ynyr precisa buscar a informação sobre onde a Fortaleza Sombria irá se localizar, pois ela se teletransporta toda vez que o sol amanhece. A única pessoa que pode dar essa informação é a Viúva da Teia (Francesca Annis), mas ao mesmo tempo ele precisa enfrentar uma grande Aranha que se alimenta daqueles que chegam próximo ao local. É neste momento que o filme nos conquista.

Ynyr e a Viúva da Teia tiveram uma relação no passado, mas uma vez separados devido ao afastamento do primeiro, a Viúva se condenou uma vez que matou o filho que estava esperando. Ambos em cena é o ápice do filme como um todo, já que uma vez que se encontram eles obtêm a chance de, não somente obterem as suas redenções, como também ajudar o jovem casal apaixonado que um dia eles foram. Um momento trágico, poético e muito bem filmado.

Vale destacar que esse cenário foi todo elaborado por Steve Archer, do qual foi por um longo tempo assistente de  Ray Harryhausen, o mestre stop motion e responsável por inúmeros clássicos como "Fúria de Titãs" (1981). É bem da verdade que alguns efeitos visuais envelheceram mal se forem vistos nos dias de hoje, mas são efeitos práticos, bastante imaginativos, sendo que a cavalgada dos Cavalos de Fogo em direção a Fortaleza Sombria é outro ponto alto do filme como um todo. E o que dizer do visual da Fortaleza em si, da qual mais parece um pesadelo em movimento, com um grande peso surrealista sendo cortesia do fotografo de Peter Suschitzky que estava no comando.

Ainda da parte técnica, vale destacar a sua trilha épica musical, orquestrada por James Horner, que na época foi o responsável pela trilha do melhor capítulo da franquia "Star Trek", "A Ira de Khan" (1982). Suas notas ressoam poesia e ao mesmo tempo o teor aventuresco instalado dentro da trama como um todo e se casando com perfeição principalmente na passagem "Aranha de Vidro". Ou seja, um filme que se sustentou com efeitos práticos e que se revistos hoje possam ter envelhecido, ao menos, eles nos transmitem como se fazia cinema com a mão na massa e sem nenhum uso de CGI que é colocado tanto em prática hoje em dia e por vezes sem nenhuma relevância.

Em sua passagem para o cinema, o filme ganharia a sua versão literária, além de uma HQ. O fracasso nas bilheterias impediu que o filme ganhasse uma possível continuação, mas revisto hoje se percebe que ele possui um começo, meio e fim bem amarrados e não dependendo de algo expandido. O filme é pertencente a sua época, da qual aventura, ficção e fantasia era algo visto constantemente nos anos oitenta e que possuía certa esperança nas entrelinhas. Bons tempos em que a imaginação de certos realizadores era o bastante para se criar certas perolas.

"Krull" é um belo filme cult dos tempos da Sessão da Tarde e que revisto hoje nos desperta saudades de tempos mais inocentes.


NOTA: O filme foi lançado recentemente em DVD pelo Obras Primas do Cinema. Saiba mais clicando aqui. 

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