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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 25 de maio de 2022

Cine Dica: Em Cartaz: 'O Homem do Norte'

Sinopse: O Príncipe Amleth está prestes a se tornar um homem quando seu tio assassina seu pai e sequestra sua mãe. Duas décadas depois, o jovem é agora um viking com a missão de salvar a mãe, matar o tio e vingar seu pai. 

Robert Eggers faz parte de uma espécie de trindade de cineastas que, ao lado de Jordan Peele (Corra, 2017) e Ari Aster (Hereditário, 2018) deram novo sangue ao cinema de horror e intensificando ainda mais o termo "pós-terror". Com "A Bruxa" (2015) e "O Farol" (2019), Robert Eggers criou um horror que transita entre o verossímil para o mais puro gênero fantástico e cujo os mitos de tempos antigos são explorados ao extremo e revelando o porquê do ser humano se entregar por essa realidade por completo. Em "O Homem do Norte" (2020) o cineasta segue uma cartilha parecida, mas toda moldada através de crença, vingança e muito sangue na medida certa.

Baseado em fatos verídicos, que por sua vez inspiraram Shakespeare em criar o seu conto "O Rei Lear", "O Homem do Norte" segue uma história de vingança e loucura de um príncipe. Se passando no ápice da Landnámsöld, no ano de 914, o príncipe Amleth, interpretado por Alexander Skarsgård, que está prestes atingir maioridade e ocupar o espaço de seu pai, o rei Horvendill, interpretado por Ethan Hawke, que acaba sendo brutalmente assassinado pelo seu próprio irmão. Amleth cresce, se torna um homem viking e parte para a vingança. Pelo caminho conhece uma vidente, interpretada por Anya Taylor-Joy, e que cuja a mesma fará com que o protagonista tome uma difícil escolha.

Antes de mais nada é preciso reconhecer que, na minha opinião, esse filme veio a ganhar luz graças aos últimos sucessos de séries que exploram o universo Viking, principalmente a série "Vikings" (2013 - 2020). Porém, Robert Eggers procurou dosar mais verossimilhança na construção da história sobre Amleth, ao ponto de tudo ser bastante cru, onde os personagens transitam entre a realidade e a crença quase cega do que eles acreditavam sem excitar. São tempos em que se venerava o Deus Odin não importa qual o preço, nem que para isso tivesse que se sacrificar a si próprio.

Com uma bela fotografia quase em preto e branco, o realizador reconstitui aquela época de forma precisa, como se fosse realmente necessário que os interpretes se banhassem entre o sangue e o barro, ou simplesmente sentir o gosto da carne crua que os próprios da antiguidade comiam. A fusão entre o homem e o animal se dá, não somente pelas suas vestimentas em cena, como também quando ambos os casos se cruzam e fazendo com que o uivo dos mesmos se misturasse em um só na luz do luar. Um cenário opressor, do qual somente o mais forte sobrevivia, mas que nos encanta pela sua crueza.

Além disso, Robert Eggers fez a lição de casa ao se inspirar em outros realizadores, como no caso de Alfonso Cuarón (Roma, 2018), que se percebe que há uma nítida predileção pelos planos sequências, principalmente naqueles que se destaca algo que acontece no fundo de uma determinada cena. Isso faz com que adentremos ainda mais ao filme, como estivéssemos ao lado do protagonista enquanto o mesmo mata os seus inimigos com machadadas. Atenção para a primeira cena de Amleth já crescido enquanto a violência da qual o mesmo faz parte prossegue ao fundo do cenário.

Claro que muitos irão acusar o filme de não haver nenhuma originalidade em termos de história, principalmente pelo fato de lembrar até mesmo de clássicos como "Conan" (1982). Porém, a saga de vingança de Amleth é algo que existe já há séculos, que serviu de inspiração para a criação de outros contos, mas ganhando a sua merecida adaptação cinematográfica agora e antes tarde do que nunca. Além disso, o perfeccionismo do cineasta faz com que até esqueçamos que a história provoca esse déjà-vu e só por isso já é um grande feito.

Símbolo sexual e com atuações marcantes como na série "Big Little Lies", Alexander Skarsgård obtém aqui a melhor atuação de sua carreira, cujo o seu desempenho físico nas cenas de luta não ofuscam o lado emocional que precisa na construção do personagem. Seu  Amleth é um ser que transita entre a razão, desejo de vingança e quase loucura que ele transmite através do seu olhar em momentos da mais pura explosão e que tememos pelo pior que venha acontecer. É uma pena, portanto, que os demais do elenco não conseguem obter esse mesmo grande empenho, porém, Nicole Kidman, Ethan Hawke, Anya Taylor-Joy, Willem Dafoe e até mesmo a cantora Bjork cumprem os seus respectivos papeis com a competência da qual se exige neste tipo de produção.

Embora previsível em seu derradeiro final, "O Homem do Norte" é desde já uma das grandes surpresas desse ano, ao ser brutal, visualmente arrebatador e contagiante pelo seu lado cru.  


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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO CINEMATECA CAPITÓLIO de 26 de maio a 01 de junho de 2022

SESSÃO COMENTADA DE NOSFERATU ABRE A MOSTRA MURNAU!

A abertura da mostra MURNAU!, organizada pelo Goethe-Institut Porto Alegre e pela Cinemateca Capitólio, apresenta neste sábado, 28 de maio, às 18h, uma sessão especial de Nosferatu, clássico que celebra o centenário em 2022, em um DCP restaurado pela Fundação Murnau. A sessão será comentada por Anelise De Carli, pesquisadora em Filosofia da Imagem, Teoria do Imaginário e Cultura Visual. Todas as pessoas podem pagar meia entrada (R$ 5,00) na mostra.


Mais informações:  http://www.capitolio.org.br/novidades/5062/murnau-100-anos-de-nosferatu-e-outras-obras-primas/


ALIENÍGENAS, BIZARRICE E DELÍRIO NO PROJETO RAROS DE ENCERRAMENTO DA MOSTRA O CINEMA VEIO DO ESPAÇO

Nesta sexta-feira, 27/05, a partir das 19h30, uma edição especial do Projeto Raros encerra a mostra O Cinema Veio do Espaço. No programa: um longa-metragem surpresa que foi comentado em todo o mundo em 2022 (80 minutos) e o cultuado e delirante sci-fi iugoslavo Visitantes da Galáxia Arkana (1981, 85 minutos), de Dusan Vukotic, o primeiro estrangeiro premiado na categoria melhor curta de animação no Oscar. Entrada franca.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/eventos/5067/projeto-raros-especial-filme-surpresa-visitantes-da-galaxia-arkana/


REPRISES DA MOSTRA O CINEMA VEIO DO ESPAÇO

A pedido do público, a Cinemateca Capitólio apresenta quatro reprises da mostra O Cinema Veio do Espaço. Entre 28 de maio e 01 de junho, serão exibidos novamente O Segredo do Abismo, de James Cameron, Superman – O Filme, de Richard Donner, Destino Especial, de Jeff Nichols, e O Último Guerreiro das Estrelas, de Nick Castle. O valor do ingresso é R$ 10,00.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/programacao/


GRADE DE HORÁRIOS

26 de maio a 01 de junho de 2022


26/05 (quinta) 

15h – Cocoon 

17h – Destino Especial 

19h – Contato 


27/05 (sexta) 

15h – E.T. – O Extraterrestre 

17h30 – O Dia em que a Terra Parou 

19h30 – Projeto Raros Especial: filme surpresa + Visitantes da Galáxia Arkana 


28/05 (sábado)

15h30 – O Segredo do Abismo

18h – Nosferatu + debate 


29/05 (domingo)

15h30 – Superman - O Filme

18h – Caminhada Noite Adentro

20h – A Última Gargalhada


31/05 (terça)

15h – Destino Especial

17h – Fausto

19h – Aurora


01/06 (quarta)

15h – O Último Guerreiro das Estrelas

17h – O Pão Nosso de Cada Dia

19h – Tabu

Confira a minha análise especial sobre os 100 anos de Nosferatu clicando aqui. 

terça-feira, 24 de maio de 2022

Cine Dica: Em Cartaz: 'A Felicidade Das Coisas'

Sinopse. Uma casa de veraneio, com piscina. Em A Felicidade das Coisas, Paula, de quarenta anos, provavelmente tinha expectativas muito tranquilas em relação às férias que passaria ali. Mas, ela passa o verão, grávida de seu terceiro filho, em uma casa apertada que está uma bagunça completa. 

O Brasil pós-golpe de 2016 fez com que aqueles que apoiaram aquele circo horrores sentirem aos poucos os fatídicos resultados. A classe média, por exemplo, é uma que viu sentir no bolso os efeitos e que hoje, mesmo não admitindo, reconhece o quanto estavam errados. "A Felicidade Das Coisas" (2022) vem para nos dizer que o bem material pode ser escasso nestes tempos indefinidos, mas que jamais irá substituir a felicidade encontrada na simplicidade do dia a dia que vai sendo adquirido.

Dirigido por Thaís Fujinaga, a trama se passa em uma casa de veraneio, com piscina.  Paula (Patrícia Saravy)  de quarenta anos, provavelmente tinha expectativas muito tranquilas em relação às férias que passaria ali. Mas, ela passa o verão, grávida de seu terceiro filho, em uma casa apertada que está uma bagunça completa. Sem o marido, mas com a mãe (Magali Biff), seu filho e filha pré-adolescentes distantes. A casa fica perto de um rio, uma praia não muito charmosa e um clube caro. A alardeada piscina foi jogada de lado no jardim. Não há dinheiro para instalá-lo, mas isso é só o começo.

Assim como foi apresentado em filmes como "A Que Horas Ela Volta? (2015) e "Domingo" (2018), Thaís Fujinaga nos mostra o dia a dia de uma família não muito diferente da vida real, da qual a mesma se torna interessante através dos seus diálogos familiares e que aos poucos vamos conhecendo os seus dilemas dentro da trama. A piscina, por exemplo, se torna um símbolo de uma felicidade para a poucos, já que Paula tenta investir a todo custo para poder adquiri-lo, mas cuja a crise financeira e as falsas promessas do marido acabam fazendo com que o sonho se torne um pequeno pesadelo. Por conta disso, a piscina se torna um elefante no meio da sala, mas que aos poucos ela se torna secundária.

Thaís Fujinaga procura construir um cenário acolhedor para os personagens dentro da trama, mesmo quando a mesma de sinais da divisão de classes, seja entre Paula e o Pescador, ou quando a família sente na pele que a diversão pode sair caro em um clube que deveria ser para todos os presentes. Com diálogos afiados, os personagens principais, principalmente a mãe e filha, se tornam familiares perante os nossos olhos, pois os seus conflitos não são muito diferentes do lado de cá da tela e fazendo com que simpatizemos com elas facilmente. A mãe, por exemplo, demonstra jovialidade e força para ajudar a sua filha e netos, mas não escondendo em seus olhos a sua própria história vinda do passado e tentando encontrar um objetivo ao longo do percurso.

Com uma bela edição e fotografia, Thaís Fujinaga guia os seus personagens quase a beira do precipício, mas fazendo com que os mesmos desfrutem da simplicidade em meio a uma realidade que dá todas as chances de eles desistirem, porém, não tão facilmente. Os problemas, sejam eles criados através da crise atual ou não, podem ser vencidos desde que as pessoas comecem a pensar mais em seguir em frente do que pensar em achar uma solução para todos os problemas mundo. Não se pode obter tudo, mas sobreviver através do pouco talvez seja o único meio de nos mantermos vivos enquanto a tempestade não passe ao longo desse tempo.

"A felicidade Das Coisas" fala sobre um Brasil em busca da felicidade em meio a simplicidade, pois o poder de adquirir muito se tornou para poucos, mas não significa que os mesmos adquiriram a fórmula do sucesso. 


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Cine Dica: Murnau! 100 anos de Nosferatu e outras obras-primas

 Mostra especial celebra 100 anos do marco expressionista com cópia restaurada

De 28 de maio a 8 de junho, a mostra MURNAU!, organizada pelo Goethe-Institut Porto Alegre e pela Cinemateca Capitólio, apresenta em Porto Alegre sete filmes dirigidos por Friedrich Wilhelm Murnau, um dos maiores realizadores da história do cinema, no ano das celebrações do centenário de Nosferatu, marco do Expressionismo Alemão. Para marcar a circunstância histórica, a abertura da programação apresenta a cópia do filme lançado em 1922 restaurada pela Fundação Murnau, em sessão comentada por Anelise De Carli, pesquisadora em Filosofia da Imagem, Teoria do Imaginário e Cultura Visual.

A mostra cobre o período alemão da filmografia de Murnau com Caminhada Noite Adentro, sua obra mais antiga entre as preservadas, em cópia restaurada pelo Museu de Cinema de Munique, e duas obras-primas que moldaram o cinema silencioso: A Última Gargalhada, experimentação narrativa que dispensa intertítulos, e Fausto, superprodução cinematográfica da lenda popular alemã que inspirou Johann Wolfgang von Goethe a escrever um de seus textos mais influentes.

As singulares realizações de Murnau nos Estados Unidos, antes da sua prematura morte, em 1931, em um acidente de carro nas estradas de Santa Bárbara, também fazem parte da programação: Aurora, expressão máxima da invenção do cinema silencioso, o drama social O Pão Nosso de Cada Dia e sua última obra-prima, Tabu, realizada em parceria com o documentarista pioneiro Robert Flaherty na Polinésia Francesa.


MURNAU!

100 anos de Nosferatu e outras obras-primas

28 de maio a 8 de junho

Cinemateca Capitólio (Rua Demétrio Ribeiro, 1085 - Centro Histórico, Porto Alegre)


Ingressos: R$ 5 | Classificação: 12 anos

Programação completa:

http://www.capitolio.org.br/

https://goethe.de/portoalegre


28/05 • SÁBADO

18h • Nosferatu

exibição do DCP restaurado + debate com Anelise De Carli


29/0 5 • DOMINGO

18h • Caminhada Noite Adentro

20h • A Última Gargalhada


31 /0 5 • TERÇA-FEIRA

17h • Fausto

19h • Aurora


01 /0 6 • QUARTA-FEIRA

17h • O Pão Nosso de Cada Dia

19h • Tabu


03/0 6 • SEXTA-FEIRA

16h • Aurora

18h • Caminhada Noite Adentro


04/0 6 • SÁBADO

18h • Fausto


0 5/0 6 • DOMINGO

18h – O Pão Nosso de Cada Dia


07/0 6 • TERÇA-FEIRA

15h • Aurora

17h • A Última Gargalhada


0 8/0 6 • QUARTA-FEIRA

15h • Tabu

17h • Fausto


NOSFERATU (Nosferatu, 1922)

Alemanha, 95 min, DCP restaurado

Subtítulos em alemão, legendas em português

Uma viagem de negócios leva o corretor Hutter para a Transilvânia. Lá ele conhece o sinistro Conde Orlok. A peste e a morte trazem ruína aos moradores Wisborg junto com a presença de Orlok. Ellen, a esposa de Hutter, vê apenas uma maneira de salvar a cidade.


CAMINHADA NOITE ADENTRO (Der Gang in die Nacht, 1921)

Alemanha, 80 min, Digital restaurado

Subtítulos em alemão, legendas em português

Um proeminente jovem médico se vê encantando por uma dançarina e larga tudo para ficar com ela. O casal abandona a cidade para morar no campo, mas a presença de um sinistro pintor cego faz as coisas mudarem drasticamente


FAUSTO (Faust, 1926)

Alemanha, 89 min, Digital

Subtítulos em alemão, legendas em português.

Fausto é um velho alquimista que vê sua cidade ser assolada pela peste. Vendo tanta morte, começa a pensar sobre sua própria finitude. Seduzido, ele então faz um trato com Mefistófeles, cedendo-lhe sua alma em troca da eterna juventude. Tudo corre bem, até que Fausto se apaixona por uma jovem, mas suas ações trarão tragédia para vida da bela moça.


A ÚLTIMA GARGALHADA (Der Letzte Mann, 1924)

Alemanha, 77 min, HD

Subtítulos em alemão, legendas em português.

Um velho porteiro de um hotel de classe é substituído por um empregado mais jovem e reposicionado como ajudante de lavatório. Sendo seu emprego de porteiro o maior orgulho de sua vida, e agora ridicularizado por seus vizinhos e amigos, o velho homem volta ao hotel à noite, em busca de seu antigo uniforme, símbolo de sua glória passada.


AURORA (Sunrise: A Song of Two Humans, 1927)

Estados Unidos, 95 min, HD

Subtítulos em inglês, legendas em português

Seduzido por uma moça da cidade, um f azendeiro tenta afogar sua mulher, mas desiste no último momento. Esta foge para a cidade, mas ele a segue para provar o seu amor


O PÃO NOSSO DE CADA DIA (City Girl, 1930)

Estados Unidos, 77 min, HD

Subtítulos em inglês, legendas em português

Uma jovem garçonete trabalha em uma lanchonete de Chicago, mas sonha com uma vida tranquila, longe da cidade grande. Até o dia em que ela conhece um jovem camponês, sentado no balcão e tem início uma história de amor


TABU (Tabu, 1931)

Estados Unidos, 84 min, HD

Subtítulos em inglês, legendas em português Pescador de uma aldeia do Taiti se apaixona por uma garota. Só que ela é consider ada "tabu" depois de ser condenada pelos deuses a não se apaixonar ou se entregar a qualquer homem. Mas o amor entre os dois é mais forte que o próprio tabu e eles fogem para escapar dessa maldição.


Confira a minha análise especial sobre os 100 anos de Nosferatu clicando aqui. 

segunda-feira, 23 de maio de 2022

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre: 'A Fratura'

Nota: Filme exibido para os associados no último sábado (21/05/22).

Sinopse: Raf e Julie, um casal prestes a se separar, estão em um pronto-socorro na noite de um grande protesto dos 'coletes amarelos' em Paris. O encontro com Yann, um manifestante ferido e furioso, vai chacoalhar suas certezas e preconceitos. 

Em tempos atuais, em que a política mundial está cada vez mais turbulenta devido aos retrocessos pregados por alguns governos, isso acaba gerando um grande atrito dentro da própria sociedade e fazendo com que a mesma se dívida ao longo que o tempo passa. Porém, quando tudo sai controle, é notório que o lado humanista do ser humano acabe aflorando, pois se torna o único meio para não serem sucumbidos por tanto ódio. "A Fratura" (2021) fala sobre situações que, quanto mais se aperta, mais o ser humano terá a capacidade de se superar perante as adversidades insanas.

Dirigido por Catherine Corsini, o filme conta a história de Raf e Julie, um casal prestes a se separar, mas que se encontram em um pronto-socorro na noite de uma manifestação parisiense dos Coletes Amarelos. O encontro deles com Yann, um manifestante ferido e furioso, destruirá as certezas e os preconceitos de todos. Lá fora, a tensão aumenta. O hospital, sob pressão, deve fechar as portas. A equipe está sobrecarregada.

O primeiro ato começa de forma interessante, onde nos é apresentado o casal central, o manifestante dos coletes amarelos e a enfermeira do hospital que terá papel primordial dentro da trama. Cada um é apresentado de uma forma até mesmo bem humorada, principalmente o casal central, interpretadas pelas veteranas atrizes francesas Valeria Bruni Tedeschi e Marina Foïs e cujo os seus desempenhos cheios de energia acabam enchendo a tela. Porém, na medida em que a trama avança, principalmente dentro do hospital, o tom do filme muda e gerando até mesmo grande tensão ao longo que o tempo passa.

Embora os conflitos políticos sejam os catalizadores que levaram esses personagens a ficarem dentro desse cenário, o mesmo acaba se tornando secundário, pois quando as situações fogem do controle as opiniões e os atritos acabam sendo esquecidos, pois cabem essas pessoas se unirem antes que tudo mais piore. O personagem Yann, por exemplo, é o típico manifestante truculento contra o governo, mas que não esconde o seu lado doce no momento em que as diferenças não irão ajuda-lo enquanto não se prestar em ajudar aqueles que se encontram em uma situação até mesmo pior do que a dele. Interpretado pelo ator Pio Marmaï, esse personagem acaba adquirindo contornos dramáticos, até mesmo trágicos e fazendo com que nós, aos poucos, simpatizemos com ele como um todo.

Tecnicamente o filme é perfeito na questão de gerar em nós uma grande tensão na medida em que as manifestações nas ruas fogem do controle e ameaçando o ambiente daquele hospital onde se encontra diversas pessoas que precisam de ajuda. Do segundo ao terceiro ato final o filme acaba se tornando uma verdadeira montanha russa, claustrofóbica e fazendo a gente temer pelo destino daqueles personagens que nos simpatizamos ao longo da história. Destaque para enfermeira central da trama, da qual a mesma protagoniza um dos momentos mais tensos da trama ao lado de um enfermo completamente fora de si.

Ao final, nós constatamos que todos ali são iguais perante uma situação fora de controle e cujo os posicionamentos, sejam eles políticos ou religiosos, se tornam inúteis e cabe a razão despertar perante o lado truculento do ser humano. Infelizmente levará um bom tempo para a sociedade parar de se digladiar uns com os outros, mas até lá nunca é demais cada um dar o seu bom exemplo. "A Fratura" é sobre o humanismo se sobressaindo perante os conflitos gerados pela política e fazendo com que elas esqueçam as diferenças antes que sejam consumidas pela dor e a raiva. 


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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO CINEBANCÁRIOS DE 26 DE MAIO A 01 DE JUNHO

TANTAS ALMAS

Colômbia / Brasil / Bélgica / França, 2019, Drama, 122min.

Direção:Nicolás Rincón Gille

Sinopse: O pescador José atravessa o rio Magdalena, o maior da Colômbia, em busca dos corpos de seus dois filhos, assassinados pelos paramilitares. Apesar de sua dor, José está determinado a encontrá-los, para dar o enterro que merecem e, assim, impedir que permaneçam como almas errantes. Em sua jornada, José revela a magia de um país despedaçado, o que, de diferentes maneiras, evoca o Brasil de hoje.

Elenco:José Arley de Jesús Carvallido Lobo

CONTINUAÇÕES:

O PAI DA RITA

Brasil/ Comédia/97 min/2021/ Classificação indicativa: 16 anos

Direção: Joel Zito Araújo

Elenco: Ailton Graça, Paulo Betti, Wilson Rabelo

Sinopse: Em O Pai da Rita, Roque (Wilson Rabelo) e Pudim (Aílton Graça) são dois compositores da velha guarda da Vai-Vai, partilham uma kitnet, décadas de amizade, e o amor por sua escola de samba. Mas, uma dúvida do passado sempre atormentou os dois amigos: o que aconteceu com a passista Rita, paixão de ambos? É quando o surgimento de Ritinha (Jessica Barbosa), filha da passista, surge para desvendar esse mistério - todavia, também ameaça desmoronar essa grande amizade. O longa se desenvolve a partir de uma disputa de paternidade, travada pelos dois sambistas e velhos amigos, com roteiro inspirado livremente nas músicas “A Rita” e “O Samba de um Grande Amor” de Chico Buarque.


A FELICIDADE DAS COISAS

Brasil/ Ficção, 87 minutos, 2021

Direção: Thais Fujinaga

Sinopse: Paula sonha em construir uma piscina para os filhos na sua modesta casa de praia. Quando os planos se desfazem por conta de problemas financeiros, ela se vê cada vez mais sufocada pelo peso das responsabilidades.

Elenco: PATRICIA SARAVY – Paula, MAGALI BIFF – Antonia, MESSIAS BARROS GÓIS – Gustavo, LAVÍNIA CASTELARI – Gabriela


HORÁRIOS DE 26 DE MAIO A 01 DE JUNHO

NÃO ABRIMOS NAS SEGUNDAS FEIRAS


15h –  O PAI DA RITA

17h –  A FELICIDADE DAS COISAS

19h  - TANTAS ALMAS


Os ingressos podem ser adquiridos por R$ 12,00 na bilheteria do cinema . Idosos, estudantes, bancários sindicalizados, jornalistas sindicalizados, portadores de ID Jovem, trabalhadores associados em sindicatos filiados a CUT-RS e pessoas com deficiência pagam R$ 6,00. Aceitamos Banricompras, Visa, MasterCard e Elo.


CINEBANCÁRIOS:

Rua General Câmara, 424 – Centro – Porto Alegre -Fone: 30309405/Email: cinebancarios@sindbancarios.org.br

C i n e B a n c á r i o s 

Rua General Câmara, 424, Centro 

Porto Alegre - RS - CEP 90010-230 

Fone: (51) 30309405

sexta-feira, 20 de maio de 2022

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre: 'O Jovem Frankenstein'

 Nota: Filme exibido para os associados no dia 14/05/22. 

Sinopse: Dr. Frederick Frankenstein obtém o livro de experiencias do seu falecido avô e começa a fazer experimentos com uma nova criatura.  

Mel Brooks pertence há uma época em que a comédia era mais corajosa, ousada e da qual a mesma não se preocupava em ofender determinadas pessoas através de piadas que nos faziam rir e pular da cadeira. Infelizmente em tempos atuais de "politicamente correto" a comédia em si feita por Brooks está morta e que dificilmente irá retornar um dia. Felizmente ainda existe recursos para revisitar tempos em que as comédias eram mais ousadas e "O Jovem Frankenstein" (1974) é um desses belos exemplos em que esse gênero vivia em bons tempos dourados.

A trama começa em uma faculdade de Medicina nos Estados Unidos, onde Dr. Frederick Frankenstein (Gene Wilder) é um professor que ensina sobre o sistema nervoso central.  Repentinamente chega Falkstein (Richard Haydn), que viajou 7 mil quilômetros para entregar ao Dr. Frankenstein o testamento de sua avó, que deixou para o neto um castelo na Transilvânia. Frankenstein vai para Transilvânia para reivindicar a herança. Ao chegar Frankenstein é recebido por Igor (Marty Feldman) e Inga (Teri Garr), ajudantes que irão leva-lo até o castelo de Frankenstein e são recebidos por Frau Blücher (Cloris Leachman), uma mulher que tem um jeito tão assustador que faz os cavalos relincharem de susto. No cenário dos acontecimentos Frank decide seguir os passos do seu avô, mas mal sabendo das atrapalhadas que irá se meter ao decidir dar vida ao monstro (Peter Boyle).

Logicamente, o filme não é somente a uma sátira ao gênero de terror dos anos trinta da Universal, como também uma bela homenagem aos primeiros grandes filmes de horror norte-americanos. É interessante, por exemplo, atmosfera criada na abertura, como se adentrássemos para algo sombrio, mas que aos poucos vai obtendo contornos de humor e para logo em seguida nos revelando a verdadeira proposta da obra. Já de imediato Gene Wilder rouba a cena na pele do neto de Frankenstein, cujo o seu humor sarcástico e inocente perante a sua realidade em volta nos fascina rapidamente.

Mas o grande chamariz do filme é sua ala de coadjuvantes sendo um mais fascinante e engraçado do que o outro. Não tem como não se esquecer da presença surpreendente de Marty Feldman como Igor, cujo os seus olhos arregalados eram presença constante nos filmes de Mel Brooks e seu Igor é sem sombra de dúvida uma das figuras mais interessantes do longa. Já Teri Garr como assistente do protagonista nos faz rir devido a sua inocência, mas que de boba sobre o assunto de membros masculinos não tem nada.

Já a criatura vivida por Peter Boyler é uma verdadeira figura Satírica que ele faz com a figura clássica do monstro vivido na época por Boris Karloff, mas que possui uma presença tão interessante quanto a do veterano ator. Já Cloris Leachman faz uma governanta que mais parece aquela vista no clássico "Rebecca, a Mulher Inesquecível" (1940) e cujo o seu nome pronunciado na história gera uma das piadas mais bem lembradas pelo público. De   Brinde, Mel Brooks nos traz uma participação especial e muito hilária de Gene Hackman como o velho cego e colocando o filme no seu bolso mesmo em poucos minutos de projeção.

Acima de tudo, o filme brinca com as fórmulas já muito manjadas que haviam sido usadas a exaustão dentro do gênero de horror daqueles tempos. Os camponeses supersticiosos em cena, por exemplo, se mostram veteranos quando o assunto é Frankenstein e o seu monstro, ao ponto de já estarem com tochas e facas nas mãos mais rápido do que imaginamos. Tudo é de uma forma exagerada, proposital, mas muito divertida e que nos faz rir da situação absurda. Vale salientar que o cenário do laboratório e do próprio castelo visto em cena são os mesmos que haviam sido usados em "Frankenstein" (1931) o que sintetiza ainda mais o respeito que Mel Brooks tinha por aquele clássico.

"O Jovem Frankenstein" Não é somente uma bela homenagem ao cinema de horror dos anos trinta, como também uma das melhores comédias de todos os tempos e quem já viu sabe do que eu estou dizendo. 

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