Sinopse: Uma adolescente educada em casa começa a suspeitar que sua mãe esconde segredos sombrios.
Aneesh Chaganty chamou atenção da crítica e do público através do filme "Buscando" (2018), sendo que era um filme de suspense todo construido através do que os protagonistas viam na tela do computador. Portanto, era uma questão de tempo para saber qual seria a mirabolante nova trama que ele poderia, novamente, nos surpreender. Eis que chega "Fuja" (2021), filme de suspense que usa das mesmas fórmulas de sucesso de outros clássicos, mas conseguindo manter a nossa atenção até o seu final.
O filme conta a história de Chloe (Kiera Allen), uma adolescente que está confinada a uma cadeira de rodas e é educada em casa por sua mãe, Diane (Sarah Paulson). No entanto, o comportamento estranho apresentado pela matriarca começa a deixar a jovem desconfiada. Quando ela vasculha alguns medicamentos um tanto que suspeitos que ela dá para ela. A partir disso, a jovem começa a desconfiar de tudo o que Diane faz, suspeitando que algo muito mais sinistro está por trás de tudo.
Bebendo da fonte de clássicos como "O Que Terá Acontecido a Baby Jane?" (1962) e "Louca Obsessão" (1990), o filme é um suspense psicológico, do qual explora os laços familiares ao extremo, ao ponto que coloca para fora o pior do ser humano. É bem da verdade que o filme é um pequeno estudo sobre a dependência doentia paternal perante ao fato da possibilidade dos filhos saírem de casa para seguir com as suas próprias vidas. É um assunto que, por vezes, a maioria não gosta de tocar no assunto, mas que é preciso ser tratado antes que tudo se eleve para algo mais obsessivo.
Para um olhar mais antenado de um cinéfilo, o filme quase não possui nenhuma novidade dentro do gênero, mas tendo sido bem conduzido obteve grande êxito. Aneesh Chaganty está longe de ser um mestre como Alfred Hitchcock, mas é preciso reconhecer que ele possui certo talento com o movimento de sua câmera, onde ela se torna uma representação do nosso olhar perante certas situações que a personagem Chloe não presencia. Reparem, por exemplo, a cena em que ela está pesquisando na internet, para logo em seguida a câmera focar algo que está no fundo e fazermos estar há um passo a frente da personagem.
Além de uma ótima trilha sonora que aumenta o clima de tensão, o filme possui também uma fotografia fria, da qual sintetiza o clima mórbido na medida que em que a trama avança. Porém, o filme jamais funcionaria se a sua dupla principal não funcionasse em cena. Se por um lado Sarah Paulson cumpre novamente com louvor ao interpretar uma complexa personagem em cena, do outro, a estreante Kiera Allen surpreende na medida em que a sua personagem vai descobrindo aos poucos a verdade sobre toda a sua vida e mudando drasticamente as suas atitudes para poder escapar com vida.
É claro que o cinéfilo veterano sempre irá desvendar determinadas cenas antes delas acontecerem. Porém, confesso que certas revelações da história me surpreenderam muito, mas isso graças a edição de cenas criada pelo cineasta, da qual alinhada com determinadas peças secretas desse tabuleiro faz com que a revelação se torne uma verdadeira jogada de gênio e criando um xeque-mate. Nada mal para um segundo longa metragem na carreira.
Com um final que é uma verdadeira virada de mesa, "Fuja" é um verdadeiro prato cheio para aqueles que procuram altas doses de suspense, mas alinhado com muita criatividade.
Onde Assistir: Netflix