Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
Me acompanhem no meu:
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Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com
Sinopse: Clara (Clarice Falcão) está
indecisa em relação às suas escolhas. A jovem está cursando a faculdade de
Medicina por pressão familiar e não por vocação. Sem contar para ninguém o que
está sentindo, ela passa a matar aulas no período da manhã. Durante essas
aventuras matutinas, Clara conhece um rapaz que a ajuda a encontrar um norte
para sua vida.
Adolescentes sempre
se sentem perdidos com inúmeras perguntas, que por vezes são sem respostas e que
os deixam confusos com relação ao que irá vir no futuro, especialmente sobre o
que irá ser na vida. Esse é o assunto principal de Eu Não Tenho A Menor Ideia Do que Eu Tô
Fazendo Com A Minha Vida, onde a protagonista Clara (Clarrisse Falcão) não foge
desses questionamentos. Estudante de medicina que pertence a uma família
composta por médicos, ela começa a matar aulas ao perceber que não quer ser
médica como o resto da família.
Em um dos dias em que
ela não vai a faculdade, acaba conhecendo Guilherme (Rodrigo Pandolfo) rapaz
que trabalha no boliche do pai e que de alguma forma lhe ajuda a criar inúmeras
opções consigo mesma para então voltar aos trilhos na vida. Ele sugere que ela
faça experiências para ver qual o caminho a trilhar, qual carreira ela poderia seguir,
em momentos como no café da manhã, em que ela toma com os seus tios, onde cada
um é profissional em uma área, mas que foram distanciados pelo pai de Clara.
Os tios na verdade é
que dão um verdadeiro show no filme. Formado por incríveis talentos, como
Daniel Filho, Kiko Mascarenhas, Leandro Hassum e Alexandre Nero. O tio
interpretado por Leandro Hassum é que rouba a cena de todos, como um pediatra que
tem uma relação pra lá de problemática com a mãe.
O filme é pra lá de simplório,
sendo filmado com pouquíssimos recursos, mas com um roteiro redondinho e com uma
fotografia, onde as cores quentes sobressaem e uma trilha sonora escolhida a
dedo. A trama é voltada mais para o publico jovem, especialmente essa geração viciada
nas redes sociais e fará que inúmeras pessoas se identifiquem rapidamente. Identificação
é palavra chave do filme, pois não tem como não se identificar com a
protagonista interpretada por Falcão, que de tão cheia de duvidas, que quando
manda um vídeo para poder entrar no BBB, ela sugere que seja uma competidora
sem personalidade nenhuma.
O personagem de
Rodrigo Pandolfo se torna, não apenas um guia para o protagonista, como também
uma espécie de ancora para ela não cair na mais pura depressão sobre não saber
o que quer. Ela está sem rumo, seus pais não possuem noção com relação ao que
acontece na vida de sua filha e tão poucos sabem que ela esta passando por uma
crise.
O diretor Matheus
Souza tem apenas 24 anos, mas já havia chamado a atenção do cinéfilo mais
antenado e da critica especializada a partir do filme Apenas O Fim. Ambas as obras
possuem uma linguagem jovem, mas que nada lembra as comedias americanas com adolescentes,
que por vezes são vazias e descartáveis.
Embora possa ser lançado
em poucas salas de cinema, não me admira que o filme venha a ser cultuado,
assim como ocorreu na primeira obra do diretor.
Sinopse: Walter Mitty (Ben Stiller) é
o responsável pelo departamento de arquivo e revelação de fotografias da
tradicional revista Life. Ele é um homem tímido, levando uma vida simples,
perdido em seus sonhos. Ao receber um pacote com negativos do importante
fotógrafo Sean O'Connell (Sean Penn), ele percebe que está faltando uma foto. O
problema é que trata-se justamente da foto escolhida para ser a capa da última
edição da revista. É quando, Walter, com o apoio de Cheryl (Kristen Wiig) é
obrigado a embarcar em uma verdadeira aventura.
Ender's Game - O Jogo do Exterminador
Sinopse: Em um futuro próximo,
extra-terrestres hostis atacaram a Terra. Com muita dificuldade, o combate foi
vencido, graças ao heroísmo do comandante Mazer Rackham (Ben Kingsley). Desde
então, o respeitado coronel Graff (Harrison Ford) e as forças militares
terrestres treinam as crianças mais talentosas do planeta desde pequenas, no
intuito de prepará-las para um próximo ataque. Ender Wiggin (Asa Butterfield),
um garoto tímido e brilhante, é selecionado para fazer parte da elite. Na
Escola da Guerra, ele aprende rapidamente a controlar as técnicas de combate,
por causa de seu formidável senso de estratégia. Com isso, logo se torna a
principal esperança das forças militares para encerrar de uma vez por todas com
a ameaça alienígena.
Mataram Meu Irmão
Sinopse: Doze anos atrás, Rafael
Burlan, o irmão do diretor Cristiano Burlan, foi assassinado com sete tiros. O
cineasta decide relembrar os fatos, investigando o envolvimento do irmão com as
drogas e compondo um retrato da violência que domina os bairros do subúrbio de
São Paulo.
Minhocas
Sinopse: Júnior (Cadu Paschoal) é uma
jovem minhoca que não consegue fazer amigos, já que todos os que conhece o
consideram mimado pela mãe. Disposto a provar o contrário, ele desafia um dos
que o provoca para um desafio envolvendo um arriscado salto sobre um penhasco.
Entretanto, antes mesmo da disputa começar, Júnior e Nico (Yago Machado) são
levados para a superfície por uma escavadeira. Longe de casa e em um ambiente
hostil, eles acabam encontrando o vilão Big Wig (Daniel Boaventura), um tatu
bola que deseja transformar as minhocas em escravos.
Morro dos Prazeres
Sinopse: O Morro dos Prazeres,
localizado no bairro de Santa Teresa, no Rio, foi uma das comunidades
selecionadas para receber a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora,
a UPP. A expulsão do tráfico de drogas é um dos processos realizados na nova
rotina dos moradores do local, que devem conviver com os policiais. Variados
conceitos sociais e políticos recorrentes na sociedade carioca do século XXI
são explorados e acompanham a tentativa de diálogo entre Estado e sociedade civil.
Questão de Tempo
Sinopse: Ao completar 21 anos, Tim
(Domhnall Gleeson) é surpreendido com a notícia dada por seu pai (Bill Nighy)
de que pertence a uma linhagem de viajantes no tempo. Ou seja, todos os homens
da família conseguem viajar para o passado, bastando apenas ir para um local
escuro e pensar na época e no local para onde deseja ir. Cético a princípio,
Tim logo se empolga com o dom ao ver que seu pai não está mentindo. Sua
primeira decisão é usar esta capacidade para conseguir uma namorada, mas logo
ele percebe que viajar no tempo e alterar o que já aconteceu pode provocar
consequências inesperadas.
Terra Firme
Sinopse: Sicília, Itália. A família
Purcillo vive em uma ilha remota, onde a maior fonte de trabalho é o turismo.
Ernesto (Mimmo Cuticchio), o patriarca da família, ainda mantém seu barco de
pesca, mais por razões sentimentais do que pela renda que consegue obter
através dele. Já Nino (Beppe Fiorello) desistiu de vez da pescaria e agora se
dedica a entreter turistas. Um dia, Ernesto e o neto Filippo (Filippo Pucillo)
estão no mar e, ao perceberem que um barco naufragou, ajudam algumas pessoas. O
problema é que o barco estava repleto de imigrantes ilegais e ajudá-los, mesmo
nestas condições, é considerado crime. Vivendo entre o medo de serem flagrados
e a necessidade de prestar ajudar, a família Purcello passa a abrigar em sua
própria casa dois dos imigrantes: Sara (Timnit T.) e seu filho.
"Só o amor pode salvar
o mundo. Por que eu teria vergonha de amar?"
Emma.
Sinopse: Clémentine é
uma jovem de 15 anos que descobre o amor ao conhecer Emma, uma garota mais
velha e de cabelos azuis. Por meio dos textos do diário de Clémentine, o leitor
acompanha o primeiro encontro das duas e caminha entre as descobertas,
tristezas e maravilhas que essa relação pode trazer.
Adolescência é uma fase
complicada para todos, pois sempre nos pegamos tristes e sem saber o que
realmente queremos. Conflitos internos, duvidas com relação ao futuro, qual é o
nosso lugar neste mundo e o que é realmente saber amar, são alguns de muitos conflitos
que enfrentamos nessa fase. Esses e outros temas são muito bem
explorados nessa HQ francesa, escrita pela autora Julie Maroh.
Diferente do que se
pode imaginar, não se trata de uma obra autobiográfica, mesmo ela tendo
revelado ser lésbica e ter uma companheira á vários anos, Contudo a obra é um
retrato da juventude da frança atual, em meio a mudanças, liberdade de expressão
e sem ter medo de dizer o que realmente sente no peito. Esses e outros elementos
são todos retratados na forma da personagem Clèmentine, protagonista da trama e
que se coloca a prova com o que ela quer com relação a sua vida.
No momento em que ela
cruza com uma bela garota de cabelos azuis chamada Emma, Clémentine se sente balançada
e tendo pensamentos e sonhos dos quais ela mesma não entende o do porque ela
estar tendo. A realidade é que, por mais que Clémentine tente aparentar ser
feliz, ela sente mais sozinha do que nunca e vendo Emma sorrir para ela ao se
cruzarem naquele momento, se acende um fogo de amor e afeto que tanto lhe faz
falta. Ao acender isso, a cor azul (que faz parte dos cabelos tingidos de
Emma), começa a se destacar no ambiente cinzento e frio que antes se espalhava
nos quadrinhos,
O traço e cores que
Julie Maroh cria para esse álbum fazem uma bela representação, tanto da maneira
como as protagonistas vêem aquele mundo, como também uma forma que uma delas
enxerga o passado. Na medida em que a trama evolui, as cores começam a surgir
mais, mas o azul é a cor predominante, uma espécie de representação dos
sentimentos de ambas, principalmente de Clémentine quando pensa em Emma. Na
falta de texto, são essas imagens que falam como um todo e na falta de imagens
são as belas frases escritas que falam por si (só o amor pode salvar o mundo.
Por que eu teria vergonha de amar?).
É claro que, por ser uma
historia de amor entre duas garotas, o preconceito, intolerância e medo fazem
parte desse álbum. Na verdade questões políticas e protestos que tanto se
proliferou na frança nos últimos anos, acabam sendo muito bem representados,
seja nas imagens de protestos que surgem no decorrer das paginas, como também
as imagens e palavras pesadas vinda dos pais de Clémentine quando se descobre a
verdade sobre elas. Mais sobre se aceitar no mundo da maneira como realmente é,
o álbum também explora as dificuldades de se ter um amor perfeito e por vezes
nunca é da maneira como realmente queremos.
Clémentine e Emma se
amam, mas as duvidas, conflitos e insegurança no dia a dia, fazem com que ambas
coloquem os sentimentos que sentem uma pela outra em cheque. Como toda bela historia
de amor, isso não acabará bem, mas no final das contas, elas estarão lá juntas
e sem nenhum arrependimento pelo que passaram, pois no fundo sabem que valeu à
pena. Embora o início do álbum já nos de uma dica do que irá acontecer no
final, ele não faz com que a gente desiste dele e sim sigamos em frente para
saber como aquela historia chegou aquele ponto. A mensagem final que o álbum nos
da, é que na vida vale à pena arriscar pelo amor, não importando da onde essa
paixão surgiu e com quem você irá amar, apenas ame.
Azul é a cor mais
quente é uma leitura para ser lida por todos, pois não é somente sobre uma
historia de amor diferente, mas também uma historia de amor universal e que todos
irão se identificar facilmente no decorrer das paginas.
O azul nunca foi tão
bom de apreciar como é agora.
Leia também: Minha
critica sobre a adaptação cinematográfica de Azul é a cor mais quente clicandoaqui.
Com a chegada do
aguardado filme Azul é a cor mais quente nos cinemas brasileiros, vamos nos
relembrar um pouco dos principais grandes vencedores de anos anteriores no
Festival de Cinema de Cannes e que levaram a cobiçada Palma de Ouro.
ELEFANTE (2003)
INSPIRADO EM UM TRÁGICO CASO REAL, DIRETOR UNE FATOS VERÍDICOS COM CRIATIVIDADE PARA CRIAR UM FILME INCOMUM
Sinopse: Um dia
aparentemente comum na vida de um grupo de adolescentes, todos estudantes de
uma escola secundária de Portland, no estado de Oregon, interior dos Estados
Unidos. Enquanto a maior parte está engajada em atividades cotidianas, dois
alunos esperam, em casa, a chegada de uma metralhadora semi-automática, com
altíssima precisão e poder de fogo. Munidos de um arsenal de outras armas que
vinham colecionando, os dois partem para a escola, onde serão protagonistas de
uma grande tragédia.
Gus Van Sant é um
diretor que tem uma carreira um tanto irregular de altos (Gênio Indomável) e
baixos (Psicose 1998) mas quando acerta, ele acerta em cheio e aqui ele não só
acerta o alvo como cria uma obra prima corajosa, engenhosa e polemica.
Inspirado no trágico acontecimento da escola de Columbine em 1999, o filme
retrata o dia a dia de jovens perdidos em suas vidas e não sabendo o que querem
e com isso, são facilmente seduzidos pelo caminho errado da vida, uma juventude
sem brilho e desprovida de perspectivas
O filme possui
inúmeras historias paralelas em que ambas se passam em um mesmo cenário e todas
somente irão se cruzar somente no trágico ato final. Até lá, o diretor usa a
sua criatividade na montagem, sempre apresentando uma determinada historia para
depois cortá-la e ir para outra historia que se passa perto da historia
anterior, tudo isso para elaboramos um incrível quebra cabeça nas nossas mentes
e conhecer melhor o dia a dia de cada um dos personagens que surgem na tela.
Ousado, criativo e
trágico esses e outros elementos que fazem desse filme indispensável para
qualquer cinéfilo que queira saber o que rolou de bom na primeira década do
cinema no século 21.
Entre os muros da
escola (2009)
Filme francês
conquista críticos do mundo e vira assunto entre as escolas
Sinopse: François
Marin (François Bégaudeau) trabalha como professor de língua francesa em uma
escola de ensino médio, localizada na periferia de Paris. Ele e seus colegas de
ensino buscam apoio mútuo na difícil tarefa de fazer com que os alunos aprendam
algo ao longo do ano letivo. François busca estimular seus alunos, mas o
descaso e a falta de educação são grandes complicadores.
O tema levou a Palma
de Ouro no Festival de Cannes em 2009. A historia é baseada no cotidiano
de um professor, François Bégaudeau, que escreveu um livro com o mesmo titulo e
também protagoniza o filme. No livro ele conta suas experiências como professor
de língua francesa para os adolescentes. No filme, quase um documentário, os
alunos são convidados a escrever e a falar sobre as suas vidas. O resultado vai
além do cotidiano dos alunos de uma escola do subúrbio de Paris, já que traça
um retrato da atual sociedade francesa. O melhor deles, por exemplo, enfrenta
dificuldades nos estudos porque sua mãe é imigrante chinesa ilegal e corre o
risco de ser deportada. Lançado na França em Setembro do ano passado, Entre os
Muros da Escola fez 1,5 milhões de espectadores. Para a escolha do elenco o
diretor Laurent Cantet selecionou alunos de uma escola no 20º distrito de
Paris. Os pais dos estudantes são os mesmos da vida real.
Curiosidades: O diretor Laurent
Cantet veio ao Brasil para o lançamento do filme.
Foi o 1º filme
francês a ganhar a Palma de Ouro no Festival de Cannes desde 1987.
A ÁRVORE DA VIDA (2011)
A ODISSEIA SOBRE
TODOS NOS
Sinopse: Conta a
história que aproxima o foco na relação entre pai e filho de uma família comum,
e expande a ótica desta rica relação, ao longo dos séculos, desde o Big Bang
até o fim dos tempos, em uma fabulosa viagem pela história da vida e seus
mistérios, que culmina na busca pelo amor altruísta e o perdão.
Assim como foi
Stanley Kubrick, Terrence Malick é um cineasta que dirigiu ao longo dos anos poucos
filmes, mas o suficiente para cada um deles passar algo totalmente fora do
convencional para o espectador e seu ultimo trabalho não foge desse padrão. A
Árvore da Vida é uma historia aparentemente simples, sobre o nascimento,
desenvolvimento, degradação e redenção de uma família, e se por um lado ela é
criada de uma forma de elementos já
vista em outros filmes, como do clássico 2001: Uma Odisseia no Espaço e do
recente A Fonte de Vida, por outro, é criado com um toque especial do diretor,
o que o torna fresco, individual e com isso, a historia aparentemente
simples, ganha contornos inusitados. Ao
começar pela meia hora inicial, em que Malick apresenta a premissa principal da
historia, mas a envolve com o que ele quer passar para o espectador, sobre qual
a ligação entre o homem e a natureza? Deus criou realmente o universo, ou foi
tudo ao acaso?
São perguntas
difíceis de serem respondidas, mas talvez as respostas estejam em cada gesto de
olhar, ou do tocar dos personagens um com os outros, ou simplesmente no fato,
de que a união de uma família, não importa qual o obstáculo, é que sempre irá
gerar o laço que envolve o ser humano com o que vem depois desse plano. Ou
seja: um filme para ser visto de mente aberta, não importa qual a sua crença, pois a pessoa sai pensativa e até mesmo recapitula o que aconteceu durante a sua
própria vida. Em meio a tudo isso, Malick cria um jogo de câmera pouco visto no
cinema atual. Com ângulos inusitados, onde foca e filma por completo, todo o
cotidiano daquela família, aliada com uma montagem rápida, mas que jamais
cansa, pois quando agente menos percebe, já nos simpatizamos com cada um dos
personagens junto com as imagens, e com isso, nos viciamos em cada detalhe de
suas reações, desde com o próximo ao lado ou com o contato deles com a vida em
volta, não importa em qual forma.
Apesar de Brad Pitt e
Sean Penn estarem ótimos em seus papeis, a trama e as imagens deslumbrantes de
A Árvore da vida é o que falam por si, e só por isso, é um filme que o torna
indispensável nos próximos anos. Devido principalmente a sua mensagem corajosa
que tenta passar, para um público acostumado com o convencional, mas com o
desejo de apreciar algo incomum.
Sinopse: A história
de amor entre Frankin D. Roosevelt (Bill Murray) e sua prima distante Margaret
Stuckley (Laura Linney), centrada em um fim de semana de 1939, quando o rei
George VI (Samuel West) e a rainha Elizabeth (Olivia Colman) do Reino Unido
visitaram os Estados Unidos pela primeira vez na história, em missão oficial
para pedir apoio contra as forças nazistas na iminente Segunda Guerra Mundial
Houve certo erro na tradução
desse filme quando veio para cá: a trama não se passa no parque de Londres, mas sim nos Estados Unidos,
na casa de campo do então presidente dos
EUA, Franklin Delano Roosevelt (Bill Murray,ótimo como sempre), em um fim de
semana de 1939 ( no momento que a Segunda Guerra Mundial começou a ter inicio)
em que o presidente recebe uma visita ilustre do Rei George VI (o mesmo rei
gago de “O Discurso do Rei”, aqui interpretado com eficiência por Samuel West)
e da Rainha Elizabeth (Olivia Colman, numa interpretação aquém do esperado),
buscando aliados para enfrentar o exército alemão. Ao mesmo tempo, Franklin
Roosevelt, que, quando não está na capital americana comandando, mora com uma
mãe meio desequilibrada, vive um romance (?) com sua prima, Margaret Stuckley
(Laura Linney ótima como sempre). O diretor Roger Michell quis dar a mesma importância
para ambas as tramas, mas o resultado ficou abaixo do esperado e muita coisa
poderia ser mais explorada, se não fosse a sua curta duração. Na realidade o
filme se envereda mais para uma comedia sobre os costumes norte americanos, que
por vezes choca a realeza inglesa, e rende alguns bons momentos (a passagem
sobre o cachorro quente é hilária). O problema é que o filme se envereda para um
drama romântico que fica devendo por não saber explorar direito no momento
certo. Baseado em cartas escritas por Margaret, e encontradas embaixo de seu
colchão após sua morte, aos 100 anos, “Um Final de Semana em Hyde Park” poderia
ir muito mais além do que foi apresentado, mas vale mais para assistir ao Bill
Murray interpretando um presidente histórico, num desempenho muito melhor, mais
leve e solto, do que aquele visto por Daniel Day-Lewis em Lincoln.
Sinopse: Na China dos dias
contemporâneos, quatro pessoas de regiões e classes sociais muito distintas se
cruzam. A história, descrita como um "road movie com cenas de ação",
passa tanto pela barulhenta metrópole de Guangzhou quanto pela calma província
rural de Shanxi.
Um olhar cru de um
diretor chinês, que através de quatro histórias que ele cria, inspirada em
fatos verídicos, sobre como é a China atual, assusta pelo fato daqueles
acontecimentos não acontecerem somente lá, como também muito perto de nós. O sangue
já jorra de uma forma inesperada, numa situação que poderia acabar de uma forma
melhor, mas aqui é mostrada para retratar a reação do homem (ou mulher) perante
a violência que não aceita mais tão facilmente, desencadeando então um lado obscuro
da pessoa e que o leva ao caminho sem volta. Um retrato não somente da China
atual, como também da própria civilização do século 21 infelizmente.
Em pouco mais de duas
horas, Jia Zhang-ke (Em Busca da Vida) retrata o dia a dia de quatro pessoas
comuns, que embora se cruzem umas com as outras no decorrer da projeção, suas
tramas trabalham independentemente uma da outra, mesmo com o fato da violência
ser um assunto que tenham em comum. Assunto que este, vai da pessoa mais velha,
para o jovem a recém começando com a vida, mas que não consegue administrar o descontrole
de uma sociedade, que embora tenha a
faca e o queijo na mão para tudo ficar bem, não esconde o fato de não saber
lidar com o despertar da besta do interior de um ser humano. O despertar esse
que começa através das más ações de pessoas que acreditam que acham que podem
fazer o que bem entenderem, mas que no fim, querendo ou não, sofrem as conseqüências.
Acima de tudo, o
filme é sobre a perda dos valores de um ser humano, desmoronamento da família contemporânea,
o viver do dia a dia difícil, corrupção a torto e a direito, o lado cruel do
ser humano contra animais indefesos, o valor abusivo do dinheiro na vida das
pessoas que a transformam em seres como pedra e o nascimento do seu lado brutal. O filme se concentra em quatro historias, enlaçadas
através de inúmeros detalhes que exigem um pouco de nossa atenção. Bom exemplo
disso é o titulo do filme que é visto num papel de parede que avistamos na
terceira historia do longa.
Sublime é a forma de
apresentação dos personagens de cada historia que às vezes eles surgem rapidamente
dentro da historia de outro personagem. O protagonista da segunda trama surge
no inicio da trama do primeiro, que já desencadeia uma onda de violência sem precedentes
e já fazendo o cinéfilo se preparar para o que está por vir. Existem os encontros
em ônibus e trens e um dos personagens da terceira trama vai voltar ao cenário da
primeira história e fechando assim um circulo.
Talvez um dos mais trágicos
personagens do longa seja Dahai, da primeira história, um trabalhador de uma
mina que se revolta contra a corrupção local. Tenta debater, argumentar,
reclamar pelos direitos do povo aonde ele vive, mas tudo acaba de uma forma inútil.
O seu rifle enrolado em um tigre enfurecido que molda um pano, irá encher a
tela de sangue sem dó. A segunda leva a roubo e assassinato de um trabalhador
deslocado de sua região natal, que perde o contato da mulher, o filho e a
família. O terceiro caso traz à bela Zhao Tao, a mulher do diretor, que faz uma
moça que trabalha como recepcionista de uma sauna e não consegue que o homem
que ela está apaixonada deixe a sua esposa. Sem querer, ele deixa um canivete
com ela e o objeto se tornara uma arma para ela, num dos momentos mais
angustiantes do filme.
É triste a quarta historia
que envolve um jovem que tenta ajudar a família, mas que não consegue suportar
a pressão dela e o leva num caminho trágico e sem volta. Em frente aos restos
de um passado longínquo e mais dourado, a cantora de ópera chinesa pergunta
para uma platéia que se encontra quieta:
“Você entendeu o seu
pecado?”
Um toque universal apresentado
neste filme, vindo desse cineasta genial, que fala não somente sobre a China, como
também de todos os povos desse planeta.