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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Cine Dica: PROGRAMAÇÃO CINEMATECA CAPITÓLIO 14 a 17 de dezembro de 2023

 PIONEIRA DA VANGUARDA FRANCESA EM DESTAQUE

A Cinemateca Capitólio e a Vai e Vem Produções apresentam nos dias 16 e 17 de dezembro, sábado e domingo, a mostra Germaine Dulac: muito além da vanguarda, com uma seleção de filmes que destaca a obra da grande pioneira do cinema experimental. A programação estabelece um diálogo da cinematografia de Dulac com obras de outras realizadoras de vanguarda, como Maya Deren, Marie Menken, Rose Lowder, Narcisa Hirsch, entre outras.

No sábado, 16 de dezembro, às 19h, a exibição de A Concha e o Clérigo, filme mais célebre de Dulac, e Na Terra, obra-prima de Maya Deren, será comentada por Carine Wallauer, Daniela Strack e Priscila Ferraz Pasko. Com entrada franca, a mostra tem o apoio da Cinemateca da Embaixada da França e do Institut Français.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/6920/germaine-dulac-muito-alem-da-vanguarda/


FESTIVAL TROMA LATIN AMERICA

A Cinemateca Capitólio recebe nos dias 14 e 15 de dezembro, quinta e sexta-feira, o Festival Troma Latin America – Part II, que marca as celebrações dos 50 anos da lendária produtora independente Troma! A programação apresenta o documentário O Massacre do VHS, de Kenneth Powell e Thomas Edward Seymour e uma edição especial do Projeto Raros com dois cultuados filmes de horror, o sangrento Vovós Raivosas, do belga Emmanuel Kervyn, e o controverso Herdeiros do Mal, de Charles Kaufman. Entrada franca.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/6924/troma-latin-america-part-2/


FILME BRASILEIRO REDESCOBERTO ENCERRA PROGRAMAÇÃO REGULAR DE 2023

A Cinemateca Capitólio encerra a programação regular de 2023 no domingo, 17 de dezembro, às 19h30, com a exibição única de Amazonas, o maior rio do mundo, marco do cinema brasileiro dirigido por Silvino Santos. A obra de 1918 era dada como desaparecida desde meados dos anos 1930 e foi reencontrada, no início deste ano, no Národní Filmový Archiv (Arquivo Nacional de Cinema da República Tcheca). O filme descoberto foi confirmado pela Cinemateca Brasileira como sendo a obra dada como perdida. A sessão celebra a relação da Cinemateca Capitólio com as instituições envolvidas na recuperação do filme, Cinemateca Brasileira e NFA, que possibilitaram duas das programações mais importantes do ano, as mostras A Cinemateca é Brasileira e Era uma vez na Tchéquia: animações, fantasias e mistérios. Entrada franca.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/eventos/6918/amazonas-o-maior-rio-do-mundo/


GRADE DE HORÁRIOS

14 a 17 de dezembro de 2023


14 de dezembro (quinta-feira)

15h – Tia Virgínia

17h – Durval Discos

19h40 – O Massacre do VHS


15 de dezembro (sexta-feira)

15h – Vai e Vem

17h – Durval Discos

19h30 – Projeto Raros Especial Troma: Vovós Raivosas + Os Herdeiros do Mal


16 de dezembro (sábado)

15h – Vai e Vem

16h30 – Germaine Dulac: Sessão 1

17h30 – Germaine Dulac: Sessão 2

19h – Germaine Dulac: Sessão 3 + debate


17 de dezembro (domingo)

15h – Germaine Dulac: Sessão 4

16h30 – Germaine Dulac: Sessão 5

17h30 – Germaine Dulac: Sessão 6

19h30 – Amazonas, o Maior Rio do Mundo

terça-feira, 12 de dezembro de 2023

Cine Dica: Streaming - 'À Procura do Amor'

Sinopse: A massagista Eva é uma mulher divorciada e mãe solteira que teme a partida da sua filha para a faculdade. Ela logo começa um romance com Albert, um homem engraçado que está vivendo um momento muito parecido com o seu.  

Se as comédias românticas se encontram hoje desgastadas é porque a fórmula do sucesso foi usada a exaustão até chegar ao ponto de se esgotar. Além disso, o mundo mudou, onde as pessoas não enxergam mais a relação como um conto de fadas, pois da união pode até gerar frutos, mas chegará um ponto que cada um seguirá o seu caminho.  Porém, "A Procura do Amor" (2013) é um típico filme que usa a fórmula de sucesso de antigamente do gênero, mas que ao menos sabe dialogar com os novos tempos.

Dirigido por Nicole Holofcener, o filme conta a história da massagista Eva (Julia Louis-Dreyfus), uma mulher divorciada e mãe solteira que teme a partida da sua filha para a faculdade. Ela logo começa um romance com Albert (James Gandolfini), um homem engraçado que está vivendo um momento muito parecido com o seu. Só que esse relacionamento será ameaçado com a chegada de sua nova cliente, Marianne (Catherine Keener), que é também ex-mulher de Albert.

Levei anos para conhecer esse filme, já que na época do seu lançamento eu estava meio que desacreditado com relação ao gênero. Porém, surgiu um bom motivo para assisti-lo e, sinceramente, ele me surpreendeu ao apresentar um humor inteligente, refinado e ao mesmo tempo divertido. Nicole Holofcener dirigiu vários episódios da série "Orange Is the New Black" e dos quais ela demonstrava certo talento com as tramas pesadas dentro do presídio, mas que sabia contornar com momentos de bom humor para dizer o mínimo.

O filme em si fala sobre a meia idade, onde o casal principal já teve os seus relacionamentos, filhos e, por fim, o divórcio. Eva e Albert possuem pontos em comum com relação a relacionamentos e fazendo com que ambos se tornem um retrato bem-humorado sobre como as pessoas de hoje convivem com o fato de que os casórios de hoje não são conforme o que nos ensinaram no passado. Julia Louis-Dreyfus e James Gandolfini se saem bem como o casal "não perfeito", já que ambos se apaixonam, mas aos poucos cada um percebe detalhes um do outro e que acaba gerando certo incomodando.

Como não poderia deixar de ser, o filme possui aquela velha fórmula do casal que se conhece, se apaixona, porém, ocorre o atrito que os fazem se desentenderem. Embora neste último caso o motivo possa parecer forçado há de se reconhecer que a vida real é as vezes mais absurda do que qualquer ficção e, ao menos para mim, não me soou tão inverossímil. Na realidade ela é uma boa desculpa para conhecermos a perceptiva dos personagens com relação aos outros da história e sendo que nem sempre corresponde com o que a gente vê na tela.

Na verdade, o filme é uma pequena lição sobre jamais julgarmos alguém pelo que os outros dizem, mas sim da maneira de como nós conhecemos e de suas ações que dizem muito. Eva, por exemplo, procura não julgar de imediato Albert através do que a sua ex havia dito, mas sim dar uma chance de acordo pelo que ela enxerga naquele momento, mesmo correndo o risco de colocar tudo a perder na relação. Ao final, todos nós temos nossos acertos e defeitos e cabe ao próximo saber lidar com eles ou deixarmos seguirmos em frente.

Curiosamente, o filme toca também em outros assuntos, que vai desde sobre qual é o verdadeiro papel dos pais atualmente, assim como até que ponto nos vemos presos aos bens materiais. Neste último caso isso é muito bem representado pela personagem da ótima atriz Toni Collette e provando que possui certa veia cômica mesmo tendo construído uma carreira com tantos papeis dramáticos e pesados. Ao final, o filme nos diz que, entre erros e acertos, tudo ficará bem e ficaremos sentados em nossas varandas e refletindo sobre tudo o que passamos ao longo da vida.

Sendo muito lembrado hoje como o último filme da vida do ator James Gandolfini, "A Procura do Amor" é uma prova que a fórmula de sucesso das comédias românticas ainda pode ser usada, desde que ela saiba dialogar com os dilemas que surgem na vida das pessoas hoje em dia.

Onde Assistir: Star+

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segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Cine Dica: Em Cartaz - 'Wonka'

Sinopse: A história se concentra em um jovem Willy Wonka e como ele conheceu os Oompa-Loompas. 

O clássico literário "A Fantástica Fábrica de Chocolate" do escritor Roald Dahl já foi revisitado algumas vezes no cinema e obtendo grande sucesso. A versão estrelada pelo ator   Gene Wilder em 1971 se tornou rapidamente um cult de uma sessão da tarde distante. Já Tim Burton lançou a sua visão em 2005 e do qual o conto clássico se misturou com perfeição com a visão autoral do cineasta.

Claro que seria uma questão de tempo para que a história fosse novamente revisitada. O problema é como revisitar uma história já muito conhecida pelo grande público sem soar respetiva? A resposta está em "Wonka" (2023), filme que dá um novo redirecionamento ao clássico e fazendo com que soe completamente novo.

O filme mostra as origens da história do jovem Willy Wonka (interpretado por Timothée Chalamet). Antes de se tornar a mente brilhante por trás da maior fábrica de chocolate do mundo, Willy precisou enfrentar vários obstáculos. Cheio de ideias e determinado a mudar o mundo, o jovem Wonka embarca em uma aventura para espalhar alegria através de seu delicioso chocolate. Nela, ele acabou conhecendo o seu fiel e icônico assistente, Oompa Loompa (interpretado por Hugh Grant), que o ajudar a ir contra todas as probabilidades para se tornar o maior chocolatier já visto. Mostrando que as melhores coisas da vida começam com um sonho, o filme mistura magia, música, caos, afeição e muito humor.

De início já nos damos conta que a conhecida história do convite especial dentro de uma barra de chocolate não acontece aqui, já que tudo é direcionado nas raizes de Wonka, ou basicamente sobre tempos em que o mesmo era mais inocente e que buscava o tão desejado sonho de obter um grande império na produção de chocolates. Essa inocência não somente molda o personagem, como também permeia todo o longa metragem no decorrer da trama e fazendo da produção um belo musical a ser visto na tela grande. Sim, o filme é um musical que remete os tempos da era de ouro do cinema, com direito a uma edição de arte esplendorosa e fascinante.

Timothée Chalamet se sai bem ao interpretar um jovem Wonka ambicioso, porém, inocente perante a realidade em sua volta, mas sempre agindo de uma forma extremamente positiva. Os percalços, claro, se encontram através de outras empresas de chocolate local e cujo personagens se apresentam bem caricatos, como se os mesmos saíssem de um conto de fadas onde o bem e o mal são bem definidos. Mas isso é proposital, já que a realidade vista neste filme é como se ela fosse extraída de tempos mais inocentes e menos sínicos e que talvez já estejam começando a fazer falta hoje em dia e merecem ser revisitados.

Porém, há também um humor inteligente, refinado e que somente poderia ser vindo do cinema britânico. Hugh Grant, por exemplo, surpreende ao interpretar Oompa-Loompa sarcástico, cheio de trejeitos e se tornando a figura mais fascinante do longa como um todo. E como é bom rever o comediante Rowan Atkinson, o eterno Mr. Bean, de volta as telas ao interpretar um padre viciado em chocolates. Curiosamente, tanto Grant como Atkinson trabalharam juntos no clássico "Quatro Casamentos e um Funeral" (1994).

Ao final da sessão, o filme me causou um grande entusiasmo, como se a realidade tivesse se tornado mais colorida e fazendo eu cantarolar a música dos Oompa-Loompa. Pode não mudar a vida de ninguém, mas nos passa uma carga cheio de positivismo e dos quais nos fazem ganhar novo folego em busca dos nossos sonhos. Portanto, nunca é demais revisitar novamente a obra máxima do escritor Roald Dahl.

"Wonka" merece ser degustado na tela grande, pois o seu sabor permanece em nossas mentes e fazendo a gente desejar revisitar essa fantástica fábrica de chocolate. 

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Cine Dica: SescTV lança “Amazônias, um manifesto”, documentário que convida a enxergar a Amazônia sob uma nova perspectiva

 Filme registra a construção de espetáculo com 40 jovens das periferias de São Paulo, debatendo realidades amazônicas, questões climáticas, políticas e culturais 

Teaser: https://www.youtube.com/watch?v=a3GB33AG5RU  


São Paulo, novembro de 2023 – No dia 12 de dezembro, estreia no SescTV, às 20h, o documentário Amazônias, um manifesto, uma produção original do canal, com direção de Helena Bagnoli. O filme retrata o processo artístico-pedagógico do espetáculo amazonias - ver a mata que te vê [um manifesto poético], conduzido pela diretora Maria Thais e interpretado por 40 jovens – com idade entre 16 e 21 anos – em sua maioria moradores das periferias de São Paulo, para debater as realidades amazônicas, as questões climáticas, políticas e culturais. A partir do mesmo dia, a produção também estará disponível sob demanda pelo sesctv.org.br/amazonias. 

No documentário, o espectador conhecerá o processo criativo e formativo dos participantes da peça, que se envolvem com as diferentes etapas do fazer teatral – do trabalho com o corpo e com a voz, à dramaturgia, até o universo visual, figurinos e cenários. Tudo acontece enquanto estes jovens entrelaçam suas experiências pessoais com as inúmeras “amazônias” ao seu redor, descobrindo em seus próprios cotidianos urbanos a relação entre a pulsante produção das periferias das grandes cidades com as tradições ribeirinhas, quilombolas e dos povos originários. 

Segundo Helena Bagnoli, cada um dos integrantes do elenco foi ouvido sobre suas impressões e atravessamentos, permitindo ao longo do espetáculo, refazer os caminhos percorridos por eles. A narrativa do documentário apresenta imagens que revelam a construção do percurso: aspectos das várias oficinas formativas, as escaladas individuais, os olhares diversos dos profissionais envolvidos, a estreia e a peça em si. “O resultado é uma discussão que alcança um potencial universal, seja pela pauta urgente sobre a Amazônia, seja sobre a certeza de que investimentos em formação de pessoas geram resultados rápidos e um importante capital social”, explica a diretora. 

“Quatro dos participantes foram visitados em suas casas, em pontos diversos da cidade, para captá-los no seu cotidiano, com suas famílias. Uma dessas visitas foi na Aldeia Indígena do Jaraguá, de onde vinham três dos integrantes de origem guarani”, completa.  

Foram entrevistados também alguns dos participantes do projeto, entre eles, a diretora Maria Thaís, que detalha como se deu o desenho e a evolução das questões artístico-pedagógicas. Outras entrevistadas são a poeta e escritora Márcia Kambeba, que participou do núcleo de dramaturgia e deu uma oficina para os participantes, a artista Naine Terena, que também trabalhou com os jovens e trouxe os conceitos visuais que nortearam a concepção do cenário e figurino. 

Sobre a diretora: 

Helena Bagnoli é historiadora, documentarista e jornalista, com especialização em Artes e Cultura. Trabalhou em projetos culturais de veículos e instituições, foi repórter da TV Cablevision e passou a maior parte da carreira no Grupo Abril, onde por quase 18 anos dirigiu revistas, foi publisher e diretora-geral responsável por impresso, vídeos e eventos de 50 marcas da Editora Abril, além de ter sido presidente da MTV Brasil. Até 2022 foi publisher e diretora editorial da revista Bravo! e de sua plataforma digital, com foco na produção de vídeos. Foi produtora executiva de três séries para a TV e diretora da série documental  Artérias, do Sesc TV (2020-2021). É sócia da produtora de conteúdo B+W. 


Amazônias, um manifesto 

Estreia no SescTV: 12/12, terça às 20h. Reapresentações: Dia 15/12, sexta, 21h; 17/12, domingo, 19h. 


Censura: Livre 

Duração: 61 minutos 

Direção: Helena Bagnoli 

Produção: B+W 

Realização: SescTV 


Sobre o SescTV: 

O SescTV é um canal de difusão cultural do Sesc em São Paulo, distribuído gratuitamente, que tem como missão ampliar a ação do Sesc para todo o Brasil. Sua grade de programação é permeada por espetáculos, documentários, filmes e entrevistas. As atrações apresentam shows gravados ao vivo com grandes nomes da música e da dança. Documentários sobre artes visuais, teatro e sociedade abordam nomes, fatos e ideias da cultura brasileira. Ciclos temáticos de filmes e programas de entrevistas sobre literatura, cinema e outras artes também estão presentes na programação. 


Para sintonizar o SescTV: 

Consulte sua operadora 

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Informações para a imprensa: 

SescTV – Assessoria de Imprensa 

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Silvana Inácio – silvana@sicomunicacao.com.br   

Contato: (11) 97688-3624 | (11) 3042-5641  

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Gilmara Santos

Jornalista

(11) 9 9437.5504

sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Cine Especial: BOGART & BACALL - 'Prisioneiro do Passado'

Era uma questão de lógica que o estúdio Warner estivesse interessado em manter os seus ovos de ouro intactos, ou seja, lançar um terceiro filme com o casal da época Humphrey Bogart e Lauren Bacall. Após os sucessos "Uma Aventura na Martinica" (1944),"À Beira do Abismo" (1946) o público com certeza estava aguardando uma trama que cumprisse com as suas expectativas. Com isso, temos "Prisioneiro do Passado" (1947), filme que não é melhor e nem pior se comparado aos títulos anteriores, mas ganha pontos através do seu modo até então incomum na apresentação do personagem central.

Dirigido por Delmer Daves, o filme conta a história de Vincent Parry (Humphrey Bogart), um prisioneiro que escapa de San Quentin, pois quer provar sua inocência. Logo após a fuga ele tem que pegar uma carona, mas o motorista começa a fazer várias perguntas. Quando no rádio do carro informam a descrição de Parry este é obrigado a atacar o motorista, que fica desacordado. Vincent ainda não sabe o que fazer, até que surge Irene Jansen (Lauren Bacall), uma pintora amadora, que se oferece para levá-lo até São Francisco. Vincent fica no apartamento de Irene, que acompanhou o julgamento e nunca ficou convencida da sua culpa. Após deixar o apartamento de Irene, pois acha arriscado ficar ali, Vincent pega um táxi. Ele decide procurar um cirurgião plástico, pois Vicente precisa mudar seu rosto, que está estampado em todos os jornais.

Após assistir ao filme eu li alguns críticos dizendo que esse é o primeiro filme do qual assistimos vários minutos de cenas através da perspectiva do protagonista, ou seja, a câmera se torna olhar dele. Na verdade essa observação é um erro, pois em 1931 foi lançado a versão cinematográfica de "O Médico e o Monstro", onde o protagonista, interpretado por Fredric March, somente é apresentado alguns minutos depois, já que nestes minutos iniciais somente observamos o que ele enxerga, até o momento em que ele se olha no espelho e assim conhecemos o seu verdadeiro rosto. Porém, é preciso dar crédito a criatividade do diretor Delmer Daves na apresentação do personagem.

Por mais de meia hora somente assistimos tudo pela perspectiva do personagem de Borgart, sendo que somente ouvimos a sua voz, enquanto truques de câmera e sombras cobrem o seu rosto. Até lá, conhecemos alguns personagens importantes que irão cruzar no seu caminho, desde o caronista, como também um taxista, o cirurgião plástico e a personagem de Bacall. Pelo fato da atriz nos ser apresentada de frente temos então uma dimensão maior de sua beleza da época, sendo que os seus olhos falam por si e enchendo a tela como um todo.

Já o filme transita entre o subgênero "noir" para um filme policial convencional. Muito embora a edição permita que a obra vá mais além, principalmente em cenas em que se testa o lado psicológico do personagem central e do qual se encontra a beira da loucura. A cena em que ele adormece na mesa de cirurgia e começa a enxergar diversos rostos de pessoas que ele havia encontrado anteriormente me lembrou do clássico "Um Corpo que Cai" (1958) do mestre Alfred Hitchcock, além desse momento possuir um clima bem "Salvador Dali" que já havia sido explorado no cinema através do clássico "Quando Fala o Coração" (1945) também do mestre do suspense. Curiosamente, a trama se passa em São Franscisco, sendo cenário de diversos clássicos do cinema, como o já citado "Um Corpo que Cai".

Nota-se também que o rosto de Humphrey Bogart enfaixado devido a cirurgia para mudar o seu rosto me lembrou alguns clássicos da literatura policial e até mesmo de HQ que seriam publicadas vários anos depois. Nestes momentos me lembrou o clássico "Sin City - A Dama Fatal" de Frank Miller e um dos arcos da genial série "100 Balas de Brian Azzarello, sendo que ambos os casos os personagens centrais são obrigados a trocarem de rosto em meio a uma trama policial cabeluda. O mesmo acontece aqui com o protagonista e mesmo ele trocando o seu rosto as adversidades não diminuem ao longo da trama.

O arco final é uma verdadeira montanha russa de tensão, sendo que Humphrey Bogart, por mais que seja acusado de ter sido um verdadeiro ator canastrão ao longo da carreira, ele aqui conseguiu transmitir toda a tensão que o seu personagem estava passando, principalmente na cena em que o mesmo é interrogado em uma cafeteria. O final pode até possuir soluções fáceis para solucionar o conflito em que o personagem estava passando, mas isso não diminuiu o potencial do filme como um todo.  "Prisioneiro do Passado" é, portanto, um filme a frente do seu tempo e sendo justamente por isso que talvez não tenha sido um verdadeiro sucesso. 

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Cine Dica: 3x SATYAJIT RAY

A Cinemateca Capitólio apresenta nos dias 9 e 10 de dezembro três sessões únicas de cópias restauradas de filmes de Satyajit Ray, o maior nome da história do cinema indiano.

A programação tem entrada franca.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/6884/3x-satyajit-ray/


FILMES


A Grande Cidade (Mahanagar)

Índia, 1963, 130 minutos, DCP

Em Calcutá, Bhombol vive com a mulher, Arati, seu filho, seus pais e uma irmã caçula. Falta dinheiro, então a esposa começa a trabalhar fora, com sucesso. Quando o marido perde o emprego, é ela quem passa a sustentar a casa, o que contraria os costumes conservadores. Selecionado como representante da Índia à edição do Oscar 1964.


A Esposa Solitária (Charulata)

Índia, 1964, 117 minutos, DCP

A solitária mulher de um jornalista apaixona-se pelo familiar do marido que visita a sua casa e que partilha consigo o amor pela Literatura. Vencedor do prêmio de melhor direção no Festival de Berlim de 1965, A Esposa Solitária é reconhecido por muitos admiradores de Ray como a sua grande obra-prima, marcada pela presença inesquecível da atriz Madhabi Mukherjee.


O Herói (Nayak)

Índia, 1966, 120 minutos, DCP

De viagem para Nova Delhi, onde irá receber um prêmio, uma estrela do cinema indiano reavalia o seu sucesso através dos sonhos e experiências passadas dos passageiros que seguem consigo. Realizado em 1966 a partir de um argumento original de Satyajit Ray, O Herói recebeu uma Menção Especial do Júri no Festival de Berlim e o galardão de Melhor Argumento nos Prêmios do Cinema Indiano desse mesmo ano.


PROGRAMAÇÃO

09 de dezembro (sábado)

17h – A Grande Cidade


10 de dezembro (domingo)

16h30 – O Herói

19h – A Esposa Solitária

quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (07/12/23)

 Wonka

Sinopse: A história se concentra em um jovem Willy Wonka e como ele conheceu os Oompa-Loompas.


Jornada Para Belém

Sinopse: Melodias clássicas de Natal e canções pop modernas contam a história de uma jovem com uma responsabilidade inimaginável, um jovem dividido entre o amor e a honra e um rei ciumento.


Almas Gêmeas

Sinopse: Na história, o tenente David Faber (Benjamin Voisin) acaba gravemente ferido após seu comboio militar ser atacado. Com isso, ele é enviado de volta para a França para se recuperar sob os cuidados de sua irmã Jeanne (Noémie Merlant). Porém, o homem sofre de uma amnésia severa, e tem dificuldade para recuperar sua memória. Pacientemente, a irmã o leva para visitar paisagens de seu passado - como a casa da família, montanhas, florestas e lagos - na esperança de que isso o ajude a se lembrar de quem era. Mas o tenente parece não ter pressa alguma de reviver sua história.

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