Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
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Nos dias 16 e 17 de Junho, estarei
participando do cursoHISTORIA DO CINEMA BRASILEIRO, criado peloCENA UM e ministrado pelo jornalistaFranthiesco Ballerini. E enquanto os dois dias não vêm, por aqui, falarei um pouco
desse universo verde amarelo do nosso cinema.
O BANDIDO DA LUZ VERMELHA
Sinopse: Jorge, um
assaltante de residências de São Paulo, apelidado pela imprensa de
"Bandido da Luz Vermelha", desconcerta a polícia ao utilizar técnicas
peculiares de ação. Sempre auxiliado por uma lanterna vermelha, ele possui as
vítimas, tem longos diálogos com elas e protagoniza fugas ousadas para depois
gastar o fruto do roubo de maneira extravagante.
Rogério Sganzerla, em
seu segundo trabalho como diretor (o primeiro foi o curta Documentário de 1966)
realiza um filme surpreendente, usando e abusando com o mito da crônica policial
paulistana dos anos 60. Seu filme é uma espécie de “faroeste do terceiro mundo”,
caótico e desconexo. Com sua linguagem
visual muito a frente do seu tempo, O Bandido da Luz Vermelha pode ser visto
como o ponto de transição entre a estética do Cinema Novo (influenciado pela nouvelle
vague do cinema francês) e a ruptura do Cinema Marginal. Um clássico inesquecível
e que foi relembrado novamente, graças à sua seqüência, intitulada Luz das Trevas.
Na devastada cidade de Nanjing em 1937 o perigo das ruas fez com
que um grupo inimaginável de refugiados se reunisse em uma igreja: um bando de
crianças em estado de choque algumas sedutoras e provocantes cortesãs e um
renegado americano que se passa por padre para salvar aprópria pele. Ou que pensa que se salvará. Emboscados por
saqueadores ao longo dos próximos dias eles vão lutar não apenas para
sobreviver, mas também para fazer o que parece ser impossível nestas
circunstâncias - compreender e confiar um no outro.
Zhang Yimou já é um diretor que entrou para
historia do cinema, ao criar tramas emocionantes, que acabam se casando muito
bem com cenas deslumbrantes (como Herói e Lanternas Vermelhas). Com Flores do
Oriente, ele cria um verdadeiro espetáculo visual, sobre o horror que assolou
em Nanjing em 1937, em que os japoneses invadiram a cidade, deixando mais de
200 mil mortos e mais de 20 mil mulheres estupradas e mortas. Não é a toa que a
rivalidade entre os chineses e japoneses é sentida até hoje, sendo que isso é muito bem
sentido na tela, pois ZhangYimou não se importa nem um pouco, em retratar os
japoneses como verdadeiros monstros e sem nenhum escrúpulo.
Baseado num romance de Geling Yan, o filme
possui interessantes elementos, que lembram muito bem um faroeste, pois temos o forasteiro
(Bale), que se refugia na igreja, para mais tarde, se tornar defensor, tanto
das estudantes, como das prostitutas que chegam ao local, lideradas pela mais
bela do grupo,Yu Mo (Ni Ni).
Embora o filme comece alucinante, onde cada cena deixa o espectador em aflição,
por outro lado (ao decorrer das mais de duas horas de filme), a trama exagera
um pouco em temas como culpa e redenção, e simplesmente não convence na mudança
repentina do caráter dos protagonistas principais (Ni Ni e Bale).
Contudo, isso tudo é compensado, graças a uma produção
caprichada do cineasta, que mesmo nas cenas chocantes e incomodas, ele cria
poesia, com o direito há um belo casamento com a fotografia, edição de arte e
muitos truques de câmera lenta (que ele aprendeu muito bem em Herói).
Nos dias 16 e 17 de Junho,
estarei participando do curso HISTORIA DO CINEMA BRASILEIRO, criado pelo CENA
UM e ministrado pelo jornalista Franthiesco
Ballerini. E enquanto os dois dias não vêm, por aqui, falarei um pouco desse
universo verde amarelo do nosso cinema.
Deus e o Diabo na
Terra do Sol
Sinopse: Manuel
(Geraldo Del Rey) é um vaqueiro que se revolta contra a exploração imposta pelo
coronel Moraes (Mílton Roda) e acaba matando-o numa briga. Ele passa a ser
perseguido por jagunços, o que faz com que fuja com sua esposa Rosa (Yoná
Magalhães). O casal se junta aos seguidores do beato Sebastião (Lídio Silva),
que promete o fim do sofrimento através do retorno a um catolicismo místico e
ritual. Porém ao presenciar a morte de uma criança Rosa mata o beato.
Simultaneamente Antônio das Mortes (Maurício do Valle), um matador de aluguel a
serviço da Igreja Católica e dos latifundiários da região, extermina os
seguidores do beato.
Um dos filmes mais
representativos do cinema novo, conseguindo pela maioria dos críticos como o
melhor filme de Clauber Rocha. Vigorosos momentos de drama, aventura e poesia,
comentados pelas musicas de Heitor Villa Lobos e Sergio Ricardo. Atenção para o
magistral desempenho de Othon Bastos, como o cangaceiro Corisco, um dos remanescentes
de Lampião. Sempre quando surge em cena, suas palavras falam por si, como quando
batiza Manuel de Satanás.
Curiosidade: Foi
rodado nos municípios de Monte Santo, Feira de Santana, Salvador, Canché e
Canudos, todos no estado da Bahia. - Foi lançado no Rio de Janeiro em 10 de
julho de 1964, nos cinemas Caruso, Ópera e Bruni-Flamengo.
O Dragão da Maldade
Contra o Santo Guerreiro
Sinopse: Quando um
matador de cangaceiros é contratado para exterminar um bando e descobre nos
criminosos um idealista que o faz rever seus conceitos de vida.
Seqüência oficial de
Deus e o Diabo na terra do Sol, o filme é uma desconcertante mistura de oporá,
macumba, mas principalmente faroeste. O filme é trajado com aquela roupa típica
do western: a seca do Nordeste brasileiro constituída de homens duros e
impiedosos. Não é nenhuma surpresa ver isso, até mesmo porque o western
americano desencadeou muitas afluentes abraçadas por vários países distintos; o
Brasil abraçou o cangaço mergulhado na pobreza. Premio de melhor direção no festival de Cannes
em 1969.
TERRA EM TRANSE
Sinopse: O senador
Porfírio Diaz (Paulo Autran) detesta seu povo e pretende tornar-se imperador de
Eldorado, um país localizado na América do Sul. Porém existem diversos homens
que querem este poder, que resolvem enfrentá-lo.
Tido para alguns, como
a obra prima de Glauber, o filme pode ter envelhecido para outros, mas não há
como negar sua coragem histórica, pois o filme foi lançado em pleno período da
ditadura e a trama nada mais era que uma critica disfarçada daquele tempo. Considerado
clássico do Cinema Novo e vencedor do prêmio da critica em Cannes, é de difícil
entendimento para quem não esteja habituado com a integridade linguagem do
diretor.
Curiosidade: Em abril
de 1967 o filme foi proibido em todo território nacional, por ser considerado
subversivo e irreverente com a Igreja. Depois foi liberado, com a condição de
que se desse um nome ao padre interpetrado por Jofre Soares.
Sinopse: s detetives de Nova Iorque,
"Popeye" Doyle (Gene Hackman) e Buddy Russo (Roy Scheider) tentam
desmantelar uma rede de tráfego de narcóticos e acabam por descobrir a Operação
França. Mas, quando um dos criminosos tenta matar Doyle, ele inicia uma
perseguição mortal que o leva muito além dos limites da cidade
Um dos grandes filmes de ação dos anos
70, notável por sua celebre seqüência de perseguição de automóveis. Baseado no
livro de Robin Moore (inspirado em fatos reais), a trama realista retira todo o
glamour da atividade policial. Teve uma continuação e deu origem a um telefilme
Popeye Doyle (86), com Ed O Nell substituindo Hackman no papel titulo. Oscar de
filme, diretor, ator (Hackman), roteiro adaptado e montagem.
Curiosidade: Gene Hackman e
Roy Scheider fizeram patrulha com os policiais Eddie Egan e Sonny Grosso
durante um mês, antes do início das filmagens, para pegar melhor o espírito de
seus personagens. Posteriormente Egan e Grosso fizeram pequenas pontas como
supervisores da polícia.
Sinopse: Retrata a trajetória de
Jorge Bronze, conhecido pelo codinome Tudo-ou-Nada (André Guerreiro). Ele é
filho do famoso Bandido de Luz Vermelha (Ney Matogrosso), que assaltava casas
de ricos paulistanos e foi transformado em ícone pelo jornal Notícias
Populares. Por outro lado, aborda a vida de Luz Vermelha em um presídio de
segurança máxima, mostrando como ele lida com a fama de ser um dos criminosos
mais famosos do Brasil.
Nesta atual temporada, os cinemas de nosso país
são invadidos por super produções, que acabam tomando as atenções do publico
por vários meses e que acaba atraindo uma enorme fatia, em termos de bilheteria.
Em meio a esse tiroteio, pelo menos, surge sempre um pequeno filme, que acaba
ganhando um publico fiel e que acaba por ser revisto inúmeras vezes. Dessa vez,
esse pequeno filme é uma produção brasileira, que não é só uma simples seqüencia
do clássico o Bandido da Luz Vermelha, mas é uma produção que fala por si.
Embora o filme possua a mesma estética
do filme original (com direito a cenas do clássico), o filme possui alma,
graças à direção inspirada de Helena Ignez (O signo da Luz), que além de não
fazer feio, perante o culto da produção de 1968, consegue tira
coelho da cartola, ao arrancar uma boa interpretação de Ney Matogrosso. Mais
conhecido por ser um dos mestres da musica brasileira, Matogrosso consegue
passar todo o peso e o inferno que o personagem passa encarcerado, com direito
a palavras em off durante o filme, cuja suas palavras são um reflexo do seu
estado de espírito. Muito embora, o elenco secundário não fica muito atrás, e André
Guerreiro Lopes simplesmente rouba a cena quando surge, ao interpretar o filho
do protagonista, com o codinome Ou tudo ou Nada, onde repete os passos do pai,
numa interpretação inspirada e cheia de energia de Lopes.
Ambos, tanto o pai como o filho, são
dois lados da mesma moeda, sendo que, não são apenas bandidos, mas espécies de
entidades que enfrentam de frente o sistema da sociedade atual, com o direito
de quebrar as suas regras e se sentirem livres para fazerem o que bem
entenderem. Embora o ato final caia num previsível momento, em que Ney Matogrosso,
solta à voz para uma canção, Luz das Trevascumpre o que promete, em não somente
fazer jus ao clássico, como também, surpreende em usar uma estética e
linguagem semelhante do final dos anos sessenta e que acaba funcionando ainda
hoje para as novas plateias.
Curiosidade: Em uma das cenas que o personagem João Acácio
(o bandido) fala sozinho através de uma pequena janela, Ney Matogrosso teve que
recorrer a um truque de cena onde o longo texto foi fixado em vários pontos
para que ele pudesse ler sem fixar o olhar somente num lugar.
Sinopse: O longa conta a história de Albert
Nobbs (Glenn Close) uma mulher que fingiu ser homem durante 30 anos para
conseguir trabalhar e sobreviver na Irlanda do século 19.
Fazia tempo que não via Glenn Close em um filme, muito menos
num papel tão bom e significativo. Há anos ela desejava atuar neste papel, e
antes tarde do que nunca, pois o seu desempenho esta entre os melhores de sua
carreira, onde ela constrói o personagem com dedicação e lhe confere traços
contidos que o tornam riquíssimo. Embora as adversidades que a protagonista
passa, soe por vezes ingênuos, o filme ganha pela ótima reconstituição de época
e por personagem fortes, que por vezes, roubam a cena da protagonista. Como no
caso de Janet Mcteer, que assim como o personagem principal, interpreta uma mulher
que se disfarça de homem, que trabalha
como pintor. Embora sendo coadjuvante, Janet rouba a cena a cada momento que
surge, isso graça a sua presença magnética.
Isso graças ao fato, de ser uma atriz mais de teatro do que cinema e não é a toa
que recebeu uma indicação ao Oscar.
Um filme sobre segredos, mentiras e condutas de pessoas,
numa época mais conservadora, mas que revelava a sua verdadeira face, para
aqueles que carregavam o mesmo fardo.
Nota: Embora o filme já esteja em DVD, o filme está também
em cartaz, na sala GNC Moinhos, rua Olavo Barreto Viana, 36, Porto Alegre, as 19h15min.