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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 9 de julho de 2024

Cine Dica: Em Cartaz - 'Um Lugar Silencioso: Dia um'

Sinopse: SHHHHH! O nosso mundo entrou em silêncio. Descubra agora o porquê. 

"Um Lugar Silencioso" (2018) foi sem sombra de dúvida uma grande surpresa para os aficionados por filmes de terror. Ao testemunharmos personagens principais em não fazerem barulho para não atraírem os monstros em cena se cria um verdadeiro jogo de gato e rato e a construção de momentos de pura tensão e medo. Já um "Um Lugar Silencioso - Parte II" (2021) pode não ter superado o seu antecessor, mas também não fez feio ao explorar ainda mais os métodos para combater esses alienígenas mortíferos a todo custo.

Após o término do segundo filme muitos esperavam com certa ansiedade a sua continuação, principalmente pela forma que o filme terminou. Porém, estamos falando de hollywood, sempre viciada em criar franquias, seja continuações do primeiro grande sucesso, como também a famigerada ideia de realizar longas que tenha certa ligação com o original. Por conta disso, ao invés de ser lançado um terceiro filme eis que testemunhamos o Spin-off "Um Lugar Silencioso: Dia um" (2024) que, se por um lado me frusta por não ser uma continuação dos eventos do capítulo anterior, ao menos capricha em uma atmosfera de pura tensão e com bons desempenhos.

Dirigido agora por Michael Sarnoski, acompanhamos a história de Sam (Lupita Nyong'o) que estava entre os humanos acostumados aos ruídos de uma metrópole, como Nova York, até o momento em que ela testemunha a chegada das criaturas no planeta Terra e o consequente massacre. Ela sofre de um câncer terminal e antes de morrer deseja realizar algumas vontades. Porém, ela recebe a companhia do sobrevivente Eric (Joseph Quinn) e ambos lutam para não fazerem nenhum ruido ao longo de uma jornada pela sobrevivência.

A premissa do filme original era fantástica, principalmente que servia como uma bela desculpa para o filme remeter aos tempos do cinema mudo e que tudo girava nas expressões dos atores para transmitirem os seus sentimentos. Agora, imagine transferir essa temática para Nova York, a cidade que nunca dorme, barulhenta e se tornando, portanto, prato cheio para a chegada dos alienígenas. Aliás, a chegada e a destruição que eles provocam remete ao 11 de Setembro, principalmente quando surge o rosto sujo da personagem Lupita e que remete uma conhecida foto durante o dia do atentado.

Assim como os anteriores, a grande tensão fica por conta de os personagens não fazerem nenhum ruido pois senão as criaturas começam atacar sem trégua. Vale destacar que o filme possui um orçamento maior, pois se percebe isso tanto nas cenas de ação, como também nas paisagens aéreas que nos dá uma dimensão do número infinito de seres que infestam a cidade como um todo. Mas claro que o filme não funcionaria sem ajuda do calor humano.

Lupita Nyong'o novamente entrega uma atuação digna de nota, ao interpretar uma Sam que está as portas da morte devido a sua doença, mas que luta pela vida a partir do momento que está sendo ataca pelas criaturas. Porém, ela se encontra na corda bamba, tendo o desejo somente de atravessar a cidade para recobrar certas lembranças esquecidas e tendo consigo um gato que lhe acompanha durante essa cruzada. Curiosamente, o gato se torna uma peça fundamental dentro da trama, principalmente por já sabermos que nada de ruim acontecerá com ele, pois em filmes catástrofes como esse, acreditem, os animais nunca morrem.

Vale destacar a presença do personagem Eric, que dá certo combustível para que Sam siga em frente ao invés de se entregar a morte de modo fácil. Joseph Quinn cria para o seu Eric uma atuação econômica, mas o suficiente para nos simpatizarmos com ele, principalmente nas cenas em que ele se dedica ao máximo para manter Sam ainda viva e ao mesmo tempo anima-la em algumas passagens da história. A cena em que ambos imaginam estar apresentando um número mágico para um grande público se torna o momento mais singelo da trama como um todo.

Curiosamente, o personagem Henri, interpretado por Djimon Hounsou, que foi visto no filme anterior, surge aqui para se criar uma interligação entre os dois filmes. Porém, é notório que isso se torna completamente inútil, já que o personagem e sua família se tornam bem secundários dentro da trama e fazendo de suas participações somente uma desculpa para enlaçar os dois filmes. Um artifício dispensável e que poderia ter sido melhor trabalhado.

Além disso, os desdobramentos do ato final já nos dão uma dica sobre os destinos dos personagens principais da trama. Talvez não seja algo que venha agradar a todos, mas como se trata de uma trama anterior aos eventos do filme original eu acredito que os realizadores tiveram maior coragem de ir muito além do obvio. Por conta disso, o filme até que me surpreendeu e cumpriu o dever de não ofender aqueles que defendem a obra original.

"Um Lugar Silencioso: Dia um" foi uma aposta arriscada dos realizadores, mas agrada e surpreende pelo lado humano dentro da história. 

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Cine Dica: Próximo Cine Debate - 'Lendas da Paixão'

Sobre o Filme: 

A primeira vez que eu assisti a esse filme foi nos tempos em que passava bons filmes na tv aberta, mais precisamente na Band e que acabei gravando em VHS. A história de três irmãos que se apaixonam pela mesma mulher pode soar meio que noveleiro para alguns, mas o filme fala também de questões que vai sobre o papel do ser humano com relação ao mundo e onde ele se questiona até onde se pode servir para o mundo civilizado como um todo. É trama se passa no início do século, sobre tempos de transformação, o início da primeira Grande Guerra e levando os três irmãos para um caminho sem volta.

O filme é baseado em um dos livros do Escritor Jim Harrison. Grande parte da escrita de Harrison retrata regiões da América do Norte escassamente povoada com muitas histórias ambientadas em locais como Nebraska Sand Hills, Península superior de Michigan, Montanhas de Montana, e ao longo da fronteira Arizona-México. Um dos pontos fortes de "Lendas da Paixão" é o elenco talentoso, que entrega performances marcantes. Brad Pitt se destaca no papel de Tristan, um homem atormentado por seus demônios internos e suas escolhas amorosas controversas. Sua atuação intensa e carismática ajuda a criar empatia com o personagem e a transmitir suas emoções de forma visceral.

A cinematografia do filme também merece elogios, com cenas magníficas que retratam a paisagem deslumbrante das montanhas e dos campos. A fotografia exuberante e os enquadramentos cuidadosamente escolhidos contribuem para criar uma atmosfera poética e melancólica, intensificando a experiência emocional do espectador. No entanto, apesar de seus pontos positivos, o filme apresenta algumas falhas em sua narrativa. A história, embora repleta de paixão e emoção, pode parecer excessivamente melodramática e clichê em certos momentos.

Além disso, o desenvolvimento dos personagens secundários é insuficiente, pois eles não recebem a mesma profundidade e exploração que os protagonistas. Outro aspecto que pode ser criticado é o ritmo do filme, que em determinados momentos se arrasta e torna-se lento. Algumas cenas poderiam ter sido encurtadas ou mais bem trabalhadas para evitar a sensação de que a história se estende além do necessário.

No entanto, apesar de suas falhas, "Lendas da Paixão" é um filme que consegue emocionar e tocar o público. Sua temática central, que aborda temas como amor, lealdade, perda e redenção, é universal e atinge as emoções mais profundas dos espectadores. A trilha sonora envolvente e as performances cativantes dos atores principais ajudam a criar uma conexão emocional com a história.

Em suma, "Lendas da Paixão" é um filme que mescla drama, romance e tragédia de forma intensa e apaixonante. 



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segunda-feira, 8 de julho de 2024

Cine Dica: Em Cartaz - 'Entrevista com o Demônio'

Sinopse: Em 1977, uma transmissão televisiva liberta o mal nas salas de estar dos que assistem. 

Quando a televisão surgiu em meados dos anos cinquenta ela veio há se tornar o vício dos cidadãos comuns que alimentavam os donos de canais que buscavam a todo custo pela audiência. Por conta disso surgiu diversos programas populares que apresentavam absurdos e que eram tudo pelo sucesso, ao ponto de pessoas irem aos programas dizendo que era até mesmo a reencarnação de jesus Cristo. Portanto, "Entrevista com o Demônio" (2023) é uma espécie de síntese pela corrida desenfreada pelo sucesso destes tempos não muito longínquos, nem que para isso vendesse a alma ao próprio Diabo.

Dirigido por Colin Cairnes e Cameron Cairnes, o filme conta a história sobre o apresentador de um programa de televisão dos anos setenta, Jack Delroy (David Dastmalchian), que está tentando recuperar a audiência do seu programa, resultado da sua desmotivação com o trabalho após a trágica morte de sua esposa. Em uma determinada noite de Halloween, o apresentador aposta as suas últimas cartas convidando pessoas que se envolvem em eventos sobrenaturais e para assim aumentar a sua audiência. O que ele não sabe é que essa investida lhe pagará um alto preço.

David Dastmalchian é um desses casos de grandes talentos que surgem em papeis secundários, mas que roubam a cena mesmo em poucos minutos. Ele havia se destacado como um dos capangas do Coringa em "Cavaleiro das Trevas" (2008), mas ganhando uma projeção maior ao interpretar "Bolinhas" no filme "Esquadrão Suicida" 2021). Aqui ele finalmente ganha o seu primeiro papel de protagonista e sem dúvida alguma um dos melhores de sua carreira.

O seu personagem Jack Delroy é aquele típico apresentador de programas de auditório que estamos acostumados a vermos até mesmo no Brasil e que não mede esforços pela busca do sucesso. O programa visto aqui, por sua vez, remete sobre tempos que a persuasão vinda de certos temas era o grande catalizador para movimentar uma geração cada vez mais livre das regras impostas de uma sociedade em que o seu conservadorismo estava perdendo o seu fôlego ao final dos anos setenta e o começo dos anos oitenta. Curiosamente, o filme é um retrato desse período e se tornando um verdadeiro Pseudodocumentário, onde os eventos que nos são apresentados na tela nos dá a sensação de serem verídicos, quando na verdade não passa de um criativo falso artificio já utilizado em clássicos como "A Bruxa de Blair" (1999).

Ao ser um retrato de tempos mais dourados onde a televisão era o domínio absoluto, os realizadores criam um curioso visual quase envelhecido, remetendo aos tempos do sinal analógico, ao ponto de os chuviscos estarem até mesmo presentes em alguns momentos. Além disso, aquela sensação de Déjà vu com certeza irá lhe atingir em alguns momentos, principalmente se você cresceu assistindo programas como do "Ratinho" do SBT e que surgiam do nada figuras de pessoas que se diziam ser o próprio Diabo, Cristo, Videntes e até mesmo alienígenas.

Dessa salada, os cineastas Colin Cairnes e Cameron Cairnes  criam um filme de terror que vai crescendo gradualmente na medida em que a trama vai avançando, em meio a momentos de humor sombrio e que não esconde o lado hipócrita do ser humano que não se preocupa com as consequências dos seus atos, desde que obtenha algum lucro através do sucesso. É claro que o cinéfilo de olhar mais bem treinado irá adivinhar o que irá acontecer do segundo ao terceiro ato em diante, principalmente para aqueles que estão acostumados em assistir filmes onde se ensina que não se pode brincar com o fogo vindo do próprio inferno. Falando nisso, aguardem, por elementos que remetem ao clássico "O Exorcista" (1973) que, embora breve, é muito melhor do que a famigerada continuação que havia sido lançado recentemente.

No mais, é interessante observar que, embora o filme seja o retrato de tempos mais televisivos, vale destacar que a ideia pela corrida do sucesso seja a mesma vista hoje em dia, onde vemos apresentadores de canais de Youtube correndo contra o tempo para manter os seus canais ativos e sempre implorando para internautas darem a sua curtida. O clássico "Rede de Intrigas" (1976), por exemplo, era um retrato dessa guerra pela audiência, mas revisto hoje como um filme profético para uma geração que não aceita o obscurantismo e se prestando em se aventurar nos mais diversos absurdos para se tornarem conhecidos. Portanto, Colin Cairnes e Cameron Cairnes não falam somente sobre tempos distantes, como também os nossos que se tornam cada vez mais complexos na medida em que o tempo vai passando.

"Entrevista com o Demônio" é um criativo filme de horror que nos faz refletir sobre ambição do ser humano em busca pelo sucesso, nem que para isso venda a sua alma para o próprio Diabo.

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Cine Dica: Sala Redenção reflete sobre ocupação do espaço público na programação de reabertura

Após dois meses fechada devido à situação de calamidade pública no Rio Grande do Sul, a Sala Redenção reabre na próxima segunda-feira, dia 8 de julho. Nos últimos meses, as tragédias decorrentes das enchentes vêm demonstrando a relevância de discutir as maneiras como as cidades se organizam, e como as populações se apropriam do espaço público. Neste cenário, a programação de reabertura do cinema da UFRGS propõe reflexões acerca desta temática.

Em cartaz de 08 de julho a 02 de agosto, a mostra “A Imagem no Espaço” traz a perspectiva da cidade como protagonista. A programação apresenta uma seleção de 16 filmes (entre documentários, ficções e ensaísticos), produzidos em diferentes cidades brasileiras, como Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Contagem-MG. As obras selecionadas colocam em evidência o lugar da cidade nos processos de subjetivação de seus moradores, atentando também para os desafios das incertezas políticas, ambientais, sócio-técnicas e culturais pelas quais o mundo vem passando.

Para uma reflexão mais profunda, a mostra ainda apresenta exibições seguidas de conversa com os realizadores das obras, que ocorrem às terças e quintas-feiras, às 19h. Em sua primeira parte, a programação conta com a participação dos cineastas Bruno Carboni (O Acidente), Gustavo Spolidoro (Errante – Um Filme de Encontros), Adirley Queirós (A Cidade é Uma Só?) e Ricardo Alves Junior (Tudo o que você podia ser). Já a segunda parte da mostra apresenta bate-papos com os realizadores Cha Dafol (De Olhos Abertos), Felipe Diniz (Desenredo), Pedro Vasconcellos (Amadores) e Marília Rocha (A Cidade Onde Envelheço).

Em seu encerramento, a mostra exibe O Flagelo Da Enchente Assola Pôrto Alegre, documentário histórico que retrata as enchentes de 1941. A exibição é seguida de um bate-papo, que se propõe a tecer relações entre as tragédias de 1941 e 2024, e refletir sobre o impacto das mudanças climáticas nas cidades.A programação tem entrada franca e é aberta à comunidade em geral. O cinema da UFRGS está localizado no campus central da Universidade, com acesso mais próximo pela Rua Eng. Luiz Englert, 333.

A mostra de filmes “A Imagem no Espaço” integra o projeto de mesmo nome, organizado pelo Programa de Pós-graduação em Educação e Programa de Alfabetização Audiovisual da Faculdade de Educação da UFRGS, e conta com outras atividades voltadas a debater o cinema em paralelo com a cidade e a educação.

Confira a programação completa na página oficial da sala clicando aqui. 

domingo, 7 de julho de 2024

Cine Dica: “Flores Partidas” de Jim Jarmusch na tela do Cineclube Torres, na próxima segunda dia 8, às 20h.

O mito de Dom Juan e uma possível paternidade numa produção independente estadunidense no ciclo sobre laços familiares na Sala Gilda e Leonardo. Continua o ciclo de julho do Cineclube Torres com um filme de um dos mais interessantes e anómalos diretores dos EUA, Jim Jarmusch, que ao longo da sua carreira trabalhou sempre com orçamento limitado, sendo considerado um autêntico representante do cinema independente.

Com esta fama, mesmo sem orçamentos milionários, ele sempre consegue trabalhar com excelentes atores e atrizes: só nesse filme para contracenar com o protagonista masculino encontramos nada mais nada menos que Sharon Stone, Frances Conroy, Jessica Lange, Tilda Swinton e Julie Delpy. O protagonista, Don Johnston, interpretado por um antológico Bill Murray, é um conquistador e solteirão convicto, que terminou recentemente mais um namoro. Repentinamente ele recebe uma carta que diz que ele possui um filho de 19 anos. Surpreendido e curioso, Don decide então partir pelos Estados Unidos em busca do filho desconhecido, encontrando assim as mulheres com as quais teve relações no período.

É obvia a relação entre Dom Johnston e Dom Juan, mas nesse caso em lugar de um fascinante conquistador, temos um apático e cínico homem de meia idade, em plena crise existencial, numa viagem pelas estradas e subúrbios norte-americanos. Para acompanhar esse périplo do protagonista, uma excelente trilha sonora hipnótica estilo Ethio-Jazz (Jazz da Etiópia) do Mulatu Astatke, músico até então praticamente desconhecido ao grande público que graças ao filme ficou merecidamente valorizado.

O filme foi indicado à Palma de Ouro na edição do Festival de Cannes de 2005, só perdendo para “A Criança” dos irmãos Dardenne, mas acabando por ganhar o Grande Prémio do Júri daquele ano. A sessão, com entrada franca, integra o ciclo "Assuntos de Famílias" na programação continuada de segundas feiras na Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, realizada pelo Cineclube Torres, associação sem fins lucrativos em atividade desde 2011, Ponto de Cultura certificado pela Lei Cultura Viva federal e estadual, Ponto de Memória pelo IBRAM, contando para isso com a parceria e o patrocínio da Up Idiomas Torres.

Serviço:

O que: Exibição do filme “Flores Partidas”, integrado no ciclo “Assuntos de Famílias”.

Onde: Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, na escola Up Idiomas, Rua Cincinato Borges 420, Torres

Quando: Segunda-feira, dia 8/07, às 20h.

Ingressos: Entrada Franca, até lotação do local (aprox. 22 pessoas).


Cineclube Torres

Associação sem fins lucrativos

Ponto de Cultura – Lei Federal e Estadual Cultura Viva

Ponto de Memória – Instituto Brasileiro de Museus

CNPJ 15.324.175/0001-21

Registro ANCINE n. 33764

Produtor Cultural Estadual n. 4917

sexta-feira, 5 de julho de 2024

Cine Especial: Conhecendo 'Matadores de Velhinha'

Joel Coen e Ethan Coen são dois irmãos cineastas, produtores e roteiristas autorais que dois quais demorei um pouco para conhece-los, mas uma vez assistindo alguns dos seus filmes acabei me apaixonando. Eu tive um conhecimento maior deles, por exemplo, quando participei do curso do Cine Um e do qual encerramos as atividades em um hotel depois que o Museu da Comunicação da Rua das Andradas de Porto Alegre se esqueceu de nós no lado de fora da entrada. Uma situação inusitada e combinando muito bem com os cineastas.

Aliás, a palavra “inusitado” é a palavra chave que molda boa parte das tramas de seus filmes, onde normalmente assistimos personagens, por vezes, excêntricos e dos quais participam de situações ainda mais excêntricas para dizer o mínimo. Tudo moldado com um humor sombrio, refinado e ao mesmo tempo contagiante na medida do possível. "Matadores de Velhinha" (2004) é um belo exemplo de uma simples situação de roubo, mas que desencadeia eventos absurdos para os seus protagonistas no decorrer do tempo.

O filme é uma refilmagem do britânico "Quinteto da Morte" (1955), sendo que na minha ingenuidade eu achava que "Bravura Indômita" (2010) era a primeira refilmagem que os realizadores haviam colocado em prática. Sinceramente, na época do seu lançamento, eu havia ignorado esse filme, já que ele não teve críticas muito positivas na época, principalmente pela revista de cinema Set que eu colecionava. O filme é um desses casos em que num primeiro momento a crítica não entende a proposta dos realizadores e fazendo com que ela somente cresça posteriormente.

O filme conta a história do professor G.H. Dorr (Tom Hanks), que tem um grande plano para assaltar um cassino. Ele aluga um quarto na casa de uma senhora (Irma P. Hall), onde convoca seus comparsas para discutir o plano de ação, que é cavar um túnel a partir do local até em direção do cofre do cassino. Porém, a situação se complica quando certas adversidades acontecem no decorrer do percurso, principalmente quando eles tentam a todo modo esconder o plano da senhora a todo momento. 

Assim como Wes Anderson, os irmãos Coen possuem uma visão curiosa com relação aos EUA, ao retrata-la na maioria das vezes de uma forma falsa, cartunesca, mas que não esconde o seu lado hipócrita e fazendo das situações se tornarem ainda mais surreais. Verdade seja dita, o mundo real é ainda mais absurdo do que qualquer ficção e, portanto, a visão dos realizadores pode estar ainda mais próxima dela do que se imagina. Portanto, os desdobramentos vistos na trama podem soar até mesmo inverossímeis, quando na verdade ele desperta em nossas memórias situações de crimes ainda mais absurdos e que gerariam também um ótimo filme nas mãos dos realizadores.

Como sempre, os personagens possuem características distintas uma da outra, sendo que os principais são apresentados no primeiro ato para que possamos conhecer as suas reais raízes e para quem sabe, simpatizarmos com eles. Porém, o personagem interpretado por Tom Hanks é algo curioso, sendo que não temos ao certo uma noção sobre a sua real origem, sendo que a sua caracterização é próxima de um Diabo de desenho animado e o tornando ainda mais interessante ao ser observado de perto. Ele, portanto, se torna uma contraparte da senhora da casa, da qual é temente a Deus e respeitando os pensamentos do seu falecido marido e sempre pensando no que ele faria se caso ele estivesse vivo.

Em certa ocasião eu ouvi dizer que "Pulp Fiction" (1994) do mestre Quentin Tarantino é um filme cristão com relação a sua visão do mundo dos gângsters perante situações que os levam a querer escolher uma vida normal ao invés do mundo do crime. Se formos simplificar por esse lado, portanto, "Matadores de Velhinhas" talvez seja o filme mais cristão dos irmãos Coen, já que a pobre senhora se mantém fiel no que acredita e fazendo disso o seu escudo para se proteger do grande perigo que lhe assombra mesmo quando a própria mal está sabendo disso. Enquanto isso, o grupo de ladrões passam por diversos obstáculos, como se estivessem sendo testados antes de adentrarem ao paraíso da riqueza que tanto desejam, mas que talvez não seja exatamente por aí que eles deveriam ir.

O ato final sobre o destino de cada um deles soa tão absurdo que acaba se tornando divertidíssimo e que só não supera se formos comparar ao ótimo "Queime Depois de Ler" (2008) também dos irmãos Coen. Curiosamente, o filme também possui vários simbolismos como no caso do curioso gato que observa tudo e que posteriormente se torna o protagonista nos minutos finais da trama e fechando ela de forma enigmática. Sendo ato divino ou não, os irmãos Coen sabem como ninguém brincar com as nossas expectativas.

"Matadores de Velhinha" é uma comédia sombria bem ao estilo dos irmãos Coen e cuja a imprevisibilidade da trama nos soa absurda e contagiante. 

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quinta-feira, 4 de julho de 2024

Cine Dica: SESSÃO ESPECIAL DE FILME SOBRE LUIS FERNANDO VERISSIMO

Às vésperas de completar 80 anos, em setembro de 2016, o escritor gaúcho Luis Fernando Verissimo se tornou o centro do documentário VERISSIMO, de Angelo Defanti (O Clube dos Anjos). O longa, que teve sua primeira exibição ao público na Mostra Competitiva de Longas Brasileiros no Festival É Tudo Verdade, ganha sessão comentada na Cinemateca Capitólio nesta terça-feira, 9 de julho, às 19h30min, com a participação do diretor, da jornalista Fernanda Verissimo, filha do escritor, e do cineasta Jorge Furtado.


O filme é produzido pela Sobretudo Produção, Lacuna Filmes e Canal Brasil, e a distribuição é da Boulevard Filmes em codistribuição com  a Vitrine Filmes e Spcine.


O valor do ingresso é R$ 16,00.


Sinopse: Um documentário observa Luis Fernando Verissimo enquanto Luis Fernando Verissimo observa o mundo ao seu redor se ouriçar com a chegada dos seus 80 anos. 


Mais informações: https://www.capitolio.org.br/eventos/7273/verissimo-debate/