Nota: Filme exibido aos associados no último sábado (21/12/24).
Sinopse: Edmond Dantes é preso por um crime que não cometeu. Após 14 anos na prisão, ele consegue realizar uma fuga ousada.
O conto literário "O Conde de Monte Cristo", obra máxima do escritor Alexandre Dumas, obteve tantas adaptações para o cinema que hoje fica até mesmo difícil dizer quantas já houveram. Eu, sinceramente, conheci o conto em um desenho animado obscuro que eu vi anos atrás na rede Manchete e posteriormente assisti a adaptação de 2002 estrelada por Jim Caviezel. Agora, temos a nova versão francesa e da qual está conquistando o público de forma gradual, porém, bastante precisa.
Dirigido por Matthieu Delaporte e Alexandre De La Patellière, ambos do filme "Qual o Nome do Bebê? (2011), acompanhamos a trama de Edmond Dantès (Pierre Niney) um jovem marinheiro que sofre uma injustiça no dia de seu casamento. Ele é preso devido a uma enorme conspiração contra ele organizada pelos seus supostos amigos. Se passam 14 anos desde esse dia, onde Edmond recebe a ajuda de um outro prisioneiro para fugir do sinistro Château d'If após o mesmo dizer a localização exata de um tesouro perdido. Edmond, então, consegue achar esse tesouro que o torna enriquecido e parte para vingança com esse poder em mãos e com um novo nome, o Conde de Monte Cristo.
Quem já leu ou assistiu alguma adaptação irá notar que a história serviu de inspiração para a criação de outros personagens ao longo das décadas, que vai desde "Batman", "Zorro" e "V de Vingança", obra escrita por Alan Moore e já levada para o cinema. Porém, diferente das outras adaptações, esse filme possui um teor épico de grandes proporções, onde é nítido onde foi investido o orçamento, desde a sua edição de arte, como também o seu rico figurino. Além disso, a sua trilha sonora emana o teor épico, trágico e envolvente da obra como um todo.
Com três horas de duração, nota-se que muitas passagens não vistas em outras adaptações foram então levadas aqui, ao ponto que até alguns personagens quase sempre excluídos em outras versões obtém agora o seu espaço. A personagem Haydée, vivida aqui pela atriz Anamaria Vartolomei, talvez seja a figura mais excluída de todas as adaptações, mas tendo um papel relevante na obra e sendo finalmente revelada para o grande público. Devido a longa duração era mais do que óbvio que os realizadores tentaram ao máximo serem fiéis ao conto clássico, mas não permitindo que o filme se tornasse cansativo.
Pelo contrário, o longa nos prende atenção principalmente quando assistimos ao personagem tentar escapar da prisão, quando obtém o seu poder para construir a sua vingança e ao mesmo tempo fazendo com que a gente testemunhe a sua mudança perante o desejo pela desforra. Pierre Niney se sai muito bem ao dar vida ao protagonista, já que ele nos transmite um ar de inocência nos primeiros minutos de trama, para logo depois ela ser destroçada pelo mal que causaram ao personagem. É nesta transformação que Pierre se sobressai, onde os seus olhos transmitem todo o ódio profundo que o personagem sente nas diversas passagens da trama.
Mas diferente do que se imagina, o filme não se envereda facilmente para uma aventura de capa e espada, sendo que o lado dramático se sobressai na adaptação como um todo, além de momentos em que o suspense psicológico se torna cada vez mais envolvente diga-se de passagem. O protagonista, por sua vez, cada vez mais afunda pelo seu desejo de vingança e fazendo a gente se perguntar até onde ele vai para alcançar o que mais deseja. No final das contas, a história é uma lição de moral em que o desejo de se vingar envenena a alma como um todo e cuja velha lição ainda funciona nos dias de hoje.
Ao final, vemos um Conde de Monte Cristo obter a sua vingança contra aqueles que o prejudicaram, mas ao mesmo tempo fazendo com que ele se transforme em alguém que não pode mais se desvencilhar. Para aqueles que se sentirão acomodados com os finais felizes das outras adaptações aqui a situação é inversa, ao ponto de talvez frustrar a maioria do público, mas que irá satisfazer aqueles que são grandes fãs do livro. Uma atitude corajosa por parte dos realizadores e que atraiu milhares de pessoas ao cinema francês neste ano.
"O Conde de Monte Cristo" é um exemplo de adaptação fiel a sua fonte literária, mas que não se esquece de nos transmitir o verdadeiro significado da palavra cinema.
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