Sinopse: A trama acompanha um grupo de ativistas acusado de começar uma batalha em Chicago durante a Convenção Nacional Democrata de 1968. Os ativistas foram para cidade, seguidos por milhares de pessoas, para se manifestar pacificamente
Em tempos em que a extrema direita domina as diversas potências do mundo é notório como a Hollywood atual anda olhando cada vez mais para trás e percebendo que o sistema de controle deles sempre esteve lá. Ao tentar acobertar as inúmeras mortes de soldados norte-americanos durante a guerra do Vietnã, o então governo do Presidente Nixon direcionava a sua atenção para os manifestantes que lutavam pela vida, pelo direito de protestar e homenagear as vítimas dessa guerra absurda. "Os 7 de Chicago" foi uma história de muitas de uma época em que EUA se diziam um país democrático, mas que as ações governamentais não ficavam muito atrás de um país autoritário.
Dirigido por Aaron Sorkin, do filme "A Grande Jogada" (2017), o filme é baseado em uma história real, onde acompanhamos a manifestação contra a guerra do Vietnã que interrompeu o congresso do partido Democrata em 1968. Ocorreram diversos confrontos entre a polícia e os participantes. No total, dezesseis pessoas foram indiciadas pelo ato.
Os protestos de Maio de 68 na França fizeram acordar um gigante adormecido, onde se revelou a outra face de uma sociedade presa as regras de um sistema movido sempre por engrenagens humanas, mas das quais os poderosos nunca deram bola. O movimento serviu para que se alastrasse em outros países e culminando nestes eventos vistos neste filme. Embora não seja uma história verídica conhecida para o público atual, ao menos, é sempre importante os mesmos testemunharem que os dilemas políticos atuais em que enfrentamos não eram muito diferentes do que os nossos pais ou avós enfrentaram no passado.
Tecnicamente o filme é um colírio para os olhos para aqueles que gostam de uma reconstituição de época e nisso Aaron Sorkin consegue acertar em cheio. Com uma edição de arte e fotografia de cores que sintetizam a época, o filme possui uma edição ágil, entrelaçada com uma contagiante de trilha da época e fazendo a gente jamais desviar da tela. Nada mal para um filme sobre um julgamento, do qual necessita de um ritmo, mas nisso o filme obtém e com gosto.
Outro ponto a favor do filme está em seu elenco estelar, formado por Yahya Abdul-Mateen II, Sacha Baron Cohen, Joseph Gordon-Levitt, Michael Keaton, Frank Langella, John Carroll Lynch, Eddie Redmaye, Mark Rilance e tantos outros que brilham em seus respectivos papéis e que cada um deles são peças essenciais para trama. Destaco o desempenho de Sacha Baron Cohen, cujo o seu personagem transita entre os momentos de humor com dramaticidade e provando que o intérprete não viverá para sempre da sombra de seu maior sucesso que foi "Borat" (2007).
Infelizmente o filme se perde um pouco em seu discurso em fazer com que o público se emocione, quando na realidade a intenção principal é criar um debate para que essas novas gerações reflitam sobre as reais intenções de seus governantes. Os minutos finais, aliás, não foge do típico final hollywoodiano, sendo que a obra estava indo muito bem até ali, muito embora isso não desconstrói a sua proposta principal para nós. Em suma, o filme levanta a questão sobre determinados julgamentos, se eles nascem através de um crime verdadeiro, ou se é fruto de poderes políticos e cuja a intenção é mudar o percurso de determinados eventos futuros.
"Os 7 de Chicago" é sobre tempos em que havia julgamentos políticos explícitos, mas não muito diferentes dos que ocorrem em nosso tempo.
Onde Assistir: Netflix