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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 29 de maio de 2020

Cine Dica: Durante a Quarentena Assista: 'Vidas em Jogo' (1998)


No filme anterior, percebe-se que os personagens centrais se encontram presos a uma realidade constante da violência, cuja a cidade sem nome parece, por vezes, um calabouço e que não dá nenhuma boa perspectiva com relação ao futuro. Em "Seven",  David Fincher começa a fazer uma crítica ao sistema pelas entrelinhas, onde a sociedade da década de 90 começa a ser tragada pelo capitalismo cada vez mais desenfreando, fazendo de uma sociedade cada vez mais perder os seus reais valores e culminando no surgimento de um assassino em série para que mudasse o curso daquela realidade nada reconfortante. É então que chegamos a "Vidas em Jogo" (1997), onde nos é apresentado um protagonista que tem tudo, mas que perdeu o seu lado humano.
Com roteiro de John D. Brancato e de Michael Ferris, o filme é estrelado por Michael Douglas, que interpreta o Nicholas Van Orton, uma versão light de seu aclamado personagem do clássico Wall Street – Poder e Cobiça. Ele é um investidor milionário que trata tudo e todos com a mais completa indiferença. É seu aniversário quando o filme começa e as poucas pessoas que hesitantemente desejam “parabéns” recebem ou o silêncio absoluto em troca ou respostas por intermédio de sua secretária. Fincher estabelece essa personalidade também visualmente, trabalhando cores frias, posicionando a câmera sempre abaixo do personagem para mostrá-lo em sua imponência e deixando muito evidente, com um excelente set design, sua mais absoluta solidão, onde quer que esteja.
A trama esquenta quando a única pessoa que o vê como um ser humano, seu problemático irmão Conrad (Sean Penn), dá para ele um “vale-presente” de uma misteriosa empresa chamada CRS, sigla de Consumer Recreation Services (Serviços de Recreação para Consumidores), que, apesar do nome, não tem nenhuma relação com empresas de festas ou serviços de escort. Segundo Conrad, trata-se de serviços que podem mudar a vida de Nicholas, bastando, para isso, que ele ligue para lá. Não demora nada e a curiosidade do protagonista o leva até a CRS. O que acontece em seguida é o tal “jogo” do título em que Nicholas é arremessado em um elaborado e sofisticadíssimo esquema de role playing game.
É aí que a rotina do personagem se quebra e fazendo com que ele precise se virar de uma maneira da qual ele nunca havia feito antes. Fica claro que David Fincher vem nos dizer que esse personagem precisa de uma sacudida, de que ele estava alienado por muito tempo e preso a lembranças ruins do seu pai vindas do passado. Na medida que o personagem cai cada vez mais dentro do jogo, ficamos nos perguntando o que é realmente CRS e quais são as suas reais intenções. Seria somente uma organização querendo o dinheiro do protagonista?  Ou seria uma forma de tirar as pessoas de suas vidas rotineiras?
Não faltam simbolismo no decorrer do filme, desde uma São Francisco um pouco diferente do que é visto nos cartões postais do mundo real, como também pequenas peças significativas que moldam o quebra cabeça como um todo. Entre chaves e espelhos, há uma camada de referências ao clássico “Alice no País das Maravilhas” (1865) e “Alice através do Espelho” (1871) de Lewis Carroll. Há, por exemplo, uma cena digna de nota, onde vemos Nicholas presenciar sua casa ser invadida por inúmeras pichações peculiares na parede e com a música "White Rabbit", cantada pela banda “Jefferson Airplane” e que faz referência ao clássico de Lewis Carroll.
Todos esses simbolismos representan o despertar do protagonista perante o mundo do qual ele estava ignorando e na medida em que ele vai caindo na toca do coelho. Mas para acontecer isso, é preciso também ser feito, literalmente falando. Claro que não faltou detratores acusando o diretor e os roteiristas de criarem um final, por vezes, absurdo, mas que, ao meu ver, jamais escapou de sua real proposta principal.
Ao perder tudo, aparentemente, e cair em desgraça, Nicholas Van Orton volta a se sentir como um ser humano e desvencilhar do peso vindo do passado. "Vidas em Jogo" Um ótimo filme em sua proposta, mas que, ao meu ver, serviria de ensaio para o seu grande próximo filme.

Onde assistir: Google Play Filmes e Youtuber. 

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