Sinopse:O mercenário Wade
Wilson (Ryan Reynolds) é um anti-herói do universo Marvel, conhecido como
Deadpool. Depois de ser submetido a um experimento para ganhar fator de cura, o
mercenário tagarela, armado com suas habilidades e um senso de humor negro, vai
atrás do homem que quase destruiu sua vida.
Quando eu assisti ano
passado Os Vingadores: Era de Ultron, eu achei um ótimo filme, mas quando você
começa a revelo você percebe que a formula talvez já esteja cansando. Quando um
gênero faz sucesso, Hollywood o usa de todas as formas para conseguir dinheiro,
ao ponto de esgotá-lo, assim como aconteceu com o próprio faroeste. Porém,
ainda há esperança, quando surge um filme para, não somente reinventar o gênero,
como também criticá-lo da forma como ele se encontra atualmente e Deadpool veio
para dar uma sacudida de uma forma jamais vista.
Para começar, não se
pode assistir ao filme levando ele a sério, pois o próprio roteiro faz questão
de momento algum fazer com que isso aconteça. A trama já começa nos jogando
numa imagem em câmera lenta enlouquecedora que, já dá uma pista do que virá a seguir.
Porém, ninguém e nem aquele fã mais fanático por HQ está preparado para o
protagonista que surge de uma forma até então inédita para o gênero.
Criado em numa das
piores épocas das HQ (os anos 90) Deadpool foi gradualmente se tornando um
personagem divertido, sarcástico, completamente louco e uma verdadeira
metralhadora de palavras das quais ficamos imaginando como ele tem a capacidade
de falar tantas coisas então pouquíssimo tempo. Não demorou muito para ele ser
levado para o cinema interpretado pela primeira vez por Ryan Reynolds, mas de
uma forma desastrosa em Wolverine: Origens. Coube então o próprio interprete
arregaçar as mangas, investir como produtor e roteirista, contratar um novato
na direção (Tim Miller) e com um orçamento curto criar o filme dos seus sonhos.
Deadpool somente
existe graças à persistência de Reynolds, onde aqui o ator simplesmente
desaparece e dando lugar a essa criatura vermelha cheia de charme. Para o
deleite dos cinéfilos em busca de algo inusitado, o personagem a todo o momento
quebra a quarta parede, ou seja, falando com a gente em meio à situação e
soltando piadas das quais todos irão rir. Acredite o personagem não poupa ninguém,
nem mesmo personagens como Wolverine, a cronologia confusa da franquia X-men e
até mesmo personagens da casa rival DC do qual sobra para Batman e até para
Lanterna Verde, do qual o próprio Reynolds já havia interpretado no cinema.
Mas estamos falando
de cinema e somente jogar o personagem como ele é talvez não fosse o suficiente
para atrair a massa. Acontece que o próprio já tira sarro do fato de ter que precisar
de um elo emocional, ou seja, do personagem ter um romance e um drama, do qual
ele namora uma bela garota Vanessa Carlysle (a brasileira Morena Baccarin), mas
que ao mesmo tempo descobre que tem câncer e decidi partir para achar uma cura.
É ai que surge o diabo do personagem Ajax (Ed Skrein), que cura o seu câncer, lhe
transformando num super soldado, mas ao mesmo tempo deformando o seu corpo e
rosto.
É aí que talvez se
encontre a parte mais irregular do filme, pois quando era para ser piada a todo
o momento, o filme escorrega um pouco ao injetar momentos dramáticos em sua
origem, para logo em seguida já começar as piadas a torto e a direito, como se
essa mudança de tom da trama não significasse nada para o cinéfilo. Proposital
ou não, após esse deslize, o filme entra numa quinta marcha e acelera tanto
que, além das piadas politicamente incorretas, o filme se encarrega a todo o
momento em inserir musicas clássicas dos anos oitenta e criando então uma
sensação de pura nostalgia e que era muito bem visto em Guardiões da Galáxia.
E para o deleite dos
fãs dos X-Men, além das habituais referências ao universo dos mutantes, surge aqui
um Colossus do qual sempre deveria ter sido usado no cinema. Interpretado agora
por Andre Tricoteux, o personagem surge sempre falando, com um carregado sotaque
russo e sempre querendo levar Deadpool para o grupo ou tentando dar uma lição
de moral a ele. Embora seja a melhor versão até aqui do personagem no cinema,
Colossus também pode ser interpretado aqui como uma forma de piada com relação
ao gênero de super herói, pois a todo o momento ele se apresenta como um ser incorruptível
e só faltando dizer a Deadpool que comer verdura faz bem ao crescimento.
Com muita violência,
sexo, sangue, e com um final, cujo cenário tira o maior sarro dos filmes dos
Vingadores, Deadpool talvez venha para nos dizer para deixarmos de sermos ingênuos
e não levarmos tanto a sério o gênero do
qual ele pertence, ou talvez venha nos dizer que o gênero corre sérios riscos
de ser extinto pelas suas próprias formulas usadas a exaustão. Seja como for, Deadpool
está rindo da situação.
NOTA: Não deixe de
ver uma cena no final dos créditos, do qual também tira o maior sarro, tanto
dessa formula também já desgastada como também daqueles que esperam por alguma
novidade vinda dela.