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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Cine Especial: Próxima Sessão Clube de Cinema - 'Pacto de Sangue'

SESSÃO DE SÁBADO

Pacto de Sangue (Double Indemnity)

EUA, 1944, 107min, 14 anos

Local: Cinemateca Capitólio (R. Demétrio Ribeiro, 1085 - Centro Histórico)

Data: 21/09/2024, sábado, às 10:15 da manhã

Direção: Billy Wilder

Elenco: Fred MacMurray, Barbara Stanwyck, Edward G. Robinson


Sobre o Filme: 

O cinema Expressionista Alemão foi sem sombra de dúvida um dos movimentos cinematográficos mais importantes para o cinema no início do século vinte. Porém, com ascensão nazista no início dos anos trinta na Alemanha muitos cineastas de lá, assim como roteiristas e muitos da área técnica, decidiram desembarcar para os EUA e fazendo enfim carreira em Hollywood. Do que eles colocaram em prática na Alemanha através do expressionismo eles criaram em solo americano o que hoje chamamos de "Cinema Noir", onde a trama era na maioria das vezes do gênero policial e cujo os ingredientes como crimes, traições e damas fatais se tornaram fórmulas corriqueiras dentro desse subgênero.

Além disso, a fotografia em preto e branco era outro fator determinante para esse tipo de produção, onde as sombras se tornaram peças centrais na construção de determinadas cenas e que simbolizavam até mesmo o destino dos seus respectivos personagens. Porém, no início, essas produções eram sempre rotuladas como Filmes B e sendo elas muito censuradas nos tempos de Código Rays. Porém, "Pacto de Sangue" (1944) de Billy Wilder mudou a perspectiva com relação a esse tipo de filme, pois não há melhor representante para o subgênero do que esse grande clássico.

Na trama, Walter Neff (Fred MacMurray), um vendedor de seguros, é seduzido e induzido por Phyllis Dietrickson (Barbara Stanwyck), uma sedutora e manipuladora mulher, a matar seu marido, mas de uma forma que pareça acidente para a polícia e também em condições específicas, que façam o seguro ser pago em dobro (no caso, 100 mil dólares). Porém, o chefe de Walter, interpretado pelo ator Edward G. Robinson, começa a desconfiar de tudo o que está acontecendo.

Para muitos cinéfilos, um dos melhores filmes da história do cinema. Criado brilhantemente por Billy Wilder, que com certeza foi decisivo para o resultado final dessa obra e que se tornasse um filme indispensável se comparado com os outros filmes noir daquele tempo. O filme faz um verdadeiro giro em inúmeros gêneros dentro da história: da comédia ao drama, do romance ao noir.

Tudo numa forma bem perfeccionista e muito bem dirigida. Mas o grande trunfo está no roteiro, adaptado do romance homônimo de James Cain, e escrito a quatro mãos pelo próprio Wilder e por Raymond Chandler. O curioso, é que é de se espantar o roteiro ter ficado tão bom, já que, por motivos pessoais, Wilder e Chandler, simplesmente se odiavam.

Para a época, a história de adultério e assassinato, levou anos para sair do papel devido ao código Hays, que ainda era vigente em 1944. Por isso a trama teve que ser moldada de várias maneiras para passar pela censura. O resultado final, foi um roteiro mais sugestivo em determinadas situações, como no caso dos encontros do casal central, cujo ato sexual é mais sugestivo, nunca visto explicitamente, assim como a cena do principal assassinato dentro da trama que é desde já espetacular.

Atuação de Barbara Stanwyck, vivendo a fria Phyllis , que usou o tempo todo Walter para conseguir o que queria é magistral. Fred MacMurray, interpreta com desenvoltura Walter Neff. Mas o destaque do elenco é Edward Robinson, que interpreta o analista Barton Keyes e dá o tom irônico dos filmes de Wilder.

Curiosamente, se nota uma curiosa relação entre os personagens Barton e Walter, sendo que o primeiro sempre desconfia de tudo com relação aos seus clientes quando ingressam nos planos de seguro. Há ali uma amizade genuína, fazendo com que a gente simpatize com essa relação, mas ao mesmo tempo despertando em nós que mais cedo ou mais tarde Barton irá descobrir tudo e ficamos nos perguntando como será a sua ação sobre isso. Portanto, a cena final entre ambos se fecha perfeitamente, onde a intimidade de ascender um cigarro tem muito mais a dizer do que se possa imaginar.

Mas no que eu mais amo neste filme é realmente a sua fotografia em preto e branco, sendo que o fotografo John F. Seitz elaborou com que até mesmo a poeira se tornasse algo que nos chamasse atenção em determinadas cenas e fazendo da obra algo para ser sempre revisitado, pois sempre haverá outro detalhe para ser encontrado. Porém, o ápice desse lado técnico se encontra quando a luz e a sombra se casam com perfeição, sendo que as cenas em que os personagens centrais se misturam com a sombra das persianas da janela simbolizam, não somente a suas possíveis prisões, como também estarem presos pelos seus próprios crimes que haviam cometido. Não é à toa, portanto, que essas cenas serviram de inspiração para as mais diversas produções nos anos que seguiram e é só pegar a cena final da série "Better Call Saul" para termos uma base sobre isso.

Voltando sobre Billy Wilder, é notório que muito o que ele havia criado para a produção foi através do improviso e do qual acabou se tornando até mesmo melhor do que na ideia inicial. Pegamos, por exemplo, a cena em que o casal central, logo após terem cometido o crime, tentam ligar o carro que está emperrado e fazendo com que o público da época ficasse ainda mais ansioso e achando que já seria ali que seriam pegos. São esses e outros pequenos detalhes que fazem desse filme se tornar único como um todo.

Sucesso de público e crítica na época, "Pacto de Sangue" foi indicado a diversos Oscar, mas perdendo praticamente todos para o filme "O Bom Pastor" (1944), de Leo McCarey, e se tornando um dos primeiros grandes erros históricos da academia. Reza a lenda que Billy Wilder ficou tão desapontado com o resultado que fez com que Leo McCarey tropeçasse antes de subir ao palco para receber o prêmio. Felizmente, as premiações para Wilder viriam em "Farrapo Humano" (1945) e "Se Meu Apartamento Falasse" (1960).

Revisto hoje, nota-se que o clássico possui todos os ingredientes para se fazer uma curiosa análise sobre como se faz um filme noir. A partir da obra de Wilder os estúdios, enfim, começaram a enxergar esse subgênero com outros olhos e lançando obras primas como "O Terceiro Homem" (1949) estrelado por Orson Wells. Wilder, por sua vez, retornaria ao subgênero no filme que é para mim a sua maior obra prima "Crepúsculos dos Deuses" (1950).

"Pacto de Sangue" é cinema puramente noir, onde Billy Wilder nos brinda com uma verdadeira aula sobre como se faz uma bela História sobre crime, morte e traição.

 

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quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Cine Dica: Sessões Clube de Cinema 21 e 22/09: "Pacto de Sangue" (sábado) + "Psicose" (domingo)

Neste fim de semana, o Clube de Cinema de Porto Alegre tem o prazer de te convidar para duas sessões que celebram grandes produções do cinema noir e do suspense!

No sábado, na Cinemateca Capitólio, exibiremos "Pacto de Sangue" (1944), de Billy Wilder. Considerada uma obra-prima do cinema noir, é uma ótima pedida para quem gosta de boas tramas, direção de fotografia de cair o queixo, e personagens inesquecíveis. No domingo, na Cinemateca Paulo Amorim, será a vez de "Psicose" (1960), de Alfred Hitchcock! Um divisor de águas no cinema de suspense, não apenas pela famosa cena do chuveiro, mas também pelas atuações, desafio às convenções, trilha sonora, montagem, e direção majestosa de Hitchcock neste grande clássico que vale a pena ver — e rever.

Os dois filmes serão exibidos às 10h15. Esperamos você para conferir essas obras maravilhosas na telona com a gente! 🥰


SESSÃO DE SÁBADO

Pacto de Sangue (Double Indemnity)

EUA, 1944, 107min, 14 anos

Local: Cinemateca Capitólio (R. Demétrio Ribeiro, 1085 - Centro Histórico)

Data: 21/09/2024, sábado, às 10:15 da manhã

Direção: Billy Wilder

Elenco: Fred MacMurray, Barbara Stanwyck, Edward G. Robinson


Sinopse: Walter Neff, um experiente vendedor de seguros, é seduzido pela enigmática Phyllis Dietrichson, uma mulher fatal que o convence a arquitetar o assassinato de seu marido. O plano é fazer com que pareça um acidente, garantindo assim o pagamento de uma apólice de seguro de vida com cláusula de indenização dupla, que renderia 100 mil dólares. No entanto, à medida que o esquema se desenrola, Neff percebe que o crime perfeito pode não ser tão infalível, e a teia de manipulações em que se envolveu começa a desmoronar. Um clássico do cinema noir, Pacto de Sangue explora a tensão entre desejo, culpa e traição em um jogo perigoso de sombras e luzes.


SESSÃO DE DOMINGO

Psicose (Psycho)

EUA, 1960, 109min, 14 anos

Local: Sala Eduardo Hirtz, Cinemateca Paulo Amorim, Casa de Cultura Mario Quintana (R. dos Andradas, 736 - Centro Histórico)

Data: 22/09/2024, domingo, às 10:15 da manhã

Direção: Alfred Hitchcock

Elenco: Anthony Perkins, Janet Leigh, Vera Miles, John Gavin


Sinopse: Após roubar 40 mil dólares na esperança de mudar sua vida e se casar com o namorado, Marion Crane foge da cidade e, em meio a uma tempestade, decide passar a noite em um isolado motel de beira de estrada. O estabelecimento é administrado por Norman Bates, um jovem tímido e aparentemente inofensivo, com um inquietante interesse por taxidermia e uma relação perturbadora com sua mãe. O que parecia ser apenas uma parada temporária logo se transforma em um pesadelo, onde segredos sombrios e um mistério mortal vêm à tona, em um dos mais icônicos filmes de suspense de Alfred Hitchcock.


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Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (19/09/24)

 A SUBSTÂNCIA

Sinopse: Após ser demitida da TV por ser considerada "velha demais" para ser atriz, Elisabeth Sparkle (Demi Moore) recorre a um sinistro programa de aprimoramento corporal. 


GOLPE DE SORTE EM PARIS

Sinopse: Fanny e Jean parecem o casal ideal – ambos são profissionalmente bem-sucedidos, vivem em um apartamento lindo em um bairro exclusivo de Paris, e parecem estar tão apaixonados quanto estavam ao se conhecerem. 


LIGAÇÃO SOMBRIA

Sinopse: Um motorista (Kinnaman) que se vê forçado a levar um passageiro misterioso (Cage) sob a mira de uma arma. Isolado em seu carro, ele deve dirigir e seguir à risca as regras impostas pelo passageiro violento. Ao longo da noite, acontecimentos inesperados revelam que nem tudo é o que parece.


SAUDADE FEZ MORADA AQUI DENTRO

Sinopse: Bruno tem 15 anos e está perdendo a visão de forma irreversível. Com todas as incertezas da adolescência, amplificadas pela cegueira iminente, a história converte o destino trágico de seu protagonista em um relato de aprendizagem coletivo.

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Cine Dica: CINEMATECA PAULO AMORIM - PROGRAMAÇÃO DE 19 A 25 DE SETEMBRO DE 2024

 SEGUNDA-FEIRA NÃO HÁ SESSÕES

 SIDONIE NO JAPÃO


SALA EDUARDO HIRTZ


13h30 – BERNADETTE – A MULHER DO PRESIDENTE Assista o trailer aqui.

(Bernadette - França, 2023, 95min). Direção de Léa Domenach, com Catherine Deneuve, Denis Podalydès, Michel Vuillermoz. Imovision, 14 anos. Comédia dramática.

Sinopse: Bernadette se casou ainda muito jovem com o então aspirante à política Jacques Chirac (1932-2019) e o ajudou a crescer na carreira: ele foi prefeito de Paris, depois primeiro-ministro e finalmente presidente da França. Mas, como primeira-dama, Bernadette amargou alguns anos no ostracismo – até resolver lutar para conquistar um lugar de destaque no Palácio do Eliseu. O longa de ficção é baseado no documentário “Bernadette Chirac, Memória de uma Mulher Livre”, de Anne Barrère, que foi assessora de comunicação da ex-primeira-dama.


15h15 – MOTEL DESTINO Assista o trailer aqui.

(Brasil, 2024, 115min). Direção de Karim Aïnouz, com Fábio Assunção, Iago Xavier e Nataly Rocha. Pandora Filmes, 18 anos. Drama.

Sinopse: À beira de uma estrada do litoral cearense, o Motel Destino recebe amantes a qualquer hora do dia. Mas por trás dos seus muros se desenrola uma história de amor, desejo e poder que envolve um rapaz que foge do seu destino, uma mulher presa em um casamento abusivo e um homem prepotente. O longa, que abriu o Festival de Gramado há duas semanas, participou da competição oficial do Festival de Cannes.


17h15 – O BASTARDO (SESSÃO NOS DIAS 19, 21 E 24) Assista o trailer aqui.

(Bastarden - Alemanha/Dinamarca/Noruega, 127min, 2024). Direção de Nikolaj Arcel, com Mads Mikkelsen, Amanda Collin, Simon Bennebjerg. Pandora Filmes, 16 anos. Drama histórico.

Sinopse: No século XVIII, o capitão Ludvig Kahlen decide explorar o inóspito território da Jutlândia, ao norte da Dinamarca. Ele é um herói de guerra orgulhoso que encara seu projeto com ambição e com a certeza de que somente assim poderá ser reconhecido pelos nobres da alta corte. Além das dificuldades da natureza do lugar, Kahlen ainda terá que enfrentar as ameaças do Frederik De Schinkel, que se considera dono da região. Baseado em um personagem fundamental na história dinamarquesa, o filme é a indicação do país ao Oscar de filme internacional.


17h15 – O ÚLTIMO PUB (SESSÃO NOS DIAS 20, 22 E 25) Assista o trailer aqui.

(The Old Oak – Reino Unido/França/Bélgica, 2023, 114min). Direção de Ken Loach, com Dave Turner, Ebla Mari, Claire Rodgerson. Synapse Filmes, 14 anos. Drama.

Sinopse: Um vilarejo do condado de Durham, no norte da Inglaterra, sofre com a falta de empregos e uma inevitável decadência depois do fechamento da mina que era a principal referência econômica. Tudo parece piorar quando chegam algumas famílias de refugiados sírios, que não são bem recebidas pelos moradores. T.J. Ballantyne, dono do pub The Old Oak, tenta ser uma espécie de moderador das muitas histórias e conflitos que se desenrolam no lugarejo. Aos 88 anos, o veterano diretor Ken Loach, conhecido por suas tramas humanistas, anunciou que este será seu último filme.


19h30 – SIDONIE NO JAPÃO – ESTREIA (NÃO HAVERÁ SESSÃO NA QUARTA, DIA 25) Assista o trailer aqui.

(Sidonie au Japon - França, 2023, 95min). Direção de Elise Girard, com Isabelle Huppert, August Diehl, Tsuyoshi Ihara. Imovision, 14 anos. Comédia dramática.

Sinopse: Sidonie é uma famosa escritora francesa que viaja ao Japão para o relançamento do seu primeiro livro. Ainda de luto pela morte do marido, Sidonie é recepcionada pelo seu editor japonês, que apresenta a ela os valores e as tradições do país oriental. Mas, em meio aos passeios e a novos possíveis sentimentos, a escritora ainda se sente assombrada pelo espírito do seu antigo companheiro.


PREÇOS DOS INGRESSOS:

TERÇAS, QUARTAS e QUINTAS-FEIRAS: R$ 16,00 (R$ 8,00 – ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). SEXTAS, SÁBADOS, DOMINGOS, FERIADOS: R$ 20,00 (R$ 10,00 - ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). CLIENTE BANRISUL: 50% DE DESCONTO EM TODAS AS SESSÕES MEDIANTE PAGAMENTO COM O CARTÃO DO BANCO.


Estudantes devem apresentar Carteira de Identidade Estudantil.

Outros casos: conforme Lei Federal nº 12.933/2013.

A meia-entrada não é válida em festivais, mostras e projetos que tenham ingresso promocional. Os descontos não são cumulativos. Tenha vantagens nos preços dos ingressos ao se tornar sócio da Cinemateca Paulo Amorim. Entre em contato por este e-mail ou pelos telefones: (51) 3136-5233, (51) 3226-5787.


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quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Cine Dica: Em Cartaz - 'Hellboy e o Homem Torto'

Sinopse: Hellboy se une à Bobbie Jo Song, uma novata agente, para uma nova investigação nas Montanhas Apalaches.  

Hellboy, criação máxima do quadrinista e roteirista Mike Mignola, sempre teve a sua ida para o cinema de uma forma que não alcançasse um grande sucesso, mesmo obtendo elogios da crítica e dos fãs de HQ. Os dois primeiros filmes rodados por Guilherme Del Toro, nos anos 2004 e 2008, possuía todos os ingredientes do universo fantástico e sobrenatural visto nas páginas e, ao mesmo tempo, tendo todas as características que moldaram a carreira do diretor. Vários anos depois o estúdio decidiu mudar tudo, escalando novo diretor e ator, o que resultou em um filme de 2019 que foi tão massacrado pela crítica que nem me deu coragem de assistir.

Talvez um dos pontos negativos quando se leva esses personagens para as telas é fazer dos filmes uma super produção de grande orçamento e tentar fazer do personagem algo típico do que já é visto em outras adaptações de HQ. Na realidade a figura em si do personagem, assim como o seu universo, está mais voltado para um estilo de filmes de horror como eram vistos antigamente, ou mais precisamente algo que transite com relação aos estilos do que era feito nos anos setenta, ou até mesmo um estilo peculiar do que era realizado nas mãos de Mario Bava na Itália. Só assim para explicar a existência de "Hellboy e o Homem Torto" (2024), filme de baixo orçamento, mas com estilo positivo mesmo com todas as suas limitações.

Dirigido por Brian Taylor, do filme "Adrenalina" (2006), o filme se passa durante a década de cinquenta, onde vemos Hellboy (Jack Kesy) se unir a Bobbie Jo Song (Adeline Rudolph), uma novata agente da B.P.D.P. para uma nova investigação nas Montanhas Apalaches. Lá, descobrem uma remota e assombrada comunidade dominada por bruxas, liderada pelo sinistro demônio local, conhecido como O Homem Torto, que foi enviado de volta à Terra para coletar almas para o diabo. Ao mesmo tempo, Helliboy acaba tendo que enfrentar o seu próprio passado sombrio.

Com um orçamento de apenas R$ 20 milhões de dólares, se percebe já no início do filme que estamos diante de algo quase experimental, como se os realizadores estivessem fazendo uma produção com poucos recursos a mão. Isso se percebe, por exemplo, na cena em que os protagonistas enfrentam uma aranha gigante, mas descaradamente digital, além de um acidente de trem bastante artificial. A partir daí vemos os personagens adentrando a floresta e dando de cara com um cenário que mais parece que foi extraído da trilogia "Uma Noite Alucinante" de Sam Raimi.

Com uma fotografia propositalmente escura para ocultar alguns defeitos visuais, desde maquiagem, como também algum CGI visto ali e aqui, Brian Taylor procura nos passar a ideia de estar rodando um filme de sua autoria quase o tempo todo. Isso é notado principalmente no primeiro ato onde ele insiste em filmar os personagens de baixo para cima, mas cujo o artifício me incomodou um pouco e não acrescentando em nada para a trama. Porém, o filme cresce conforme o longa avança, principalmente quando se explora com mais carinho aquele universo sinistro e do qual se encontra a misteriosa figura do Homem Torto.

Curiosamente, é um personagem fantasmagórico que já tinha sido visto no segundo filme da franquia "Invocação do Mal" (2016) e se esperava que algum dia adquirisse o seu longa derivado. Não acontecendo isso, os realizadores então o usaram ele aqui como o grande vilão da trama e, sinceramente, o personagem funciona através da proposta principal da obra e até mesmo nos assusta em alguns momentos em que os personagens precisam até mesmo enfrentar os seus passados sombrios. No caso de Hellboy isso é feito de um modo bastante criativo, sem enrolar muito, e fazendo a gente compreender a sua verdadeira origem sem muita pirotecnia, mas sim com bastante genialidade na medida certa.

Jack Kesy se sai muito bem como Hellboy, sendo que a pouca maquiagem usada no ator colaborou no seu desempenho e nos passando a impressão que ele ficou bem à vontade na atuação. o mesmo vale para Adeline Rudolph ao interpretar a personagem parceira, da qual cresce na medida em que a trama avança e principalmente em seu terceiro ato. Com relação aos demais personagens secundários, Jefferson White interpreta uma espécie de caipira feiticeiro bem curioso e o veterano Joseph Marcell interpreta um enigmático padre cego, mas que possui um poder que deixaria até mesmo o Homem Torto assustado.

No saldo geral, o filme diverte, nos assusta em algumas ocasiões e não tendo maiores pretensões. Se tivesse sido lançado anos antes dessa forma eu acho que o longa chamaria ainda mais atenção. Em tempos atuais em que superproduções se encontram cada vez mais previsíveis, além de efeitos elaborados por CGI cada vez mais sem graça, é bom vermos um longa que usa os velhos recursos de como se fazia cinema de verdade e provar que não é preciso fazer uma produção de orçamento explosivo para se contar uma boa história.

"Hellboy e o Homem Torto" é um filme de baixo orçamento, porém criativo, assustador e muito mais próximo da ideia primordial do criador Mike Mignola do se imagina. 

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Cine Dica: 100 anos de Cinema de Vanguarda

A experimentação vanguardista fez a sua incursão no cinema a partir dos loucos anos 1920, cerca de uma década após o desenvolvimento das vanguardas nas artes visuais europeias. No decorrer daquele período, criativos cineastas do Velho Mundo ofereceram filmes desafiadores justamente quando a indústria cinematográfica consolidava em Hollywood os fundamentos do cinema clássico e comercial. 

Ao se completarem os 100 anos das vanguardas no cinema, torna-se valioso compreender as origens, os significados e o legado deste segmento que segue inspirando o audiovisual contemporâneo.

 

Objetivos

O curso UM SÉCULO DE VANGUARDAS EUROPEIAS NO CINEMA, ministrado por Danilo Fantinel, busca compreender as origens históricas e estéticas das vanguardas cinematográficas dos anos 1920, evidenciando tanto as principais vertentes quanto os grandes cineastas e filmes ligados a cada segmento. Além disso, a atividade objetiva também entender como as vanguardas inspiraram realizadores ao longo da História do cinema. As aulas são ilustradas, expositivas e dialogadas.

Curso

UM SÉCULO DE VANGUARDAS EUROPEIAS 

NO CINEMA

de Danilo Fantinel

 

Datas

28 e 29 / Setembro

(sábado e domingo)

 

Horários

14h30 às 17h30

 

Duração

2 encontros presenciais

(carga horária: 6 horas / aula)

 

Local

Cinemateca Capitólio

(Rua Demétrio Ribeiro, 1085 - Centro Histórico - Porto Alegre - RS)

 

MAIS INFORMAÇÕES / INSCRIÇÕES:

https://cinemacineum.blogspot.com/2024/09/vanguardas-europeias.html


terça-feira, 17 de setembro de 2024

Cine Dica: Em Cartaz - 'O Corvo'

Sinopse: As almas gêmeas Eric Draven e Shelly Webster são brutalmente assassinadas quando os demônios de seu passado sombrio os alcançam. Atravessando os mundos dos vivos e dos mortos, Draven retorna em busca de vingança sangrenta contra os assassinos.  

"O Corvo" (1994) de Alex Proyas é sem sombra de dúvida uma das melhores adaptações de HQ para o cinema, ao saber nos passar uma história sobre vingança e com algumas pinceladas do gênero fantástico. Infelizmente o filme rendeu diversas continuações, sendo uma pior do que a outra e sempre existindo a possiblidade de um reboot surgir no horizonte. Eis que então surge "O Corvo" (2024), filme que dá nova roupagem ao conto, mas não obtendo o mesmo brilho do clássico.

Dirigido agora pelo diretor Rupert Sanders, de "Branca de Neve e o Caçador" (2012), nesta nova versão, Eric Draven (Bill Skarsgård), é um rapaz viciado em drogas que se apaixona por Shelly Webster (FKA Twigs) em uma penitenciária de reabilitação. Após fugirem do local, ambos são brutalmente assassinados a mando de um misterioso homem, visto que a jovem possuía provas de um crime cometido. Sem conseguir descansar e determinado a corrigir os erros do passado, Eric então retorna do além em busca de vingança, caçando até o fim do mundo o responsável pelo assassinato da sua amada.

Basicamente a história é a mesma, mas sendo reescrita para ser apresentado para as novas plateias e eu acho que é aí que se encontra o pior erro do filme. Se no original havia uma simplificação coerente com relação ao lado sobrenatural da trama, aqui nós somos bombardeados por informações, por vezes, vazias sobre a vida pós morte  e do qual não ajuda em nada com relação a sua sustentação. Aliás, o filme peca ao fingir ser gótico através de diversos recursos, com o direito de um CGI dispensável ao ser usado no mundo do além.

E se na versão original não havíamos testemunhado a construção da relação entre Eric Draven e Shelly Webster, aqui eles gastam mais de meia hora para sabermos como eles se conheceram e se apaixonaram. O problema neste caso está na falta de química de ambos os interpretes, sendo que não nos convence e não faz a gente acreditar que há ali um amor de verdade. FKA Twigs é uma conhecida cantora da música pop, mas por enquanto não nos convence como atriz e prejudicando o primeiro ato em si.

Porém, é preciso reconhecer que Bill Skarsgård carrega o filme nas costas, ao construir um Eric Drave que se difere com relação ao que Brandon Lee havia feito e obtendo assim a sua  identidade própria. Mas, se na versão original os vilões eram bem apresentados, principalmente por aquele interpretado por Michael Wincott, aqui quase nenhum merece destaque, sendo que nem ao menos é explicado direito o lado sobrenatural em volta deles e não restando nada para nós a não ser aceitar essa proposta superficial. Mesmo sendo vilão principal, Danny Huston nos últimos tempos tem abraçado somente o lado caricato de suas interpretações e muito distante dos seus bons desempenhos em início de carreira.

Ao menos, a direção capricha em algumas cenas de ação, sendo que a violência aqui é quase cartunesca, pois é muito sangue exagerado, ao ponto de tudo ficar gore. Nestas cenas, por exemplo, Bill Skarsgård está quase sempre ensanguentado, mas fazendo com que isso colabore para que o seu olhar nos transmite alguém indo de encontro com o lado irracional da situação. O ápice disso se concentra na sequência do teatro onde acontece uma grandes opera.

É uma pena, portanto, que temos que aguentar todos os poréns desse filme para chegarmos até esse momento, pois ela é muito bem filmada, onde o protagonista atira, corta os oponentes com a sua espada e se casando com perfeição com a música ouvida na apresentação. Tudo é muito belo, cartunesco, estiloso e sendo, talvez, uma das melhores cenas que Rupert Sanders filmou em sua carreira. Porém, por mais épica que seja, ela não salva o filme de correr o sério risco de cair no esquecimento.

Ao meu ver, a produção foi filmada de um modo para que se diferenciasse das mais diversas adaptações de HQ para o cinema recente. Contudo, não adianta somente se diferenciar pela superfície, mas também saber tratar a proposta principal da história com mais carinho, menos pirotecnia e sem muitas explicações, pois por demais nubla a sua essência. Alex Proyas em 1994 conseguiu tudo isso com um orçamento minúsculo, mas sendo filmado de  coração acima de tudo.

"O Corvo" é um filme por vezes belo, porém, vazio na sua maioria do tempo e desperdiçando a chance de nos brindar com um grande espetáculo.  

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