Sinopse: Um escritor começa a viver uma vida dupla como profissional do sexo para pesquisar seu romance.
O mercado do sexo é algo que perdura há séculos e atendendo normalmente pessoas que buscam, ou prazer, ou a chance de preencher o vazio em suas vidas. Nos últimos tempos, porém, esse mercado sofreu uma metamorfose devido à internet, onde as pessoas buscam encontros sexuais virtualmente, ou até mesmo nem sequer tendo mais contato humano diga-se de passagem. "Sebastian" (2024) se torna interessante ao nos revelar uma análise sobre o comportamento humano perante tempos em que o sexo está se tornando cada vez mais banal para dizer o mínimo.
Dirigido por Mikko Mäkelä, o filme conta a história de Max (Ruaridh Mollica), um aspirante a escritor que utiliza um álter ego para desenvolver seu primeiro romance. Seu desejo é escrever um livro sobre o trabalho sexual atual e para isso cria para si o nome de Sebastian e do qual fará com que adentre o universo da prostituição e para que assim obtenha bastante material para escrever. Porém, Max vai aos limites do seu desejo no decorrer do tempo.
Mikko Mäkelä constrói uma trama em que o protagonista procura agir de forma mecânica perante os vários encontros sexuais que ele obtém. Ao mesmo se observa que o filme é uma crítica acida com relação ao submundo do sexo, cada mais levado ao artificialismo e cujo toque acaba se tornando cada vez mais secundário. Porém, uma vez que Max opta em obter contato através dos seus encontros se tem esses conflitos de sentimentos e o que irá levá-lo a dúvidas e novos rumos ao seu livro.
O ator Ruaridh Mollica constrói para si um personagem complexo, onde em alguns momentos ficamos nos perguntando se a sua rotina com relação ao sexo entre outros homens seria algo verossímil ou se tudo acontece somente quando ele escreve o seu livro. Ruaridh Mollica provoca essa dúvida na gente, principalmente através de uma edição de cenas eficaz e com direito até mesmo a se alinhar com uma boa trilha sonora. É mais um caso de talento em cena se casar com perfeição com um diretor cuja a sua pretensão é nítida em querer fazer um cinema mais autoral.
Claro que o filme não é para todos os gostos, principalmente para aqueles que se sentirem incomodados com determinadas cenas de sexo, por vezes, explicitas. Ao mesmo tempo, o protagonista se perde em alguns momentos, seja devido ao roteiro, ou por algum passo em falso em que o cineasta acabou cometendo na reta final da história como um todo. Talvez os conflitos em que o protagonista se depara seja uma espécie de síntese de uma sociedade atual que não consegue exatamente administrar os seus sentimentos com o sexo simplesmente corriqueiro.
O filme vem neste momento de dúvida atual, principalmente em meio a uma geração em que o sexo talvez não seja de total suma importância, mas havendo entre esses jovens uma obsessão de se tornar uma celebridade instantânea através das redes. Há, portanto, uma análise sobre essa crise de identidade, onde procuramos ser outro ser dessa realidade complexa, quando na verdade deveríamos ser nós mesmos sem nos preocuparmos com que os outros acham que deveríamos ser. O filme pode ser pretensioso em alguns momentos, mas obtém a chance de fazer com que pensemos sobre tudo isso.
"Sebastian" é uma análise sobre a solidão contemporânea em meio às mais diversas possibilidades que nos tornam menos humanos na medida em que o tempo passa.
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