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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 14 de agosto de 2024

Cine Dica: Sessão Clube de Cinema 17/08: "Undine" no Goethe


Neste sábado, o Clube de Cinema de Porto Alegre, em colaboração com o Goethe-Institut Porto Alegre, apresenta o drama franco-alemão "Undine" (2020). O diretor Christian Petzold, que também dirigiu o aclamado "Afire" (2023), faz de “Undine” o início de uma nova sequência de filmes temáticos sobre seres fantásticos do folclore europeu. O evento é aberto para associados e não associados.


SESSÃO CLUBE DE CINEMA DE PORTO ALEGRE

EM COLABORAÇÃO COM O GOETHE-INSTITUT PORTO ALEGRE

Local: Goethe-Institut Porto Alegre (R. 24 de Outubro, 112 - Moinhos de Vento)

Data: 17/08/2024, sábado, às 10:15 da manhã


"Undine"

Alemanha/França, 2020, 91 min, 14 anos

Direção: Christian Petzold

Elenco: Paula Beer, Franz Rogowski, Maryam Zaree

Sinopse: Undine trabalha em Berlim como historiadora e guia para o desenvolvimento da cidade. Mas sob a aparência de sua vida pacata esconde-se um velho mito: se o homem que Undine ama a trai, ela tem que matá-lo e voltar para a água de onde ela veio.

Contamos com sua presença!

Aproveitando essa comunicação, gostaríamos de compartilhar com vocês alguns eventos que estão sendo organizados pelas nossas Salas Parceiras:


PROGRAMAÇÕES PARCEIRAS

+ Exibição de WALACHAI (2011, 85min) - SEXTA (16/08) NO GOETHE-INSTITUT PORTO ALEGRE

O filme retrata o cotidiano de uma pequena comunidade rural do Rio Grande do Sul, próxima a Dois Irmãos. Seus moradores falam um antigo dialeto e não têm maiores contatos com a tecnologia ou novidades do mundo moderno. Apesar da colonização alemã, pouco sabem sobre a Alemanha e se consideram brasileiros. Após a exibição do filme, haverá debate com a crítica de cinema Fatimarlei Lunardelli e com o professor Fábio Kuhn, da Ufrgs.

Os ingressos para a sessão do longa têm o preço único de R$ 10,00, com venda antecipada pela chave pix 91.343.103/0001-00 ou na hora da sessão pelo cartão de débito.

Saiba mais no link: https://www.goethe.de/ins/br/pt/ver.cfm?event_id=25932650

+ Cineastas Espanhóis: À Direita e à Esquerda do Tempo - SESSÕES ATÉ 30 DE AGOSTO NA SALA REDENÇÃO

A Sala Redenção e o Instituto Cervantes apresentam a mostra. Com título inspirado em uma citação do dramaturgo espanhol Federico Garcia Lorca, a programação conta com 12 filmes de cineastas espanhóis, produzidos entre as décadas de 1960 e 2000. A partir do recorte temporal, a mostra promove uma reflexão sobre como os diretores captaram os contextos históricos nos quais viveram, através de suas obras. Todas as sessões na Sala Redenção possuem entrada franca.

Saiba mais no link: https://www.ufrgs.br/difusaocultural/cinema-espanhol-ganha-destaque-na-programacao-de-agosto-da-sala-redencao/

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terça-feira, 13 de agosto de 2024

Cine Dica: Streaming - 'Batman: Cruzado Encapuzado'

Sinopse: Em início de carreira, Batman enfrenta sozinho os criminosos de Gotham City, mas ao mesmo tempo tendo que enfrentar uma polícia em parte corrompida.  

"Batman: A Série Animada" criada por Bruce Timm foi um marco em termos de adaptação das HQ para outras mídias e sem sombra de dúvida uma das melhores versões do personagem até hoje já feitas. Sucesso de público e crítica, animação possuía um estilo retro, do qual remetia os primórdios do personagem quando havia sido criado, mas nunca nos passando exatamente em que época as tramas se passavam. O estilo acabou influenciando outras séries, como as do "Superman" e posteriormente o grande sucesso "Liga da Justiça".

Em meio a tantas adaptações de super heróis para o cinema nestes últimos vinte anos, a Warner/DC continuou investindo em diversas animações para serem lançadas em DVD. Porém, a maioria dos fãs tinha saudades daquele estilo sombrio, retro e com várias pinceladas do subgênero noir. Eis que então surge "Batman: Cruzado Encapuzado" (2024) produzido novamente por Bruce Timm, mas também com as participações de Matt Reeves e J. J. Abrams.

Visualmente a série é prato cheio para os fãs do homem morcego, principalmente pelo fato dele não só possuir um visual similar ao clássico desenho dos anos noventa, como também fortalecendo ainda mais o clima noir e cujo estilo retro é intensificado ainda mais. Se por um lado achamos por um momento que a trama se passa no final dos anos trinta, eis que em alguns episódios vemos os personagens assistindo tv, sendo que o aparelho foi lançado para o público a partir dos anos cinquenta. Ou seja, uma realidade retro, do qual remete os tempos iniciais do personagem e os fãs só agradecem.

Embora só com dez episódios os realizadores foram criativos na construção de alguns personagens centrais, ao começar com Harvey Dent, que surge aqui disposto a ser prefeito da cidade, mas tendo que enfrentar a sua própria queda no decorrer dos episódios. Ao mesmo tempo vemos um Batman trabalhando sozinho, já que a polícia não está interessada em um vigilante da noite, principalmente quando a mesma está quase toda corrompida e comprada pela máfia. Neste cenário, Comissário Gordon e sua filha, agora advogada, Barbara Gordon se tornam aos poucos aliados do protagonista, assim como também a detetive Renee Montoya.

Vale lembrar que Renee Montoya, assim como Arlequina, foram criadas especialmente para "Batman a Série Animada" e que posteriormente seriam levadas para as HQ. Por conta disso, ambas as personagens possuem um tratamento especial aqui, sendo que Arlequina é muito mais sombria e, aparentemente, não tem ligação direta com o Coringa com relação as suas ações e agindo por conta própria. Ao meu ver, ambas as personagens poderão crescer nas próximas temporadas, principalmente pelo fato delas serem agora mais próximas dentro da trama.

Embora com tramas mais pé no chão, é curioso observar que alguns capítulos exploram o gênero fantástico, mas com estilo genuíno. Se por um lado há fantasmas, há também vampiros e bruxos e fazendo a gente se perguntar como seria o vilão Espantalho inserido neste universo. Mas assim é o universo do Batman, cheio de possibilidades e personagens que, ao serem moldados por ótimos roteiristas, sempre haverá uma chance de vermos eles boas histórias.

Neste caso, vale destacar Harvey Dent, que somente se torna o Duas Caras após sofrer duras consequências devido as suas ações e se tornando uns dos melhores personagens da série. Com um final trágico, porém, perfeito, a série deixa em aberto diversas possibilidades para as próximas temporadas, principalmente pelo fato que falta muitos personagens ainda para surgir. Contudo, no minuto final do último episódios já temos uma noção de quem irá aparecer.

"Batman: Cruzado Encapuzado" é uma das melhores coisas feitas para o personagem em anos e fazendo a gente desejar que o desenho dure por um longo tempo. 

Onde Assistir: Prime Vídeo.  

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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO CINEBANCÁRIOS DE 15 A 21 DE AGOSTO DE 2024

 ESTREIA:

MAIS PESADO É O CÉU

Brasil/ drama/ 2023/98min

Direção: Petrus Cariry

Sinopse: Após acolher uma criança abandonada, Teresa conhece Antônio e os dois iniciam uma jornada pelas estradas. O passado em comum, para eles, são as memórias de uma cidade submersa no fundo de uma represa. A vida é sonho, mas o futuro é a incerteza.

Elenco: Matheus Nachtergaele, Ana Luiza Rios, Sílvia Buarque, Danny Barbosa, Buda Lira e Marcos Duarte

FILHO DE BOI

2020 | Brasil | Drama | 91 min.

Direção: Haroldo Borges

Sinopse: João é um menino tímido de 13 anos que mora no sertão baiano. O vínculo com seu pai foi rompido e ele não tem amigos. Quando um pequeno circo chega à cidade buscando um

novo palhaço, ele vê a oportunidade perfeita para fugir dali.

Elenco: João Pedro Dias, Vinicius Bustani, Luiz Carlos Vasconcelos e outros.


EM CARTAZ:

MORCEGO NEGRO

Brasil/Documentário/ 2023/135min

Direção: :Chaim Litewski,Cleisson Vidal

Sinopse: O documentário apresenta uma biografia de Paulo César Farias, mais conhecido como PC Farias. PC foi tesoureiro de Fernando Collor de Mello e esteve diretamente envolvido no processo que culminou com o impeachment do ex-presidente, abalando profundamente a recém-restaurada democracia brasileira. A partir do depoimento de dezenas de pessoas que conheceram e conviveram com Farias, além de farta documentação e material de arquivo exclusivo, o documentário revela os meandros da política brasileira, ressaltando as relações entre capital, ideologia, poder e o crime organizado.


HORÁRIOS DE 15 A 21 DE AGOSTO (não há sessões nas segundas):

14H30: MORCEGO NEGRO

17h: FILHO DE BOI

19h: MAIS PESADO É O CÉU


Ingressos

Os ingressos podem ser adquiridos a R$ 12 na bilheteria do CineBancários. Idosos (as), estudantes, bancários (as), jornalistas sindicalizados (as), portadores de ID Jovem e pessoas com deficiência pagam R$ 6. São aceitos cartões nas bandeiras Banricompras, Visa, MasterCard e Elo. Na quinta-feira, a meia-entrada é para todos e todas.

EM TODAS AS QUINTAS TEMOS A PROMOÇÃO QUE REDUZ O VALOR DO INGRESSO PARA TODOS E EM TODAS AS SESSÕES PARA R$ 6,00. CineBancários/ Rua General Câmara, 424 – Centro – Porto Alegre/ (51) 3030.9405 ou pelo e-mail cinebancarios@sindbancarios.org.br


C i n e B a n c á r i o s 

Rua General Câmara, 424, Centro 

Porto Alegre - RS - CEP 90010-230 

Fone: 51- 30309405

segunda-feira, 12 de agosto de 2024

Cine Dica: Em Cartaz - 'Veríssimo'

Sinopse: O cotidiano pessoal de Luís Fernando Veríssimo, escritor conhecido por sua obra irreverente e multifacetada, durante os 15 dias que antecedem o seu 80º aniversário, culminando em um dia de comemorações. 

Eu conheci a obra Luís Fernando Veríssimo mais precisamente em curtas metragens para tv que adaptavam a sua HQ "Aventuras da família Brasil", lançado em 1993 e que sintetizava um período de turbulência e equilíbrio da nossa Democracia. Observador como ninguém, se nota que Veríssimo consegue enlaçar dilemas da vida com bom humor e falando um pouco dos altos e baixos de nosso próprio Brasil. No caso do documentário "Veríssimo" (2024) nós é que somos os observadores e adentramos no universo particular desse grande mestre.

Dirigido por Angelo Defanti, o documentário revela Luís Fernando Veríssimo que observa o mundo ao seu redor enquanto chega o seu aniversário de oitenta anos. Em casa, observamos o seu dia a dia, desde as suas atividades corriqueiras como também cuidar da sua saúde. Ao mesmo tempo, familiares ficam em sua volta enquanto o mesmo recebe diversas visitas, desde amigos, parentes e jornalistas.

Angelo Defanti procura quase não intervir nas atividades do protagonista, sendo que a sua câmera se torna o nosso olhar e fazendo com que nos tornemos meros observadores do local. Vemos um Veríssimo um tanto debilitado, mas não perdendo o seu humor e cujo seus comentários, por vezes, são sarcásticos. Quando um jovem na tv cita uma frase de sua autoria o mesmo diz que nunca havia dito isso e fazendo a gente rir de sua atitude perante o seu próprio trabalho.

É notório, por exemplo, que Veríssimo em cena é um retrato de uma geração que não se vendeu por completo para a tecnologia, sendo sempre fiel nos afazeres práticos e jamais se entregando aos aparelhos celulares que tanto deixam os seres humanos cada vez mais isolados. O ambiente de sua casa exala vida, sendo que cada objeto faz parte de alguma história da qual ele havia participado e fazendo com que o documentário se torne ainda mais rico em termos de detalhes que fisgamos em cada enquadramento. Embora um mestre no que faz ele também demonstra ser uma pessoa simples, no direito de descontrair com os seus filhos e netos e dos quais chegam até mesmo roubar a cena em alguns momentos.

Dividido em capítulos, o documentário revela os preparativos para os oitenta anos do escritor. Ao mesmo tempo, é interessante observamos o aniversariante agir de forma humilde perante ao grande dia, o que contrasta com o grande circo que a mídia tradicional faz com relação a data e fazendo disso um grande evento. Porém, Veríssimo age de uma forma doce, serena e ao mesmo tempo tranquila ao atender diversos telefonemas parabenizando o escritor.

Mas talvez o ponto alto que o documentário mais me toca é quando o escritor faz com suas mãos já um tanto que debilitadas uma tirinha de "Aventuras da família Brasil" e fazendo me recordar de tempos mais coloridos e quando a recém havia conhecido a obra do escritor. Acima de tudo, é uma obra que lhe convida para não testemunharmos somente um grande talento, como também um ser humano que soube criar raízes e das quais ainda hoje se estendem e que continuarão para sempre.

"Veríssimo" é um convidativo documentário para conhecermos melhor a faceta de um de nossos grandes escritores do nosso estado e que merece ser redescoberto pelas novas gerações que estão por vir. 

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Cine Dica: Mostra de cinema espanhol segue em cartaz

Mar Adentro

Entre 05 e 30 de agosto, a Sala Redenção e o Instituto Cervantes apresentam a mostra “Cineastas Espanhois: À Direita e à Esquerda do Tempo”. Com título inspirado em uma citação do dramaturgo espanhol Federico Garcia Lorca, a programação conta com 12 filmes de cineastas espanhois, produzidos entre as décadas de 1960 e 2000. A partir do recorte temporal, a mostra promove uma reflexão sobre como os diretores captaram os contextos históricos nos quais viveram, através de suas obras.

Para celebrar o centenário do Manifesto Surrealista, a mostra apresenta duas produções do diretor Luis Buñuel. A obra do cineasta e sua relação com o surrealismo são o foco de dois bate-papos que integram a programação. A sessão de Viridiana (1961), no dia 15 de agosto, às 19h, conta com a participação de Luís Edegar Costa, professor de História da Arte. Já a exibição de O anjo exterminador (1962), no dia 20 de agosto, às 19h, é seguida de uma conversa com o cineasta e historiador da arte Giordano Gio

O diretor Carlos Saura também ganha destaque especial na programação, com quatro produções em cartaz: Cria Corvos (1976), Elisa, Minha Vida (1977), Mamãe Faz Cem Anos (1979) e Goya em Bordeaux (1999). A filmografia de Saura é tema de bate-papo com a professora e crítica de cinema Fatimarlei Lunardelli, que acontece após a exibição de Mamãe Faz Cem Anos (1979), no dia 14 de agosto, às 16h.

Além de Buñuel e Saura, a mostra ainda apresenta obras de outros seis diretores espanhois. Em cartaz na programação, estão: O Espírito da Colméia (1973), de Victor Erice; Tasio (1984), de Montxo Armendáriz; As Galinhas de Cervantes (1988), de Alfredo Castellón; Todos a la carcel (1993), de Luis Garcia Berlanga; Lucia e o Sexo (2001), de Julio Medem; e Mar Adentro (2004), de Alejandro Almedabar.

A programação tem entrada franca e é aberta à comunidade em geral. O cinema da UFRGS está localizado no campus central da Universidade, com acesso mais próximo pela Rua Eng. Luiz Englert, 333.

Confira a programação completa no site oficial da sala clicando aqui. 

sexta-feira, 9 de agosto de 2024

Cine Especial: 'A Bruxa de Blair - 25 Anos Depois'

O público em geral está tão acostumado com diversas imagens, seja elas verossímeis ou de CGI, que fica cada vez mais difícil delas aceitarem algo mais sugestivo. O gênero de horror está recheado de assassinos ou monstros que surgem na tela, mas há alguns casos em que a criatura demora para surgir em cena e fazendo a gente temer muito mais ela, pois não sabemos até aquele momento como ela é. No clássico "Alien - 8º Passageiro" (1979) a criatura criada e dirigida por Ridley Scott sempre ataca por cima, ou através das sombras, levando um bom tempo para termos uma dimensão de como ela é e até lá tudo é algo muito sugestivo e gerando expectativa dentro de nós.

Em tempos em que os nossos olhos estão cada vez mais cansados com o uso do CGI barato é sempre bom apreciarmos uma obra que usa poucos recursos para elaborar uma trama que nos transmite algo mais pé no chão e que sintamos até mesmo o peso da situação. Para o cinéfilo, logicamente, isso se torna algo curioso para ser observado, mas sendo um grande esforço para o público em geral que se encontra mal acostumado com tudo que é jogado em seus colos de forma explicada e muito mastigada. "A Bruxa de Blair" (1999) é um filme que dividiu opiniões na época, sendo que eu fui um dos defensores daquele período, mas sentindo na pele o desprezo daqueles que odiaram.

Após ter assistido ao filme no saudoso Cine Imperial de Porto Alegre eu logo fui comentar para o pessoal da escola, sendo que os mesmos haviam assistido também, mas odiando o longa como um todo e ficando até mesmo com raiva daqueles que gostaram. Eu acabei levando até mesmo uma pedrada por um dos garotos que não gostaram do longa unicamente por não aceitar eu ter gostado e tornando a discussão muito mais acalorada para dizer o mínimo. Fico imaginando se o filme tivesse sido lançado em uma época em que as redes sociais é um saco sem fundo de discursos de ódio e que qualquer passo em falso é o suficiente para algo ou alguém ser cancelado.

Curiosamente, o filme estreou em uma época que a internet ainda estava engatinhando, sendo que os realizadores criaram um site especialmente para o filme e vendendo para o público a ideia que os eventos vistos na tela eram reais. Daniel Myrick e Eduardo Sanchez passaram para nós que as imagens vistas haviam sido gravadas por três estudantes de cinema que adentraram nas matas do estado de Maryland para fazer um documentário sobre a lenda da Bruxa de Blair e que desapareceram misteriosamente. Um ano depois, uma sacola cheia de rolos de filmes e fitas de vídeo foi encontrada na mata. As imagens registradas pelo trio dão algumas pistas sobre seu macabro destino.

Porém, tudo não passava de um filme "found footage", que consiste em fazer com que as pessoas acreditem que estão assistindo a filmagens que foram encontradas, com tudo o que isso implica em termos de trabalho de câmera instável e tomadas mal enquadradas. Rodado com apenas R$ 60 mil dólares, o filme faturou quase R$ 250 milhões de dólares na época e se tornando um dos filmes mais bem sucedidos na história. Vale destacar que além do site oficial da obra havia sido lançado dias antes do lançamento um documentário do canal norte-americano, Syfy, que dava ainda mais veracidade sobre o desaparecimento dos três jovens e explorando ainda mais o mistério envolvendo a Bruxa.

O filme foi realizado durante oito dias, onde os realizadores Daniel Myrick e Eduardo Sanchez deixaram os três interpretes, Heather Donahue, Michael C. Williams, Joshua Leonard, sozinhos dentro da mata, tendo apenas pouca comida, equipamento e anotações sobre o que eles deveriam falar ou agir na frente da câmera. Embora sabendo o que tinham que falar conforme o que estava descrito no roteiro, muito o que é visto na tela é improvisação, já que os três atores eram iniciantes e fazendo com as suas ações e reações se tornassem ainda mais verossímeis. Pelo fato de ficarem cada vez mais isolados dentro da floresta isso fez com que os três realmente sentissem medo, sendo que em algumas tomadas a gente sente o real pavor vindo da parte deles.

Daniel Myrick e Eduardo Sanchez, por sua vez, sempre criaram meios de fazer diversos barulhos dentro da mata, além de criar pilhas de pedra, bonecos de madeira em um determinado momento do longa e tornando tudo algo ainda mais estranho para ser observado de perto. Além disso, antes dos personagens irem para mata, os mesmos acabaram entrevistando pessoas de Maryland, sendo que elas relatam sobre as diversas histórias macabras que ouviram ao longo dos anos, tanto com relação a figura da Bruxa, como também de certo personagem que havia cometido uma atrocidade com um grupo de crianças. Tudo isso colaborando para dar maior realismo para o projeto e cujo resultado acabou sendo mais do que positivo.

Vale destacar que o filme foi lançado em uma época que ocorreu o "Dogma 95" onde os cineastas Thomas Vinterberg e Lars von Trier iniciaram o movimento. Em suas regras se pregava que o cinema fosse feito da forma mais natural possível, sendo proibidos a adição de sons que não estão em cena, truques de câmera e filtros, construção ou produção de cenários e utilização de estúdios. As filmagens deviam ser feitas à mão, mesmo que a câmera balance, e não podiam ser utilizadas iluminações especiais, apenas a luz ambiente. O movimento também não aceitava filmes de gênero e ações “superficiais” nos longas, como armas e assassinatos.

Embora não faça parte do momento, eu acredito que Daniel Myrick e Eduardo Sanchez se inspiraram nele na realização do longa, já que as imagens da câmera são quase sempre tremidas, não há trilha sonora e a iluminação é sempre natural, sendo que as cenas vistas na noite é algo granulado e que por vezes quase não vemos o que ocorre em cena. Talvez o ápice do filme se encontra no ato final da trama, onde os personagens encontram uma misteriosa casa abandonada, onde há vestígios de marcas de mãos de crianças pequenas, ocorre os gritos de um deles ecoando no local, já que o mesmo havia sumido anteriormente e terminando de uma forma demasiadamente abrupta. Me lembro claramente que muitos xingaram dentro da sessão de cinema em que eu estava quando o filme se encerrou dessa forma, pois a maioria com certeza gostaria de ter visto ao menos o nariz da misteriosa Bruxa.

O filme foi divisor de águas para o subgênero "found footage", sendo que a partir dele o cinema foi invadido por diversos títulos com uma proposta semelhante, sendo que o meu preferido acabou se tornando o Espanhol "REC" (2007). Logicamente, "A Bruxa de Blair" gerou duas continuações, mas que jamais superaram o peso de qualidade do filme original e nasceram unicamente para obter bilheteria em torno de todo o sucesso que havia se gerado. Pode-se dizer que o filme de 1999 também pode ser interpretado como a transição da forma de divulgação de longas metragens pela internet e que dali em diante nada mais seria como antes em termos de marketing.

"A Bruxa de Blair" é um dos filmes de horror mais importantes da história do cinema, onde o teor sugestivo ainda é a ferramenta mais eficaz para assustar a plateia e fazendo com ela não se desgrude da tela. 

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Cine Dica: Clube de Cinema - 'A Canções'

Qual é a sua música?

Na próxima terça-feira, 13 de agosto, o Clube de Cinema e a Sala Redenção retomam o Ciclo de Cinema Documentário com um tributo a Eduardo Coutinho, um dos maiores documentaristas do cinema brasileiro. 

Exibiremos "As Canções" (2011), uma das obras-primas de Coutinho, em uma sessão especial que marca os 10 anos de sua partida. Este encontro é uma oportunidade de reviver seu legado nas telas e discutir sua vida e impacto no cinema brasileiro. A entrada é franca.

Teremos a honra de contar com a presença de Daniel Rodrigues, presidente da Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (ACCIRS), e a mediação será conduzida por Kelly Demo Christ, Diretora de Comunicação do Clube de Cinema.

Data: 13/08 às 19h

Local: Sala Redenção da UFRGS (Av. Paulo Gama, 110 - Farroupilha)

Sinopse: O documentarista Eduardo Coutinho entrevista pessoas que contam suas histórias e relembram canções clássicas da música brasileira que marcaram suas vidas.


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