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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Cine Dica: Durante a Quarenta Assista: 'Clipe Express Yourself' (1989)

Sinopse: Em uma grande metrópole, poderosa mulher seduz operário de seu maior interesse.  


Nos tempos em que diria videoclipes nos anos oitenta “Express Yourself” foi a produção de maior sucesso do qual David Fincher havia dirigido, foi baseado no longa-metragem Metrópolis (1927) e estreou em 17 de maio de 1989 na MTV. Foi o vídeo musical de maior custo da época, com 5 milhões de dólares sendo gastos em sua produção; atualmente, é o terceiro vídeo mais caro de todos os tempos. O vídeo apresenta Madonna como uma mulher glamorosa e masoquista chefe de grande uma empresa, onde trabalham homens musculosos. No final do vídeo musical, ela escolhe um deles — interpretado por Cameron Alborzian — como seu parceiro. Análises da mídia especializada aclamaram o vídeo e concluíram que a imagem masculina de Madonna refere-se à igualdade. Entretanto, outros comparam a cena em que Madonna coloca a mão em sua virilha com o passo similar feito por Michael Jackson. Consequentemente, a gravação foi nomeada para cinco prêmios nos MTV Video Music Awards de 1989, vencendo nas categorias de Best Cinematography, Best Direction e Best Art Direction.

Embora todos apontem Madonna como a alma do clipe, por outro lado, é notório todo lado autoral que David Fincher inseri aqui e que, posteriormente, iria exercer quando ingressasse para o cinema no início dos anos noventa. Com um clima sombrio, bem típico para época, o clipe é uma bela homenagem ao clássico de Fritz Lang, do qual falava sobre o conflito entre as classes dominantes e operárias. Se nota que em alguns momentos o cineasta construiu os cenários similares ao clássico do expressionismo alemão e cuja a semelhança é o grande chamariz da obra.  

Com "Express Yourself", David Fincher teria passe livre para obter a sua primeira chance na direção de um longa metragem para o cinema com o filme “Alien 3” (1992), mas ganharia status de respeito a partir do seu grande filme “Seven” (1996).   


Curiosidade: Confira abaixo as comparações entre o clássico "Metropolis" e o clipe "Express Yourself" dirigido pelo cineasta.




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sexta-feira, 29 de maio de 2020

Cine Dica: Durante a Quarentena Assista: 'Vidas em Jogo' (1998)


No filme anterior, percebe-se que os personagens centrais se encontram presos a uma realidade constante da violência, cuja a cidade sem nome parece, por vezes, um calabouço e que não dá nenhuma boa perspectiva com relação ao futuro. Em "Seven",  David Fincher começa a fazer uma crítica ao sistema pelas entrelinhas, onde a sociedade da década de 90 começa a ser tragada pelo capitalismo cada vez mais desenfreando, fazendo de uma sociedade cada vez mais perder os seus reais valores e culminando no surgimento de um assassino em série para que mudasse o curso daquela realidade nada reconfortante. É então que chegamos a "Vidas em Jogo" (1997), onde nos é apresentado um protagonista que tem tudo, mas que perdeu o seu lado humano.
Com roteiro de John D. Brancato e de Michael Ferris, o filme é estrelado por Michael Douglas, que interpreta o Nicholas Van Orton, uma versão light de seu aclamado personagem do clássico Wall Street – Poder e Cobiça. Ele é um investidor milionário que trata tudo e todos com a mais completa indiferença. É seu aniversário quando o filme começa e as poucas pessoas que hesitantemente desejam “parabéns” recebem ou o silêncio absoluto em troca ou respostas por intermédio de sua secretária. Fincher estabelece essa personalidade também visualmente, trabalhando cores frias, posicionando a câmera sempre abaixo do personagem para mostrá-lo em sua imponência e deixando muito evidente, com um excelente set design, sua mais absoluta solidão, onde quer que esteja.
A trama esquenta quando a única pessoa que o vê como um ser humano, seu problemático irmão Conrad (Sean Penn), dá para ele um “vale-presente” de uma misteriosa empresa chamada CRS, sigla de Consumer Recreation Services (Serviços de Recreação para Consumidores), que, apesar do nome, não tem nenhuma relação com empresas de festas ou serviços de escort. Segundo Conrad, trata-se de serviços que podem mudar a vida de Nicholas, bastando, para isso, que ele ligue para lá. Não demora nada e a curiosidade do protagonista o leva até a CRS. O que acontece em seguida é o tal “jogo” do título em que Nicholas é arremessado em um elaborado e sofisticadíssimo esquema de role playing game.
É aí que a rotina do personagem se quebra e fazendo com que ele precise se virar de uma maneira da qual ele nunca havia feito antes. Fica claro que David Fincher vem nos dizer que esse personagem precisa de uma sacudida, de que ele estava alienado por muito tempo e preso a lembranças ruins do seu pai vindas do passado. Na medida que o personagem cai cada vez mais dentro do jogo, ficamos nos perguntando o que é realmente CRS e quais são as suas reais intenções. Seria somente uma organização querendo o dinheiro do protagonista?  Ou seria uma forma de tirar as pessoas de suas vidas rotineiras?
Não faltam simbolismo no decorrer do filme, desde uma São Francisco um pouco diferente do que é visto nos cartões postais do mundo real, como também pequenas peças significativas que moldam o quebra cabeça como um todo. Entre chaves e espelhos, há uma camada de referências ao clássico “Alice no País das Maravilhas” (1865) e “Alice através do Espelho” (1871) de Lewis Carroll. Há, por exemplo, uma cena digna de nota, onde vemos Nicholas presenciar sua casa ser invadida por inúmeras pichações peculiares na parede e com a música "White Rabbit", cantada pela banda “Jefferson Airplane” e que faz referência ao clássico de Lewis Carroll.
Todos esses simbolismos representan o despertar do protagonista perante o mundo do qual ele estava ignorando e na medida em que ele vai caindo na toca do coelho. Mas para acontecer isso, é preciso também ser feito, literalmente falando. Claro que não faltou detratores acusando o diretor e os roteiristas de criarem um final, por vezes, absurdo, mas que, ao meu ver, jamais escapou de sua real proposta principal.
Ao perder tudo, aparentemente, e cair em desgraça, Nicholas Van Orton volta a se sentir como um ser humano e desvencilhar do peso vindo do passado. "Vidas em Jogo" Um ótimo filme em sua proposta, mas que, ao meu ver, serviria de ensaio para o seu grande próximo filme.

Onde assistir: Google Play Filmes e Youtuber. 

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segunda-feira, 30 de março de 2020

Cine Dica: Durante a Quarentena Assista: 'O Curioso Caso de Benjamin Button' (2009)

Sinopse: Benjamin Button é um homem que nasce idoso e rejuvenesce à medida que o tempo passa.

Na época do seu lançamento, muitos críticos acusaram David Fincher ao realizar esse filme, pois muitos apontavam que ele se rendeu a fazer filmes para ganhar Oscar. Acusação até que faz algum sentido, pois a superprodução estrelada por Brad Pitt e  Cate Blanchett possui as mesmas fórmulas de aprovação para que um filme ganhe uma vaga para a maior premiação da noite, que vai desde um protagonista buscando se superar na vida, como também uma forma do cinéfilo se identificar facilmente com a sua jornada. Porém, mais de dez anos depois, se percebe que Fincher manteve o seu lado autoral em falar sobre um mundo cheio de regras, mas que das quais poderiam ser quebradas.
A trama se passa em Nova Orleans, 1918. Benjamin Button (Brad Pitt) nasceu de forma incomum, com a aparência e doenças de uma pessoa em torno dos oitenta anos mesmo sendo um bebê. Ao invés de envelhecer com o passar do tempo, Button rejuvenesce. Quando ainda criança ele conhece Daisy (Cate Blanchett), da mesma idade que ele, por quem se apaixona. É preciso esperar que Daisy cresça, tornando-se uma mulher, e que Benjamin rejuvenesça para que, quando tiverem idades parecidas, possam enfim se envolver.
Embora aparente ser mais um típico filme para ganhar Oscar, David Fincher molda a trama da sua maneira e esse meu pensamento logo é correspondido na abertura, quando o próprio protagonista conta a história sobre a origem do principal relógio de Nova Orleans que, curiosamente, funciona com os ponteiros indo em direção contrária. Esse prologo mostra o que posteriormente o protagonista e os demais personagens irão enfrentar ao longo da trama, que são justamente as regras do tempo e de como elas nos afetam. Embora rejuvenesça ao longo do tempo, Benjamin carrega o fardo de ver os seus entes queridos morrendo ao longo da trama, assim como também o mundo mudando a sua volta a todo momento.
Embora sejam tramas diferentes, muito desse filme tem em comum com o "Clube da Luta", já que em ambos os casos vemos os protagonista enfrentando um tipo de um sistema cheio de regras e que aqui no caso são as regras do tempo que ele vai enfrentando ao longo de sua história. Mesmo o tempo passando e o mundo mudando, Benjamin segue em frente mesmo quando o mundo lhe diz ao contrário e realizando uma vida cheia de conquistas e histórias a serem contadas posteriormente em seu diário. Pode parecer piegas para alguns críticos, mas Fincher consegue obter aqui algo que vai além da velha fórmula de sucesso hollywoodiano.
Infelizmente o mesmo consegue com que o filme se torne um tanto que cansativo em alguns momentos, principalmente em passagens das quais não fariam nenhuma falta ao longo da trama. Em contrapartida, é preciso reconhecer a genialidade do cineasta em realizar sequências que, nas mãos de outros, poderia se tornar banais, mas que com ele se tornam dinâmicas graças a sua criatividade e edição caprichada. A cena do "efeito borboleta" que ocorre em determinado momento na vida da personagem de Cate Blanchett é digna de nota e fazendo a gente se perguntar como o filme seria se o realizador incrementasse essa mesma qualidade de ritmo de edição ao longo de toda produção.
Embora não esteja entre os meus filmes favoritos, "O Curioso Caso de Benjamin Button" foi uma prova que o diretor optou em nos apresentar ao nos dizer que consegue seguir as regras de básicas de sucesso de Hollywood, mas não se esquecendo do seu lado autoral que sempre faz.  


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