Na minha
ultima participação desse ano, dentro dos cursos de cinema elaborados pelo Cena
Um (dias 11 e 12 de dezembro), o assunto será sobre o Cinema Marginal
Brasileiro, que será ministrado pelo jornalista Leonardo Bomfim. Enquanto a
atividade não chega, estarei por aqui postando sobre os principais filmes desse
movimento que bateu de frente com a censura da ditadura da época.
Sem Essa,
Aranha
Sinopse: Banqueiro
vive perigosamente e dividido entre três mulheres: uma loira, uma morena e
outra negra - essa a sua verdadeira paixão. O filme inspirou a música
''Qualquer Coisa'', de Caetano Veloso, que no refrão diz ''Sem essa, aranha/Nem
a sanha arranha o carro/Nem o sarro arranha a Spaña''. Aranha é o personagem
interpretado por Jorge Loredo, também conhecido por Zé Bonitinho.
O deboche
parece mais escrachado do que O Bandido da Luz Vermelha (1968) e A Mulher de
Todos (1969), filmes anteriores do diretor. José Louredo leva o Zé Bonitinho para
um universo bêbado, reflexo da realidade versão chanchada. Ele é Aranha, homem
casado com uma porção de mulheres-vedetes, cada uma em uma classe social, cada
uma em seu castelo particular. O deboche é tamanho que o bigode dele ora cai,
ora cola, não importa. Aliás, questões técnicas realmente não importam nesse
cinema urgente, feito às pressas, no afã do momento.
Meteorango
Kid: O Herói Intergalático
Sinopse: As
aventuras de Lula, um estudante universitário, no dia de seu aniversário. De
forma absolutamente despojada, anárquica e irreverente, mostra sem rodeios o
perfil de um jovem desesperado, representante de uma geração oprimida pela
ditadura militar e pela moral retrógrada de uma sociedade passiva e hipócrita.
O anti-herói intergaláctico atravessa esse labirinto cotidiano através das suas
fantasias e delírios libertários, deixando atrás de si um rastro de
inconformismo e um convite à rebelião em todos os níveis.
Em termos de sintaxe cinematográfica, Meteorango
encontra-se enquadrado na mesma estética de invenções geniais como O Bandido da
Luz Vermelha (Rogério Sganzerla) ou Matou a Família e Foi ao Cinema (Júlio
Bressane): a montagem é frenética, a ação descontínua, o som tratado como
“puzzle” picotado ao bel-prazer do diretor. Aí, entretanto, é que sobressai a
abordagem criativa de Oliveira. Do arcabouço aparentemente simples, traçado na
juventude vazia do herói Lula, toda uma intensa eclosão de situações absurdas
permeia sua trajetória pelas vielas e avenidas de Salvador. A sequencia de
abertura já é antológica por si, ao mostrar Antônio Luiz Martins “trajado” de
Cristo; mostrada em “rewind”, a cena culmina com a agonia do Messias, numa
colagem de belíssimos closes superpostos em ângulos de câmera diferentes. No
fecho, é mostrada em decorrer normal, equidistante à primeira.
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