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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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domingo, 12 de maio de 2024

Cine Dica: Sessão do Cineclube Torres -"Jimmy's Hall" Segunda dia 13/05 - 20h

 “Jimmy's Hall” é o próximo filme do ciclo do Cineclube Torres inteiramente dedicado à obra de Ken Loach, na próxima segunda, dia 13, às 20h, na Sala Audiovisual Gilda e Leonardo.

Continua assim a devida homenagem, em vida, ao cineasta cinema britânico, autor engajado e militante em favor das classes desfavorecidas. Se existe um filme com uma conexão direta ao Cineclube Torres e, em geral, à conjuntura da cidade de Torres, esse é "Jimmy's Hall". Mesmo ambientado em outro continente e período histórico, os eventos retratados são arquétipos do negacionismo cultural, destruição de patrimônio, boicotes e retaliações que grupos organizados sofrem, simplesmente por promover cultura e cidadania nas próprias comunidades.

O filme está ambientado em 1932; depois de passar dez anos em Nova York, Jimmy Gralton volta para Leitrim, na Irlanda, cidade onde nasceu e de onde saiu por sofrer perseguição por ser comunista e defensor da liberdade de expressão. No início, a intenção do Jimmy é levar uma vida pacata na Irlanda, mas jovens da cidade e seus antigos amigos insistem para que ele reabra o salão onde a população tinha encontros literários, aulas de dança e outras iniciativas culturais.

O problema é que estas iniciativas não agradam nada à facção ultraconservadora da cidade de Leitrim, liderada pelo padre da igreja local. O filme possui uma fotografia deslumbrante de uma Irlanda ainda bucólica, recém independente do Reino Unido, e conta com o excelente roteiro e textos de um parceiro histórico do Ken Loach, Paul Laverty, que reconstrói a história real do líder comunista James Gralton, único irlandês deportado do seu próprio país.

Contagiante é a trilha, que acompanha a tentativa de importar a sonoridade em voga no novo continente, o jazz dos salões de baile norte-americanos dos anos 30, reproduzida através de discos contrabandeados e de músicos locais, embora com instrumentos e influências da tradição irlandesa, para alegria e jóia dos participantes dos bailes comunitários no velho galpão do título (Jimmy's Hall).

Mais uma vez no cinema de Loach "há beleza somada à ideologia" (Willian Silveira, Papo de Cinema) e nele é indicado um possível caminho para o resgate dos sentimentos comunitários, dos valores humanistas: é o caminho da arte e da cultura, da alegria.

A sessão, com entrada franca, integra o ciclo de maio “Thank U, Ken” que será programado todas as segundas feiras, às 20h na Sala Gilda e Leonardo, com a organização do Cineclube Torres, Associação sem fins lucrativos, Ponto de Cultura pela Lei Cultura Viva e Ponto de Memória pelo IBRAM, em atividade desde 2011, contando com a parceria e o patrocínio da Up Idiomas Torres.

 Serviço: O que:

Exibição do filme “Jimmy's Hall”, integrado no ciclo “Thank U, Ken” em homenagem ao diretor Ken Loach.

Onde: Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, na escola Up Idiomas, Rua Cincinato Borges 420, Torres

Quando: Segunda-feira, dia 13/05, às 20h.

Ingressos: Entrada Franca, até lotação do local (aprox. 22 pessoas).

sexta-feira, 10 de maio de 2024

Cine Especial: Revisitando 'Tubarão'

 

Nada melhor do que revisitarmos um grande clássico na tela grande, pois foi lá onde a obra foi exibida pela primeira vez e mantendo seu grande impacto. Por melhor que seja eu colecionar obras primas do cinema eu prefiro também os revisitar e para assim ter a sensação de estar em uma viagem no tempo e tendo o privilégio de dizer que vi tal título na tela grande. As salas de Porto Alegre nos dão a chance para tal feito e a melhor pedida é a Cinemateca Capitólio.

Dona de uma programação alternativa para os cinéfilos, o local também nos oferece uma programação de diversos clássicos de diversas épocas. Até a pouco tempo estava sendo exibido o Ciclo Fim de Verão, onde havia exibição de filmes em que o cenário se passava no período veranesco. No encerramento do ciclo teve a exibição daquele clássico que mudou a cara do cinema norte americano que foi "Tubarão" (1975).

Um dos primeiros grandes sucessos da carreira de Steven Spielberg e do qual fez as pessoas até terem medo de tomarem banho sozinhas dentro da banheira. Foi o primeiro grande filme a ultrapassar a marca dos R$ 100 milhões de dólares somente no território norte americano e inaugurando a leva de filmes Blockbuster que começaram a serem lançados no verão. Revendo na Cinemateca Capitólio eu percebi que o filme não envelheceu nenhum pouco e causando o mesmo impacto que a geração setentista sentiu.

Foi em uma sessão de Domingo as 18 horas, sendo que houve uma fila imensa e que se compara com a mesma imagem clássica do Cine Vitória em que os cinéfilos dos anos setenta foram em massa para assistir ao filme de Spielberg. Dentro da sala não havia mais lugar disponível, sendo que alguns ficaram sentado nas escadas, mas pouco se importaram com isso pois estavam focados na tela. Quando o tema de John Williams começa a plateia ficou em silêncio e já tendo uma noção do que virá em seguida.

Tubarão sendo exibido no Cine Vitória em 1975

Falando no mestre de trilhas sonoras, o próprio Steven Spielberg reconhece que metade do sucesso do filme se deve a sua trilha sonora, pois quando ela é tocada é sinal de que o Tubarão está por perto e fazendo com que o público respire fundo. Curiosamente, a sua trilha não somente serviu como alerta da aproximação da criatura, como também nos pregando um grande susto em algumas cenas mesmo sem a presença o vilão em cena. Isso é constatado em um momento que fez todo mundo pular da cadeira.

Em uma determinada passagem do filme, o chefe de polícia Martin Brody (Roy Scheider) e o pesquisador de tubarões Matt Hooper (Richard Dreyfuss) estão em alto mar quando avistam um barco em pedaços. Hooper nada para baixo do barco onde lá encontra um grande dente de tubarão branco, mas é pego de surpresa por uma cabeça que sai do nada de um buraco. Neste instante a trilha de Williams dispara e fazendo os cinéfilos do local pularem de suas cadeiras e repetindo o mesmo feito que as plateias sentiram nos anos setenta.

Mas talvez a melhor cena do filme é ainda para mim a USS Indianapolis, uma história realmente verídica e contada pelo caçador de tubarões Quint (Robert Shaw). Atuação de Shaw é digna de nota, pois cada passagem da história como ele conta faz com que adentremos no terrível cenário em que diversos marinheiros foram mortos em alto mar e fazendo com que a tensão somente aumente sendo alinhada pela trilha de John Williams. Neste momento olhei em volta e vi todos concentrados na tela e fazendo com a realidade em volta se tornasse esquecida.

Mas o exemplo final de que o filme não envelheceu mal é graças a presença do Tubarão. Apelidado carinhosamente de Bruce, a criatura de borracha e mecânica deu muita dor de cabeça para Spielberg e os produtores, já que ele sempre afundava e gerando diversos problemas. Quando as coisas funcionavam bem a magia do cinema fazia o resto e moldado a criatura se tornar uma entidade assustadora e fora do normal para os padrões de um tubarão comum.

Em tempos atuais em que o CGI está cada vez mais chato de se ver é impressionante como ainda sentimos o peso e a verossimilhança deste Tubarão, ao ponto de até mesmo aceitarmos a criatura pular da água e atacar o barco dos protagonistas e fazendo o caçador Quint escorregar até a sua boca. Na cena mais forte do filme Quint é devorado vivo pelo Tubarão, sendo sacudido, de um lado para o outro e sendo atorado ao meio e partindo para as profundezas do oceano. Neste instante eu olhei para o lado e vi uma jovem colocar as mãos no rosto de tão horrorizada que sentiu naquele momento.

Após a sessão houve um debate, mas eu decidi sair da sala para respirar um ar puro, pois a tela de um grande cinema me fez assistir ao filme como se fosse a primeira vez. Pessoas saíram comigo comentando sobre a obra de uma forma entusiasmada, como se tivessem saído da sala carregando uma aura positiva e fazendo com que não se esquecendo tão cedo da experiência. O filme que muda a forma de lançar filmes ainda teria o mesmo desempenho para essa geração que anda cansada de efeitos visuais sem vida e apreciando algo mais significativo para a história.

"Tubarão" não é somente um dos melhores filmes de todos os tempos, como também um exemplo de obra que soube envelhecer muito bem através do tempo.    

Nota: Filme exibido na Cinemateca Capitólio no dia 31 de Março as 18h. 

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Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (10/05/24)

 PLANETA DOS MACACOS – O REINADO

Sinopse: Planeta dos Macacos: O Reinado realiza um salto no tempo após a conclusão da Guerra pelo Planeta dos Macacos. Muitas sociedades de macacos cresceram desde quando César levou seu povo a um oásis, enquanto os humanos foram reduzidos a sobreviver e se esconder nas sombras. 


DIÁLOGOS COM RUTH DE SOUZA

Sinopse: Ruth de Souza inaugura a existência de atrizes negras em palcos, televisão e cinema no Brasil. Carrega em si a gênese de parte importante das conquistas para as mulheres negras ao longo de quase um século de vida. 

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quinta-feira, 9 de maio de 2024

Cine Dica: Em Cartaz - 'Clube Zero'

Sinopse: A professora de nutrição Miss Novak aceita um emprego em uma escola de elite e estabelece um vínculo estreito com cinco alunos, mas o relacionamento acaba tomando um rumo perigoso. 

Em tempos atuais em que muitas religiões tentam persuadir a maioria da sociedade, seja pela internet, ou até mesmo por setores políticos, é preciso ter muito cuidado com o que testemunhamos e ouvimos hoje em dia. Por outro lado, temos um sistema capitalista desenfreado e do qual ele nos obriga em alimentarmos dos mais diversos alimentos e dos quais nem todos são realmente necessários. Agora, imagine uma crença duvidosa, alinhada com o desejo de não seguir a lei e a ordem desse sistema alimentar, temos então "Clube Zero" (2023), o filme que se não for analisado com bastante cuidado pode sim ser mal avaliado.

Dirigido por Jessica Hausner, o filme conta a história de Novak (Mia Wasikowska), uma professora que obtêm uma vaga em um colégio particular e forma um forte laço com os alunos locais. Porém, ela introduz na aula de nutrição um conceito que não é necessário comer muito, ou nada para continuar vivendo de forma saudável. Não demora muito para os pais dos alunos começarem a desconfiarem da professora, pois os seus filhos começam agir de forma radical a cada dia que passa.

É interessante observar que Jessica Hausner retrata os pais desses meninos completamente alienados com relação ao verdadeiro mundo real em que estão vivendo e achando que nada é o suficiente para serem realmente felizes. Ao mesmo tempo, isso se torna uma forma para que os alunos se tornem cada vez mais desamparados e se tornando presas fáceis para a professora que quase não esconde a sua obsessão de levá-los ao clube zero. É notório, por exemplo, que cada um ali possui um problema alimentar e fazendo com que isso se torne somente um passo para cair em uma armadilha iminente.

O filme, porém, é um daqueles casos que podem ser mal interpretados em um primeiro momento, já que ele não procura exatamente demonizar a crença de Novak, mas sim colocando elementos que a fizeram crer nesta ideia e se tornando uma peça importante para atrair outras. Isso dá o direito de o filme abrir um leque de diversos assuntos, desde ao consumismo desenfreado, capitalismo vicioso, política e fé por vezes cega demais. Não existe um lado da história, já que a realizadora procura atirar para todos os lados, pois o ser humano pode sim ser facilmente persuadido.

Conhecida mundialmente pela sua atuação em "Alice no País das Maravilhas" (2010) Mia Wasikowska procura construir para a sua personagem uma ambiguidade ao extremo, ao ponto que ela sabe persuadir facilmente os seus alunos, mas deixando fragmentos errôneos pelo percurso. Uma personagem extremamente humana, porém, falha em suas ações, mas não escondendo o seu desejo de mudar o caminho daqueles jovens que ainda estão conhecendo o mundo. Na medida em que começa até mesmo ser encurralada pela direção da escola e pelos pais dos alunos, eis que a sua lábia acaba sendo verossímil para que consiga seguir com os seus objetivos.

O ato final, por sua vez, é algo ainda mais delicado, pois ele transita por um resultado mórbido, porém, necessário para ser analisado, principalmente em tempos em que cada vez mais há jovens que são facilmente persuadidos por fake news ou ideias formadas por pessoas que se dizem sérias no assunto. Se no mundo real existe dez porcento de jovens brasileiros que acreditam que a terra é plana, então o filme vem unicamente para nos darmos um sinal de alerta.

"Clube Zero" é um filme que pode ser tachado facilmente como perigoso, desde que você seja facilmente persuadido com a ideia de que a obra fala somente de um lado da história como um todo. 

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quarta-feira, 8 de maio de 2024

Cine Dica: Em Cartaz - 'Love Lies Bleeding – O Amor Sangra'

Sinopse: Lou é uma garota solitária que trabalha como gerente de uma academia. Após conhecer a a fisiculturista Jackie, que pretende viajar até Las Vegas para realizar seu sonho, as duas acabam se apaixonando em meio a violência do local. 

O bom gênero policial mescla elementos em torno de investigação, violência e paixão. Tudo isso começou especificamente com o subgênero noir pelos anos quarenta e servindo de inspiração para demais filmes que foram lançados ao longo das décadas. "Love Lies Bleeding – O Amor Sangra" (2024) segue a linha desse meu raciocínio, mas mesclando com elementos vistos nos bons tempos dos anos oitenta.

Dirigido por Rose Glass, do filme "Saint Maud" (2020), a trama se passa na década de oitenta, onde acompanhamos a vida da gerente de academia Lou (Kristen Stewart), que acaba se apaixonando por Jackie (Katy M. O'Brian), uma fisiculturista que viaja da cidade até Las Vegas para concorrer em uma disputa. Porém, a violência do local faz com que essa relação entre em desiquilíbrio, principalmente pelo fato de que o pai de Lou é o principal suspeito de inúmeros crimes não resolvidos.

Rose Glass capricha na reconstituição da época, que exala puramente os anos oitenta, mas não de uma forma mais colorida da qual sempre nos lembrando, mas sim mais opressora, claustrofóbica e pouco acolhedora. É uma cidade violenta, da qual os que não tem nada se sustentam com o tráfico de drogas, armas e outros trabalhos ilícitos que surge toda hora. Neste cenário Lou procura sobreviver com o que tem, mesmo tendo que cair em certos vícios que a fazem lutar contra as suas próprias dores emocionais o tempo todo.

Já Jackie é uma sobrevivente vinda de uma cidade conservadora, que faz dela se tornar uma andarilha e assim exercitando o seu físico para que vá enfrentar o mundo. Uma vez que ambas se conhecem na academia se nasce uma grande paixão, já que elas dão a entender que são dois lados da mesma moeda, pois o mundo as construiu para serem assim em vida. A química entre as duas atrizes é certeira, ao ponto que é bastante verossímil o nascimento da paixão entre as duas personagens e fazendo com que as cenas de amor entre elas se tornem ainda mais incríveis para os nossos olhos.

Kristen Stewart novamente surpreende em um papel desafiador, onde ela nos passa cada vez maior amadurecimento e não se limitando diante de novos desafios, pois já a vimos em quase todos os gêneros. Já Katy M. O'Brian é um novo talento para mim, já que a vi somente no recente "Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania" (2023), mas já posso adiantar que ela não se limita em ter somente um grande e belo porte físico, mas sim sabendo construir uma personagem já carregando diversas feridas emocionais e pronta para a qualquer momento transbordar. Curiosamente, é neste ponto que vose Glass me parece querer que a gente intérprete isso com a mente aberta, mas disso eu falo mais adiante.

Como não poderia deixar de ser, essa relação começa a sofrer desiquilíbrio quando a violência ronda o casal central e fazendo com que uma delas cometa uma ação que as levará para um caminho sem volta. É a partir daí que o filme adentra em uma realidade que mais parece um puro pesadelo, onde as emoções ficam a flor da pele e fazendo com que ambas as personagens percam a razão em alguns momentos. Neste último caso, por exemplo, isso é ´muito bem representado por Jackie, que busca de todas as maneiras abraçar os seus sonhos, mas tendo consequências devido ao uso de drogas para obter mais músculos.

Porém, é neste ponto que Rose Glass decide criar uma liberdade mais poética com relação a Jackie, já que o seu corpo reage até mesmo de uma forma bem inverossímil e podendo dividir a opinião do público. Isso se intensifica ainda mais na reta final, onde cada um levantará a melhor interpretação sobre o que irá testemunhar. A meu ver, o que vemos é toda aquela força que a mulher deseja obter para eliminar o pior do machismo, muito embora o resultado acaba se tornando até mesmo cartunesco, mas que funciona se seguir esse meu pensamento.

Com interpretação assombrosa de Ad Harris como antagonista, "Love Lies Bleeding – O Amor Sangra" é um filme policial sedutor, violento e ao mesmo tempo surpreendente mesmo nos momentos mais absurdos. 


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terça-feira, 7 de maio de 2024

Cine Dica: Streaming - 'Saint Maud'

Sinopse: Em Saint Maud, uma jovem enfermeira acaba de receber alta psiquiátrica. Agora encarregada dos cuidados de Amanda, uma dançarina aposentada devastada pelo câncer. 

Rose Glass é um nome a ser observado de perto, já que mesmo em pouco tempo ela conseguiu obter elogios da crítica especializada. Confesso que a conheci somente recentemente com o ótimo "Love Lies Bleeding - O Amor Sangra" (2024) e que em breve postarei a minha crítica por aqui. Porém, é preciso assistir antes "Saint Maud" (2020), filme de horror psicológico, pesado e que deixará muitos que forem assistir perplexos.

Na trama, acompanhamos a jovem chamada Maud, que a pouco tempo recebeu alta psiquiátrica e obtendo um emprego como enfermeira. Ela consegue uma oportunidade ao cuidar de Amanda (Jennifer Ehle), uma dançarina aposentada que sofre de câncer e fazendo dela uma pessoa peculiar perante as pessoas. Maud decide salvar a sua alma a todo custo, nem que para isso atravesse os limites da lógica e do bom senso.

Rose Glass já deixa claro que Maud possui um passado sombrio, principalmente em seus primeiros minutos de projeção onde vemos a protagonista estática e presenciando uma ação terrível que ela havia cometido. Essa abertura já nos deixa uma dica com relação ao que irá acontecer, não somente com relação a história, mas com relação a própria Maud, que se apresenta como seguidora absoluta de Deus, mas cuja sua fé cega poderá assustar até mesmo as pessoas mais frias. É no caso de Amanda, que se apresenta como uma espécie de Norma Desmond do clássico "Crepúsculo dos Deuses" (1950), porém bem mais lúcida e muito mais fria com as palavras perante a protagonista.

Ambas começam a ter um vínculo forte, porém, cada uma possuindo uma visão diferente com relação a existência de Deus e criando se assim um embate verbal que somente irá aumentar a tensão em cena. Rose Glass procura criar uma trama que nos dê a entender que as duas personagens são dependentes uma da outra, mas que a qualquer momento podem se ferirem entre si, seja verbalmente ou até mesmo fisicamente. Isso acaba gerando uma tensão claustrofóbica, principalmente quando a obsessão de Maud cada vez mais aumenta.

Morfydd Clark nos brinda com uma atuação poderosa, sendo que sua Maud transita entre um ser angelical, mas que não esconde o seu lado mais sombrio e diabólico e cujo conflito interno com o seu lado mais sombrio irá levá-la para momentos indescritíveis. É nestes momentos que Rose Glass usa e abusa até mesmo de efeitos visuais, porém, que colaboram para que tenhamos uma dimensão da confusão mental que a protagonista está passando, principalmente nas cenas em que ela se encontra sozinha em seu apartamento. É notório, por exemplo, que a cineasta deve ter bebido da fonte do maravilhoso Cisne Negro (2009), ou até mesmo da "trilogia do Apartamento" de Roman Polanski, mas dessa inspiração se criou algo e que merece ser analisado mais de perto.

O final com certeza está entre os momentos mais perturbadores do cinema recente, que fará com que cada um tenha a sua opinião própria, seja para aqueles que tem fé ou não acredita em nada nesta vida. Um filme que quando acaba lhe dá um verdadeiro soco na cara, mas talvez essa deve ter sido a intenção de Rose Glass desde que iniciou a construção dessa obra. “Saint Maud' é um filme que lhe convida para adentrar em uma trama que transita entre a crença, horror e a loucura e cabe cada um levantar as suas próprias opiniões após assisti-la. 

Onde Assistir: Google Play Filmes, Apple TV, Amazon Prime. 

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segunda-feira, 6 de maio de 2024

Cine Dica: Streaming - 'Godzilla Minus One'

Sinopse: Devastado pela guerra, o Japão enfrenta uma nova crise na forma de um monstro gigante, o Godzilla. 

O clássico "Godzilla" (1954) de  Ishirō Honda era uma espécie de representação sobre o temor que os japoneses tinham com relação a bomba atômica principalmente após o que aconteceu em Hiroshima e Nagasaki. O sucesso foi tão gigantesco que deu origem a uma franquia que rendeu inúmeros filmes no Japão, além da franquia norte americana iniciada em 2014. Eis que então o estúdio a TOHO lança "Godzilla Minus One" (2023), aonde novamente o monstro retorna as suas raízes e faz dele uma metáfora sobre o temor do homem perante as consequências do horror da guerra e das catástrofes vindas da própria natureza.

Dirigido e roteirizado por Takashi Yamazaki, a trama se passa em um Japão ainda devastado após o término da Segunda Guerra Mundial. Para piorar, surge uma misteriosa criatura que começa assolar o país, apelidada pelos habitantes de Godzilla. Em meio a isso temos o protagonista Kōichi Shikishima (Ryunosuke Kamiki), um piloto Kamikaze que durante algum tempo buscou fugir da morte durante a guerra, mas que agora terá que lutar para manter vivos os seus novos amigos e a sua família que criou em meio as ruínas de uma Tóquio moribunda.

Se tem uma coisa que é facil reclamar dos últimos filmes americanos estrelados por Godzilla é que são produções que dão por demais destaque para os personagens humanos e colocando o monstro em segundo plano. Até não é problema dar destaque para esses personagens, desde que sejam bem construídos, mas o que não acontece na maioria das vezes. Aqui é o inverso, sendo que os personagens humanos têm maior destaque, porém, nos simpatizamos com eles, principalmente por  Kōichi Shikishima que enfrenta os seus medos internos antes mesmo da trama começar e sendo que tudo piora no momento que ele encara Godzilla pela primeira vez.

A meu ver, aqui Godzilla é novamente usado como uma espécie de metáfora sobre todo o temor que o Japão já enfrentou, desde as baixas durante a Segunda Guerra Mundial como também as catástrofes naturais que assolaram o país ao longo da história. Se você está acostumado com a criatura que surge somente para enfrentar um novo monstro em território americano pode estranhar por demais esse Godzilla, já que ele nada mais é do que uma entidade da natureza transformada pelos efeitos da bomba atômica e destruindo tudo que está na sua frente. Isso é intensificado ainda mais quando o monstro surge em Tóquio e é aí que o filme nos brinda com um grande espetáculo.

Com apenas R$ 15 Milhões de Dólares, os realizadores criam cenas impressionantes da criatura, onde nos passa uma sensação real de peso e tamanho do ser em meio as ruas da cidade. O melhor de tudo isso é que tudo nos é apresentado na luz do dia, o que difere das produções americanas que sempre usam a noite para esconder os defeitos especiais e não justificando os enormes orçamentos que são, na maioria das vezes, absurdos. Portanto, foi mais do que merecido o filme ter levado o Oscar de Efeitos Visuais deste ano e se tornando o primeiro da franquia ao levar o prêmio.

Curiosamente, o ato final é uma representação da maneira como os japoneses agem perante uma catástrofe, sendo que a união coletiva é algo que eles sempre pregaram para si e fazendo com que se levantassem mesmo em meio ao caos iminente. Porém, mesmo se diferenciando do convencional norte americano, o filme não escapa de algumas soluções fáceis, principalmente com relação ao destino de alguns personagens centrais que se tornam inverossímil, mas que não tira o brilho do resultado da obra. Infelizmente, há aquela famigerada dica para uma eventual continuação, mas que só esperamos que não chegue aos níveis absurdos da franquia americana.

"Godzilla Minus One" é o melhor filme do monstro desde o clássico de 1954, ao não se enveredar para as fórmulas costumeiras do cinemão norte americano e nos brindando com um belo espetáculo.    

Onde Assistir: Por enquanto somente no Amazon Prime japonês.  

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