Quem sou eu

Minha foto
Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

Pesquisar este blog

sexta-feira, 9 de maio de 2025

Cine Especial: Conhecendo 'Possessão'  

O termo "pós-terror" foi dado aos filmes de horror lançados na última década que exploravam não somente fórmulas fáceis de sucesso dentro do gênero, como também questões que vão desde o lado dramático, psicológico, mas que aos poucos se enveredou para um horror, por vezes, até então inédito. Títulos como, por exemplo, "Hereditário" (2018) causaram certo desconforto para o espectador que ia assisti-lo, já que ele transita para elementos do gênero fantástico, mas ficando fortemente os pés no chão e se transformando em um horror psicológico e até mesmo causando certo desconforto em seu derradeiro final. Contudo, essa fórmula dentro do gênero não é algo novo, mas que levou tempo a ser reconhecido, pois somente assim para explicar "Possessão", filme de 1981, mas que era a frente do seu tempo e que com certeza serviu de inspiração para os outros títulos que vieram no decorrer dos anos.

Dirigido por Andrzej Zulawski, do filme "O Diabo" (1972), o filme se passa em Berlim, próximo ao grande muro da época e que conta a história de Mac (Sam Neill), que retorna de uma viagem de negócios e que deseja rever a esposa e filho em casa. Porém, sua esposa Anna (Isabelle Adjani) se encontra transtornada, desejando divorcio e confessando que está tendo um caso. O que aparenta ser uma típica história sobre o término de um relacionamento logo vai ganhando contornos de puro horror inesperado.

É o início dos anos oitenta, época que o divórcio ainda era visto como certo tabu para alguns setores da sociedade. No cinema americano, por exemplo, tivemos o suave "Kramer vs. Kramer" (1979), um dos poucos filmes da época a tocarem sobre o assunto, mas que era necessário, pois os ventos das mudanças com relação aos costumes da época estavam acontecendo. No filme de Andrzej Zulawski a situação vai mais ao extremo, onde os acontecimentos do cenário ocorrem justamente próximo ao muro de Berlim, arquitetura que virou um verdadeiro tabu para uma sociedade que desejava liberdade e a união entre os povos e que era preciso ser derrubado. No caso do casal central da trama, porém, a separação é muito mais complexa, já que Marc é uma representação do desejo daqueles que desejam o patriarcado, mesmo colocando a esposa à beira de um ataque de nervos.

No caso da esposa vista na tela, ela se encontra em estado de desequilíbrio, onde o corpo e a mente começam a se digladiar com a realidade em sua volta e dando de encontro com um marido que não aceita o que está acontecendo naquele momento. O primeiro ato é pura tensão psicológica, onde vemos o casal central se digladiando verbalmente e fisicamente e ganhando ares de quase terror quando Anna começa a sofrer agressão da parte do marido, mas ao mesmo tempo se mutilando. Neste último caso, por exemplo, é como se ela desejasse sair de um casulo e para que possa assim voar mais alto.

Tendo a conhecido em "Nosferatu" (1979) Isabelle Adjani entrega a melhor interpretação de sua carreira, mas que por pouco quase custou a sua saúde mental, pois atriz se transforma em cena, tanto em momentos em que ela se debate como estivesse sendo possuída, como também em diálogos pesados e nos transmitindo em seu olhar uma mente fragmentada e pronta para estourar. É difícil até mesmo dizer qual o seu melhor momento em cena, pois eles são vários e, por vezes, perturbadores. Destaco a cena do corredor onde ela parece estar tendo um surto total, se debatendo e com certeza serviu de inspiração para uma determinada cena no recente filme "A Primeira Profecia" (2024).

Porém, é preciso dar crédito a Sam Neill, já que o seu personagem transita para momentos de confusão mental, fúria e até mesmo aceitação perante a desordem total vista na tela. Curiosamente, ele é a representação do homem machista que anseia pela mulher perfeita, mas sempre desejando que a sua mulher pudesse corresponder os seus anseios internos. Portanto, ao vermos a professora do filho dele ser idêntica a sua esposa, sendo interpretada também pela atriz Isabelle Adjani, é que podemos concluir que nem tudo o que é visto na tela possa ser real, pois podemos estar diante de uma confusão mental que os personagens vão adquirindo no decorrer da trama.

Andrzej Zulawski procura causar essa estranheza para aqueles que assistem a obra, principalmente ao criar o conflito dentro do apartamento e gerando em nós até mesmo uma tensão claustrofóbica. Ao mesmo tempo, há sempre um giro da câmera perante os personagens, como se eles adentrassem a um redemoinho inexplicável e os levando para algo cada vez mais grotesco. É então que o filme se envereda para o gênero fantástico, mas do qual cada um tira as suas próprias conclusões quando ocorre isso.

No meu entendimento, o lado grotesco visto na tela criado pelo cineasta seria uma crítica ácida da forma como o olhar conservador via a questão da separação daqueles tempos. Uma vez a separação colocada em pauta dentro da trama, o realizador nos convida para adentrarmos o que talvez não seja exatamente a mente fragmentada do casal central, mas como certos setores da época enxergavam a questão da separação e resultando em elementos já explorados na época pelo diretor canadense David Cronenberg em títulos como "Filhos do Medo" (1979). Com toda essa bagagem não me admira que o filme tenha sido bastante elogiado pela parte da crítica, mas dividindo a opinião do público que não se identificava com um filme de horror com grandes doses psicológicas.

Conhecendo o filme até recentemente me surpreendi ao testemunhar elementos que seriam posteriormente reutilizados nas décadas seguintes em outros títulos de sucesso. Portanto, veio a se tornar cada vez mais cultuado através dos anos e servindo de análise até mesmo para debates na área da questão da psicanálise. Se na "Trilogia do Apartamento", orquestrada pelo realizador Roman Polanski, ele já havia nos levado pelo lado sombrio da mente humana, Andrzej Zulawski decidiu ir ainda mais a fundo e provocou em nós diversas sensações peculiares para dizer o mínimo.

"Possessão" é um filme de horror a frente de sua época e que ganhou o seu status de cult de forma merecida.

      Faça parte:


Mais informações através das redes sociais:

Facebook: www.facebook.com/ccpa1948

twitter: @ccpa1948  

Instagram: @ccpa1948 

 
Joga no Google e me acha aqui:  
Me sigam no Facebook twitter, Linkedlin Instagram e Tik Tok 

Cine Dica: Sessão Clube de Cinema (10/05) - "O Medo Consome a Alma" no Goethe-Institut Porto Alegre

Neste sábado, nossa sessão será às 10h15 no auditório do Goethe-Institut Porto Alegre, com a exibição de O Medo Consome a Alma (1974), de Rainer Werner Fassbinder e um dos marcos do Novo Cinema Alemão.

O filme acompanha Emmi, uma viúva de 60 anos, e Ali, um imigrante marroquino muito mais jovem, que enfrentam juntos o preconceito e a exclusão social ao decidirem se casar. Com uma linguagem visual profundamente expressiva, Fassbinder constrói uma crítica social sobre racismo, intolerância e solidão. Vencedor do Prêmio da Crítica Internacional e do Prêmio do Júri Ecumênico no Festival de Cannes, O Medo Consome a Alma segue sendo um retrato atual e comovente da condição humana.

A entrada é gratuita e aberta ao público. Traga seus amigos!


Confira os detalhes abaixo:


SESSÃO CLUBE DE CINEMA

📍 Local: Auditório do Goethe-Institut Porto Alegre

Rua 24 de Outubro, 112 – Bairro Moinhos de Vento

📅 Data: Sábado, 10/05

⏰ Horário: 10h15


🎬 O Medo Consome a Alma

(Angst essen Seele auf)

Alemanha Ocidental, 1974, 93 min, 12 anos

Direção e roteiro: Rainer Werner Fassbinder

Sinopse: Emmi, uma mulher solitária de meia-idade, e Ali, um imigrante marroquino, desafiam as normas sociais ao iniciarem um relacionamento afetivo. Enfrentando o preconceito de vizinhos, colegas e familiares, os dois constroem uma união que resiste às pressões externas — mas também revela fissuras internas.

Esperamos você para mais uma manhã de cinema!

      Faça parte:


Mais informações através das redes sociais:

Facebook: www.facebook.com/ccpa1948

twitter: @ccpa1948  

Instagram: @ccpa1948 

 
Joga no Google e me acha aqui:  
Me sigam no Facebook twitter, Linkedlin Instagram e Tik Tok 

quinta-feira, 8 de maio de 2025

Cine Dica: Em Cartaz - 'Betânia'

Sinopse: Depois de enterrar o marido, Betânia, de 65 anos, é convencida pelas filhas a deixar sua aldeia remota e se muda para perto das dunas dos Lençóis Maranhenses, se aventurando em um novo começo. 

O Brasil é um país tão grande que cada estado possui a sua cultura e que se diferenciam uma da outra. Uma vez que visitamos estes lugares você tem a sensação de estar em outro plano e desejar que a passagem não acabe tão cedo. "Betânia" (2025) é um desses casos em que a simplicidade nos conquista e isso graças a sua rica cultura encravada dentro da trama.

Dirigido por Marcelo Botta, o filme conta a história de Betânia, uma mulher de 65 anos que é a matriarca de uma grande família e que trabalha como parteira. Depois que o seu companheiro faleceu às suas filhas a convencem a retornar para aldeia onde nasceu, mais especificamente na orla das dunas do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. Movida pela sua cultura e com as velhas tradições, a protagonista terá que lidar com as novas tecnologias chegando na região, desde energia elétrica como também a própria internet e ao mesmo tempo tendo que ela mesma mudar perante os novos tempos.

É curioso a forma que Marcelo Botta consegue conduzir a trama ao fazê-la transitar em diversos gêneros, desde ao drama, à comédia e até mesmo às pinceladas de aventura. Seria algo que soaria estranho se fosse mal dirigido, mas o realizador nos transmite segurança em sua direção e nos conduz para situações que acabam gerando uma grande surpresa para todos nós. Logicamente, o grande chamariz do filme como um todo é a sua localização, tão rica de conteúdo e cuja imagem do Bumba Meu Boi sintetiza bem isso.

Com um elenco praticamente amador, o filme ganha verossimilhança ainda maior através deles, pois agem com naturalidade e ao mesmo tempo nos conduzindo para diversas histórias que são ditas no decorrer do longa. Ao mesmo tempo, é interessante observar a protagonista tendo que aceitar as novas mudanças que estão chegando, mas agindo de uma forma serena e jamais permitindo que a dúvida lhe domine no decorrer da história. Diana Mattos constrói para sua protagonista alguém que usa a experiência para dar o exemplo, mas jamais permitindo que nasça um lado pretensioso em nenhum momento, mas sim uma solidariedade e com a intenção de ajudar o seu próximo.

Como dito acima, o filme também possui pinceladas de outros gêneros e isso é sintetizado quando o personagem Tonhão, interpretado por Caçula Rodrigues, conduz um casal francês para conhecer as dunas. Se por um lado o filme ganha ares de comédia através desse casal que se espanta com o cenário principal da história, logo o filme se envereda para uma grande aventura nestes lençóis Maranhenses que os conduz quase para um caminho sem volta. Um ato final que se torna uma grata surpresa e fazendo com que a gente deseje até mesmo em revisitar a obra.

Ao final, o filme é uma lição de vida sobre os verdadeiros laços de sangue e amizade que conduz uma comunidade humilde, mas que tem muito a oferecer para todos nós uma vez que conhecemos um dia. As tecnologias podem até trazer uma grande ajuda, mas que se torna insignificante perante o poder da natureza e que molda aquele lugar de acordo com o tempo que passa. Um filme que me surpreendeu pela sua mensagem singela e sendo bem conduzida graças aos personagens tão carismáticos e humanos que são vistos na tela.

"Betânia" foi para mim uma grata surpresa, pois o filme cresce na medida em que a trama avança e nos conduz para cenários deslumbrantes e que são maiores do que a vida.     

      Faça parte:


Mais informações através das redes sociais:

Facebook: www.facebook.com/ccpa1948

twitter: @ccpa1948  

Instagram: @ccpa1948 

 
Joga no Google e me acha aqui:  
Me sigam no Facebook twitter, Linkedlin Instagram e Tik Tok 

Cine Dica: Cinesemana de 8 a 14 de maio de 2025

A cinesemana de 8 a 14 de maio reúne quatro estreias na nossa programação – e dois títulos são produções locais. Os diretores Yasmin Thayná e Jorge Furtado assinam VIRGÍNIA E ADELAIDE, que mostra o encontro das duas mulheres pioneiras da psicanálise no Brasil. A outra produção gaúcha é MEMÓRIAS DE UM ESCLEROSADO, em que Thais Fernandes e Rafael Corrêa documentam a trajetória do próprio Rafael, diagnosticado com esclerose múltipla. Entre as estreias também está o longa brasileiro BETÂNIA, de Marcelo Botta, rodado nas belas paisagens dos lençóis maranhenses, e a produção italiana ADEUS, GAROTO, um drama ambientado em Nápoles e inspirado nos grandes mestres daquele país.

Seguem em cartaz os filmes SEX e LOVE, uma provocação do diretor norueguês Dag Johan Haugerud sobre as relações amorosas, e o drama sul-coreano UMA FAMÍLIA NORMAL, de Jin-Ho Hur, sobre as tensões envolvendo pais e filhos. Também vale a pena conferir a comédia dramática norte-americana UM PAI PARA LILY, que se vale das redes sociais para criar uma trama de amizade a afeto, e a produção indiana SEMPRE GAROTAS, com um delicado olhar feminino sobre o amor na adolescência.

Seguimos com CIDADE DOS SONHOS, clássico de David Lynch que é um grande sucesso de público, e o Oscarizado FLOW, agora com sessões nos finais de semana.

Confira a programação completa no site oficial da Cinemateca clicando aqui. 

Cine Dica: PROGRAMAÇÃO Cinemateca Capitólio - 8 a 14 DE MAIO DE 2025

Inventário de Imagens Perdidas

 

SESSÃO ESPECIAL DE INVENTÁRIO DE IMAGENS PERDIDAS

No domingo, 11 de maio, às 18h30, a Cinemateca Capitólio apresenta uma sessão gratuita do filme Inventário de Imagens Perdidas, dirigido por Gustavo Galvão, seguida de debate com integrantes da equipe. O filme entra em cartaz no dia 8.


Mais informações: https://www.capitolio.org.br/eventos/8799/inventario-de-imagens-perdidas-debate/


SESSÕES DA 14ª BIENAL NA CINEMATECA CAPITÓLIO

De 13 a 29 de maio, a Cinemateca Capitólio recebe seis sessões gratuitas do Cine Estalo. As exibições fazem parte dos Programas Públicos da 14ª Bienal do Mercosul, que têm o objetivo de oferecer atividades que ampliam o que podemos fazer com uma Bienal e o que ela pode ser.


Mais informações: https://www.bienalmercosul.art.br/programas-p%C3%BAblicos


8 a 14 de maio de 2025


8 de maio (quinta-feira)

15h – Sempre Garotas 

17h – Onda Nova 

19h – Inventário de Imagens Perdidas


9 de maio (sexta-feira)

15h – Sempre Garotas

17h – Alegoria Urbana + Não Sou Eu

19h – Inventário de Imagens Perdidas


10 de maio (sábado)

15h – Sempre Garotas

17h – Onda Nova 

19h – Inventário de Imagens Perdidas


11 de maio (domingo)

15h – Sempre Garotas

17h – Alegoria Urbana + Não Sou Eu

18h30 – Inventário de Imagens Perdidas + debate


13 de maio (terça-feira)

15h – Sempre Garotas

17h – Onda Nova

19h – A Queda do Céu (14ª Bienal do Mercosul)


14 de maio (quarta-feira)

15h – Sempre Garotas

17h – Alegoria Urbana + Não Sou Eu

19h – Inventário de Imagens Perdidas

quarta-feira, 7 de maio de 2025

Cine Dica: Em Cartaz 'Homem com H' 

Sinopse: As diferentes fases da carreira do cantor Ney Matogrosso, desde a sua infância, passando pela adolescência e a vida adulta.

Por eu ter nascido no início dos anos oitenta cresci ouvindo muita música na rádio e que posteriormente se tornaram grandes clássicos. Além de Tim Maia eu gostava bastante das músicas de Ney Matogrosso, mas eu sempre achava que ele fosse uma mulher devido a sua voz e por conta disso eu fiquei espantado quando o vi pela primeira vez em um clipe exibido no Fantástico no início dos anos noventa. "Homem com H" (2025) sintetiza esse meu sentimento de espanto, pois Ney é aquele tipo de ser andrógino de grande talento que surge para desequilibrar o nosso universo do politicamente correto.

Dirigido por Esmir Filho, do filme "Alguma Coisa Assim" (2017), o filme conta a história sobre a vida e a obra de Ney Matogrosso e do qual viria a se tornar uma das maiores figuras da música e cultura brasileiras. O filme acompanha a sua origem e os constantes embates familiares em razão dos preconceitos de seu pai. Ao sair de casa e se mudar para São Paulo, Ney dá início à sua carreira artística, mas ao mesmo tempo enfrentando o preconceito e a censura da época.

Inicialmente é preciso reconhecer o trabalho extraordinário de Jesuíta Barbosa como Ney Matogrosso, que simplesmente desaparece em cena e dá alma e corpo ao grande artista. É impressionante como ele constrói o mesmo tipo de olhar que atraia e incomodava diversas pessoas da época e ao mesmo tempo obtendo a mesma musculatura e trejeito que somente Ney Matogrosso tinha. Uma metamorfose muito bem-feita em cena, ao revelar o  verdadeiro potencial do ator e fazendo a gente desejar assistir as suas próximas atuações.

Esmir Filho, por sua vez, não freia em momento algum com relação ao explorar o que foi Matogrosso em sua vida pessoal, ao colocar em cena as suas relações, o seu comportamento, por vezes, impulsivo e o modo como respondia perante o preconceito. Neste último caso, por exemplo, isso é explorado com intensidade com relação à figura do pai, do qual foi alguém incrustado nas regras impostas por um governo militar, mas não escondendo em seu olhar a sua frustração com relação ao que acontecia com o país. Seu filho talvez fosse a virada de mesa que o Brasil precisava na época, mesmo não admitindo isso, mas que sentimos esse sentimento através da ótima atuação de Rômulo Braga.

Para o fã é sempre interessante observar o modo como foi construído os seus principais sucessos, desde quando era integrante dos "Secos e Molhados", como também quando decidiu seguir carreira solo. É interessante, por exemplo, vermos a origem da música "Homem com H", da qual teve uma pequena ajuda do músico Gonzaguinha e fazendo um relutante Ney Matogrosso decidir cantar e abraçar um dos seus maiores sucessos. Uma forma interessante de constatar o fato que mesmo os maiores artistas precisam de um pequeno empurrão para obter novas conquistas.

O cineasta ainda corrige um erro histórico visto no filme "Cazuza - O Tempo Não Para" (2004), já que lá não havia sido explorado a relação entre os dois artistas e cuja desculpa dos diretores Sandra Werneck e Walter Carvalho nunca me convenceu. Interpretado aqui pelo ator Julio Reis, o seu Cazuza surge como um furacão do qual nem o próprio Matogrosso poderia controlar, mas revelando o fato de ambos serem duas entidades que nem a sombra da AIDS poderia ofuscar. Ao chegarmos nesta questão,  Esmir Filho procura explorar esse ponto da história de uma forma delicada, mas ao mesmo tempo eficaz e principalmente revelando um Ney Matogrosso buscando forças para se sustentar enquanto os seus entes queridos partiam de forma tão precoce.

Acima de tudo, é um filme que revela um homem que foi na contramão a tudo o que acontecia em um Brasil preso às regras de uma ditadura e que testemunhou o ressurgimento da Democracia que ainda engatinhava. São poucos como ele que sobrevivem há tantos percalços deste mundinho que se diz politicamente correto, quando na verdade o próprio estava livre de um casulo que não lhe pertencia e tão pouco continuaria dentro dele. Mas diferente de uma borboleta, Ney Matogrosso decidiu seguir firme em vida e provando ser vaso ruim que não se quebra, pois é deste tipo de cerâmica que o mundo ainda precisa.

"Homem Com H" revela um Ney Matogrosso como ele foi e como ele é, sendo um ser andrógeno de grande talento e que o Brasil precisava obter. 

      Faça parte:


Mais informações através das redes sociais:

Facebook: www.facebook.com/ccpa1948

twitter: @ccpa1948  

Instagram: @ccpa1948 

 
Joga no Google e me acha aqui:  
Me sigam no Facebook twitter, Linkedlin Instagram e Tik Tok 

Cine Dica: PROGRAMAÇÃO CINEBANCÁRIOS DE 08 a 14 DE MAIO

 ESTREIA:

LISPECTORANTE

Brasil/ Drama/2024/ 90 min

Direção: Renata Pinheiro

Sinopse: Glória Hartman, uma mulher madura que atravessa uma crise existencial e financeira, volta à sua cidade natal, que também passa por um processo de abandono. Por meio de uma fenda nas ruínas onde morou a escritora Clarice Lispector, Glória começa a ver cenas fantásticas que vão alterar a sua vida.

Elenco: Marcélia Cartaxo, Grace Passô, Pedro Wagner, Tavinho Teixeira, Karina Buhr, Gheuza, Nivaldo Nascimento.


EM CARTAZ:


HOMEM COM H

Brasil/ Cinebiografia/ 2024/ 130 min.

Direção: Esmir Filho

Sinopse: Cinebiografia de Ney Matogrosso, Homem com H apresenta a intensa trajetória do artista desde a infância até se tornar uma das grandes figuras da música e cultura brasileiras. O filme acompanha a origem em Bela Vista no Mato Grosso do Sul e os constantes embates familiares em razão dos preconceitos de seu pai. Ao sair de casa e se mudar para São Paulo, Ney dá início à sua carreira artística. Com uma voz única e uma veia criativa e performática inesquecível, Ney Matogrosso compõe um terço da banda Secos & Molhados e enfileira sucessos como Rosa de Hiroshima e Sangue Latino em meio à repressão da ditadura militar. Passando por cada fase de sua carreira, Homem com H conta a história de vida de um ícone artístico, demonstra sua identidade revolucionária e arrebatadora, seu ímpeto libertário e sua inconfundível presença de palco. Dodos maiores artistas brasileiros da atualidade.

Elenco:  Jesuíta Barbosa, Bruno Montaleone,  Jullio Reis.


NOEL ROSA UM ESPÍRITO CIRCULANTE

Brasil/ Documentário/ 2023/ 72min.

Direção: Joana Ninn

Sinopse: Documentário musical que busca rastros deixados pelo compositor no bairro de Vila Isabel, no Rio de Janeiro. O artista morreu aos 26 anos, em 1937, e deixou um legado de quase 250 músicas. O filme cria paralelos entre passado e presente, sobretudo pela forma como o samba e a figura de Noel Rosa se misturam até hoje ao redor de seu berço criativo. Vozes de antigos parceiros, como Cartola, Aracy de Almeida e Marília Batista, se juntam às de intérpretes atuais, como Dori Caymmi, Moacyr Luz, Mart'nália e Edu Krieger, entre outros.

Elenco: Dori Caymmi, Edu Krieger, Moacyr Luz, Martn'ália, Cláudio Jorg.


HORÁRIOS DE 08 A 14 DE MAIO (não há sessões nas segundas-feiras):

15h: NOEL ROSA, UM ESPÍRITO CIRCULANTE

17h: LISPECTORANTE

19h: HOMEM COM H


Ingressos: Os ingressos podem ser adquiridos a R$ 14,00 na bilheteria do CineBancários. Idosos (as), estudantes, bancários (as), jornalistas sindicalizados (as), portadores de ID Jovem e pessoas com deficiência pagam R$ 7,00. São aceitos PIX, cartões nas bandeiras Banricompras, Visa, MasterCard e Elo. Na quinta-feira, a meia-entrada é para todos e todas. EM TODAS AS QUINTAS TEMOS A PROMOÇÃO QUE REDUZ O VALOR DO INGRESSO PARA TODOS E EM TODAS AS SESSÕES PARA R$ 7,00.


C i n e B a n c á r i o s 

Rua General Câmara, 424, Centro 

Porto Alegre - RS - CEP 90010-230 

Fone: 51- 30309405