Na minha ultima
participação desse ano, dentro dos cursos de cinema elaborados pelo Cena Um
(dias 11 e 12 de dezembro), o assunto será sobre o Cinema Marginal Brasileiro,
que será ministrado pelo jornalista Leonardo Bomfim. Enquanto a atividade não chega,
estarei por aqui postando sobre os principais filmes desse movimento que bateu
de frente com a censura da ditadura da época.
O BANDIDO DA LUZ
VERMELHA
Sinopse: Jorge, um
assaltante de residências de São Paulo, apelidado pela imprensa de
"Bandido da Luz Vermelha", desconcerta a polícia ao utilizar técnicas
peculiares de ação. Sempre auxiliado por uma lanterna vermelha, ele possui as
vítimas, tem longos diálogos com elas e protagoniza fugas ousadas para depois
gastar o fruto do roubo de maneira extravagante.
Rogério Sganzerla, em seu segundo trabalho
como diretor (o primeiro foi o curta Documentário de 1966) realiza um filme
surpreendente, usando e abusando com o mito da crônica policial paulistana dos
anos 60. Seu filme é uma espécie de “faroeste do terceiro mundo”, caótico e
desconexo. Com sua linguagem visual
muito a frente do seu tempo, O Bandido da Luz Vermelha pode ser visto como o
ponto de transição entre a estética do Cinema Novo (influenciado pela nouvelle
vague do cinema francês) e a ruptura do Cinema Marginal. Um clássico
inesquecível e que foi relembrado novamente, graças à sua sequência,
intitulada Luz das Trevas.
Matou a família e foi
ao cinema
Sinopse: Rapaz da
classe média mata a navalhadas o pai e a mãe e vai assistir ao filme
"Perdidas de Amor", no qual um homem mata uma mulher por amor. Ao
mesmo tempo, duas jovens se amam e uma delas mata a mãe que as critica; o
marido mata a mulher que reclama das dificuldades financeiras.
Matou a família e foi ao cinema (1969), de
Júlio Bressane, definitivamente é uma
das obras mais importantes da historia do nosso cinema brasileiro. Com um
talento incomum, o diretor consegue fazer o filme oscilar, o tempo todo e de
uma forma bem perigosa, entre o drama, o
clichê e o sublime, a vida cotidiana e um olhar pessoal na intimidade dos
personagens que, no entanto, jamais são
desvendados por completo.
Os planos, melancólicos, aliado a uma impressionante fotografia em preto-e-branco, lembram muito mais o cinema mudo, do que o tão conhecido nouvelles vagues francês daquele período. A montagem mistura as tramas ao longo do filme, fazendo o espectador assistir por um momento uma trama, para então ser jogado em outra sem mais nem menos, exigindo maior atenção para aquele que assiste.
Um filme corajoso em pleno regime da ditadura militar do Brasil, pois retrata um pouco a desorganização da moral cotidiana, de destruição da família e a falta de afeto, mantêm seu impacto e sua emoção. Não tanto pelo registro histórico ou pela clarividência sociológica, mas pelo visionarismo cinematográfico do diretor, que foi capaz de transformar um argumento de base naturalista e melodramática numa das mais belas tragédias brasileiras.
Os planos, melancólicos, aliado a uma impressionante fotografia em preto-e-branco, lembram muito mais o cinema mudo, do que o tão conhecido nouvelles vagues francês daquele período. A montagem mistura as tramas ao longo do filme, fazendo o espectador assistir por um momento uma trama, para então ser jogado em outra sem mais nem menos, exigindo maior atenção para aquele que assiste.
Um filme corajoso em pleno regime da ditadura militar do Brasil, pois retrata um pouco a desorganização da moral cotidiana, de destruição da família e a falta de afeto, mantêm seu impacto e sua emoção. Não tanto pelo registro histórico ou pela clarividência sociológica, mas pelo visionarismo cinematográfico do diretor, que foi capaz de transformar um argumento de base naturalista e melodramática numa das mais belas tragédias brasileiras.
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