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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 18 de abril de 2022

Cine Dica: Em Cartaz: 'Medida Provisória'

Sinopse: Em um futuro próximo distópico no Brasil, um governo autoritário ordena que todos os cidadãos afrodescendentes se mudem para a África - criando caos, protestos e um movimento de resistência clandestino que inspira a nação. 

Atualmente o Brasil é governado por um Presidente que representa tudo o que há de pior no ser humano. Infelizmente há uma boa parcela do povo brasileiro que se identifica com ele, com as suas ideias absurdas e acreditando que agora tem o direito em liberar o seu ódio, seja nas redes sociais ou no mundo real. Mas como foi possível termos deixado isso acontecer?

As respostas, talvez, estejam em nossa história recente, desde a parcialidade vinda de um Juiz corrupto que decidiu perseguir um governo, como também a parcialidade de uma mídia tradicional que alimentou o ódio da população no decorrer do tempo. Levando uma coisa e outra a Caixa de Pandora acabou sendo aberta e revelando um brasileiro que reproduz o que há de mais podre e do qual o mesmo luta pelo seu pensamento retrógrado a qualquer preço. "Medida Provisória" (2022) é uma ficção, mas que possui traços explícitos do nosso presente e nos diz para agirmos antes que seja tarde.

Dirigido por Lázaro Ramos, o filme se passa em um futuro distópico do Brasil, onde governo decreta uma medida provisória, em uma iniciativa de reparação pelo passado escravocrata, provocando uma reação no Congresso Nacional. O Congresso então aprova uma medida que obriga os cidadãos negros a migrarem para a África na intenção de retornar a suas origens. Sua aprovação afeta diretamente a vida do casal formado pela médica Capitú (Taís Araújo) e pelo advogado Antônio (Alfred Enoch), bem como a de seu primo, o jornalista André (Seu Jorge), que mora com eles no mesmo apartamento.

longa é uma adaptação de "Namíbia, Não!", peça de Aldri Anunciação que o diretor e ator Lázaro Ramos dirigiu para o teatro em 2011. Com isso, se percebe que há uma linguagem teatral no decorrer do filme, mas da qual Lázaro consegue casar com facilidade com as regras e fórmulas de como se faz cinema. Embora estreante na direção, o ator nos brinda com uma edição caprichada, onde as cenas de simples diálogos se transformam em um verdadeiro jogo de cena e dos quais pequenos detalhes são filmados para nos passar um proposito que será correspondido em um determinado ponto do enredo. O primeiro ato, por exemplo, é tudo construído com ares de um filme de suspense, como se tudo estivesse sendo armado para a chegada de uma grande tempestade.

Quando ela ocorre, não há como não se lembrar de clássicos literários como, por exemplo, "Contos da Aia" de Margaret Atwood, onde um governo totalitário fundamentalista cristão derrubou o governo dos Estados Unidos e tirando todos os direitos das mulheres. Aqui é algo parecido, mas que ocorre justamente nas mãos daqueles que se dizem governar em um país democrático, mas que criam leis não para ajudar o povo, mas sim com o intuito de apenas corresponder a uma parcela da população que se acha dominante e com o desejo de ter o direito de expressar os seus pensamentos escravocratas de um passado distante. Não deixa de ser simbólico, por exemplo, vermos deputados aprovarem a medida provisória da trama, sendo que a cena simboliza um dos momentos mais hipócritas e vergonhosos da nossa história brasileira recente e nos revelando o fato de que a Câmara dos Deputados de ontem e hoje não ser somente retrógrada, como também corrupta, racista e sexista.

Com uma trama carregada dos mais diversos assuntos sobre o Brasil atual, mesmo se passando em uma ficção, o filme precisaria de um ótimo elenco em cena e é exatamente isso que acontece. O casal central, interpretados por Taís Araújo e Alfred Enoch enfrentam o inferno racista de frente, mas separados no decorrer da trama e cada um enxergando até que ponto o ódio pode revelar o pior lado do ser humano. Em contrapartida, Seu Jorge é o melhor interprete em cena, cujo o seu personagem, o jornalista André, transita entre momentos cómicos e trágicos, ao testemunhar uma realidade absurda, se nivelando a quase uma piada pronta, mas que se torna tragicamente real e melancólica. Aliás, as suas cenas finais estão entre os melhores momentos que eu testemunhei do cinema brasileiro de 2022.

Curiosamente, os verdadeiros vilões da trama não ficam muito atrás na questão de interpretação e despertando em nós os mais diversos sentimentos. Ao interpretar a deputada criadora da medida provisória, Adriana Esteves libera tudo o que há de pior do seu lado Carminha, personagem da qual havia interpretado na novela "Avenida Brasil" (2012) e sintetizando o lado hipócrita e racista de muitos brasileiros que se identificam com esse tipo de pessoa e da qual a mesma interpreta com exatidão no longa. Já a personagem de Renata Sorrah nada mais é do que uma representação de um vizinho próximo, ou de um parente indesejado e que sempre desejamos tapar os ouvidos quando os mesmos lançam um comentário racista ou homofóbico.

O ato final reserva momentos para se criar as mais diversas reflexões, desde ao fato do preconceito nos provocar a raiva que se encontra guardada dentro de nós, como também nos fortalecer perante o horror e de não nos rebaixarmos ao nível deles. Acima de tudo, o filme serve de alerta, pois a qualquer momento a ficção começa a se tornar realidade e acontece principalmente nos momentos que não cremos que eles seriam capazes de chegarem tão longe. "Medida Provisória" é uma ficção que já está acontecendo no Brasil atual e que somente se agravará se a resistência não se fortalecer. 


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Cine Dica: Sala Redenção dá início à programação de aniversário

Sala Redenção | 35 anos

A presença do cinema dentro da UFRGS possui uma história que se estende há quase sessenta anos, mas é na década de 1980 que a trajetória da Sala Redenção começa a ser desenhada como espaço permanentemente voltado à sétima arte. A Sala Redenção, nosso cinema universitário da UFRGS, foi inaugurado em 22 de abril de 1987. Um dos espaços de difusão cinematográfica não-comercial mais antigos de Porto Alegre, ela assume, desde então, um papel de formação audiovisual, com uma programação de acesso livre a toda a comunidade.

Mostra | Cinema dos Anos 80

A comemoração oficial dos 35 anos da Sala Redenção inicia com a mostra “Cinema dos Anos 80”, que entra em cartaz nesta segunda-feira, dia 18, e tem sessões de segunda a sexta-feira, às 15h e às 19h, até o dia 29 de abril, sempre com entrada franca. A programação resgata o contexto do surgimento do cinema da UFRGS por meio de filmes representativos do imaginário
do período, como “E.T.” (1982), de Steven Spielberg, e “Veludo Azul” (1986), de David Lynch. 

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22 de abril | Maratona de Aniversário

Marcando o dia de seu aniversário, a Sala Redenção apresenta uma maratona, das 13h às 22h, que reúne alguns dos filmes exibidos nos primórdios de sua história, como o longa “O Circo” (1928), de Charles Chaplin, e os documentários “Koyaanisqatsi” (1982), de Godfrey Reggio, e “Panorama do Cinema Brasileiro” (1968), de Jurandyr Noronha. Além disso, em alusão à icônica pintura da fachada do prédio do cinema universitário, inspirada no filme “Viagem à Lua”, de George Meliès, serão exibidos curtas dirigidos pelo ilusionista francês. A sessão ganha trilha improvisada ao vivo pelo Desandance (Bel Medula, luczan e Rai).

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PROTOCOLOS

– É obrigatório o uso de máscara durante todo o período de permanência no espaço;

– Solicitamos a apresentação do comprovante de vacinação contra a COVID-19, físico ou virtual;

– Mantenha as mãos higienizadas. Disponibilizamos álcool em gel;

– Respeite o distanciamento social e ocupe os assentos conforme sinalização;

– Não é permitido consumir alimentos e bebidas;

– As atividades têm lotação limitada.

sexta-feira, 15 de abril de 2022

Cine Especial: Próximo Cine Debate: 'Elisa e Marcela'

Sinopse: Em 1910, acontecia na Igreja de San Jorge, na região de Coruña, na Galícia, o casamento de Elisa e Marcela. Para driblarem as regras locais e poderem se casar, Elisa forja documentos de um parente falecido e se passa por homem para viabilizar a primeira união homossexual da Europa.  

Se hoje é comum a gente testemunhar casais do mesmo sexo desfrutando o amor quando caminham pela calçada fica até difícil imaginar que, infelizmente, ainda aja preconceito contra eles e que já houve tempos ainda piores. Em "Meninos Não Choram" (1999), por exemplo, Hilary Swank interpreta uma transexual que passa por um verdadeiro inferno no início dos anos noventa nas mãos preconceituosas e que acreditavam que tinham o direito de acabar com a vida dela.  "Elisa e Marcela" (2019) é um retrato de uma época ainda mais perigosa, conservadora, mas que não impediu que duas mulheres lutassem para se amarem por toda a vida.

Dirigido por Isabael Coixet, a mesma do filme "A Livraria" (2018), a trama começa na Argentina, onde uma jovem vai visitar uma mulher que, aparentemente, vive sozinha em uma casa. Imediatamente a trama volta ao passado, onde conhecemos Elisa (Natalia de Molina) e Marcela (Greta Fernández), duas jovens estudantes que se conheceram em uma escola católica e que aos poucos vão se apaixonando uma pela outra. Porém, não demora muito para elas perceberem que terão que lutar muito para manter esse amor intacto.

Com uma belíssima fotografia em preto e branco, da qual me lembrou muito o maravilhoso "O Cavalo de Turim" (2011), o filme lança um pequeno quebra cabeça sobre a origem das duas personagens centrais no prologo da trama. Na medida em que a trama avança, mais precisamente retrocedendo ao passado, aos poucos as respostas vão vindo à tona e da qual elas são correspondidas através das duas jovens protagonistas. Isabel Coixet procura fazer com grande delicadeza para que o nascimento do amor entre as duas soe verossímil, ao ponto que o primeiro beijo de ambas somente ocorre em quase uma hora de filme após vários olhares e intimidade entre as duas.

Tanto Natalia de Molina como Greta Fernández estão incríveis em seus respectivos papeis, sendo que ambas possuem personalidades distintas e cada uma reage de uma forma diferente, tanto com relação do amor entre as duas, como também com relação preconceito que ambas irão enfrentar na medida em que o tempo vai passando. Neste último caso Natalia Molina se sobressai, principalmente nos momentos em que a sua personagem arrisca tudo por esse amor e acaba se disfarçando de homem para enganar as demais pessoas preconceituosas que ficam vigiando-as.

Se estendendo a busca pela felicidade até na cidade de Porto, Portugal, a saga das duas jovens se tornou conhecida por diversas partes do globo e fazendo com que a história se elevasse ainda mais perante aos verdadeiros fatos. O filme somente peca pelo fato de romancear algumas passagens da história de ambas as protagonistas, ou quando acabam omitindo alguns pontos da história real e do qual fazem falta para tornar o filme ainda mais rico em conteúdo para ser desfrutado. Isso não diminuiu o resultado final do longa, principalmente pelo fato dele sintetizar o quanto é preciso se sacrificar para obter o caminho da felicidade em meio a intolerância que, infelizmente, ainda prevalece nos dias de hoje.

"Elisa e Marcela" é um pequeno retrato de uma história de amor entre duas jovens que fizeram o impossível para se manterem juntas em meio aos percalços formados pelo preconceito.  

Onde Assistir: Netflix

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Cine Dica: Próximo Clube de Cinema de Porto Alegre: 'O Traidor'

Segue a programação do Clube de Cinema para o próximo final de semana.

Local: Sala Eduardo Hirtz, Casa de Cultura Mário Quintana

Data: 16/04/2022, sábado, às 10:15 

"O Traidor" ( Il Traditore)

Itália/França/Alemanha/Brasil, 2020, 145 min, 16 anos.


Direção:  Marco Bellochio 

Elenco: Pierfrancesco Favino, Maria Fernanda Cândido, Fabrizio Ferracane 

Sinopse:  No início dos anos 1980, os chefes da Máfia siciliana entram em guerra pelo controle do tráfico de heroína. Um dos chefes do sistema, Tommaso Buscetta foge para o Brasil, enquanto seus filhos e irmãos são assassinados em Palermo. Preso pela polícia brasileira e extraditado para a Itália, ele toma uma decisão que irá mudar os rumos da Máfia italiana: revelar todos os seus segredos para o juiz Giovanni Falcone e trair o voto eterno que fez à Cosa Nostra.

Atenciosamente,

Carlos Eduardo Lersch

Diretor de Programação CCP


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Mais informações através das redes sociais:

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twitter: @ccpa1948  
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quinta-feira, 14 de abril de 2022

Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (14/04/22)

MEDIDA PROVISÓRIA

Sinopse: Em um futuro próximo distópico no Brasil, um governo autoritário ordena que todos os cidadãos afrodescendentes se mudem para a África – criando caos, protestos e um movimento de resistência clandestino que inspira a nação.


O TRAIDOR

Sinopse: No início dos anos 80, uma guerra generalizada eclode entre os chefes da Máfia Siciliana pelo controle do tráfico de heroína. Tommaso Buscetta, um integrante de alto escalão, foge para se esconder no Brasil. Na Itália, os acertos de contas acontecem enquanto Buscetta assiste de longe seus filhos e irmãos sendo assassinados em Palermo, sabendo que poderá ser o próximo.

ANIMAIS FANTÁSTICOS O SEGREDO DE DUMBLEDORE

Sinopse: O professor Alvo Dumbledore (Jude Law) sabe que o poderoso mago das trevas Gellert Grindelwald (Mads Mikkelsen) está se movimentando para assumir o controle do mundo mágico. Incapaz de detê-lo sozinho, ele pede ao magizoologista Newt Scamander (Eddie Redmayne) para liderar uma intrépida equipe de bruxos.


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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO CINEMATECA CAPITÓLIO 15 de abril a 01 de maio de 2022

 FANTASPOA 2022

De 15 de abril a 01 de maio, a Cinemateca Capitólio recebe a programação do Fantaspoa, o maior festival de cinema dedicado exclusivamente a filmes de gênero fantástico (fantasia, ficção-científica, horror e thriller) da América Latina.

Ocorrendo anualmente na cidade de Porto Alegre desde 2005, entre os dias 14 de abril e 01 de maio de 2022, celebrará sua décima oitava edição - que também será em parte online. Serão exibidos 188 filmes, entre curtas e longas-metragens, a grande maioria inédita no Brasil, e o evento receberá mais de 70 convidados brasileiros e estrangeiros, que participarão de 37 sessões comentadas com o público e seis atividades de formação. Além das sessões de exibição, serão realizadas atividades paralelas, como três sessões musicadas, três festas, Madrugadão Fantaspoa, entre outros. As sessões de exibição serão realizadas no Cine Farol Santander; Cine Grand Café; Cinemateca Capitólio; Instituto Ling; e Sala Eduardo Hirtz (Cinemateca Paulo Amorim); e as atividades de formação no Instituto Ling. A programação online do Fantaspoa será disponibilizada gratuitamente no site Darkflix (www.darkflix.com.br) - exclusivamente para usuários em território brasileiro - de 22 de abril a 01 de maio, e contará com mais de 30 longas e 85 curtas-metragens.

A programação completa está no site do evento: https://www.site.fantaspoa.com/2022/

quarta-feira, 13 de abril de 2022

Cine Dica: Streaming: 'Summer of Soul'

Sinopse: Um documentário sobre o lendário Harlem Cultural Festival de 1969, que celebrou a música e a cultura afro-americana e promoveu o orgulho e a unidade negra. 

A verdadeira música não é somente poética, ou romântica, como também fala sobre os tempos atuais em que vivemos e principalmente quando esses mesmos são afetados por questões políticas desanimadoras. No Brasil atual, por exemplo, existe uma persistência forçada para que o público ter que gostar de todas as músicas sertanejas, sendo que as mesmas atuais não passam de uma forma de alienar a população a mando de políticos conservadores e que desejam que nenhuma pessoa pense. "Summer Of Soul" (2021) é um documentário que fala sobre uma geração que pensava e protestava através da música e fazendo com que a mesma se tornasse parte primordial da história.

Dirigido por Questlove, o documentário é musical, parte registro histórico criado em torno de um evento épico que celebrou a história, cultura e moda negra. Ao longo de seis semanas no verão de 1969, a apenas 160 quilômetros ao sul de Woodstock, o Harlem Cultural Festival foi filmado no Mount Morris Park (agora Marcus Garvey Park). O filme captura um empolgante momento cultural nos Estados Unidos, embora subestimado historicamente. Entrevistas com artistas que participaram do evento são intercaladas com apresentações de shows nunca antes vistos de Stevie Wonder, Nina Simone, Sly and the Family Stone, Gladys Knight and the Pips, Mahalia Jackson, B.B. King, The 5th Dimension e muitos outros. O lendário Festival Cultural Harlem 1969, celebrou a música e a cultura afro-americana e promoveu o orgulho e a unidade negra, naquele momento do país.

A virada dos anos 60 para os 70 foi primordial para o começo de mudanças e das quais as mesmas não podiam ser freadas. A contracultura veio forte em um momento em que os EUA estavam sofrendo com a crise econômica, Guerra do Vietnã e governo de Richard Nixon. Neste momento havia uma luta pelos direitos civis cada vez mais fortes, onde a comunidade negra lutou pelos seus direitos perante o preconceito, mesmo quando líderes como Malcolm X e Martin Luther King Jr caiam perante ao racismo e aos jogos políticos.

A música, por sua vez, foi peça fundamental para essa luta sem trégua, sendo que vários artistas usavam as suas letras para dizer algo para o mundo que estava vivendo inúmeras metamorfoses e das quais mudariam a vida das pessoas para sempre. A música gospel, por exemplo, veio em um momento em que a comunidade negra precisava de esperança enquanto sofria diversos preconceitos, violência extrema, e suas letras foram uma forma de para passar força e fé perante os obstáculos. Por mais que a mídia tradicional da época quisesse esconder o que estava acontecendo, o Harlem Cultural Festival foi um marco, mesmo quando boa parte da população estava direcionando a sua atenção para Woodstock ou com a chegada do homem à lua.

O documentário em si possui vários registros impressionantes de vários artistas, sendo que a música se entrelaça com cenas sobre os principais acontecimentos do mundo e da política que estava acontecendo naquelas semanas. Vale destacar os diversos depoimentos que ocorrem durante a projeção, desde os artistas que participaram do evento na época, como também de pessoas comuns que estavam naquela ocasião e que tiveram as suas vidas mudadas. Não deixa de ser emocionante ver o jovem Stevie Wonder cantando os seus maiores sucessos daqueles tempos e sendo mais emocionante vendo o próprio ainda vivo revisitando aquele grande evento através do documentário.

Porém, acima de tudo, a música com o teor político foi a alma daquele evento e Nina Simone foi sangue pulsante para fortalecer a ideia como um todo. Embora apareça somente no ato final do documentário, a figura forte de sua pessoa rouba a cena da obra e cuja as suas letras musicais com teor político sintetizam o estado de espirito de um povo que se encontrava cansado e que lutaria com todas as suas forças para combater o preconceito. Uma luta que, infelizmente, perdura até os dias de hoje e o documentário vem em um momento para nos dizer que a arte, seja ela visual ou musical, estará presente neste combate que não terminará tão cedo.

Vencedor do Oscar de Melhor Longa Documentário de 2022, "Summer Of Soul" é um registro histórico de tempos de mudanças, pelo direito de igualdade e enfrentamento contra o poderio preconceituoso e branco. 

Onde Assistir: Disney+

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