Sinopse: Um grupo de jovens colonizadores espaciais se aventuram nas profundezas de uma estação espacial abandonada. Lá, eles descobrem uma forma de vida aterrorizante, forçando-os a lutar por sua sobrevivência.
"Alien - O 8º Passageiro" (1979) foi um divisor de águas para o gênero ficção, ao fazer da premissa típica de um filme B se tornar um verdadeiro filme de horror claustrofóbico e muito bem filmado por Ridley Scott. Esse último retornou a esse universo criando "Prometheus" (2012) e "Alien: Covenant"(2017), mas desencadeando mais dúvidas do que respostas e escapando a chance de encerrar como uma trilogia. Eis que para a nossa surpresa surge “Alien: Romulus” (2024), que não só revitaliza a franquia como também é um dos melhores capítulos desde "Aliens - O Resgate" (1986).
Dirigido agora pelo cineasta uruguaio Fede Alvarez, do filme "O Homem nas Trevas" (2016), a trama se passa entre "Alien – O 8º Passageiro" e "Aliens - O Resgate", onde acompanhamos um grupo de jovens colonizadores espaciais que se aventuram nas profundezas de uma estação espacial abandonada. Lá, eles descobrem uma forma de vida aterrorizante, forçando-os a lutar desesperadamente por sua sobrevivência. O que eles não sabem é que eles estão envolvidos em um esquema da Companhia em tentar revolucionar a vida humana.
É até espantoso esse filme funcionar tão bem após o fato de a franquia dar sinais de esgotamento total. Claro que isso já era um pouco sentido em "Alien 3" (1992) e "Aliens - A Ressurreição" (1997), mas após "Alien: Covenant" parecia que não havia mais nada para se fazer com essa criatura que aterrizou as plateias no final da década de setenta. Porém, sendo um grande fã da franquia, Fede Alvarez nos brindou com uma premissa similar ao clássico, mas injetando nela tudo que havia de melhor em todos os filmes e criando algo fresco e que obtém a nossa atenção de imediato. Embora seja um prato cheio para os fãs de longa data, o filme também serve para aqueles que nunca haviam assistido aos filmes anteriores e isso já por assim dizer é um grande feito.
Porém, para os fãs da velha guarda, o filme é carregado de vários elementos que se interligam, não somente aos filmes protagonizados pela Sigourney Weaver, como também dos últimos dirigidos por Ridley Scott e dos quais são defendidos por alguns cinéfilos. Mas sem sombra de dúvida a maior surpresa do filme fica por conta do surgimento de um velho personagem visto pela última vez no filme de 1979 e sendo recriado aqui por animatrônicos e com efeito digital. Um belo exemplo de como as velhas e novas formas de se fazer cinema podem ser trabalhadas em harmonia.
Aliás, Fede Alvarez capricha e muito na utilização de efeitos práticos, sendo que quase nunca vemos um Alien digital em cena e fazendo com que as criaturas ganhem maior peso e se tornando ainda mais assustadoras. Pelo fato da trama se passar dentro de uma nave o filme novamente resgata aquela sensação claustrofóbica que havia sido visto pela primeira vez no primeiro filme da franquia e fazendo com que tudo se torne ainda mais angustiante. Se por um lado em um primeiro momento possa parecer uma espécie de releitura, ao menos nos desperta aquela sensação de dúvida a todo momento com relação ao que irá acontecer em seguida aos personagens centrais.
Neste último caso, é surpreendente como um elenco tão jovem funciona tão bem em cena. Atuando em sucessos recentes como "Priscilla" (2024) e "Guerra Civil" (2024), Cailee Spaeny demonstra ser capaz de ser uma ótima atriz independente de qualquer gênero e aqui ela não faz feio nas cenas em que exige que a personagem nos transmite medo, mas ao mesmo tempo força perante o confronto das criaturas. Sua relação com o androide Andy, interpretado pelo ator David Jonsson, é digno de nota e fazendo com que se torne o coração pulsante da obra. Curiosamente, Andy possui a mesma ambiguidade vista nos outros androides da franquia, mas ao mesmo tempo fresca e fazendo a gente se perguntar quais serão suas reais ações perante aos eventos dentro da nave.
O filme somente peca no seu ato final ao se enveredar mais para ação e quase terminando com aquelas típicas fórmulas manjadas do cinema hollywoodiano. Porém, eis que Fede Alvarez não nos decepciona e nos brinda com minutos finais angustiantes, tensos e puramente o melhor do terror. Pode até soar semelhante ao final de "Alien - O 8º Passageiro", mas conseguindo obter a minha reação de total espanto.
"Alien: Romulus" não somente revitaliza a franquia iniciada em 1979, como também é um belo exemplo de como se fazer cinema de verdade usando ingredientes já bem conhecidos pelo grande público.
Facebook: www.facebook.com/ccpa1948