Sinopse:Em um mundo
pós-2029, é bastante comum o aperfeiçoamento do corpo humano a partir de
inserções tecnológicas. O ápice desta evolução é a Major Mira Killian (Scarlett
Johansson), que teve seu cérebro transplantado para um corpo inteiramente
construído pela Hanka Corporation. Considerada o futuro da empresa, Major logo
é inserida no Section 9, um departamento da polícia local. Lá ela passa a
combater o crime, sob o comando de Aramaki (Takeshi Kitano) e tendo Batou
(Pilou Asbaek) como parceiro.
O longa de animação japonês Ghost
in the Shell (traduzido por aqui como Fantasma do Futuro) de 1995, dirigido
Mamoru Oshii e escrito por Kazunori Itô e Masamune Shirow foi um filme a frente
do seu tempo, pois a obra era um retrato de um mundo cada vez mais conectado as
redes da informática, sendo que naquele tempo a internet, por exemplo, ainda
estava só engatinhando. Além disso, o filme tratava da questão sobre os
significados da alma, lembranças, individualidade e qual o nosso papel no mundo
do qual vivemos. Não é a toa que o filme serviu de inspiração para o nascimento
de inúmeros filmes posteriormente como foi no caso de Matrix de 1999.
Passaram-se os anos e
sempre havia inúmeros boatos sobre uma versão americana em carne e osso da
obra. Depois de muita espera, finalmente chegou essa versão, intitulada agora
de A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell e estrelado pela atriz Scarlett
Johansson (ótima, aliás), sendo que foi uma escolha criticada por parte dos
fãs, já que eles queriam uma atriz japonesa. Polêmicas a parte, o filme em si
possui um dos mais belos visuais do ano, mantendo a premissa principal da obra
original, mas não se aprofundando em sua essência como um todo.
Claro que a maioria
dos personagens dos quais nós conhecemos através do clássico estão lá, mas
inseridos de uma forma um tanto que diferente. Batou (Pilou Asbaek), por
exemplo, é mais humano, obtendo toques de humor e a origem dos seus olhos biônicos. Já a Mira Killian (Johansson) é que
mais passou por uma readaptação, não com relação ao seu visual, mas sim as suas
motivações. Se na obra original a personagem vivia em conflito com relação ao
seu “eu”, aqui ela passa a tentar descobrir sobre a sua verdadeira origem, já
que ela não se lembra de quase nada antes de ter o seu corpo praticamente todo
substituído por uma tecnologia avançada.
Está mais do que
claro que os roteiristas e o diretor Rupert Sanders (Branca de Neve e o
Caçador) optaram por seguir uma linha narrativa da qual as pessoas do ocidente
pudessem captar melhor a trama e conseguissem se identificar com os
personagens. Se por um lado eles amenizam os temas complexos da obra original das
quais eu citei acima, por outro lado, eles conseguiram manter fieis ao visual e
criando um universo em que os prédios estão impregnados com propagandas holográficas,
as ruas invadidas pelo comércio dos mais variados tipos e com pessoas
convivendo com outras das quais possuem as suas partes cibernéticas.
Aliás, é interessante
observar como são bem inseridas as mais diversas culturas dentro da trama,
tanto ás orientais como ocidentais e fazendo a gente não se perguntar onde se
passa a trama, já que ela poderia se passar em qualquer outra parte do globo.
Isso rende até mesmo um espaço para fazer uma dura crítica contra a propaganda
da “não a imigração” do qual o Presidente Donald Trump prega atualmente, já que
numa determinada parte da trama, isso é muito bem explorado e reacendendo ainda
mais o assunto dentro da ficção. Embora com essas readaptações, os roteiristas
conseguiram inserir passagens clássicas da obra original, como quando ocorre o
clássico duelo na água, ou quando a protagonista enfrenta um robô tanque
gigante e tendo consequências imprevisíveis.
Porém, não esperem
por um filme de muita ação e efeitos visuais do começo ao fim, pois embora eles
estejam inseridos na trama, eles somente ocorrem quando roteiro necessite que
isso realmente aconteça. Ao mesmo tempo, o filme falha por não ter um vilão
carismático, sendo que o Chefe dos Fantoches da obra original, mesmo a gente
não enxergando ele como um todo (só assistindo ao clássico para entender o que
eu estou dizendo) era muito mais interessante. Ao invés disso, é inventando um
personagem que possui forte ligação com o passado da protagonista e um
empresário ambicioso que, se não fosse pelas suas ações, a gente até esqueceria
que ele existe na trama.
Finalizando, o filme
cumpre o que promete, mas ao mesmo tempo, me dá a impressão de que eles não
entregaram a obra como um todo. A meu ver, está mais do que lógico que o
estúdio tenha um desejo de criar uma franquia da obra e deixando o melhor para
mais tarde. Porém, isso empalidece um pouco o resultado final se for comparado
com a obra original, já que aquela versão não precisou de continuações ou algo
do gênero para se tornar um verdadeiro clássico japonês.
Com participação mais
do que especial da atriz francesa Juliette Binoche (Copia Fiel), A Vigilante do
Amanhã: Ghost in the Shell pode até ter as suas qualidades, mas a meu ver,
servirá mais como janela para o público em geral conhecer a obra prima oriental
de 1995.
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