Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
Me acompanhem no meu:
Twitter: @cinemaanosluz
Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com
Sinopse:
Verônica (Hermila Guedes) tem 24 anos e acaba de terminar o curso regular de
Medicina. Mora com o pai, José Maria, muito mais velho que ela. A mãe morreu
quando ela era ainda pequena. A casa é cheia de discos de vinil antigos. No
momento, Verônica não tem mais tempo para discos, para cantar músicas ou mesmo
para noitadas com as amigas, pois trabalha em um ambulatório de Psiquiatria de
um hospital público. Em uma dessas noites de volta para casa, Verônica, já
cansada de tanto ouvir problemas alheios, decide usar o gravador, fiel
companheiro das provas da faculdade, para narrar, em forma conto de fadas, os
próprios problemas. E começa: Era uma vez eu, uma jovem, brasileira...
Por mais que a gente se esforce
em ser alguém na vida, às vezes sentimos uma sensação de angustia, na qual tem
a terrível sensação de que nos não nos encaixamos no mundo e não encontramos
nenhum sentido em prosseguir. No mais novo filme do diretor Marcelo Gomes
(Cinema Aspirinas e Urubus) temos a representação dessas sensações através da
personagem Verônica (Hemila Guedes), que
embora tenha se tornado médica de um hospital publico, ela se sente infeliz no
que faz, mesmo se esforçando ao máximo para ajudar pessoas com diversos tipos
de problemas, seja físicos ou psicológicos. Ao mesmo tempo, cuida de um pai
enfermo e das idas e vindas de um possível futuro marido (João Miguel).
Por mais que tente administrar
o seu dia a dia com tudo isso, sentimos a todo o momento que Verônica quer mais
é jogar tudo para o ar, sendo que a cena de abertura (onírica e com muita nudez)
e dos últimos minutos de projeção representa os seus desejos interiores que a
qualquer momento podem explodir. Gomes passa ao máximo para o espectador essa
sensação que a protagonista sente a todo o momento, pois sua câmera jamais a
perde de vista, causando então uma sensação de apreensão em nos, sobre qual será
as atitudes dela....virtuosas ou libertárias?
Um filme sobre cada um de
nos em algum momento na vida, em que procuramos uma razão de prosseguirmos em
linhas retas e sem perdermos as esperanças.
PROJETO RAROS
ESPECIAL CEMITÉRIO PERDIDO DOS FILMES B: EXPLOITATION- UP! O EROTISMO ANÁRQUICO
DE RUSS MEYER
Nesta sexta-feira, 7
de junho, às 20h, o Projeto Raros da Sala P.F.Gastal (3° andar da Usina do
Gasômetro) faz o lançamento do livro Cemitério Perdido dos Filmes B:
Exploitation, seguido da exibição de UP!, de Russ Meyer. Após a sessão, haverá
debate com os autores Cesar Almeida, Carlos Thomaz Albornoz, Marco A. Freitas e
Cristian Verardi. Entrada Franca. Censura 18 anos.
UP!
Existe algo de
anárquico na obra de Russ Meyer que eleva seu cinema além do erotismo fácil da
exploração gratuita dos corpos. Na epiderme de seu trabalho corre um humor
libertário, impregnado de violência, um deboche acurado que desestabiliza
costumes e regras morais através de uma narrativa caótica que por vezes beira o
nonsense. A profusão de corpos nus, de mulheres opulentas e homens priaprícos,
serve como arma para desnudar desejos e perversões de uma sociedade castradora
e hipócrita. A América de Russ Meyer clama secretamente por um gozo alucinante.
”Nada é obsceno desde que seja feito com mau
gosto”, costumava dizer um provocativo Meyer.Um dos últimos trabalhos de sua
carreira como diretor, Up! é uma obra crepuscular que somatiza características
peculiares ao estilo de Meyer; para ele o sexo era um elemento superlativo.
Mulheres de seios monumentais, homens brutos e apalermados ostentando ereções
monstruosas, êxtase sexual constante, violência gráfica de tons cartunescos,
tudo isso costurado por uma narrativa amalucada em prol da provocação e do
deboche das convenções sociais e dos tabus sexuais.O olhar apurado de Meyer,
que foi um notório fotógrafo da revista Playboy durante os anos 1950, capta
planos inusitados, sempre valorizando os fartos seios de suas atrizes, enquanto realiza com furor sequências de
humor, violência e erotismo.
Kitten Natividad, uma de suas atrizes fetiche,
funciona como um coro grego para narrar a estranha trama whodunit que se
desenrola em meio a maratona sexual promovida pelas personagens de Up!. Quem
matouAdolfSchwartz? Um Hitler genérico adepto de práticas masoquistas que é
castrado por um peixe colocado criminosamente em sua banheira. Esse enigma
pouco interessa às personagens, que preferem se dedicar a incessantes e
divertidas aventuras sexuais invés de se preocupar com o assassinato. Enquanto
Paul (Robert McLane) e Sweet Lil Alice (Janet Wood) gozam bucolicamente em meio
aos campos, Margo Winchester (Raven De La Croix), a garçonete local, enlouquece
os homens transformando-os em verdadeiros predadores sexuais, e o xerife Homer
Johnson (Monty Bane), despreocupado com o crime, prega a lei a sua maneira,
utilizando mais seu pênis do que sua arma.A cena de abertura com AdolfSchwartz sendo alegremente sodomizado por um
membro descomunal e submetido a sessões de sadomasoquismo, é uma verdadeira
zoação de Russ Meyer (ex-combatente e fotógrafo da 2° Guerra Mundial), não
apenas com a figura histórica de Hitler, mas com todas as autoridades morais
que impestam nossa sociedade pregando de forma ditatorial éticas sexuais
hipocritamente castradoras. A sequência histérica, onde um lenhador brutamontes
de apetite sexual descontrolado tenta violentar Margo Winchester, culminando
num hilário banho de sangue após uma luta envolvendomachados e uma motoserra, é um exemplo da
insanidade narrativa de Meyer, que mescla habilmente os gêneros, indo
prontamente do erotismo ao mais puro grand guignol.
Carl Jung disse que ”o cinema torna possível
experimentar sem perigo, toda a excitação, paixão e desejo que deve ser
reprimida numa humanitária ordem de vida”, e o erotismo libertário e
provocador proposto pelo cinema de Meyer
tende a corroborar essa afirmação, tendo o sexo e o humor como as mais
poderosas armas de subversão.
(Cristian Verardi - texto
originalmente publicado no livro Cemitério Perdido dos Filmes B: Exploitation.
Ed. Estronho).
Mais informações, vocês
conferem na pagina da sala clicando aqui.
Não importa se a pessoa for fanática
ou não, Star Trek faz parte do imaginário de várias gerações, sendo aquelas que
assistiram (ou deram uma espiada) a série de TV ou aquelas que assistiram aos
filmes que deram continuidade as aventuras da tripulação da nave
Enterprise. Com a proximidade de mais um novo capitulo das aventuras de Kirk,
Spock e companhia chegando ao cinema, em breve postarei sobre cada filme que a tripulação original
(e mais adorada) estrelou nas telonas.
Enquanto isso deixo abaixo o
que é para mim a cena mais emocionante de todos os filmes já feitos ate aqui.
Sinopse: Ao término
da Segunda Guerra Mundial, o marinheiro Freddie Quell (Joaquin Phoenix) tenta
reconstruir sua vida. Traumatizado pelas experiências em combate, ele sofre com
ataques de ansiedade e violência, e não consegue controlar seus impulsos
sexuais. Um dia, ao acaso, ele conhece Lancaster Dodd (Phillip Seymour
Hoffman), uma figura carismática e líder de uma organização religiosa conhecida
como A Causa. Reticente no início, ele se envolve cada vez mais com este homem
e com suas ideias, centradas na ideia de vidas passadas, cura espiritual e
controle de si mesmo. Freddie torna-se cada vez mais dependente deste estilo de
vida e das ideias de seu Mestre, a ponto de não conseguir mais se dissociar do
grupo.
Depois de Sangue
Negro, todos estavam esperando novamente um projeto ousado vindo da mente de
Paul Thomas Anderson e novamente este não decepciona. Alardeado como o filme
que conta as origens da Citologia, a trama não se entrega as raízes dessa seita
como um todo, mas sim em seus protagonistas cheios de intensidades e que são
capazes de mudar a vida das pessoas próximas há elas. Quem necessita de uma
mudança radical é Freddie (Joaquin Phoenix espetacular) que após o termino da
Segunda Guerra Mundial, se vê perdido no mundo, com tendências explosivas e
impulsos sexuais descontrolados (o inicio representa bem isso).
Tudo muda quando
encontra Lancaster (Hoffman, ótimo como sempre), que é líder de uma organização
religiosa chamada A Causa e passa ajudar Freddie para encontrar um caminho na
vida. Pessoalmente, embora eu seja católico, sempre fui contra essas organizações
religiosas que cada vez mais cresce no mundo, pois sempre há um dedo podre nos
bastidores desses cultos. Porém, talvez querendo fugir de qualquer polemica, Thomas
Anderson jamais deixa explicito os lados negativos que ocorre em A Causa, mas
sim retrata como um movimento, onde o principal objetivo é fazer as pessoas se desprenderem
do que as levam no fundo do poço. Porém, o cineasta é hábil na sutileza em retratar
que as coisas não são bem assim, através de momentos explosivos do Mestre,
principalmente quando se vê sendo julgado por aqueles que não entendem a sua causa.
Ou então pela personagem de Amy Adams, que embora represente o lado maternal da
trama, não esconde certo ar de loucura vindo de seus olhos e demonstrando total
fanatismo, muito embora contido.
Com cenas espetaculares
em que os protagonistas agem das formas mais imprevisíveis (principalmente
vindas do personagem de Phonenix), O Mestre pode até não ser superior a obra
anterior do diretor, mas entra facilmente na lista dos melhores filmes produzidos
no inicio dessa nova década. Leia também tudo sobre as obras do diretor clicando aqui.
Sinopse: Violeta (Alessandra Negrini) é uma
dentista de 40 anos, casada e com um filho adolescente, que está pronta para
começar mais um dia em sua rotina, entre seu consultório, a academia e um novo
apartamento em Copacabana. Parece ter uma vida dos sonhos, até que recebe um
recado no celular, o que muda drasticamente seu cotidiano, fazendo com que ela
passe por uma dolorosa experiência, durante a qual busca entender a situação,
andando pelas ruas do Rio de Janeiro.
No mais novo filme do
cineasta Karim Aïnouz,O Abismo Prateado
traz Alessandra Negrini em sua melhor performance no cinema.O tema é o mesmo de
outras obras já apresentadas pelo diretor como o Céu de Suely (2005) em que o abandono é o que
assombra os seus protagonistas. Violeta (Alessandra), uma dentista de 40 anos
da Zona Sul do Rio, casada e com um filho adolescente, recebe um recado na
secretária eletrônica. É o marido (Otto Jr.), com quem ela vinha mantendo uma relação
aparentemente estável, do ponto de vista sexual inclusive (numa cena bem
sensual), dizendo que não a ama mais e que vai embora para Porto Alegre.
O cineasta então foca
o drama da protagonista, que num momento busca o paradeiro do seu amor, e em
outro momento segue caminhando sem rumo
pelas ruas do Rio e caindo na balada. A câmera do diretor
fisga com maestria o espírito em frangalhos de Violeta em sua jornada, sendo que
dois momentos impressionam: a que começa
em uma boate e termina na beira da praia, com belas imagens das ondas do mar,
simbolizando a idéia da protagonista buscar novas praias para melhorar a sua
vida, ou pelo menos buscar algo para fazer algum sentido em sua jornada.
No
percurso para o aeroporto, para onde ela vai de carona com um pai (Thiago
Martins) e sua filha pequena (Gabi Pereira), começa a se sentir melhor consigo
mesma, em momentos singelos e se descobrindo um pouco, em novas camadas até
então desconhecidas de sua pessoa. Embora pouco
divulgado e distribuído em poucas salas, Abismo Prateado é mais um pequeno e
belo filme do nosso cinema nacional que merece ser descoberto pelo grande
publico.
O CineBancários
recebe, de 4 a 9 de junho, nas sessões das 15h, a mostra de animações
portuguesas RUMA AO SUL, um panorama que reflete diferentes vivências e formas
da alma portuguesa sentir o mundo, organizada pelo Cineclube Torres e a Casa da
Animação. A mostra também acontece na Casa de Cultura Mario Quintana. Todos
pagam meia entrada.
Nas sessões das 17h, o CineBancários exibirá,
até dia 9 de junho, o longa Abismo Prateado. O documentário Sibila, segue
também em cartaz até dia 9, nas sessões das 19h.
Mais informações e horários das
sessões, vocês conferem na pagina da sala clicando aqui.