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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 25 de abril de 2025

Cine Especial: 'O Clube dos Cinco - 40 Anos Depois'

Quem nasceu nos anos oitenta teve o privilégio de assistir diversos filmes na saudosa “Sessão da Tarde” e que viriam a se tornar grandes clássicos. Foi uma época dourada em que as pessoas tinham que se preparar para tal horário para desfrutar de um bom filme, seja ele dramático, ou até mesmo a pura comédia pastelão. Talvez um dos gêneros mais lembrados da época tenha sido as comédias adolescentes, onde os jovens da trama se metiam em situações corriqueiras dessa fase e fazendo com que a gente se identificasse com eles facilmente.

Talvez um dos melhores realizadores da época com relação a esse tema tenha sido realmente John Hughes a partir do seu primeiro grande sucesso que foi "Gatinhas & Gatões" (1984) e atingindo o seu ápice na sua obra prima "Curtindo Adoidado" (1987). Os seus filmes abordam temas que vão desde a questão sobre o que o jovem será depois do final das aulas, ou como saber se encaixar em uma realidade tão complexa que é essa vida. Esse e outros assuntos são abordados em seu outro grande clássico "O Clube dos Cinco" (1985), apontado por muitos críticos como um dos melhores filmes adolescentes da história e ingredientes é o que não falta para o filme ter obtido esse status.

Na trama, cinco adolescentes são confinados no colégio em um sábado, pois cada um ali havia cometido um delito dias anteriores. Como castigo, eles têm a tarefa de escrever uma redação de mil palavras sobre o que pensam de si mesmos. Apesar de serem jovens diferentes um do outro, o tempo vai passando, ao ponto de fazerem com que eles se conheçam melhor e assim tendo a chance de serem eles mesmos e até mesmo amigos.

Rever o filme é que nem entrar em uma máquina do tempo, tendo a chance de desembarcar no universo dos anos oitenta e testemunhando o melhor e o pior de uma época em que ser adolescente não era menos complicado se compararmos com os jovens de hoje em dia. Ao menos naquela época eles tinham chances maiores de se enturmar com os demais adolescentes, mesmo quando alguns pareciam estranhos, mas que se tornavam a sua própria ilha para se protegerem com relação ao mundo em volta. É disso que se trata o filme, ao vermos cinco jovens presos em seus mundinhos particulares, mas que aos poucos vão baixando a guarda para tentar compreender o que eles estão fazendo ali e quais as suas perspectivas com relação ao futuro que os aguarda.

John Hughes não brinca no serviço, principalmente ao criar cinco personagens tão diferentes um do outro, mas que possuem pontos mais em comum do que imaginam. O primeiro a se destacar neste bando é John Bender, interpretado com intensidade por Judd Nelson e que aqui faz o típico bad boy sem causa, mas cujo seu status é para somente esconder as suas dores emocionais e físicas. Já Andrew, interpretado por Emilio Estevez, parece o garoto perfeito vindo do time de futebol americano, mas ele nada mais é do que um jovem emoldurado pelos pais que exigem que ele seja o garoto perfeito. Já Claire, interpretada por Molly Ringwald, é a típica riquinha que tem tudo, mas não tendo ao mesmo tempo nada de especial em sua vida como um todo.

Já Brian, interpretado por Anthony Michael Hall, e Allison, interpretada por Ally Sheedy, são personagens curiosos, já que o primeiro aparenta ser um simples nerd enquanto a última é tão fechada de si mesma que muitos se perguntam o que ela fez para ter chegado ali. São essas dúvidas e outras que aumentam ainda mais a nossa curiosidade com relação a esses personagens que são tão ricos de personalidades, mas que se encontram presos naquele microcosmo escolar e para não enlouquecerem começam a dialogarem mesmo de forma indireta inicialmente. Mesmo em um cenário limitado, é curioso o quanto ele se torna rico a partir das conversas dos protagonistas e fazendo daquele lugar um símbolo de uma juventude perdida, porém, tendo muito ainda a oferecer.

Vale destacar a sua trilha sonora, da qual simboliza o melhor da música dos anos oitenta. A música "Don't You (Forget About Me)" tornou-se uma coqueluche da época e sendo lembrada pelos fãs do filme sempre quando ela é tocada. Curiosamente, há uma frase muito bonita do cantor David Bowie na abertura e que faz uma referência ao seu álbum de sucesso "Hunky Dory" (1971).


"E essas crianças em que você cospe enquanto elas tentam mudar seus mundos, são imunes aos seus conselhos, elas sabem muito bem pelo que estão passando."    


O texto de Bowie prepara o terreno do que iremos testemunhar a seguir, sendo tudo dosado com humor típico da época, mas de uma forma mais reflexiva, tocante e fazendo com que a gente se identifique ainda mais com os personagens em cena. Talvez o momento em que os cinco se encontram com os seus sentimentos em total ebulição é então que eles decidem colocar para fora eles mesmos, sobre as suas dificuldades de se encaixarem na escola, assim como tentar agradar os pais que mal sabem o que eles realmente querem na vida. São dilemas que não envelheceram nenhum pouco, pois adolescência é uma fase perigosa, delicada, porém, podendo ser bastante transformadora quando a juventude se abre e não se esconde em sua própria ilha.

Ao final vemos cada um seguir o seu rumo, assim como uma geração inteira que mal sabia qual seria o seu propósito no futuro. Não é à toa que o longa se tornou bastante cultuado através dos anos, sendo que em 2016 ele foi selecionado para preservação no National Film Registry pela Biblioteca do Congresso estadunidense sendo considerado "culturalmente, historicamente ou esteticamente significativo". Nada mal para uma simples história sobre cinco jovens de castigo, mas que conquistou a minha geração como um todo.

"O Clube dos Cinco" é um dos melhores filmes adolescentes de todos os tempos e um dos melhores que soube sintetizar os dilemas dessa complexa fase da vida.   

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