LARISSA FIGUEIREDO DEBATE O TOURO
NO CINECLUBE ACADEMIA DAS MUSAS
Na terça-feira, 4 de abril, às 20h, a Cinemateca
Capitólio
Petrobras recebe a primeira edição do Cineclube Academia das Musas. Na sessão, o grupo de pesquisa sobre os cinemas
realizados por mulheres em diferentes épocas, contextos e países, investiga o
reino encantado que dom Sebastião fundou na Ilha de Lençóis, no Nordeste brasileiro, com a
exibição do filme O Touro e a
presença da diretora Larissa Figueiredo. O valor do ingresso é R$ 10,00.
O TOURO
78 min., Brasil, 2015
Direção: Larissa Figueiredo
Quando o rei português dom Sebastião perdeu a batalha de Alcácer Quibir, seu corpo foi engolido pelas areias do Marrocos e desapareceu. Seu espírito, no entanto, organizou um exército que passou a explorar novas terras, até chegar ao Brasil. Na Ilha de Lençóis, no Nordeste brasileiro, dom Sebastião fundou seu reino encantado. Ele vagueia na forma de um touro negro, que tem uma estrela na testa. Um dia, sua filha voltará à ilha empunhando uma espada dourada. Exibição em DCP. Após a sessão, debate com a realizadora Larissa Figueiredo.
LARISSA FIGUEIREDO
Larissa Figueiredo nasceu em 1988 em Brasília. Estudou Letras na UnB; Teoria do Cinema na Université Lumière Lyon 2, na França, e Artes Visuais/Cinema na Haute École d'art et design de Genève, na Suíça, onde teve aula com artistas como Miguel Gomes, Albert Serra e Apichatpong Weerasethakul. Trabalhou como montadora, entre outros, no filme “A que deve a honra da ilustre visita este simples marquês?”, dirigido por Rafael Urban e Terence Keller, premiado no 46º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. “O Touro”, seu primeiro longa-metragem, recebeu o prêmio do Visions Sud Est, foi exibido como work-in-progress na Carte Blanche do 67º Festival Internacional de Cinema de Locarno e teve sua estréia mundial no 44º Festival Internacional de Cinema de Roterdã, onde foi um dos 12 concorrentes ao prêmio FIPRESCI da critica internacional. "O Touro" também foi exibido nas Competições Internacionais do FILMADRID e do V Lima Independiente, além de outros festivais no Brasil e no Exterior. Larissa se dedica atualmente ao desenvolvimento de seu próximo longa-metragem, “Agontimé”, que será filmado entre o Brasil e o Benim, na África. Este projeto recebeu o Prêmio FIDLab Sublimage 2015.
O GRUPO DE ESTUDOS ACADEMIA DAS MUSAS
O grupo de estudos Academia das Musas foi, de certa forma, uma decorrência do grupo de estudos Aurora, que começou em 2012 e acabou gerando a Revista Aurora e o fanzine Zinematográfo. Em 2015, o grupo Aurora realizou seus estudos em cima da tese de doutorado de Luiz Carlos de Oliveira Jr, "Vertigo - a teoria artística de Alfred Hitchcock e seus desdobramentos no cinema moderno", que parte do estudo do clássico Hitchcockiano como uma tese sobre a imagem e a representação. Em capítulo dedicado a discutir o ponto de vista feminino em Um Corpo que Cai (1958), surgiram conversas interessantes sobre o tema e, a partir das discussões geradas, após o fim da leitura da tese, resolvemos continuar nossos estudos por este viés. Porém, nos pareceu pouco produtiva, e também pouco sedutora, a ideia de trabalharmos com questões da representação feminina ou da mulher no cinema, por acreditarmos que faríamos sempre as mesmas análises a partir de diferentes objetos. Decidimos que nos interessava pensar no ponto de vista da mulher por meio da sua produção fílmica, através da história do cinema. Essa escolha também vem ao encontro da opção por fazer uma pesquisa afirmativa. Não obstante as críticas a respeito da falta de mulheres no campo audiovisual (críticas estas completamente acertadas), conhecíamos poucas (ou não conhecíamos, na verdade) iniciativas que estudassem as cineastas que conseguiram de fato produzir seus filmes dentro da(s) história(s) do cinema – é de conhecimento público que no início da indústria cinematográfica as mulheres ocupavam diversas funções, como diretoras, roteiristas e montadoras, e que este número reduz drasticamente entre as décadas de 30 e 70, quando então as mulheres começam a se organizar para uma retomada, ainda assim ainda não alcançamos o patamar do cinema realizado por homens. Então a ideia era (e é) fazer uma pesquisa das mulheres que fizeram cinema ao longo da história e de realizadoras atuais, e difundir as suas obras.
Quando decidimos continuar nossos estudos em direção a este recorte de pesquisa - diretoras mulheres - achamos melhor trocar o nome do grupo para que ficasse mais clara a nossa intenção. A ideia de batizarmos nosso grupo com o nome do filme de Jose Luis Guerín surgiu após a exibição deste em uma sessão especial que aconteceu em Porto Alegre, dentro do projeto Sessão Plataforma. Em Academia das Musas (2015), que é uma resposta ao filme anterior do diretor – como o mesmo revela em entrevista – Na Cidade de Sylvia (2007), temos uma “escola” de arte e filosofia, formada basicamente por mulheres, onde o professor Raffaele Pinto (!) explora teoricamente a figura das “musas” na história da filosofia ocidental, enredando-se com as estudantes e sua esposa em relações de sedução, de poder e de disputa intelectual. Em determinada passagem do filme, uma das personagens lamenta-se por ter perdido um namorado que tinha nela uma fonte de inspiração ao mesmo tempo que a inspirava a escrever, por se tratar de um romance epistolar. O professor, ao consolá-la, pondera que a escrita, a poesia, está nela, e que esta a encontrará (a poesia) também em outros amantes. Assim, o filme faz uma interessante reflexão a respeito da passividade ou da atividade da figura mitológica da musa, transpõe esta reflexão para os dias atuais, nos faz pensar que a “musa” inspiradora, é também inspirada, isto é, é objeto, ao mesmo tempo em que é sujeito da criação artística, da mesma forma que o sujeito moderno, o sujeito do cinema.
Nos pareceu uma divertida coincidência assistirmos ao filme naquele momento. Academia das Musas é a apropriação de duas ideias que de certa forma questionamos com as práticas do nosso grupo de estudos: a “academia” como único local legítimo de produção de conhecimento e de pesquisa, e “musas” como entidades femininas de culto da beleza e da inspiração. Apropriar-nos e subvertermos conceitos que historicamente ajudamos (as mulheres) a erigir nos pareceu mais interessante do que jogá-los na fogueira. Tomado como reflexão ou como chiste, é um nome que nos diz respeito: a sala de cinema é nossa Academia e nos inspiramos em nossas musas inspiradas.
Sessões especiais realizadas em 2016:
* Mostra “Minha História, Sua História”: mostra em parceria com a sala Redenção de Cinema Universitário / UFRGS
Bruta Aventura em Versos, Letícia Simões (2011)
Diário de Uma Busca, Flávia Castro (2010)
Os Dias com Ele, Maria Clara Escobar (2013)
* Todos os Outros, Maren Ade (2011) – sessão promovida pelo Academia das Musas em parceria com o Instituto Goethe
* 35 Doses de Rum, Claire Denis (2008) e Atlântico, Mati Diop (2009) – sessão especial do grupo dentro da mostra Semana da Francofonia, da CCVF / SMC / Prefpoa
* Amigo Mio, Jeanine Meerapfel (1993) – sessão especial do grupo dentro da mostra O Cinema das Diretoras, promovida pelo Instituto Goethe.
* Sem Medo da Morte, Claire Denis (1990) – sessão especial do grupo dentro da mostra Corpo, paisagem e estranhamento: o cinema sensorial de Claire Denis, da Sala Redenção/UFRGS.
* The Slumber Party Massacre, Amy Holden Jones (1982) – sessão especial do grupo dentro da mostra A Vingança dos Filmes B.
O TOURO
78 min., Brasil, 2015
Direção: Larissa Figueiredo
Quando o rei português dom Sebastião perdeu a batalha de Alcácer Quibir, seu corpo foi engolido pelas areias do Marrocos e desapareceu. Seu espírito, no entanto, organizou um exército que passou a explorar novas terras, até chegar ao Brasil. Na Ilha de Lençóis, no Nordeste brasileiro, dom Sebastião fundou seu reino encantado. Ele vagueia na forma de um touro negro, que tem uma estrela na testa. Um dia, sua filha voltará à ilha empunhando uma espada dourada. Exibição em DCP. Após a sessão, debate com a realizadora Larissa Figueiredo.
LARISSA FIGUEIREDO
Larissa Figueiredo nasceu em 1988 em Brasília. Estudou Letras na UnB; Teoria do Cinema na Université Lumière Lyon 2, na França, e Artes Visuais/Cinema na Haute École d'art et design de Genève, na Suíça, onde teve aula com artistas como Miguel Gomes, Albert Serra e Apichatpong Weerasethakul. Trabalhou como montadora, entre outros, no filme “A que deve a honra da ilustre visita este simples marquês?”, dirigido por Rafael Urban e Terence Keller, premiado no 46º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. “O Touro”, seu primeiro longa-metragem, recebeu o prêmio do Visions Sud Est, foi exibido como work-in-progress na Carte Blanche do 67º Festival Internacional de Cinema de Locarno e teve sua estréia mundial no 44º Festival Internacional de Cinema de Roterdã, onde foi um dos 12 concorrentes ao prêmio FIPRESCI da critica internacional. "O Touro" também foi exibido nas Competições Internacionais do FILMADRID e do V Lima Independiente, além de outros festivais no Brasil e no Exterior. Larissa se dedica atualmente ao desenvolvimento de seu próximo longa-metragem, “Agontimé”, que será filmado entre o Brasil e o Benim, na África. Este projeto recebeu o Prêmio FIDLab Sublimage 2015.
O GRUPO DE ESTUDOS ACADEMIA DAS MUSAS
O grupo de estudos Academia das Musas foi, de certa forma, uma decorrência do grupo de estudos Aurora, que começou em 2012 e acabou gerando a Revista Aurora e o fanzine Zinematográfo. Em 2015, o grupo Aurora realizou seus estudos em cima da tese de doutorado de Luiz Carlos de Oliveira Jr, "Vertigo - a teoria artística de Alfred Hitchcock e seus desdobramentos no cinema moderno", que parte do estudo do clássico Hitchcockiano como uma tese sobre a imagem e a representação. Em capítulo dedicado a discutir o ponto de vista feminino em Um Corpo que Cai (1958), surgiram conversas interessantes sobre o tema e, a partir das discussões geradas, após o fim da leitura da tese, resolvemos continuar nossos estudos por este viés. Porém, nos pareceu pouco produtiva, e também pouco sedutora, a ideia de trabalharmos com questões da representação feminina ou da mulher no cinema, por acreditarmos que faríamos sempre as mesmas análises a partir de diferentes objetos. Decidimos que nos interessava pensar no ponto de vista da mulher por meio da sua produção fílmica, através da história do cinema. Essa escolha também vem ao encontro da opção por fazer uma pesquisa afirmativa. Não obstante as críticas a respeito da falta de mulheres no campo audiovisual (críticas estas completamente acertadas), conhecíamos poucas (ou não conhecíamos, na verdade) iniciativas que estudassem as cineastas que conseguiram de fato produzir seus filmes dentro da(s) história(s) do cinema – é de conhecimento público que no início da indústria cinematográfica as mulheres ocupavam diversas funções, como diretoras, roteiristas e montadoras, e que este número reduz drasticamente entre as décadas de 30 e 70, quando então as mulheres começam a se organizar para uma retomada, ainda assim ainda não alcançamos o patamar do cinema realizado por homens. Então a ideia era (e é) fazer uma pesquisa das mulheres que fizeram cinema ao longo da história e de realizadoras atuais, e difundir as suas obras.
Quando decidimos continuar nossos estudos em direção a este recorte de pesquisa - diretoras mulheres - achamos melhor trocar o nome do grupo para que ficasse mais clara a nossa intenção. A ideia de batizarmos nosso grupo com o nome do filme de Jose Luis Guerín surgiu após a exibição deste em uma sessão especial que aconteceu em Porto Alegre, dentro do projeto Sessão Plataforma. Em Academia das Musas (2015), que é uma resposta ao filme anterior do diretor – como o mesmo revela em entrevista – Na Cidade de Sylvia (2007), temos uma “escola” de arte e filosofia, formada basicamente por mulheres, onde o professor Raffaele Pinto (!) explora teoricamente a figura das “musas” na história da filosofia ocidental, enredando-se com as estudantes e sua esposa em relações de sedução, de poder e de disputa intelectual. Em determinada passagem do filme, uma das personagens lamenta-se por ter perdido um namorado que tinha nela uma fonte de inspiração ao mesmo tempo que a inspirava a escrever, por se tratar de um romance epistolar. O professor, ao consolá-la, pondera que a escrita, a poesia, está nela, e que esta a encontrará (a poesia) também em outros amantes. Assim, o filme faz uma interessante reflexão a respeito da passividade ou da atividade da figura mitológica da musa, transpõe esta reflexão para os dias atuais, nos faz pensar que a “musa” inspiradora, é também inspirada, isto é, é objeto, ao mesmo tempo em que é sujeito da criação artística, da mesma forma que o sujeito moderno, o sujeito do cinema.
Nos pareceu uma divertida coincidência assistirmos ao filme naquele momento. Academia das Musas é a apropriação de duas ideias que de certa forma questionamos com as práticas do nosso grupo de estudos: a “academia” como único local legítimo de produção de conhecimento e de pesquisa, e “musas” como entidades femininas de culto da beleza e da inspiração. Apropriar-nos e subvertermos conceitos que historicamente ajudamos (as mulheres) a erigir nos pareceu mais interessante do que jogá-los na fogueira. Tomado como reflexão ou como chiste, é um nome que nos diz respeito: a sala de cinema é nossa Academia e nos inspiramos em nossas musas inspiradas.
Sessões especiais realizadas em 2016:
* Mostra “Minha História, Sua História”: mostra em parceria com a sala Redenção de Cinema Universitário / UFRGS
Bruta Aventura em Versos, Letícia Simões (2011)
Diário de Uma Busca, Flávia Castro (2010)
Os Dias com Ele, Maria Clara Escobar (2013)
* Todos os Outros, Maren Ade (2011) – sessão promovida pelo Academia das Musas em parceria com o Instituto Goethe
* 35 Doses de Rum, Claire Denis (2008) e Atlântico, Mati Diop (2009) – sessão especial do grupo dentro da mostra Semana da Francofonia, da CCVF / SMC / Prefpoa
* Amigo Mio, Jeanine Meerapfel (1993) – sessão especial do grupo dentro da mostra O Cinema das Diretoras, promovida pelo Instituto Goethe.
* Sem Medo da Morte, Claire Denis (1990) – sessão especial do grupo dentro da mostra Corpo, paisagem e estranhamento: o cinema sensorial de Claire Denis, da Sala Redenção/UFRGS.
* The Slumber Party Massacre, Amy Holden Jones (1982) – sessão especial do grupo dentro da mostra A Vingança dos Filmes B.
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