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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Cine Especial: Cine Debate: 'Maudie - Sua Vida e Sua Arte'

Sinopse: Maudie conta a história luminosa do sucesso e reconhecimento de uma artista popular a despeito da dor e do preconceito. 

O clássico "Meu Pé Esquerdo" (1989) contava a emocionante história de  Christy Brown (Daniel Day‑Lewis), um jovem com paralisia cerebral, mas que usava os seus pés para pintar obras magníficas. Esse é um de vários exemplos de superação e do qual os realizadores da sétima arte sempre fizeram questão de levar as suas histórias para as telas do cinema. "Maudie - Sua Vida e Sua Arte" (2017) é mais um que se destaca entre vários exemplos de superação e fará muitos se apaixonarem pelo universo das artes.

Dirigido pela cineasta Aisling Walsh, do filme "O Inferno de São Judas" (2003), o filme conta a história de Maud Lewis, interpretada pela atriz Sally Hawkins do filme "A Forma da Água" (2018), que sofre com problemas de artrite reumatoide, que causa inflamações e deformações nas articulações do seu corpo. Apesar disso, possui incríveis habilidades artísticas. Passada para trás pelo irmão e incomodada com a vigilância exagerada da tia, ela busca independência trabalhando para um rabugento e pobre vendedor de peixes, interpretado pelo ator Ethan Hawke e visto recentemente no filme "A Verdade" (2019).

Só pela situação inicial em que a protagonista se encontra ela já obtém a nossa total atenção. Porém, na medida em que o primeiro ato avança, conhecemos a sua personalidade complexa e da qual não pode ser subestimada somente pelo seu problema físico. Além de ter um dom próprio pela arte, Madie enxerga o que os outros não veem e observa as qualidades do bronco Everett Lewis e do qual vê nele a chance obter mudanças em sua vida, mesmo quando elas parecem distante de acontecer.

Visualmente, o filme é um colírio para os nossos olhos, onde a fotografia destaca as estações de ano que vão ocorrendo durante a história e mostrando gradualmente as mudanças que o cenário principal vai sofrendo de forma positiva. Vale destacar como a cineasta dá o devido destaque as janelas do cenário principal, como se aquele fosse uma forma da protagonista enxergar a realidade de sua maneira e assim obter primorosas pinturas vindas de suas lembranças. É um mundo esquecido por Deus onde se passa a história, mas logo vai criando vida de uma forma jamais vista.

Mas se por um lado o visual nos surpreende, do outro, a atuação do casal principal da história é de uma força única. Sally Hawkins entrega o que é, talvez, a melhor atuação de sua carreira, onde ela se transforma fisicamente e transmitindo para nós toda a fraqueza de sua personagem, mas que encontra forças através de sua arte. Porém, é preciso reconhecer que Ethan Hawke não fica muito atrás e sua atuação de uma pessoa que guarda para si uma carga de sentimentos jamais liberados me fizeram me lembrar muito a atuação de Heath Ledger no filme "O Segredo de Brokeback Mountain" (2005).

Ambos juntos em cena nos fazem criar sempre uma expectativa com relação ao que virá em seguida, já que Everett é em alguns momentos uma entidade da natureza prestes a explodir e fazendo a gente temer pelo que irá acontecer a Maudie. Porém, gradualmente, nasce ali uma improvável história de amor e que fará muitos suspirarem em momentos singelos em que os protagonistas desfrutam em situações em que harmonia transborda fora da tela. O final irá arrancar as lagrimas de alguns, mas fará muitos quererem revisitar o filme sempre quando for possível.

'Maudie - Sua Vida e Sua Arte' é uma reconstituição sobre a vida de um grande talento e do qual foi longe mesmo quando o mundo lhe dizia ao contrário. 

NOTA: O Filme será o próximo tema da Live "Cine Debate". Mais informações você encontra pelo Psicóloga Maria Emília Bottini clicando aqui.

Onde Assistir: Netflix. 

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sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Cine Dica: Streaming: 'A Maldição da Mansão Bly'

Sinopse: A história principal acompanha Dani Clayton, um dos vários rostos de "Residência Hill" no elenco), americana vivendo há seis meses em Londres que, em 1987, aceita uma posição como babá para dois órfãos, os irmãos Miles e Flora.

"A Maldição da Residência Hill" foi uma grata surpresa para os que acompanham o catálogo da Netflix. Transitando entre o horror fantasmagórico e psicológico, a série caiu no gosto do popular e surpreendendo até mesmo os donos da plataforma. Eis então que chega "À Maldição da Mansão Bly", com um mesmo elenco, mas com uma nova e fresca história. 

A trama conta a história da jovem Dani Clayton (Victoria Pedretti), que é contratada por Henry Wingrave (Henry Thomas) para trabalhar numa enorme e antiga mansão, cuidando de seus dois sobrinhos órfãos. Mas tudo se complica quando os irmãos Flora (Amelie Bea Smith) e Miles (Benjamin Evan Ainsworth) começam a apresentar um comportamento estranho. A história se passa na Inglaterra de 1987 e é inspirada no conto "A Volta do Parafuso" de Henry James.  

Dirigido por Mike Flanagan, o mesmo de "A Maldição da Residência Hill", pode-se dizer que essa série é uma espécie de segunda temporada, pois o elenco é o mesmo, mas com uma nova história. A ideia não é nova, já que ela foi usada em séries antológicas como "American Crime Story" e "American Horror Story" e pelo visto a fórmula rendeu frutos. Embora com um início meio arrastado, a trama nos fisga logo em seguida, principalmente por possuir personagens curiosos e dos quais queremos conhecê-los mais de perto.  

Vale salientar que a série em si não é exatamente puro terror, já que ela transita por momentos dramáticos e até mesmo românticos. Assim como a primeira temporada, essa série transita também para momentos de terror mais psicológico e fazendo a gente se perguntar se as situações em que os personagens passam não são apenas frutos de suas mentes. A situação somente fica sobrenatural mesmo na reta final, onde as raízes de origem do cenário principal são destrinchadas e revelando uma trágica verdade. 

Com um final que mexe com as nossas emoções com relação ao destino de alguns personagens principais, " Maldição da Mansão Bly" é um produto de qualidade, do qual não deve nada a sua antecessora a e fazendo a gente aguardar pela próxima história de uma casa mal assombrada. 

Onde Assistir: Netflix 


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quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (26/11/20)

 Babenco, Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou

Sinopse: Documentário sobre o cineasta Hector Babenco. Através de relatos marcantes sobre as memórias, amores, reflexões, intelectualidade e a frágil condição de saúde, o filme revela o quanto seu amor pelo cinema o manteve vivo por tantos anos.


Pacarrete

Sinopse: Pacarrete é uma bailarina idosa do interior do Ceará que, na véspera da festa de 200 anos da cidade, decide presentar a população com uma apresentação de dança, mas ninguém parece se importar.


Invasão Zumbi 2: Península


Sinopse: Quatro anos após o surto de zumbis, a Coreia do Sul está isolada com os sobreviventes tentando escapar da Península abandonada para Hong Kong. Nesse contexto, o ex-soldado Jun-seok, que conseguiu sair e vive como refugiado, retorna ao local infectado para cumprir uma missão.


Boni Bonita

Sinopse: Após a morte de sua mãe, Beatriz decide se mudar para o Brasil e conhece um músico intenso.


Mulher Oceano

Sinopse: A vida de duas mulheres, aparentemente desconexas, começa a interferir uma na outra.

Meu "Querido" Elfo

Sinopse: Uma família compra um flat em que um elfo doméstico habita, que se recusa a sair. Entretanto, eles precisam da ajuda da criatura para proteger a casa.


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quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Cine Dica: Streaming: 'O que Ficou Para Trás'

 Sinopse: A trama segue um casal que deixa o Sudão e passa a viver no Reino Unido. Porém, a vida não é fácil no novo país. 

Em meio a tantos problemas traumatizantes do nosso mundo atual, seja eles vindos da pandemia ou de questões políticas, faz com que os monstros clássicos do cinema de horror se tornem apenas uma brincadeira para ser curtida em uma tarde descompromissada. Há, porém, aqueles filmes que transitam entre a realidade e a fantasia e nascendo assim uma obra que assusta, mas que dialoga com o que acontece no nosso mundo a fora. "O que Ficou Para Trás" parece em um primeiro momento aquela típica trama de casa mal assombrada, mas a questão se encontra muito mais embaixo e surpreendendo os nossos olhos.

Dirigido pelo estreante Remi Weekes, o filme conta a história de um casal de refugiados, que faz uma fuga angustiante do Sudão do Sul, devastado pela guerra, lutando para se ajustar à sua nova vida em uma cidade inglesa. O que eles não contavam é que essa cidade possui um terrível mal escondido sob a superfície, esperando apenas o momento certo para ascender.

Embora seja vendido como uma obra de terror, o filme se inicia com questões familiarmente dramáticas que testemunhamos nos nossos telejornais do dia a dia, que vai desde aos refugiados que fogem de seus países devido as guerras, como também da maneira como os donos das terras estrangeiras os tratam no momento em que pisam o pé no novo mundo. Aliás, o cenário principal da trama nada mais é do que o descaso do estado perante a essas pessoas que precisam de ajuda, mas cujo os mesmos são jogados a própria sorte e tendo que enfrentar uma nova realidade.

Gradualmente, o filme vai adentrando ao cenário típico dos filmes de terror, desde aos jogos de luz e sombras, como também os famigerados vultos que se misturam com o escuro tenebroso. Porém, na medida em que trama avança, o realizador Remi Weekes coloca em nós a semente da dúvida, pois a trama transita por momentos tanto verossímeis, para situações Fantasmagórica, mas que podem ser vindas de uma mente fragmentada devido ao passado cheio de horror e angustia. Por conta disso, o filme entra facilmente para a lista do subgênero "pós-terror" e cuja as obras dialogam muito bem com os nossos principais temores do mundo real.

O casal central, interpretados pelos atores Wunmi Mosaku e Sope Dirisu se saem muito bem em cena, sendo que esse último protagoniza os momentos de maior tensão dentro da trama. Com efeitos visuais práticos para construir um clima de pura tensão claustrofóbica, o filme gira em torno principalmente da questão da culpa, de como ela nos corrói e de como ela então faz criar fantasmas que tentam nos assombrar. Atenção para cena em que um dos protagonistas dá de encontro com o seu passado traumático e se tornando o melhor momento da história como um todo.

Desde já, "O Que Ficou Para Trás" é o melhor filme de terror do ano, cuja a sua proposta e simplicidade se tornam os principais ingredientes para se tornar uma obra indispensável para os nossos olhos. 

Onde Assistir: NETFLIX 


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terça-feira, 24 de novembro de 2020

Cine Dica: Streaming: 'Queen e Slim'

Sinopse: Enquanto aproveitam seu primeiro encontro, Queen e Slim são parados por uma pequena infração de trânsito. Quando a parada descontrola e Slim mata o policial em um ato de autodefesa, o casal é forçado a fugir. 

O roadie movie (ou filme de estrada) é um subgênero que não fala somente da jornada dos protagonistas, como também da realidade em sua volta. Se por um lado "Sem Destino" (1969) falava de uma sociedade norte americana cansada do seu conservadorismo hipócrita, por outro lado, "Bonnie e Clyde" (1967) falava sobre uma população tentando sobreviver da sua maneira em meio a depressão dos anos trinta. É aí que chegamos a "Queen Slim" filme que fala da população negra cada vez mais perseguida pelo preconceito devido a era Donald Trump.

Dirigido pela estreante Melina Matsoukas, o filme conta a história de Queen, interpretada pela atriz  Jodie Turner-Smith do filme "Demônio de Neon" (2016), e Slim, interpretado pelo ator Daniel Kaluuya do filme "Corra" (2017), um casal negro que a pouco haviam se conhecido, mas que  são detidos por uma pequena infração de trânsito. A situação se agrava, com resultados repentinos e trágicos, quando Slim mata o policial em legítima defesa. Aterrorizados e com medo da destruição de suas vidas pessoais e profissionais, são forçados a fugir. Mas o incidente é registrado em vídeo e viraliza na internet, e o casal involuntariamente se torna um símbolo de trauma, terror, pesar e dor para pessoas de todo o país.

O filme poderia se passar em qualquer época dos EUA, já que o país ainda é uma das nações mais preconceituosas do mundo contra a comunidade negra. Contudo, devido ao fato de vivermos em uma época de perseguição da extrema Direita, o filme vem em um momento mais do que apropriado, principalmente pelo fato de os últimos assassinatos ocorridos terem sido orquestrados por policiais racistas por lá. Porém, é um tema para ser discutido de forma universal, já que o Brasil não fica muito atrás com relação a essa questão, principalmente nos tempos de governo fascista em que nos domina.

Ao se defenderem contra a intolerância imposta por um policial, Queen e Slim adentram em uma corrida contra o tempo e acabam conhecendo a verdadeira face dos EUA. Na medida em que a trama avança, os protagonistas conhecem diversos personagens, onde cada um tem um ponto de vista sobre eles e fazendo assim levantar diversos debates. Não deixa de ser curioso, por exemplo, que através dos protagonistas e dos personagens que surgem em sua jornada é que se levanta opiniões similares com as de Malcolm x e de Martin Luke King e cujo esse debate perdura até hoje.

Já o casal de protagonistas eles seriam uma espécie de representação da comunidade negra atual, da qual se divide entre ficar em silêncio ou se levantar contra o preconceito. Durante a jornada, ambos acabam aprendendo certos valores até então desconhecido e, aos poucos, começando a se apaixonarem um pelo outro. Tanto Daniel Kaluuya como Jodie Turner-Smith estão ótimos em seus respectivos papéis e fazendo com que o nascimento da paixão entre ambos se torne realmente verossímil.

Em termos de direção, Melina Matsoukas demonstra total controle no que faz, ao passar para nós uma direção segura e fazendo a gente ter interesse em seus próximos projetos que poderão vir em seguida. Com uma boa edição, o filme transita entre a calmaria para momentos de pura tensão e embalados por uma ótima trilha sonora que remete até mesmo aos tempos dos anos setenta. O final da obra não é muito diferente dos clássicos citados no início do texto, mas acaba sendo mais do que satisfatório, pois nos faz pensar diversas horas sobre o que nós testemunhamos.

"Queen e Slim" é sobre resistir contra os tempos de intolerância, mesmo quando a causa parece perdida. 

Onde assistir: Google Play Filmes 

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segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Cine Dica: Streaming: 'OS 7 de Chicago'

Sinopse: A trama acompanha um grupo de ativistas acusado de começar uma batalha em Chicago durante a Convenção Nacional Democrata de 1968. Os ativistas foram para cidade, seguidos por milhares de pessoas, para se manifestar pacificamente  


Em tempos em que a extrema direita domina as diversas potências do mundo é notório como a Hollywood atual anda olhando cada vez mais para trás e percebendo que o sistema de controle deles sempre esteve lá. Ao tentar acobertar as inúmeras mortes de soldados norte-americanos durante a guerra do Vietnã, o então governo do Presidente Nixon direcionava a sua atenção para os manifestantes que lutavam pela vida, pelo direito de protestar e homenagear as vítimas dessa guerra absurda. "Os 7 de Chicago" foi uma história de muitas de uma época em que EUA se diziam um país democrático, mas que as ações governamentais não ficavam muito atrás de um país autoritário.

Dirigido por Aaron Sorkin, do filme "A Grande Jogada" (2017), o filme é baseado em uma história real, onde acompanhamos a manifestação contra a guerra do Vietnã que interrompeu o congresso do partido Democrata em 1968. Ocorreram diversos confrontos entre a polícia e os participantes. No total, dezesseis pessoas foram indiciadas pelo ato.

Os protestos de Maio de 68 na França fizeram acordar um gigante adormecido, onde se revelou a outra face de uma sociedade presa as regras de um sistema movido sempre por engrenagens humanas, mas das quais os poderosos nunca deram bola. O movimento serviu para que se alastrasse em outros países e culminando nestes eventos vistos neste filme. Embora não seja uma história verídica conhecida para o público atual, ao menos, é sempre importante os mesmos testemunharem que os dilemas políticos atuais em que enfrentamos não eram muito diferentes do que os nossos pais ou avós enfrentaram no passado.

Tecnicamente o filme é um colírio para os olhos para aqueles que gostam de uma reconstituição de época e nisso Aaron Sorkin consegue acertar em cheio. Com uma edição de arte e fotografia de cores que sintetizam a época, o filme possui uma edição ágil, entrelaçada com uma contagiante de trilha da época e fazendo a gente jamais desviar da tela. Nada mal para um filme sobre um julgamento, do qual necessita de um ritmo, mas nisso o filme obtém e com gosto.

Outro ponto a favor do filme está em seu elenco estelar, formado por  Yahya Abdul-Mateen II, Sacha Baron Cohen, Joseph Gordon-Levitt, Michael Keaton, Frank Langella, John Carroll Lynch, Eddie Redmaye, Mark Rilance e tantos outros que brilham em seus respectivos papéis e que cada um deles são peças essenciais para trama. Destaco o desempenho de Sacha Baron Cohen, cujo o seu personagem transita entre os momentos de humor com dramaticidade e provando que o intérprete não viverá para sempre da sombra de seu maior sucesso que foi "Borat" (2007).

Infelizmente o filme se perde um pouco em seu discurso em fazer com que o público se emocione, quando na realidade a intenção principal é criar um debate para que essas novas gerações reflitam sobre as reais intenções de seus governantes. Os minutos finais, aliás, não foge do típico final hollywoodiano, sendo que a obra estava indo muito bem até ali, muito embora isso não desconstrói a sua proposta principal para nós. Em suma, o filme levanta a questão sobre determinados julgamentos, se eles nascem através de um crime verdadeiro, ou se é fruto de poderes políticos e cuja a intenção é mudar o percurso de determinados eventos futuros.

"Os 7 de Chicago" é sobre tempos em que havia julgamentos políticos explícitos, mas não muito diferentes dos que ocorrem em nosso tempo. 


Onde Assistir: Netflix


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quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Cine Dica: Em Cartaz: 'Convenção das Bruxas' (2020)

 Sinopse: A história  sombria de um jovem órfão que em 1967, vai viver com a sua Avó  numa cidade rural do Alabama, Demopolis. Quando o rapaz e a Avó encontram umas bruxas encantadoras, mas diabolicamente traiçoeiras, a avó decide levar o neto para um luxuoso resort à beira-mar. 

A refilmagem não é algo novo na história do cinema, pois basta lermos os livros de história para descobrimos que elas sempre estiveram lá. Basta pegarmos, por exemplo, "Ben-Hur" (1926), ou então "Os Dez Mandamentos" (1923), clássicos do cinema mudo, mas que tiveram as suas refilmagens lançadas nos anos cinquenta e se tornando melhores e muito mais bem lembradas. Contudo, nem todo o clássico precisa de uma refilmagem, pois sempre haverá o risco dela se tornar dispensável para os olhos de um cinéfilo mais exigente.

O problema dos produtores de cinema atualmente é subestimar a inteligência do cinéfilo, pois eles acreditam que o público atual não terá interesse de assistir a um filme mais antigo. Pegamos um exemplo recente da nova versão de "Rebecca", lançado recentemente pela Netflix e sendo uma refilmagem do clássico criado por Alfred Hitchcock em 1940. O resultado é uma refilmagem econômica, sem nenhum brilho e tão pouco ambicioso.

Outro fator determinante para existir mais refilmagens atualmente é devido à falta de ideias criativas dos produtores atuais, dos quais não conseguem criar uma história original e assim recorrendo ao passado e vendo o que já deu certo. Alguns lançamentos acabam se tornando bem sucedidos, outros um fracasso e há aqueles que dividem bastante a opinião do público. A nova versão de "Convenção das Bruxas" vem para fazer muito barulho, dividindo opiniões e ofuscando os seus pontos positivos como um todo.

Dirigido pelo consagrado diretor Robert Zemeckis, o filme é uma refilmagem do clássico de 1990, onde acompanhamos um garoto (Jahzir Bruno) de sete anos que se depara com uma conferência de bruxas em um hotel. Lá, ele acaba descobrindo que um grupo de bruxas está fazendo uma convenção, pretendendo transformar todas as crianças do mundo em ratos. Unindo forças com a sua avó, interpretada pela atriz Octavia Spencer, o pequeno protagonista luta contra o tempo para derrotar a grande Bruxa, interpretada pela atriz Anne Hathaway.

É curioso o filme ser dirigido por Robert Zemeckis, já que a primeira versão de 1990 tinha todos os ingredientes dos filmes de aventura de sucesso dos quais ele havia comandado na época como, por exemplo, a trilogia "De Volta para o Futuro", "Uma Cilada para Roger Rabbit" (1988) e tantos outros filmes que conquistaram uma geração inteira. Por conta disso, se o diretor tivesse comandado esse conto anos antes, talvez não passaria por certos vícios do diretor sofre atualmente, do qual cada vez mais se encontra obcecado na elaboração de efeitos visuais, mas esquecendo do ingrediente principal que é criar uma boa história. Ambas as tramas são quase identificas, mas é em sua elaboração que a coisa se complica.

Porém, é preciso reconhecer que o primeiro ato é muito mais bem elaborado nesta nova versão do que a anterior, principalmente na apresentação do neto e de sua avó e dos quais simpatizamos com eles rapidamente. Mas a situação se torna meio que complexa, justamente quando ocorre a convenção de bruxas em um hotel e ocorrendo, enfim, a tão famosa cena da conferência. Se na versão anterior esse momento foi muito bem orquestrado pela direção de Nicolas Roeg e pela atuação incrível de Anjelica Huston, por outro lado, essa nova versão sofre com os vícios de Robert Zemeckis.

Anne Hathaway fez o que pode para criar uma ótima versão da grande Bruxa para si, mas o seu visual acaba se tornando prejudicado por um CGI dispensável e que perde de longe se comparado a pesada e incrível maquiagem de Anjelica Huston. A situação se torna ainda pior na transformação das crianças para ratos, pois se na versão anterior ela era muito bem elaborada, aqui a situação é simplificada e nenhum pouco significativa. Os ratos em si, por mais fofos que sejam, acabam soando em alguns momentos artificiais e não superando a versão animatrônica do clássico.

Curiosamente, o final do filme acabou sendo ainda mais fiel ao livro do que a versão do clássico de 1990. O problema é os contornos que os realizadores fizeram para deixar tudo mais suave e menos sombrio para os novos olhos dessa nova geração. Enfim, o que falta talvez nesta nova versão seja coragem, ousadia e que tanto isso tinha no clássico e que acabou não envelhecendo ao longo dos anos.

O novo "Convenção das Bruxas" talvez seja melhor apreciado futuramente, mas que ainda assim sofrerá da grande sombra que o clássico original obteve. 

Leia também: Convenção das Bruxas (1990). 

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