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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: 'Halloween Kills: O Terror Continua'

Sinopse: Laurie Strode acredita que enfim venceu a luta contra Michael Myers, mas é surpreendida pelo seu retorno. Determinada a pôr um ponto final em seus ataques, ela e outros sobreviventes decidem enfrentá-lo e acabar com o ciclo de uma vez por todas. 

"Halloween" (1978) realizado por John Carpenter ainda é hoje um dos filmes de horror mais importantes da história do cinema e um dos pilares do subgênero slasher. Mas estamos falando do cinema americano, onde um ótimo filme não escapa de obter uma continuação, ou até mesmo uma longa franquia. "Halloween" não escapou disso, ao ponto de que cada filme foi piorando ao longo dos anos que vieram.

Além de sete filmes, (de 1981 há 2002), o clássico ainda sofreu com uma refilmagem em 2007 e com a sua continuação em 2009. Coube ao diretor David Gordon Green limar tudo o que já tinha sido feito, reconhecendo somente o filme clássico e criando assim uma nova continuação. O resultado é "Halloween" (2018), filme que não só respeita a sua fonte original, como também revitalizou a figura de Michael Myers, ao transforma-lo em uma figura verossímil, porém, não menos mortífera. Com a intenção de se criar uma nova trilogia eis que chega "Halloween Kills: O Terror Continua", filme que dá continuidade aos eventos do filme anterior, mas retornando também ao cenário do filme original.

Depois de quatro décadas se preparando para enfrentar Michael Myers, Laurie Strode (Jamie Lee Curtis) acredita que enfim venceu. Minutos depois de deixar o assassino queimando, Laurie vai direto para o hospital com ferimentos graves de vida ou morte. Mas quando Michael consegue escapar da armadilha de Laurie, sua vingança e desejo por um banho de sangue continua. Enquanto Laurie luta contra a dor, ela tem que se preparar mais uma vez para se defender de Michael e consegue fazer toda a cidade de Haddonfield se juntar para lutar contra o monstro.

O prólogo se torna interessante ao retornar ao cenário do filme clássico, ao ponto de trazer de volta, mesmo em um curto espaço de tempo, o personagem Dr Sam Loomis e que havia sido vivido por Donald Pleasence. Porém, essa desculpa de retornar ao passado se torna o ponto mais falho do filme, pois ele resgata alguns personagens do filme original para fazer desses mesmos serem os protagonistas, já que a personagem de Jamie Lee Curtis se encontra ferida no hospital e se tornando uma figura quase secundária na trama. Mas nenhum desses personagens se tornam relevantes para o filme, já que todos acabam sendo mera desculpas para se tornarem as próximas vítimas de Myers.

Esse, por sua vez, está mais mortífero do que nunca, sendo que as cenas de assassinato estão entre as mais violentas de toda a franquia. Porém, eu vejo que essa violência explicita serve mais para nos distrair, já que no decorrer do tempo o filme vai se perdendo, principalmente por não saber ao certo o que ele nos quer passar ao longo do percurso. No filme anterior não se perdia tempo em buscar alguma lógica sobre o que é realmente Michael Myers, mas aqui os realizadores optaram em retratar as consequências dos seus atos, com o direito de pessoas se entregarem ao ódio e irem buscar vingança através da pessoa errada. Essa passagem, aliás, é uma das mais interessantes do filme, mesmo quando nos passa a sensação de que poderia ter sido melhor trabalhada.

Mas, como eu disse acima, os realizadores perdem tempo novamente em buscar a raízes do problema sobre o que é esse assassino mascarado, ao ponto da possibilidade de entrarem no terreno do sobrenatural, mas que foi justamente isso que fez das continuações se tornarem tão dispensáveis ao longo da história. O final, por sua vez, nos deixa um gancho que nos faz desejar ir logo para o terceiro filme, mesmo que, na pior das hipóteses, nos decepcione.

"Halloween Kills: O Terror Continua" é inferior se for comparado ao seu perfeito antecessor, mas consegue nos prender na cadeira do começo ao final da trama e fazendo a gente querer ver logo o final dessa nova trilogia.   


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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO CINEMATECA CAPITÓLIO - 28 de outubro a 3 de novembro de 2021

 SESSÃO DA MEIA-NOITE DE HALLOWEEN DE JOHN CARPENTER

A Cinemateca Capitólio celebra o dia das bruxas com uma sessão da meia-noite de Halloween – A Noite do Terror, clássico de John Carpenter realizado em 1978. O filme será exibido no dia 30 de outubro, às 23h59. O valor do ingresso é R$ 10,00. A compra poderá ser feita ao longo do dia 30 nos horários de abertura da bilheteria (15h, 17h, 19h).

Mais informações: http://www.capitolio.org.br/eventos/4627/halloween-a-noite-do-terror/


PROJETO RAROS + CINECLUBE ACADEMIA DAS MUSAS APRESENTAM CULTUADO FILME FRANCÊS

Na sexta-feira, 29, às 19h30, uma edição especial do Projeto Raros, realizado em parceria com o Cineclube Academia das Musas, apresenta o longa-metragem Simone Barbès ou a Virtude, de Marie-Claude Treilhou, cultuada realização da Diagonale, produtora fundada pelo francês Paul Vecchiali em meados dos anos 1970. Com entrada franca, a sessão tem apresentação da crítica e pesquisadora Daniela Strack. Mais informações:  http://www.capitolio.org.br/novidades/4615/projeto-raros-e-cineclube-academia-das-musas-apresentam-sessoes-especiais/

SEGUNDA SEMANA DO FESTIVAL DE CINEMA DE ANIMAÇÃO

A segunda semana de exibições do Festival de Cinema de Animação destaca a sessão das cópias restauradas de Os Caracóis e Planeta Fantástico, obras-primas psicodélicas de um dos mestres da animação francesa, René Laloux. O valor do ingresso é R$ 10,00. Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/4590/festival-de-cinema-de-animacao


ESTREIA DE SANCTORUM

A partir de quinta-feira, 28 de outubro, a Cinemateca Capitólio promove a estreia do filme mexicano Sanctorum, de Joshua Gil. O valor do ingresso é R$ 16,00. Mais informações: http://www.capitolio.org.br/eventos/4620/sanctorum/


GRADE DE HORÁRIOS

28 de outubro a 3 de novembro de 2021


28 de outubro (quinta-feira)

15h – Josep

17h – O Estado Contra Mandela e os Outros

19h – Sanctorum


29 de outubro (sexta-feira)

15h – Wardi

17h – Funan

19h30 – Projeto Raros: Simone Barbès ou a Virtude


30 de outubro (sábado)

15h – Best of 2020-21!

17h – Os Mundos Imaginários de Jean François Laguionie

19h – Sanctorum

23h59 – Halloween – A Noite do Terror


31 de outubro (domingo)

15h – O Rei e o Pássaro

17h – Os Caracóis + O Planeta Fantástico

19h – Sanctorum


2 de novembro (terça-feira)

15h – O Estado Contra Mandela e os Outros

17h – Wardi

19h – Sanctorum


3 de novembro (quarta-feira)

15h – Os Mundos Imaginários de Jean François Laguionie

17h – Um Homem Está Morto

19h – Sanctorum


Para a retomada da programação presencial, uma série de adaptações para a utilização do espaço foram implementadas, desde entrada e saída do público, o estabelecimento de limite de espectadores por sessão (teto de 50% de ocupação), distanciamento entre os presentes, sendo bloqueados os assentos demarcados, além do uso obrigatório de máscara durante toda a sessão e o incentivo à higienização constante das mãos. É obrigatória a apresentação de Comprovante de Vacinação Oficial (CONECTE SUS) de acordo com calendário de vacinação estadual para público e trabalhadores de cinemas do Rio Grande do Sul.

terça-feira, 26 de outubro de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: ‘007 - Sem Tempo para Morrer’

Sinopse: James Bond deixa o MI6 e se muda para a Jamaica, mas um antigo amigo aparece e pede sua ajuda para encontrar um cientista desaparecido. Bond mergulha no caso e percebe que a busca é, na verdade, uma corrida para salvar o mundo. 

James Bond é uma criação dos tempos da Guerra Fria e, portanto, o personagem precisou ser renovado caso os estúdios quisessem que a franquia continuasse viva quando o mundo vinha mudando. Embora tenha ocorrido certas mudanças na medida em que o tempo passava alguns títulos, infelizmente, acabaram ficando presos a sua época, não sabendo sobreviver ao teste do tempo e se tornando até mesmo descartáveis. O problema foi talvez terem usado sempre a mesma fórmula de sucesso, mas que acabou com o tempo virando até mesmo uma piada pronta em sátiras como a vista nos filmes de "Austin Powers".

Na época de Pierce Brosnan, ao menos, se deixava muito claro que o personagem era um sobrevivente da Guerra Fria e que precisava se atualizar as novas regras em tempos em que o vilão não possuía uma origem de um país especifico, mas que talvez vivesse até mesmo no território Britânico. Após o 11 de Setembro a franquia precisava se atualizar mais rápido do que nunca e a resposta veio na forma de "007 - Cassino Royale" (2006), onde víamos um James Bond (Daniel Craig) em início de carreira, mais humano, falho e até mesmo se apaixonando. Curiosamente, todos os elementos que giraram em torno desde início se concluem em "007 - Sem Tempo para Morrer" (2021), filme que até se envereda para as velhas fórmulas do passado, mas concluindo de uma forma inesperada, porém, mais do que satisfatória.

Dirigido por Cary Joji Fukunaga, o filme se passa logo depois que James Bond saiu do MI6 e vivendo tranquilamente na Jamaica, mas como nem tudo dura pouco, a vida do espião é agitada mais uma vez. Felix Leiter (Jeffrey Wright) é um velho amigo da CIA que procura o inglês para um pequeno favor de ajudá-lo em uma missão secreta. O que era pra ser apenas uma missão de resgate de um grupo de cientistas acaba sendo mais traiçoeira do que o esperado, levando o agente inglês 007 ao misterioso vilão, Safin (Rami Malek), que utiliza de novas armas de tecnologia avançada e extremamente perigosa.

Embora a premissa nos dá entender que a história vá para os caminhos da previsibilidade, eis que o prólogo nos diz exatamente ao contrário. Para começar, os primeiros minutos começam de forma inesperada, como se estivéssemos assistindo a um filme de terror e culminando em uma semente que teria consequências posteriores ao longo da história. logo em seguida vemos o casal central, Bond e Madeleine (Léa Seydoux) aproveitando aposentadoria do primeiro, mas cujo o passado de ambos retornam para ataca-los.

Depois de mais de meia hora de projeção só aí que surge os famosos créditos de abertura e onde novamente a música rouba a cena. Se percebe que há sempre um cuidado na apresentação dos personagens que serão cruciais para dentro da trama, para só depois as cenas de ação explodirem na tela. Curiosamente, são esses momentos que as vezes poluem uma trama que poderia prejudicar o filme como um todo, mas elas se tornam indispensáveis em momentos em que os personagens se encontram frente a frente com uma revelação ou momento inesperado.

Revelações, aliás, que fazem do filme se diferenciar dos demais títulos da franquia, mas se casando com a proposta principal dos filmes estrelados por Daniel Craig. Embora seja profissional no que faz, esse James Bond nunca escondeu o seu desejo mais profundo de ser feliz com alguém que realmente o amasse, mas que devido a sua profissão isso acabava sendo tirado dele. Se esse tipo de Bond tivemos um pequeno vislumbre lá atrás em "007 - A Serviço Secreto de Sua Majestade" (1969), aqui a situação é intensificada, mas tendo novamente uma conclusão semelhante e ainda mais corajosa diga-se de passagem.

Embora já sentindo peso da idade Daniel Craig se despede do personagem com honras, fazendo a gente já ter saudade e fazendo a gente se culpar quando apontávamos ele de forma negativa quando foi escolhido para o personagem em 2006. Léa Seydoux, por sua vez, não fez de sua personagem uma mera Bond girl, mas sim com conteúdo, com um passado trágico e entregando para o protagonista algo que no passado parecia impossível. E embora tendo pouco tempo de cena Rami Malek surpreende com um vilão verossímil, cuja a sua causa não se envereda somente para um projeto megalomaníaco e fazendo com que tenhamos medo do próprio devido as suas ações a todo momento.

Embora com um ato final, longo, cheio de ação, efeitos visuais e muitos tiros, é preciso dar um salve de palmas para os realizadores em colocar o personagem em um cenário então inédito para a franquia. Claro que haverá muitos que irão me discordar, mas esse final fará com que as pessoas saiam do cinema com o filme ainda em sua cabeça e em tempos em que muitos Blockbuster são lançados para logo serem descartados isso acaba se tornando um grande feito. Um final digno, mas que não é preciso ser gênio que um dia veremos um reboot, mas que por mim o ponto final da franquia fica sendo por aqui mesmo.

"007 - Sem Tempo para Morrer" é o ato final da fase Daniel Graig, que se encerra de uma forma digna e que quebra o lado previsível que boa parte franquia carregava ao longo das décadas.   


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segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Cine Dica: Próximo Cine Debate: ‘O Pianista’

Participem da live e confira abaixo a minha análise sobre o clássico. 

"O PIANISTA" (2002)

Sinopse: Um pianista judeu polonês vê Varsóvia mudar gradualmente à medida que a Segunda Guerra Mundial começa. Szpilman é forçado a ir para o Gueto de Varsóvia, mas depois é separado de sua família durante a Operação Reinhard. 

Em tempos de intolerância cabe a pessoa tentar de todas as formas sobreviver contra o horror que vem da insanidade humana. Na cultura, por exemplo, obtemos a chance de conseguirmos um abrigo, mesmo quando o pouco que nos resta é a força de vontade manter o nosso conhecimento dentro de nossas mentes e das quais a loucura do homem não possa alcançar. "O Pianista" (2003) é sobre a força do talento de um homem perante a morte e da qual consegue obter a sua fuga graças ao seu prazer através da música.

Dirigido por Roman Polanski, o filme conta a história do pianista polonês Wladyslaw Szpilman (Adrien Brody) que interpretava peças clássicas em uma rádio de Varsóvia quando as primeiras bombas caíram sobre a cidade, em 1939. Com a invasão alemã e o início da 2ª Guerra Mundial, começaram também restrições aos judeus poloneses pelos nazistas. Inspirado nas memórias do pianista, o filme mostra o surgimento do Gueto de Varsóvia, quando os alemães construíram muros para encerrar os judeus em algumas áreas, e acompanha a perseguição que levou à captura e envio da família de Szpilman para os campos de concentração. Wladyslaw é o único que consegue fugir e é obrigado a se refugiar em prédios abandonados espalhados pela cidade, até que o pesadelo da guerra acabe. 

Baseado em fatos verídicos, o filme também é uma espécie de retrato das memórias que o cineasta obteve quando ele e seus pais foram presos no campo de concentração. O seu pai conseguiu sobreviver, porém, sua mãe morreu em Auschwitz. Ao vermos, portanto, o protagonista lutando para continuar vivo, podemos concluir que o horror que ele testemunha não é muito diferente que o cineasta testemunhou quando criança.

Vencedor de três Oscar, incluindo melhor diretor para Polanski e melhor ator para Adrien Brody, o filme é uma das maiores produções da carreira do diretor, cuja a edição de arte e fotografia se alinham perfeitamente para reconstituir Varsóvia daqueles tempos e que, aos poucos, começa a descer ao inferno a partir do momento em que o nazismo invade o cenário. Assim como o clássico "A Lista de Schindler" (1993), Polanski procura explicitar a violência da maneira como ela realmente foi, porém, diferente do filme Steven Spielberg, aqui há cores, mas pálidas, como se a vida ali começasse-se a se esgotar perante a barbárie praticada pelos nazistas. Diante de tudo isso, Szpilman se torna o nosso olhar com relação aquele cenário caótico, mas cuja a sua força em querer continuar vivendo se alinha com o nosso desejo para que ele possa sair dessa vivo.

Porém, curiosamente, Roman Polanski procura não tachar de forma negativa a figura do cidadão alemão como um todo, já que a ideia do nazismo partiu de um único homem e cujo o seu ódio fez brotar o pior do ser humano. Portanto, ao vermos um nazista ajudando o protagonista sobreviver no ato final da trama, podemos concluir que o realizador procura nos passar um sinal de esperança e de que o veneno da intolerância não consegue contaminar a todos no final da jornada. Ao final, vemos Szpilman voltar a praticar o que ele mais ama que é a música, mas não escondendo em seu olhar as cicatrizes emocionais que ainda carrega e que carregou pelo resto de sua vida.

Quase vinte anos desde o seu lançamento o filme possui um grande impacto ainda hoje. Em tempos em que a Extrema Direita Fascista, liderados por homens como Donald Trump e Bolsonaro e tanto outros ao redor do mundo nos assombram, o filme deixa uma mensagem mais do que clara de que eles podem sim nos tirar tudo, mas jamais nos tiraram a nossa humanidade e a nossa principal arma que é o conhecimento e do qual o mesmo jamais será incinerado da maneira como eles desejam. "O Pianista" é uma obra prima em todos os sentidos e um exemplo de força perante o horror vindo do genocídio.       


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sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: 'Duna'

Sinopse: Paul Atreides é um jovem brilhante, dono de um destino além de sua compreensão. Ele deve viajar para o planeta mais perigoso do universo para garantir o futuro de seu povo.

Durante muito tempo muitos clássicos literários foram considerados impossíveis para serem adaptados para o cinema, ao menos na opinião de determinados fãs dos contos. Alguns consideraram impossível levar para as telas, por exemplo, "O Senhor dos Anéis" de J. R. R. Tolkien, mas foi em 2001 que Peter Jackson provou ao contrário e nos brindando com uma trilogia que respeita, tantos os fãs da obra literária, como também atrair um público que nem sabia da riqueza vinda da terra média. O sucesso da trilogia reacendeu a possibilidade de levar novos clássicos literários para o cinema, mas ao mesmo tempo despertando a desconfiança ferrenha dos fãs de determinadas obras.

Se por um lado nos últimos tempos os efeitos visuais romperam as fronteiras entre o realismo e o artificial, do outro, é muito difícil as vezes levar para o cinema uma linguagem que somente funcione nas páginas de um livro. Portanto se torna uma missão ingrata para um realizador manter em harmonia uma linguagem extraída das páginas com as regras impostas da sétima arte e que perdura até os dias de hoje. Eis então que chegamos a "Duna" (2021), a mais nova versão da obra literária do escritor Frank Herbert, da qual pode se tornar revolucionaria, ou então a sua última tentativa de ser levada as telas.

Dirigido por Denis Villeneuve, o mesmo de "Blade Runner - 2049" (2017), "Duna" se passa em um futuro longínquo. O Duque Leto Atreides administra o planeta desértico Arrakis, também conhecido como Duna, lugar de única fonte da substância rara chamada de "melange", usada para estender a vida humana, chegar a velocidade da luz e garantir poderes sobre-humanos. Para isso ele manda seu filho, Paul Atreides (Timothée Chalamet), um jovem brilhante e talentoso que nasceu para ter um grande destino além de sua imaginação, e seus servos e concubina Lady Jessica (Rebecca Fergunson), que também é uma Bene Gesserit. Eles vão para Duna, afim de garantir o futuro de sua família e seu povo. Porém, uma traição amarga pela posse da melange faz com que Paul e Jessica fujam para os Fremen, nativos do planeta que vivem nos cantos mais longes do deserto.

Essa não é a primeira vez que Denis Villeneuve tem a árdua tarefa de adaptar para o cinema uma obra literária complexa como essa, pois basta pegarmos como exemplo a sua adaptação de "O Homem Duplicado" (2013) de José Saramago para termos uma vaga ideia. Porém, desafios como esse que o cineasta soube superar ao longo dos anos, pois o mesmo soube conduzir com maestria, não somente uma continuação digna de nota do cultuado "Blade Runner" (1982), como também nos surpreendendo com a ficção "A Chegada"(2019). Em ambos os casos o cineasta criou uma visão própria, onde os cenários não eram somente grandiosos, como também poéticos e cheios de simbolismos.

Por conta disso, não só veremos uma adaptação fiel de "Duna" para o cinema, como também uma visão particular do cineasta com relação aquele universo literário. Contudo, é curioso observar que a visão do cineasta se assemelha quase perfeitamente com a visão do escritor Frank Herbert, mas somente obtendo esse feito graças aos efeitos visuais de ponta de hoje em dia. Vale destacar que a edição de arte e fotografia andam aqui de mãos dadas e fazendo do visual da obra uma das mais significativas do ano.

Ao mesmo tempo, o lado técnico da produção é todo orquestrado para que aquele universo soe verossímil, familiar e dando a entender que Denis Villeneuve captou a a ideia principal do escritor, do qual o mesmo criou a sua obra literária como uma espécie de reflexo sobre as guerras e as lutas dos povos em busca de poder e energia. Assuntos como esses que perduram até os dias de hoje e fazendo com que a adaptação não soe atrasada, mas sim contemporânea e podendo atrair até mesmo aqueles que nunca leram uma página da obra. Curiosamente, Villeneuve manteve fiel a linguagem, costumes, religião e nomes complexos vindos de sua fonte, o que talvez não assuste um marinheiro de primeira viagem, desde que esse último abra a sua mente.

Com um elenco estelar, destaco o próprio protagonista, interpretado com certa intensidade pelo jovem ator Timothée Chalamet e que soube passar para nós a dúvida e o peso que o personagem carrega ao longo da história. O mesmo vale para Oscar Isaac e Rebecca Ferguson, sendo que o primeiro possui uma última cena merecedora de aplausos. E se por um lado Zendaya não teve ainda o espaço necessário para explorar a sua personagem (quem sabe no segundo filme), do outro, Javier Bardem surpreende em seus poucos momentos de cena.

A grande frustração dessa adaptação fica por conta que não há um final conclusivo, já que o filme somente adapta metade da obra literária. Com uma linguagem complexa, além de um visual incomum, o filme corre o risco de afastar uma boa parcela do público que talvez não esteja interessado em adentrar em algo desconhecido, que faça pensar e que foge do cenário convencional da indústria cinematográfica. Com uma trilha majestosa de Hans Zimmer, concluo que só o tempo dirá se o investimento valeu a pena ou se o público de hoje ainda não está pronto para "Duna". 

 


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quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (21/10/21)

Duna

Sinopse: Em um futuro distante, planetas são comandados por casas nobres que fazem parte de um império feudal intergalático. Paul Atreides (Timothée Chalamet) é um jovem cuja família toma controle do planeta deserto Arrakis, também conhecido como Duna. Sendo a única fonte da especiaria melange, a substância mais importante do cosmos.


Andre Matos - O Maestro do Rock

Sinopse: Com cenas nunca antes vistas, incluindo a última entrevista do artista meses antes de morrer, “Andre Matos – Maestro do Rock” traça a trajetória do maior vocalista brasileiro de heavy metal de todos os tempos, que ficou famoso mundialmente mesmo sendo avesso à fama. 


Ron Bugado

Sinopse: Ron Bugado conta a história do jovem Barney, um menino de onze anos que tem dificuldade de fazer novos amigos, e seu companheiro Ron, uma inteligência artificial de alta tecnologia que anda, fala e é o "melhor amigo fora da caixa" de Barney. Mas quando Ron começa a ter seu funcionamento comprometido, os dois saem em uma aventura repleta de ação, onde a amizade entre os dois se mostra verdadeira.


 

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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO DE 21 A 27 DE OUTUBRO DE 2021 na Cinemateca Paulo Amorim

 SEGUNDAS-FEIRAS NÃO HÁ SESSÕES

Morangos Silvestres. 


SALA 1 / PAULO AMORIM


15h30 – TAIS & TAIANE *ESTREIA* Assista o trailer aqui.

(Brasil, 2021, 106min). Direção de Augusto Sevá, com Gabriella Verganni e Yasmin Santos. Pandora Filmes, 14 anos. Drama.

Sinopse: Duas jovens garotas, com histórias de vida completamente diferentes, se conhecem na estrada, enquanto tentam uma carona. Taís está em busca do pai, enquanto Taiane oferece seus serviços de prostituta para os caminhoneiros. Como todo “road movie”, esta jornada também vai oferecer desafios e aproximar as duas protagonistas.


*NÃO HAVERÁ SESSÃO NO DIA 24 (DOMINGO).


15h – MORANGOS SILVESTRES Assista o trailer aqui.

(Suécia, 1957, 90min). Direção de Ingmar Bergman, com Victor Sjöström.

Sinopse: Às vésperas da viagem para receber um prêmio importante, um velho professor decide fazer o roteiro de carro e revisita lugares importantes de seu passado. Urso de Ouro no Festival de Berlim de 1958.


17h30 – A CANDIDATA PERFEITA Assista o trailer aqui.

(The Perfect Candidate - Alemanha/Arábia Saudita, 2020, 105min) Direção de Haifaa Al Mansour, com Mila Alzahrani, Dae Al Hilali, Nourah Al Awad. Imovision, 14 anos. Drama.

Sinopse: Primeira mulher a dirigir um longa na Arábia Saudita (foi "O Sonho de Wadja", em 2012), a diretora Haifaa Al Mansour coloca seu foco agora na resiliência feminina. A protagonista do título é Maryam, uma jovem médica que todos os dias precisa provar para os homens que é competente. Movida pelo desejo de melhorar a comunidade onde vive, ela resolve se candidatar ao cargo de secretária municipal – mesmo sabendo que o respeito à cultura e as tradições religiosas vem antes de qualquer projeto pessoal.


SALA 2 / EDUARDO HIRTZ


14h30 – LOS LOBOS *ESTREIA* Assista o trailer aqui.

(México, 2020, 90min). Direção de Samuel Kishi Leopo, com Martha Reyes Arias, Maximiliano Márquez, Leonardo Márquez. Vitrine Filmes, 14 anos. Drama.

Sinopse: Baseado nas memórias de infância do próprio diretor, o roteiro acompanha Lucia e seus dois filhos pequenos - Max e Leo - numa cruzada para melhorar de vida nos Estados Unidos. Os pequenos sonham em conhecer a Disney e seus muitos heróis, mas são obrigados a passar seus dias trancados em um apartamento miserável enquanto a mãe sai para trabalhar. A vida lá fora não tem heróis, apenas imigrantes como eles, que vêm de várias partes do mundo. Na imaginação de uma criança, entretanto, a realidade pode ser bem diferente.


17h – ARANHA Assista o trailer aqui.

(Araña – Chile/Argentina/Brasil, 2019, 105min). Direção de Andrés Wood, com María Valverde, Gabriel Urzúa, Pedro Fontaine. Pandora Filmes, 16 anos. Drama.

Sinopse: Às vésperas do golpe militar no Chile, em 1973, os estudantes Inés, Justo e Gerardo integravam o grupo de extrema direita Patria y Partido, cujo símbolo lembrava uma aranha. Quarenta anos depois, na Santiago dos dias atuais, Gerardo está de volta ao país e sustenta o mesmo pensamento fascista e xenófobo de antigamente. O que quase ninguém sabe é que, na juventude, ele tinha um caso com Inés - ao mesmo tempo em que ela namorava Justo. Hoje rica e poderosa, Inés não quer que alguns segredos do passado venham à tona. O filme foi indicado pelo Chile à disputa pelo Oscar de filme estrangeiro.


19h – SANCTORUM *ESTREIA* Assista o trailer aqui.

(México/Rep. Dominicana/Qatar, 2020, 85min). Direção de Joshua Gil, com Erwin Pérez Jiménez, Nereyda Vásquez, Virgen Torres. Zeta Filmes, 14 anos. Drama/Fantasia.

Sinopse: Vencedor do prêmio de melhor filme no Festival Indie 2020, a produção busca um tom poético para tratar de um problema brutal: a indústria das drogas no México. Isolada entre narcotraficantes e um exército corrupto, a mãe de uma família humilde só consegue sobreviver trabalhando em plantações de maconha. Quando ela não volta do trabalho, a avó ensina ao neto a importância de rezar e respeitar os deuses da natureza.


PREÇOS DOS INGRESSOS:

TERÇAS, QUARTAS e QUINTAS-FEIRAS: R$ 12,00 (R$ 6,00 – ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). SEXTAS, SÁBADOS, DOMINGOS, FERIADOS: R$ 14,00 (R$ 7,00 - ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). CLIENTES DO BANRISUL: 50% DE DESCONTO EM TODAS AS SESSÕES. 

Professores tem direito a meia-entrada mediante apresentação de identificação profissional. Estudantes devem apresentar carteira de identidade estudantil. Outros casos: conforme Lei Federal nº 12.933/2013. Brigadianos e Policiais Civis Estaduais tem direito a entrada franca mediante apresentação de carteirinha de identificação profissional.

*Quantidades estão limitadas à disponibilidade de vagas na sala.

A meia-entrada não é válida em festivais, mostras e projetos que tenham ingresso promocional. Os descontos não são cumulativos.Tenha vantagens nos preços dos ingressos ao se tornar sócio da Cinemateca Paulo Amorim. Entre em contato por este e-mail ou pelos telefones: (51) 3136-5233, (51) 3226-5787.


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