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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 6 de maio de 2024

Cine Dica: Streaming - 'Godzilla Minus One'

Sinopse: Devastado pela guerra, o Japão enfrenta uma nova crise na forma de um monstro gigante, o Godzilla. 

O clássico "Godzilla" (1954) de  Ishirō Honda era uma espécie de representação sobre o temor que os japoneses tinham com relação a bomba atômica principalmente após o que aconteceu em Hiroshima e Nagasaki. O sucesso foi tão gigantesco que deu origem a uma franquia que rendeu inúmeros filmes no Japão, além da franquia norte americana iniciada em 2014. Eis que então o estúdio a TOHO lança "Godzilla Minus One" (2023), aonde novamente o monstro retorna as suas raízes e faz dele uma metáfora sobre o temor do homem perante as consequências do horror da guerra e das catástrofes vindas da própria natureza.

Dirigido e roteirizado por Takashi Yamazaki, a trama se passa em um Japão ainda devastado após o término da Segunda Guerra Mundial. Para piorar, surge uma misteriosa criatura que começa assolar o país, apelidada pelos habitantes de Godzilla. Em meio a isso temos o protagonista Kōichi Shikishima (Ryunosuke Kamiki), um piloto Kamikaze que durante algum tempo buscou fugir da morte durante a guerra, mas que agora terá que lutar para manter vivos os seus novos amigos e a sua família que criou em meio as ruínas de uma Tóquio moribunda.

Se tem uma coisa que é facil reclamar dos últimos filmes americanos estrelados por Godzilla é que são produções que dão por demais destaque para os personagens humanos e colocando o monstro em segundo plano. Até não é problema dar destaque para esses personagens, desde que sejam bem construídos, mas o que não acontece na maioria das vezes. Aqui é o inverso, sendo que os personagens humanos têm maior destaque, porém, nos simpatizamos com eles, principalmente por  Kōichi Shikishima que enfrenta os seus medos internos antes mesmo da trama começar e sendo que tudo piora no momento que ele encara Godzilla pela primeira vez.

A meu ver, aqui Godzilla é novamente usado como uma espécie de metáfora sobre todo o temor que o Japão já enfrentou, desde as baixas durante a Segunda Guerra Mundial como também as catástrofes naturais que assolaram o país ao longo da história. Se você está acostumado com a criatura que surge somente para enfrentar um novo monstro em território americano pode estranhar por demais esse Godzilla, já que ele nada mais é do que uma entidade da natureza transformada pelos efeitos da bomba atômica e destruindo tudo que está na sua frente. Isso é intensificado ainda mais quando o monstro surge em Tóquio e é aí que o filme nos brinda com um grande espetáculo.

Com apenas R$ 15 Milhões de Dólares, os realizadores criam cenas impressionantes da criatura, onde nos passa uma sensação real de peso e tamanho do ser em meio as ruas da cidade. O melhor de tudo isso é que tudo nos é apresentado na luz do dia, o que difere das produções americanas que sempre usam a noite para esconder os defeitos especiais e não justificando os enormes orçamentos que são, na maioria das vezes, absurdos. Portanto, foi mais do que merecido o filme ter levado o Oscar de Efeitos Visuais deste ano e se tornando o primeiro da franquia ao levar o prêmio.

Curiosamente, o ato final é uma representação da maneira como os japoneses agem perante uma catástrofe, sendo que a união coletiva é algo que eles sempre pregaram para si e fazendo com que se levantassem mesmo em meio ao caos iminente. Porém, mesmo se diferenciando do convencional norte americano, o filme não escapa de algumas soluções fáceis, principalmente com relação ao destino de alguns personagens centrais que se tornam inverossímil, mas que não tira o brilho do resultado da obra. Infelizmente, há aquela famigerada dica para uma eventual continuação, mas que só esperamos que não chegue aos níveis absurdos da franquia americana.

"Godzilla Minus One" é o melhor filme do monstro desde o clássico de 1954, ao não se enveredar para as fórmulas costumeiras do cinemão norte americano e nos brindando com um belo espetáculo.    

Onde Assistir: Por enquanto somente no Amazon Prime japonês.  

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