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segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

Cine Dica: Em Cartaz - 'A Semente do Fruto Sagrado'

Sinopse: Em um período de agitação política no Teerã, o recém-promovido juiz de instrução, Iman, se vê pressionado. Sua arma some e ele é tomado por uma paranoia, desconfiando até mesmo da família. 

O cinéfilo de hoje conhece o Irã através dos filmes, mais precisamente aqueles rodados pelos mestres como Abbas Kiarostami e Jafar Panahi. Porém, se Kiarostami construiu uma carreira autoral mesmo com a sombra da censura imposta pelo governo, por outro lado, Panahi sofreu ao desafiar o mesmo e tendo que continuar filmado de forma clandestina como foi no caso do seu "Isso Não é um Filme" (2011). "A Semente do Fruto Sagrado" (2024) é um filme corajoso onde se é perfurado a bolha e nos revelando um Irã que procura nos dizer que o seu povo realmente vai as ruas desejando maior liberdade para se continuar vivendo.

Dirigido por Mohammad Rasoulof, o filme foi rodado no Teerã, porém, de forma clandestina e financiado pela Alemanha. Na história, conhecemos Iman, recém-promovido a juiz de instrução e que recebe dos seus superiores uma arma da qual não pode ser perdida. Porém, a arma desaparece e fazendo com que o mesmo desconfie da sua própria esposa e de suas duas filhas.

Mohammad Rasoulof foi no decorrer dos anos bastante perseguido pela República Islâmica do Irã, ao ponto do seu passaporte ser confiscado após o seu retorno de um festival nos EUA. Por conta disso, pode-se dizer que o longa fala muito de sua pessoa, já que a história transita entre momentos de ficção com a realidade, já que o roteiro dá espaço para cenas verdadeiras filmadas em celulares e onde testemunhamos pessoas reais protestando contra o governo e fazendo com que o mesmo ataque o próprio povo. A família central da trama, por sua vez, é uma síntese sobre o medo e a paranoia daqueles que convivem em temos de incertezas, de serem presos ou até de serem mortos ao seu posicionarem contra o governo e fazendo com que a mesma se dívida no decorrer do percurso.

Mohammad Rasoulof constrói um clima claustrofóbico no decorrer da trama, já que boa parte dela se passa no apartamento da família, como se lá fosse uma espécie de porto seguro enquanto nas ruas ficam ocorrendo os protestos. Há, logicamente, uma desavença entre as gerações devido aos costumes de ontem e hoje e fazendo com que as duas irmãs sejam uma espécie de símbolo contra o medo e fazendo com que ambas tomem uma iniciativa mesmo colocando as suas vidas em risco. Em contrapartida, tanto o pai como a mãe são submissos as regras, principalmente pelo fato do primeiro ter chances de ser promovido ao ser uma espécie de carrasco da polícia, mas fazendo com que seja temido até mesmo pela sua própria esposa.

Uma vez que desaparece a tal arma é imposto um cenário onde a paranoia se faz de governante e fazendo a gente questionar quem em cena está dizendo a verdade. Por conta disso, Mohammad Rasoulof elabora planos sequências para que tudo se torne ainda mais sufocante, ao ponto que acabamos temendo pela vida deles, pois os mesmos podem se matarem a qualquer momento devido à loucura imposta pelo medo. Pode-se dizer que o filme ganha pinceladas de um verdadeiro filme de suspense psicológico e cujo ato final simboliza muito bem isso.

Surpreendentemente, o seu final me remeteu ao clássico "O Iluminado" (1980), sendo que ambos os casos vemos um pai fazendo de tudo para manter a sua promoção no trabalho, nem que para isso tenha que machucar a sua própria família. Se tira o hotel com a neve do clássico de Stanley Kubrick e se tem as ruínas de uma cidade no deserto, mas cujo resultado acaba se tornando o mesmo. Porém, aqui não há fantasmas ou monstros, mas sim o próprio ódio vindo do mundo real que envenena as pessoas, mas cuja resistência real vista nos últimos minutos da trama simboliza que sempre haverá esperança.

"A Semente do Fruto Sagrado" é reflexão política alinhada com um suspense claustrofóbico e culminando com um dos finais mais surpreendentes neste início de ano.  

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