Sinopse: Com encontros inesperados, momentos ridículos ou decisões absurdas, cinco histórias ácidas e compassivas exploram a incapacidade de governar nossas próprias emoções.
Cesc Gay é um diretor espanhol que me chamou atenção há vários anos atrás quando dirigiu o ótimo e divertido "O Que os Homens Falam" (2012), onde o longa era dividido em oito tramas episódicas. Posteriormente o realizador nos provou ao saber alinhar drama com humor através do maravilhoso "Thuman" (2016). Neste "Histórias Que é Melhor Não Contar" (2022) retorna ao estilo do seu primeiro grande sucesso e provando que consegue ainda provocar no público grandes risos.
O longa é dividido em cinco tramas, onde grandes segredos e humilhações se cruzam e vêm à tona. Sendo situações das quais nós identificamos e que preferimos não contar, ou melhor, que preferimos esquecer a todo custo. Encontros inesperados, momentos ridículos ou decisões sem sentido é o que moldam o filme como um todo e fazendo dele um ótimo entretenimento.
Cesc Gay consegue de uma forma bastante refinada criar um humor não ofensivo, porém, adulto e que fará muitos se identificarem na trama como um todo. É como se fosse aquelas típicas situações das quais a gente guarda segredo, mas que na ficção os personagens começam a colocar para fora e gerando assim situações maravilhosamente desconcertantes. A primeira trama, por exemplo, poderia soar até mesmo homofônica, mas o realizador consegue a proeza de nos fazer rir da situação e ao mesmo tempo nos passar uma bela lição de moral.
Do elenco, dou destaque ao ator Chino Darín, filho do veterano ator argentino Ricardo Darín e que na trama protagoniza a história final. É nesta trama, inclusive, que se encontram os verdadeiros dilemas com relação a segredos e mentiras e que uma vez falando a verdade pode correr sério risco de outras revelações serem colocadas a prova e gerando assim uma grande bola de neve. O que parecia ser a trama mais fraca do longa acaba se tornando, talvez, a mais criativa.
Outro fato interessante é a forma como o realizador explora o universo particular das mulheres e de como as mesmas possuem características que não são muito diferentes dos homens com relação à fidelidade. Se em uma trama um trio de amigas se surpreendem com os segredos, ou mentiras uma da outra, por outro lado, a sinceridade da mulher pode levar o homem a procurar também ser sincero e acabar revelando, ou construindo, uma situação que não estava prevendo. A trama protagonizada pelo veterano José Coronado, por exemplo, nos brinda com maior complexidade sobre o assunto, já que nunca sabemos ao certo até onde a verdade é genuína sobre ambas as partes e fazendo dessa passagem do longa terminar de forma aberta, porém, bastante construtiva.
Ao final, tudo o que eu queria desejar é que o longa continuasse, já que são histórias absurdas, porém, bastante humanas e que conseguem fazer a gente se colocar na pele dos protagonistas. Em tempos em que é problemático fazer uma comédia devido a onda do politicamente correto, Cesc Gay consegue a proeza de extrair o leite da pedra e fazer das quase duas horas de sessão uma das mais rápidas que eu senti dentro de um cinema recentemente. "Histórias Que é Melhor Não Contar" nos convida para testemunhar situações embaraçosas, engraçadas e ao mesmo tempo verdadeiramente humanas.
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