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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Cine Especial: Filmes e Sonhos: Parte 6



Nos dias 16 e 17 de setembro eu estarei na Cinemateca Capitólio de Porto Alegre, participando do curso Filmes e Sonhos, criado pelo Cine Um e ministrado pelo Psicanalista Leonardo Della Pasqua. Enquanto os dias da atividade não chegam, estejam por aqui comigo, para mergulhar nos melhores exemplos cinematográficos e dos quais tentam retratar um pouco esse nosso universo do sonhar.
 
Sonhando com as ruas de Roma ao lado de Fellini
 
8 ½ (1963)

Sinopse: Prestes a rodar sua próxima obra, o cineasta Guido Anselmi (Marcello Mastroianni) ainda não tem ideia de como será o filme. Mergulhado em uma crise existencial e pressionado pelo produtor, pela mulher, pela amante e pelos amigos, ele se interna em uma estação de águas e passa a misturar o passado com o presente, ficção com realidade.

Fellini em 1963 tinha conseguido todas as glórias como diretor, já havia superado Rosselini, De Sica, assim como o Neo-realismo Italiano, e era muito mais popular que qualquer um dos citados, seu filme mais emblemático seria e é, até hoje, A Doce Vida, e obviamente ele entrou em crise existencial.
Quando não há mais nada a conquistar o que fazer? Talvez tenha sido a questão que mais infernizou sua cabeça naqueles tempos, e sua resposta foi fazer um filme com base nessa crise o que resultou em um divisor de águas em sua carreira e no seu melhor filme. Seu oitavo filme, 8 1/2, em seu próprio título já reflete a brincadeira que ele levará adiante, atravessar o próprio conceito de filme, e transformá-lo em algo indescritível. A trama é relativamente simples um diretor de cinema, interpretado por Marcello Mastroianni alter-ego de Fellini, encontra-se em uma crise artística e pessoal com seu próximo filme, perseguido pelo produtor, pela amante e pela mulher, ele perambula pela indústria cinematográfica enquanto prepara o filme, que pode ser uma comédia, um filme existencial, memorialístico e até mesmo uma ficção científica! Isso não importa no mais, o filme que Marcello quer construir vai se constituindo nesse fio narrativo, em que a dimensão entre a realidade e os sonhos não é perceptível.
Grande parte da genialidade por trás da história encontra-se na visão metalinguística que ele fornece sobre a arte de fazer um filme. Em certa parte a personagem diz a Marcello que não gosta do chapéu que ele está usando, e na cena o chapéu magicamente desaparece. Podemos notar que as cenas que Marcello descreve ao produtor acontecem com eles a medida que a projeção avança. esse jogo metalinguístico que já se encontra difundido em demasia na cultura cinematográfica, aqui fora pioneiro e em certo ponto era hermético nos anos 60, o que lhe deu status de filme "difícil", mas na verdade em seus 140 minutos, ele é a coisa mais engraçada que Fellini já fez! A cena mais icônica é o harém de Marcello, repleto de todas as mulheres que passaram no filme. Quando uma revolta começa, Marcello empunha um chicote para conter "suas mulheres", isso, apesar de ser claramente chauvinista, é a psique do personagem, é encarada entre um misto de patético com heroico. Esta é um dentre outras cenas em que o sonho entra na realidade do filme que é a ideia de outro filme. Entendeu? Não! Então assista, pois é realmente indescritível, é uma boneca russa que não acaba.


A DOCE VIDA (1960)

Sinopse:Roma, início dos anos 60. O jornalista Marcello (Marcello Mastroianni em desempenho memorável) vive entre as celebridades, ricos e fotógrafos que lotam a badalada Via Veneto. Neste mundo marcado pelas aparências e por um vazio existencial, freqüenta festas, conhece os tipos mais extravagantes e descobre um novo sentido para a vida.


 O filme “La Dolce Vita”, do famoso Federico Fellini é um clássico na história do cinema: além de ter se tornado quase um sinônimo da Itália, um neologismo que nos remete a uma época na rua Veneto em Roma, entre mesas dos cafés e os paparazzi a procura da estrela da vez para ser fotografada. Mas no começo o filme não foi um sucesso, aliás: na estreia o diretor e os atores foram vaiados e insultados pelo público, para o Marcello Mastroianni, por exemplo, um espectador gritou “Vilão, vagabundo, comunista!”, outro até cuspiu no Federico Fellini. Era o dia 5 de fevereiro de 1960, no cinema Capitol, em Milão.
Um filme que naquela época era visionário, inimaginável, sem moralismo, só podia escandalizar as hierarquias vaticanas e moralistas. Na Itália o ‘Osservatore Romano’, o jornal da Santa Sé se posicionou contra o filme e o diretor, na Holanda, por exemplo, foi censurado, apesar das bilheterias estarem arrecadando uma quantia recorde em toda a Europa.Na verdade, A Doce Vida, não tinha mais nada de estranho: eram apenas sonhos em celulóides. 
Obra prima que acabou criando o termo paparazzi. Painel da sociedade romana do pós guerra, criticando a hipocrisia das relações entre o catolicismo e o Estado Italiano, a estrutura de classes é mostrado o desespero dos homens e mulheres desencontrados. Inesquecível a sequência em que a deslumbrante Anita Ekberg dança com Celentano e em seguida se banha na Fontana di Trevi. Bom uso da famosa canção Patrícia e temas musicais marcantes de Nino Rota. Filme que despertou a atenção do grande publico, para o trabalho de Fellini e um dos filmes mais lembrados da carreira de Marcello Mastroianni.



Mais informações sobre o curso Filmes e Sonhos você confere clicando aqui.

Cine Dica: PROGRAMAÇÃO DE SETEMBRO da Cinemateca Capitólio

O Massacre da Serra Elétrica

Quatro belas mostras tomam conta da programação da Cinemateca Capitólio Petrobras em setembro. Cinema Novo – Brasil em Transe resgata a partir do cinquentenário de Terra em Transe, de Glauber Rocha, obras com claras intenções políticas do movimento que transformou o cinema brasileiro nos anos 1960 e 70. Capitólio Em Cena retoma a parceria com o Porto Alegre Em Cena e exibe uma série de filmes que estabelecem diversos diálogos com teatro, música e dança. Cinema Super-8 traz um panorama de longas realizados nesse formato no Rio Grande do Sul, com o lançamento do livro Super-8: Um Sonho de Cinema, de Antonio Leão da Silva Neto. No fim do mês, a Cinemateca recebe a Mostra Diálogo, organizada pelos curadores do Festival Diálogo de Cinema, com uma seleção de importantes curtas-metragens brasileiros inéditos na cidade. Entre as sessões especiais, mais obras essenciais do cinema gaúcho: a comemoração dos 20 anos de Anahy de Las Misiones, de Sergio Silva, e a exibição especialíssima, em 35mm, de Um é Pouco, Dois é Bom, de Odilon Lopez, primeiro longa-metragem realizado por um diretor negro no Brasil.

E tem mais! Outro homenageado é Tobe Hooper, um dos grandes nomes do horror moderno americano, morto no último mês. Serão três exibições de filmes emblemáticos de sua trajetória. O Projeto Raros apresenta uma fantasia repleta de ação e invenção: Zu - Warriors from the Magic Mountain, de Tsui Hark, mestre do cinema de Hong Kong. E já que o The Who vem a Porto Alegre, celebraremos a presença inédita na cidade com dois clássicos adaptados das óperas-rock: Tommy, dirigido por Ken Russell, e Quadrophenia, assinado por Franc Roddam. Ainda sobra espaço para exibições de dois filmes sul-coreanos que não entraram no circuito comercial de Porto Alegre: A Filha de Ninguém, de Hong Sang-soo, e O Lamento, de Na Hong-jin. Aproveitem!
  
MOSTRAS

CINEMA NOVO – BRASIL EM TRANSE (entrada franca)
2 a 10 de setembro

Os 50 anos de Terra em Transe, a obra-prima de Glauber Rocha, também marcam o aniversário de um dos momentos mais críticos da história do cinema no Brasil. O que fazer após um golpe? As respostas são muitas, caóticas, desesperadas, conflitantes, enlouquecidas. A mostra Cinema Novo – Brasil em Transe reúne grandes clássicos e obras menos conhecidas da geração que transformou o cinema brasileiro. São filmes realizados no calor (meados dos anos 1960) e no horror (pós-AI-5) do Golpe de Estado de 1964 por nomes como Glauber Rocha, Joaquim Pedro de Andrade, Nelson Pereira dos Santos, Paulo César Saraceni, Carlos Diegues, Gustavo Dahl, Leon Hirszman, Sergio Bernardes Filho, Julio Calasso, Andrea Tonacci e Luiz Rosemberg Filho.


MOSTRA DIÁLOGO
30 de setembro e 1º de outubro (entrada franca)

A Mostra Diálogo é uma exibição sem caráter competitivo organizada pelo Festival Diálogo de Cinema. Ela apresenta um panorama composto por 16 curtas-metragens realizados no país ao longo do ultimo ano e que ainda não tiveram exibição em Porto Alegre. Serão três sessões seguidas de debate.

CAPITÓLIO EM CENA
A partir de 12 de setembro

A Cinemateca Capitólio Petrobras apresenta uma mostra de cinema em parceria com o Porto Alegre Em Cena, paralela à programação de teatro, música e dança e que dialoga com a curadoria do festival. Entre os filmes, Canção de Baal, de Helena Ignez, Coração de Cachorro, de Laurie Anderson, Divinas Divas, de Leandra Leal, Kbela, de Yasmin Thayná, A Carruagem de Ouro, de Jean Renoir, Gaga – O Amor Pela Dança, de Tomer Heymann, Vontade Indômita, de King Vidor, e As Mulheres, de George Cukor. A abertura da mostra traz a sessão comentada de Plínio Marcos – Nas Quebradas do Mundaréu, com a presença do diretor Julio Calasso

CINEMA SUPER–8
21 a 24 de setembro (entrada franca)

A mostra Cinema Super-8 promove o lançamento do livro Super-8 no Brasil: Um Sonho de Cinema, de Antonio Leão da Silva Neto, com a presença do autor, e um panorama de longas realizados nessa bitola no Rio Grande do Sul: Deu Pra Ti Anos 70, de Nelson Nadotti e Giba Assis Brasil, Coisa na Roda, de Werner Schünemann, Inverno, de Carlos Gerbase, A Palavra Cão Não Morde, de Sérgio Amon e Roberto Henkin, e Tempo Sem Glória, de Henrique de Freitas Lima.

HOMENAGEM A TOBE HOOPER (R$ 10,00)
15 a 17 de setembro

Morto no último mês, Tobe Hooper foi um dos nomes que revolucionou o horror americano na década de 1970. A Cinemateca Capitólio Petrobras homenageia o grande diretor com três sessões. Uma edição extra do Projeto Raros com o psicodélico Eggshells, seu primeiro longa; uma sessão comentada de Força Sinistra com o realizador Jaime Lerner, que fez parte da equipe do filme, e uma gloriosa exibição do clássico absoluto O Massacre da Serra Elétrica. Exibição em HD.
 
EM CARTAZ

A FILHA DE NINGUÉM (a partir de 26 de setembro – R$ 16,00)
(Noogooui Daldo Anin Haewon)
90 minutos, 2013, Coréia do Sul
Direção: Hong Sang-soo
Distribuição: California Filmes

Uma estudante de cinema sonha em se tornar atriz. Quando descobre que sua mãe está se mudando para o Canadá e que seus colegas estão falando mal dela por conta do relacionamento que teve com um professor casado, ela se enche de dilemas existenciais. Exibição em DCP

O LAMENTO (a partir de 26 de setembro - R$ 16,00)
(Goksung)
156 minutos, 2016, Coréia do Sul
Direção: Na Hong-jin
Distribuição: California Filmes

Um vilarejo pacífico começa a testemunhar assassinatos cruéis cometidos pelos moradores. Os criminosos parecem estar fora de si, e as autoridades pensam que talvez tenham consumido cogumelos venenosos. No entanto, o inspetor de polícia Jong-Goo (Kwak Do-Won) suspeita que os casos tenham uma origem sobrenatural, ligada a um forasteiro que acaba de chegar ao local. Exibição em DCP
 
SESSÕES ESPECIAIS

PROJETO RAROS ESPECIAL (8/9 – entrada franca)
Um é Pouco, Dois é Bom
97 minutos, 1970, Brasil
Direção: Odilon Lopez
 
Episódio “Com Um Pouquinho de Sorte”: Jorge, motorista de ônibus, e Maria, comerciária, se casam e vão residir num apartamento popular. Ela, grávida, é despedida do emprego e ele, sofrendo um acidente, tem o mesmo destino. O casal começa a sofrer com problemas financeiros. Episódio “Vida Nova Por Acaso”: Magrão e Crioulo vivem às custas de pungas de bolsas femininas nas ruas centrais de Porto Alegre, embora nem sempre sejam bem-sucedidos em seus golpes. Após a sessão, acontece debate com a atriz Araci Esteves.   Exibição em 35mm.  


Anahy de Las Misiones (20/9, 20h, entrada franca)
115 minutos, 1997, Brasil
Direção: Sergio Silva

A saga de uma mulher que luta pela sobrevivência durante o período mais conturbado da historia do Rio Grande do Sul, a Revolução Farroupilha (1835-1845). Arrastando um velho carroção sem bois, Anahy e seus filhos enfrentam a guerra, a morte e o medo. Exibição em DCP.

ESPECIAL THE WHO

Tommy (23/09 - R$ 10,00)
111 minutos, 1975, Inglaterra
Direção: Ken Russell
Distribuição: MPLC

Um menino criado no período do pós-guerra na Inglaterra desenvolve surdez e cegueira psicológicas, devido a experiências traumáticas na infância. Habilidoso nos jogos, ganha fama como campeão de fliperama, tornando-se ídolo nacional. Exibição em HD.
 
Quadrophenia (24/09 – R$ 10,00)
120 minutos, 1979, Inglaterra
Direção: Franc Roddam
Distribuição: MPLC
 
Na Londres de 1964, Jimmy Cooper é um membro de uma gangue Mod - jovens bem vestidos que dirigem vespas Lambretta. Os mods estão sempre brigando com os Rockers, que vestem jaquetas de couro e dirigem motocicletas. Desiludido com seus pais e seu emprego, Jimmy só encontra uma válvula de escape para sua angústia adolescente quando está com seus amigos mods Dave, Chalky e Spider. Um feriado de três dias é a desculpa para a rivalidade entre as duas gangues chegar às vias de fato, enquanto ambas descem para a cidade litorânea de Brighton para o confronto definitivo. Quadrophenia é uma reflexão sobre a Grã-Bretanha pré-Tatcher, documentando o narcisismo movido a anfetaminas da cultura jovem dos anos 60. Exibição em HD.
 
PROJETO RAROS (29/09 – entrada franca)
Zu - Warriors from the Magic Mountain
(Shu Shan - Xin Shu shan jian ke)
95 minutos, 1983, Hong Kong
Direção: Tsui Hark

Na antiga China, a Montanha Zu é palco de constantes conflitos entre facções por seu valor militar estratégico. Mas essa região também dá lugar a um mundo mágico de feiticeiros e templos antigos. Dirigido pelo mestre do cinema de ação e fantasia de Hong Kong, Tsui Hark, Zu - Warriors from the Magic Mountain é uma das obras mais delirantes e inventivas da década de 1980. Após a exibição, acontece um debate com o crítico e pesquisador Carlos Thomaz Albornoz e com o cineasta Davi de Oliveira Pinheiro. Exibição em HD.

quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Cine Especial: Filmes e Sonhos: Parte 5



Nos dias 16 e 17 de setembro eu estarei na Cinemateca Capitólio de Porto Alegre, participando do curso Filmes e Sonhos, criado pelo Cine Um e ministrado pelo Psicanalista Leonardo Della Pasqua. Enquanto os dias da atividade não chegam, estejam por aqui comigo, para mergulhar nos melhores exemplos cinematográficos e dos quais tentam retratar um pouco esse nosso universo do sonhar.

Sonhos, delirios e os pesadelos de Bergman


A filmografia do cineasta sueco Ingman Bergman é o que possui mais momentos simbólicos da história do cinema. Muitos títulos são analisados até hoje, graças ao seu conteudo ingmático e complexo. A trilogia da Violência comandada por ele pode ser interpretada em diversas formas, mas que nos leva  a um verdadeiro estudo da mente humana e os signicados de tanto delirios como sonhos e pesadelos. 


A HORA DO LOBO (1968)

Sinopse: Pintor e sua esposa vão morar em uma ilha bastante afastada da sociedade. Lá, em meio a intensos conflitos psicológicos, o casal conhece um misterioso grupo de pessoas que passam a trazer angústias ainda maiores às suas vidas, levando-os a relembrar fatos passados e questionar a própria lucidez.

Uma historia de amor distorcido, sendo um impressionante retrato da loucura vivida é o que salta os olhos neste trabalho, sombrio e instigante. Uma das melhores parcerias de Bergman com a sua dupla de atores fetiches, Max Von Sydow e Liv Ullmann. O filme já começa de uma forma completamente diferente da forma que os filmes naturais começam. Pois ouvimos, em uma imagem escura, o barulho dos bastidores do filme, sendo que até ouvimos Bergman falando por alguns momentos. O barulho para e imediatamente surge à primeira cena, sendo Ullmann fazendo sua personagem, mas ela vai até nos e começa a conversar com a gente sobre acontecimentos do passado e que nos iremos assistir em seguida. É interessante essa cena, pois dá uma sensação que a personagem e atriz se misturam, pois na época das filmagens, Ullmann estava grávida de Bergman. Portanto, sinto uma ligeira influencia sobre isso na sua interpretação que é sempre fenomenal.
São vários momentos antológicos como esse e de outros durante a projeção, que fazem desse filme o meu preferido de Bergman. Atenção para uma cena de Max Von Sydow com um jovem na praia, no qual podemos interpretar de várias formas, mas qualquer resposta seria inútil, pois é difícil descrever tal cena, assim com varias durante a projeção  dessa obra prima.

Vergonha (1968)

Sinopse: Para fugir da guerra, um casal de violinistas vive isolado numa ilha. Essa existência idílica acaba quando a casa deles é invadida por um grupo de soldados. Agora, eles terão de se defrontar com as misérias, a destruição e os horrores da guerra.

 De uma forma simples, sem muitos recursos, Bergman cria sua visão sobre a guerra, não importando em que parte do mundo ela aconteça, ela sempre mostrara o lado mais sombrio do ser humano. O filme é surpreendente ao mostrar o casal central (Liv Ullmann e Max von Sydow, ótimo como sempre) nos seus respectivos papeis e suas características e que vão, ambos aos poucos, mudando gradualmente, devido os efeitos devastadores da guerra iminente. O filme é uma analise do comportamento humano perante o horror e também uma espécie de retrato da guerra interna do ser humano, que acaba por vezes se perdendo no meio do percurso. O filme é uma espécie de segunda parte da trilogia Da Violência que o diretor começou em A Hora do Lobo e terminou com A Paixão de Ana. Apesar de Gostar bastante do primeiro, devo reconhecer que essa segunda parte vai muito mais longe, principalmente pelo fato de certa suspeita ser levantada durante o filme, mas que curiosamente é respondida no terceiro filme.
A PAIXÃO DE ANA (1969)

Sinopse: Andreas, um homem que sofre pelo fim de um recente casamento e por seu isolamento emocional, fica amigo de um casal que também passa por um momento delicado. É então que ele conhece Anna, que está superando uma tragédia que ocorreu com sua família. Andreas e Anna iniciam um relacionamento, porém para ambos é difícil esquecer o que aconteceu anteriormente em suas vidas. Enquanto isso, a comunidade em que vivem está aterrorizada por vários animais que estão sendo encontrados brutalmente assassinados.

Encerrando sua visão particular sobre a violência, tanto interna como externa do ser humano, A Paixão de Ana é um filme mais contido dos três, mas não menos chocante, ao mostrar o que acontece quando simples gestos são responsáveis por nos levar a um caminho, por vezes, sem volta. Andreas (Max von Sydow) ao ter sua vida pacata  mudada, a partir de um encontro com Ana (Liv Ullmann, extraordinária) o filme entra num território sobre os desejos internos do ser humano e seu desejo em satisfizer certas coisas, mesmo que com elas, despertem situações desagradáveis e que acabam por descascar camada por camada da personalidade humana.
Apesar de serem histórias diferentes, pode-se dizer que A Paixão de Ana é uma continuação de Vergonha, pelo fato que a personagem Ana, em determinada parte do filme, começa a ser assombrada por estranhos pesadelos, e quando Bergman nos apresenta uma seqüência de um desses sonhos, somos surpreendidos com uma seqüência de cenas que é na realidade uma continuação direta do final do filme anterior. Ou seja: Vergonha era uma historia dentro dos sonhos de Ana, que talvez representasse sua dor interna, mesmo que os fatos que ocorreram nestes determinados sonhos (ou seja, do filme anterior) não tenha nada haver com sua dor externa que sente.
Assim como em seus filmes anteriores (como Persona) que por vezes deixam mais perguntas no ar do que respostas, Bergman novamente surpreende, na sua forma de contar historias, de uma maneira diferente e única.

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