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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Cine Dica: Em Cartaz: MISS VIOLENCE



Sinopse: Aggeliki (Chloe Bolota) no seu aniversário de 11 anos se joga da varanda de casa com um sorriso no rosto. Sua família alega que não foi suicídio, mas sim um acidente e  parece conformada com a morte da menina tentando, de todas as formas, continuar com suas vidas, perfeitamente organizadas. Em busca de respostas, promotores começam uma investigação para saber se foi, ou não suicídio e quais são os segredos obscuros que essa família, aparentemente perfeita guarda.


Cortinas semiabertas, lâmpadas amarelas e carpetes muito limpos criam a cena: uma família de classe média, em algum lugar da Grécia, dissimula um cotidiano de muita violência em tons pastéis e álbuns sorridentes. Miss Violence, o último filme grego a ganhar destaque nos festivais internacionais, é pesado e discreto.
Dirigido por Alexandros Avaranas, Miss Violence é carregado de dor e sofrimentos internos. O mal estar é construído de maneira progressiva pelo roteiro bem desenhado e argumentos bem articulados, apresentados em uma ordem cronológica surpreendente. Impactante seria uma boa descrição.
O cinéfilo assume um papel de coadjuvantes nesta produção, pois sente o clima pesado o tempo todo. A perturbação aflora ao longo do filme e o mistério do lugar ao asco. A impotência e a falta de esperança de uma sociedade são expostas por uma família fora do convencional. Aparentemente uma família grega comum, com aspectos tradicionais, é comandada pelo patriarca. A filha e suas netas apresentam, ao longo da película, aspectos conflitantes. Nestes pontos, o mal estar vai sendo construído através da figura autoritária e machista do chefe da família.
Conforme a trama de Miss Violence  segue adiante, o drama atinge níveis irreversíveis. O filme caminha crescente até chegar ao pico. O extasiante é que este extremo é mantido por muito tempo. Até o final da história, a impotência, o desespero e outros sentimentos explodem em lindos planos com bela fotografia.
O primeiro mérito do filme que deve ser destacado está em sua abertura, que já inicia a narrativa com uma cena de puro impacto. O ponto de reviravolta é sonorizado pela voz de Leonard Cohen em Dance me to the end of love, que prenuncia o suicídio da menina Angeliki, acontecimento que começa a denunciar o pacto de silêncio que a família guarda há décadas. A construção quase geométrica da cena segue no filme inteiro. Os enquadramentos são muito bem calculados, com muitos planos abertos que mostram a impecabilidade ordeira da direção de arte.
O conjunto de planos com trilhas adequadas passam contrastes e diversos significados para cada ato da tragédia familiar. A impotência exposta gera ações e reações que surpreendem até o fim do longa. Já a impressão do espectador é clara. O incomodo presente chega a impedir elogios no fim das sessões. Justamente por isso, a película atinge seu objetivo e impressiona, causando mal estar latente.
O longa funciona como uma denúncia, sendo mais uma forma de escancarar esta violência silenciosa do que uma busca investigativa por motivo, culpado, e cena do crime. Mesmo trazendo cenas explícitas perto do final, ele consegue ser ainda mais brutal com portas se fechando, rezas na mesa do jantar e com uma câmera parada no corredor de um apartamento. Treinar bem os atores é um dos méritos que garantiu a Avranas o prêmio de melhor cineasta. No lugar de criar um drama cheio de choros, gritos e gestos pantomímicos, os atores buscam a eliminação de qualquer fala em tom desregular, gestos efusivos e expressões fortes. A postura da família, que funciona de maneira quase mecânica e muito bem pensada, causa sempre estranhamento e é sempre evidenciada com a espontaneidade de personagens que não fazem parte do núcleo central. 
Miss Violence é pesado, mas não procura escandalizar. A aparente normalidade que o filme vende não deixa a história ser lida como absurda, no sentido de excepcional. Apesar de toda a violência, tem o cuidado de não criar um distanciamento entre o público e os personagens, permitindo que criemos empatia e instigando a discussão para fora do cinema. O que ele tem de absurdo consegue ser transposto e pensado para realidades mais comuns, mas não menos violentas.

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Cine Dicas: Estreias do final de semana (12/09/15)



Sniper Americano
 
Sinopse: Adaptado do livro American Sniper: The Autobiography of the Most Lethal Sniper in U.S. Militar History, o filme conta a história real de Chris Kyle (Bradley Cooper), atirador de elite das forças especiais da marinha americana. Durante cerca de dez anos ele matou mais de 150 pessoas, tendo recebido diversas condecorações por sua atuação.
 (NOTA: O filme ainda se encontra em pré-estreia neste final de semana na capital Gaúcha. Recomendo a sala GNC Moinhos as 18h45.) 

Cinqüenta Tons de Cinza
 
Sinopse: Dirigido por Sam Taylor-Johnson Cinquenta Tons de Cinza é baseado na trilogia de livros de mesmo nome que hoje é um dos maiores fenômenos de venda com mais de 90 milhões de cópias em todo o mundo. A produção retrata o relacionamento entre o bilionário de 27 anos Christian Grey interpretando por Jamie Dornan e a estudante Anastasia Steele papel de Dakota Johnson.

A Casa dos Mortos
 
Sinopse: Um massacre acontece numa casa abandonada deixando cinco estudantes mortos. Um policial (Frank Grillo) e uma psicóloga (Maria Bello) vão investigar o caso, que ocorreu enquanto os jovens tentavam evocar fantasmas.

Annie

Sinopse:Annie (Quvenzhané Wallis) é uma jovem órfã que vive em um orfanato comandado com mão de ferro pela senhora Hannigan (Cameron Diaz). Sua vida muda ao ser escolhida para passar alguns dias na mansão de um milionário político (Jamie Foxx), onde acaba fazendo amizade com seus funcionários e sendo usada para fins eleitoreiros.

O Imperador

Sinopse:Após se tornar alvo de seu irmão mais velho, o herdeiro de um trono decide procurar a ajuda de sua irmã e de um cavaleiro desacreditado, Jacob (Nicolas Cage), que precisa enfrentar vários problemas pessoais. Juntos, eles buscam o apoio de Gallain (Hayden Christensen), um lendário cavaleiro conhecido como Fantasma Branco.




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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Cine Dica: Em Cartaz: Selma - Uma Luta pela Igualdade




Sinopse:Cinebiografia do pastor protestante e ativista social Martin Luther King, Jr (David Oyelowo), que acompanha as históricas marchas realizadas por ele e manifestantes pacifistas em 1965, entre a cidade de Selma, no interior do Alabama, até a capital do estado, Montgomery, em busca de direitos eleitorais iguais para a comunidade afro-americana.


No sentido biográfico, Selma apresenta o modelo clássico de biografias que o cinema americano gosta de vender, tanto no roteiro redondinho e bem apresentado   quanto na maneira de filmar próxima ao protagonista e nos  grandes planos em gruas para cenas de multidões. O que o destaca entre as biografias que tem chegado nesta temporada cinéfila (vide O Jogo da Imitação)  é a maneira de abordar Martin Luther King, Jr. e o período escolhido para contar a história. 
“Selma” retrata Martin Luther King Jr. com as mesmas características humanas de humor, frustração e exaustão que “Lincoln” conferiu a seu Presidente, mas sem perder seu lado político, do militante movido pela razão. Esta humanidade identificável eleva as ações de King e seus esforços. O ator David Oyelowo ajuda nessas características, evitando idealizar o personagem apenas com uma atuação previsível, deixando-o contido, mas ao mesmo tempo conseguindo transmitir através de silêncios e do seu olhar.
A época escolhida onde se passa a história também merece atenção na biografia. Ao invés de simplesmente explorar momentos conhecidos como sua morte, ou usar o discurso “I Have a Dream”, a diretora Ava DuVernay escolheu um momento importante, mas dentro da proposta do  sentido político: a marcha de Selma a Montgomery, no Alabama, pelo direito do voto aos cidadãos negros, episódio de inúmeros conflitos políticos entre o presidente e os governadores e dentro da própria militância negra pelo uso ou não da violência. 
Tecnicamente, o filme tem mais alguns destaques. A fotografia é perfeita, com uma luz muito bem elaborada tanto em cenas escuras quanto em momentos à luz do dia (enfrentamento na ponte). Filmado no local em que os eventos realmente aconteceram, o filme é perfeitamente encenado, ainda que os acontecimentos tenham sido mais chocantes do que os retratados na tela. Os efeitos sonoros são bem explorados nas cenas finais, desacelerando o ritmo ou retirando o diálogo e o som ambiente nos momentos necessários. Particularmente achei que a diretora DuVernay se superou nos detalhes do filme, sua direção é precisa. 
Um filme que vale ver não só para conhecer uma parte da história de Luther King, Jr, mas também para ver uma produção muito bem feita e que mereceu ganhar uma vaga no Oscar em ultima hora.   

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