Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
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A cinesemana de 16 a 22 de outubro traz três estreias em nossa programação. Entre os títulos brasileiros, a novidade é NÓ, da diretora Laís Melo, vencedora do Kikito de melhor direção no Festival de Gramado. Da França vem UMA MULHER DIFERENTE, com a história de Katia, uma jovem que se descobre autista depois de muitos anos sofrendo com as questões cotidianas. Um raro exemplar da Arábia Saudita, O RETRATO DE NORAH é outro destaque da semana, trama sobre uma época em que qualquer manifestação artística era proibida no país.
Seguimos com dois relançamentos de sucesso: AMORES BRUTOS, filme que apresentou ao mundo o talento do diretor mexicano Alejandro Iñárritu, e PARIS, TEXAS, que voltou aos cinemas em comemoração aos 80 anos cineasta alemão Wim Wenders e aos 40 anos da sua estreia.
Nossa programação se completa com nada menos que cinco produções brasileiras, revelando o potencial da atual safra de longas. RETRATO DE UM CERTO ORIENTE, com direção de Marcelo Gomes, é baseado na obra homônima de Milton Hatoum; ambientado em Novo Hamburgo, ESPIRAL é primeiro longa de ficção do diretor gaúcho Leonardo Peixoto; O ÚLTIMO EPISÓDIO, do mineiro Maurílio Martins, representa o cinema mineiro da produtora Filmes de Plástico; A REVOLTA DOS MALÊS coroa um projeto de muitos anos do ator e diretor Antonio Pitanga; e O ÚLTIMO AZUL, do diretor pernambucano Gabriel Mascaro, entra em sua sétima semana de exibição.
Confira a programação completa no site oficial da cinemateca clicandoaqui.
Sinopse: A trajetória do talentoso tenor brasileiro Aldo Baldin desde um início humilde no interior do país até se tornar um dos maiores tenores líricos do mundo em sua época. Aldo cantou com os maiores maestros, se apresentou nas mais famosas salas de concerto e gravou mais de 100 álbuns.
Durante 14 anos, pesquisas, viagens e emoções se entrelaçaram para compor “Aldo Baldin – Uma Vida pela Música”, em cartaz no Brasil. O filme, dirigido por Yves Goulart, já recebeu 24 prêmios em festivais pelo mundo, e foi um dos dez indicados a Melhor Documentário no Septimius Awards, que aconteceu no início de setembro em Amsterdã. Mais do que um retrato de uma voz única, o documentário é um símbolo de resistência.
Ao resgatar um artista ausente da memória popular, a obra convida à reflexão sobre arte erudita, democratização cultural e a necessidade de dar acesso à música clássica a uma nova geração. Aldo Baldin (1945-1994) foi um tenor brasileiro de projeção internacional, considerado um dos intérpretes mais importantes da música erudita do século 20 no Brasil. O cantor nasceu em Urussanga, que também é a cidade natal do cineasta Yves Goulart. Mas o diretor só conheceu a história de seu conterrâneo quando já estava morando nos Estados Unidos.
A viúva de Aldo, Irene Fleisch Baldin, foi quem abriu todas as portas para Yves e assina como diretora musical. Entre os tesouros encontrados, está uma fita cassete gravada por Aldo três dias antes de sua morte precoce, aos 49 anos, na qual deixou sua história contada por sua própria voz, com as pessoas que fizeram parte de sua trajetória. No documentário é possível ouvir Aldo e também ver pessoas citadas por ele, peças-chave da música clássica brasileira e mundial, dando depoimentos sobre a importância do artista pouco conhecido do grande público.
O longa conta com depoimentos emocionados de quem conviveu com o tenor: o maestro Isaac Karabtchevsky, a pianista Lilian Barretto, o compositor Edino Krieger e os cantores Maria Lucia Godoy e Fernando Portari compartilham memórias que revelam não apenas o músico excepcional, mas o homem por trás da arte – dedicado, amigo, generoso e profundamente ligado às suas origens.
Mais do que um tributo, o documentário é um reencontro com um legado artístico que merece ser redescoberto. Para os amantes da música de concerto, é uma chance única de entender a dimensão de um brasileiro que elevou o nome do país no cenário erudito internacional. Para o público geral, uma oportunidade de se encantar com a história de um menino do interior que, com talento e persistência, tornou-se artisticamente imortal.
MOSTRA DESTACA A PRESENÇA DAS MULHERES NO CINEMA TCHECOSLOVACO
Entre os dias 17 de outubro e 02 de novembro, a Cinemateca Capitólio apresenta a mostra Mulheres do Cinema Tchecoslovaco, um panorama com mais de 40 filmes em torno da presença das mulheres na produção cinematográfica do país europeu. Na sessão sessão de abertura, sexta, às 19h30, serão exibidos dois filmes: Algo Diferente, o primeiro longa-metragem de Věra Chytilová, e o curta-metragem de animação Dinheiro, de Jana Blechová. Entrada franca.
Na terça-feira, 22 de outubro, às 19h, a Cinemateca Capitólio recebe a sessão especial do drama político colombiano Novembro, dirigido por Tomás Corredor. O diretor participa de um debate após a projeção, com mediação da professora e pesquisadora Cristiane Freitas.
A partir de quinta-feira, 16 de outubro, entra em cartaz na Cinemateca Capitólio a produção gaúcha Bicho Monstro, dirigida por Germano de Oliveira. Seu Cavalcanti, de Leonardo Lacca, segue em exibição até o dia 22.
Sinopse: O filme traz a poderosa e real história de uma lenda do UFC que, no auge da fama, precisa enfrentar seus maiores combates fora do octógono: o vício, a pressão pela vitória, o amor e a lealdade.
Desde que largou os ringues para se tornar um astro de cinema Dwayne Johnson sempre buscou não parar e se manter como herói de filmes de ação. Porém, foi no filme "O Acordo" (2013) que eu senti que o intérprete poderia ir mais longe e se desafiar ao incorporar personagens que poderiam distanciá-lo da imagem que havia lhe construído. " Coração de Lutador - The Smashing Machine" (2025) é uma boa tentativa do astro em se reinventar, mesmo que frustre os fãs que esperavam algo a mais.
Dirigido por Benny Safdie, do ótimo "Bom Comportamento" (2017), o filme conta a história real sobre a trajetória física e emocional do lutador de MMA Mark Kerr. A trama explora os altos e baixos da carreira do esportista, falando sobre sua luta contra o vício, suas vitórias e seu relacionamento com a sua esposa durante o auge da fama no UFC. Mark Kerr foi um dos maiores nomes do esporte nas décadas de 90 e 2000, mas ainda lhe faltava algo como grande desafio a ser enfrentado.
Apesar de ser responsável por poucos títulos na cadeira da direção, é preciso reconhecer que Benny Safdie se tornou especialista em extrair a melhor atuação de determinado intérprete. Se no já citado "Bom Comportamento" ele provou que Robert Pattinson era um ótimo ator, por outro lado, em "Joias Brutas" (2019) ele surpreendeu o mundo ao extrair a melhor atuação de Adam Sandler e provando que ele não se limitava somente no gênero da comédia. Isso vale agora neste filme estrelado por Dwayne Johnson, onde o cineasta consegue capitar toda a doçura que o personagem tem em meio a toda força bruta e violência deste universo do esporte que é o MMA.
Porém, é preciso dar muito crédito a Dwayne Johnson, já que o próprio simplesmente se entregou ao personagem, ao não somente conseguir se parecer com o verdadeiro Mark Kerr, como também ter a proeza de nos esquecermos que estamos diante de um personagem que se distância daqueles que o astro havia construído ao longo dos anos. Não há como negar que os melhores momentos do intérprete em cena não são aqueles mostrados no ringue, mas sim quando ele luta contra os vícios e o medo de uma eventual derrota que ele não consegue aceitar de maneira alguma. Um personagem que transita na sua dedicação esportiva, fraquezas e medos que serão necessários serem confrontados na medida em que o tempo passa.
Além disso, as atuações dos demais personagens secundários tem o seu merecido destaque, como no caso da mulher de Mark Kerr, interpretada de forma intensa pela atriz Emily Blunt, sendo que a sua personagem procura o seu lugar no mundo na vida do seu marido e não querendo ser um mero objeto decorativo. As cenas de ambos juntos geram momentos de pura tensão, já que estamos diante de um casal que procura se entender, mas passando a ideia também que cada um ali precisa enfrentar os seus próprios demônios interiores, nem que para isso gere um caminho sem retorno. Ao mesmo tempo, é preciso reconhecer o bom desempenho de Ryan Bader, ao interpretar o melhor amigo do protagonista e se sentindo mais do que à vontade, já que na realidade ele foi realmente lutador da MMA, mas aqui dá sinais de que poderá ter uma ótima carreira cinematográfica.
Mas o que faz o filme ganhar opiniões divisíveis seja talvez a própria direção de Benny Safdie, já que ele faz com que as lutas nos ringues fiquem em segundo plano e destacando mais o lado emocional destes personagens envolvidos neste esporte como um todo. Talvez a intenção do realizador esteja mais na intenção de extrair a principal luta dos personagens fora dos ringues, onde cada um se pergunta qual é o seu papel no mundo e do temor pessoal que cada um ali precisa ser enfrentado. Ao mesmo tempo, o realizador improvisa uma transição entre ficção e lado documental, sendo que isso acontece na reta final e cuja essa transição é outro ponto alto da obra como um todo.
Acima de tudo, o filme lida com o medo do protagonista com relação a derrota, sendo que o mesmo procura a perfeição e o equilíbrio necessário para se manter no topo. É neste ponto, por exemplo, que não vemos somente Mark Kerr em cena, como também o próprio astro Dwayne Johnson ao saber lidar com o peso de sua escolha ao tentar ser um ator mais versátil e não somente um herói de filme ação que todos nós conhecemos. Portanto, a sua cena final se torna algo bem anti-hollywoodiano, já que não vemos somente o personagem abraçar o seu principal medo, como também vemos o ator aceitando esse novo trajeto.
"Coração de Lutador - The Smashing Machine" não é somente sobre a vida de um dos principais lutadores da MMA, como também sobre a luta em saber lidar com as fraquezas humanas e fazendo se sentirem mais vivos do que nunca.
* Local: Cinemateca Capitólio (Rua Demétrio Ribeiro, 1085 - Centro - Porto Alegre - RS)
* Horário: 14h30 às 17h30
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Apresentação
A década de 1960 foi marcada pelo fenômeno dos Novos Cinemas. Em todos os continentes, movimentos marcados por filmes ousados e inovadores, dirigidos por jovens cineastas, promoveram rupturas sedutoras, transformando para sempre a paisagem do cinema mundial. Outro fenômeno notável daquele período turbulento da história foi o surgimento das rupturas dentro de rupturas: a partir da segunda metade da década, obras ainda mais radicais – dirigidas por nomes ainda mais jovens – foram lançadas em diversos países, estabelecendo novas possibilidades para a invenção cinematográfica.
No Brasil não foi diferente. No início da década, o Cinema Novo de Glauber Rocha, Joaquim Pedro de Andrade, Ruy Guerra e cia. estabeleceu-se como a grande referência da vanguarda cinematográfica. A partir da segunda metade dos anos 1960, o panorama foi chacoalhado por jovens incendiários. Filmes de realizadores como Rogério Sganzerla, Júlio Bressane, Neville D’Almeida, Ozualdo Candeias, entre vários nomes, ganharam as telas e assumiram um protagonismo no panorama cinematográfico brasileiro. Com essa geração transgressora, surge o chamado Cinema Marginal, nomenclatura ingrata, maldita, recusada pelos próprios diretores, que se consideravam marginalizados.
Objetivos
O curso CINEMA MARGINAL BRASILEIRO, ministrado por Leonardo Bomfim, propõe um mergulho num dos momentos mais inventivos da história do cinema brasileiro, contextualizando os filmes em relação à cinematografia nacional e às influências das rupturas modernas dos anos 1960.
Ministrante: Leonardo Bomfim
Jornalista e Doutor em Comunicação Social (PUCRS), Natural do Rio de Janeiro, Brasil. É Programador da Cinemateca Capitólio, espaço dedicado à preservação e difusão cinematográfica localizado em Porto Alegre. Foi programador do Cine P. F. Gastal, na mesma cidade, entre 2013 e 2017. Foi curador das mostras Cinema Marginal (2008), Cinema Novo: Brasil em Transe (2017) e Cinema de Invenção (2019). Realizou trabalhos de programação para festivais brasileiros como Olhar de Cinema, Gramado e Brasília. Publicou textos em revistas como Archive Prism (Coreia do Sul), Cahiers du Cinéma (França), La Vida Útil (Argentina) e Teorema (Brasil). Já ministrou os cursos Novos Cinemas dos Anos 60; Brian De Palma: O Poder da Imagem; Lumière, Méliès & Outros Pioneiros e A Gênese da Nova Hollywood pela Cine UM.
Sinopse: Charlie, um professor de inglês cujo tempo está se esgotando, faz uma última tentativa corajosa de se reconciliar com sua família desfeita. Com seu grande coração e mente afiada, ele confronta seus traumas enterrados e amor reprimido.
Sobre o Filme: Darren Aronofsky não é sutil com relação ao que ele passa nos seus filmes, mas sim escancara a luta dos seus protagonistas contra os seus demônios interiores. Se em "Réquiem Para Um Sonho" (2000) vemos os personagens caindo no inferno devido as drogas, em "Cisne Negro" (2009) testemunhamos a protagonista em ter que liberar, mas ao mesmo tempo enfrentar, o seu lado sombrio para obter o seu tão sonhado desejo. "A Baleia" (2022) é sobre o ser humano arrependido pelos seus erros do passado, mas tendo coragem para tentar de todas as formas salvar o que ainda lhe resta mesmo que isso se torne impossível.
Baseado na peça escrita por Samuel D. Hunter, acompanhamos a história de um professor de inglês e seu relacionamento fragilizado com sua filha, Ellie. Charlie (Brendan Fraser) é um professor de inglês recluso, que vive com obesidade severa e luta contra um transtorno de compulsão alimentar. Ele dá aulas online, mas sempre deixa a webcam desligada, com medo de sua aparência. Apesar de viver sozinho, ele é cuidado pela sua amiga e enfermeira, Liz (Hong Chau). Mesmo assim, ele é sozinho, convivendo diariamente apenas com a culpa, por ter abandonado Ellie (Sadie Sink), sua filha hoje adolescente que ele deixou junto com a mãe Mary (Samantha Morton) ao se apaixonar por outro homem.
Confira a minha crítica já publicada na época clicandoaqui. e participe do próximo Cine Debate.
O Cineclube Torres retoma as sessões na Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, junto da UP Idiomas com ciclo sobre Palestina.
Num momento como este, em que está em ato um brutal genocídio do povo palestino em Gaza, com o massacre e martírio da população, ainda em situação de fome e desassistência médica, o Cineclube Torres, como associação cultural engajada na promoção dos direitos humanos, não pode deixar de se posicionar e debater sobre esta urgência. Abre o ciclo um documentário premiado com Oscar este ano, "No Other Land - Sem Chão", realizado por um coletivo palestino-israelense formado pelos cineastas palestinos Basel Adra e Hamdan Ballal e colegas e jornalistas israelenses Yuval Abraham e Rachel Szor.
O tema não é a região de Gaza, mas sim a região da Cisjordânia e a histórica violência expansionista sionista com a brutal ampliação de colônias israelitas em territórios ancestrais palestinos. No longa "A câmera é utilizada como uma arma de demonstração da verdade, de evidenciação das diversas atrocidades que acontecem, de um grito por mudança e principalmente de conservação, mostrando que essa é a comunidade deles, que essa é a terra deles e que eles estão resistindo." (Kevin Rick em Plano Crítico)
Como todas as atividades do cineclube, a sessão é com entrada franca até lotação do espaço.
O Cineclube Torres, associação sem fins lucrativos devidamente formalizada e regularizada, não só é cineclube inscrito na Agência Nacional do Cinema e no Conselho Nacional de Cineclubes, mas é Ponto de Cultura certificado pela Lei Cultura Viva federal e estadual, Ponto de Memória pelo Instituto Brasileiro de Museus, Equipamento de Animação Turística certificado pelo Ministério do Turismo (Cadastur) e também Biblioteca Comunitária.
Serviço:
O que: Exibição do filme "No Other Land", de Basel Adra, Yuval Abraham, Hamdan Ballal e e Rachel Szor (Palestina/Israel) - 1h35m
Onde: Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, junto à escola Up Idiomas, Rua Cincinato Borges 420, Torres
Quando: Segunda-feira, 13/10, às 20h
Ingressos: Entrada Franca, até lotação do local (aprox. 22 pessoas).
Cineclube Torres
Associação sem fins lucrativos
Ponto de Cultura – Lei Federal e Estadual Cultura Viva
Ponto de Memória – Instituto Brasileiro de Museus
Sala de Espetáculos e Equipamento de Animação Turística - Cadastur