Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
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Entre 05 e 30 de agosto, a Sala Redenção e o Instituto Cervantes apresentam a mostra “Cineastas Espanhóis: À Direita e à Esquerda do Tempo”. Com título inspirado em uma citação do dramaturgo espanhol Federico Garcia Lorca, a programação conta com 12 filmes de cineastas espanhóis, produzidos entre as décadas de 1960 e 2000. A partir do recorte temporal, a mostra promove uma reflexão sobre como os diretores captaram os contextos históricos nos quais viveram, através de suas obras.
Para celebrar o centenário do Manifesto Surrealista, a mostra apresenta duas produções do diretor Luis Buñuel. A obra do cineasta e sua relação com o surrealismo são o foco de dois bate-papos que integram a programação. A sessão de Viridiana (1961), no dia 15 de agosto, às 19h, conta com a participação de Luís Edegar Costa, professor de História da Arte. Já a exibição de O anjo exterminador (1962), no dia 20 de agosto, às 19h, é seguida de uma conversa com o cineasta e historiador da arte Giordano Gil.
O diretor Carlos Saura também ganha destaque especial na programação, com quatro produções em cartaz: Cria Corvos (1976), Elisa, Minha Vida (1977), Mamãe Faz Cem Anos (1979) e Goya em Bordeaux (1999). A filmografia de Saura é tema de bate-papo com a professora e crítica de cinema Fatimarlei Lunardelli, que acontece após a exibição de Mamãe Faz Cem Anos (1979), no dia 14 de agosto, às 16h.
Além de Buñuel e Saura, a mostra ainda apresenta obras de outros seis diretores espanhóis. Em cartaz na programação, estão: O Espírito da Colméia (1973), de Victor Erice; Tasio (1984), de Montxo Armendáriz; As Galinhas de Cervantes (1988), de Alfredo Castellón; Todos a la carcel (1993), de Luis Garcia Berlanga; Lucia e o Sexo (2001), de Julio Medem; e Mar Adentro (2004), de Alejandro Almedabar.
A programação tem entrada franca e é aberta à comunidade em geral. O cinema da UFRGS está localizado no campus central da Universidade, com acesso mais próximo pela Rua Eng. Luiz Englert, 333.
Confira a programação completa no site oficial da sala clicandoaqui.
A trama começa a partir de um conflito que se tornou comum ao ser observado de perto em vários países do mundo. É o dilema do indivíduo perante os engravatados do poder, do indivíduo simples contra poderosos de sistemas milionários que não se intimidam em vender a própria mãe para obter um bom lucro. Aqui, o senhor Hasan tem as suas terras ameaçadas porque a fiação de uma torre de energia elétrica precisa passar justamente por sua propriedade, onde ele cultiva tomates para comercialização.
O enredo parece que vai seguir um caminho maniqueísta habitual desses filmes, sendo que num primeiro momento o longa me lembrou do ótimo "As Bestas" (2022). Porém, diferente do que acontece no filme de Rodrigo Sorogoyen, o protagonista passa a fazer parte da rede de negociações e especulações nem sempre honestas a fim de preservar o seu trabalho, muito embora ele continue sendo um mísero indivíduo contra o sistema. Hasan também tem lá o seu lado ambíguo, pois o mundo já é por si complexo.
Mas o mais curioso nesse filme do turco Semih Kaplanoglu é que toda essa disputa que toma boa parte do longa funciona como uma introdução para uma discussão a se revelar perto do fim da obra, quando Hasan precisa confrontar o seu passado que vem a tona. Pode parecer uma volta grande demais para uma linha de chegada muito pontual, até mesmo inesperada, mas o filme toma o seu tempo, desenvolve seus personagens sem vitima-los, sendo que a esposa de Hasan possui uma percepção aguda da situação como um todo e faz Hasan rever suas atitudes e seu passado com dureza, enquanto as árvores vão dando lugar a torres de metal.
Confira o filme completo clicando aqui e participe do Cine Debate.
Nada melhor do que você fazer parte da história, ao testemunhar determinado evento e dizer a todos que você fez parte daquilo. Eu me lembro claramente quando assisti pela primeira vez "O Sexto Sentido" (1999), sendo que foi na saudosa sala Cine Imperial da rua das Andradas de Porto Alegre. Nunca me esqueço da reação do público dentro do cinema com relação aos minutos finais do filme, onde uns se viravam para as outros e dizendo que não estavam acreditando sobre o que estavam testemunhando.
M. Night Shyamalan havia rodado um filme anterior em 1998 intitulado "Olhos Abertos", o que torna "O Sexto Sentido" ainda mais especial pelo fato de ter sido apenas o seu segundo filme, mas o suficiente para obter a nossa atenção e seguir a sua carreira de perto. O longa se tornou um sucesso estrondoso na época, ficando várias semanas em primeiro lugar nas bilheterias e garantindo seis indicações ao Oscar e incluindo melhor filme. Nada mal para um realizador que a recém estava começando, mas as vezes é assim que surge grandes talentos.
A trama é sobre um psiquiatra interpretado por Bruce Willis, que no passado fracassou ao tentar ajudar um dos seus jovens pacientes chamado Vincent, sendo que esse último invadiu a sua casa e tentou mata-lo com um tiro. Um ano depois ele conhece um jovem chamado Cole, interpretado por Haley Joel Osment, e do qual possui o mesmo problema de Vincent e vê nele a chance de fazer as pazes com o seu passado. Ao mesmo tempo o psiquiatra está sofrendo uma crise no casamento com a sua esposa e da qual é vivida por Olivia Williams.
"O Sexto Sentido" é um daqueles filmes em que na primeira sessão a gente não descobre o grande segredo do qual é revelado somente em seu final. Porém, quando nós revisitamos notamos algumas pistas que o diretor havia deixado espalhado durante a projeção, desde o fato do protagonista falar somente com o jovem e nunca com os demais em sua volta, ou então porque dele nunca conseguir abrir a sua porta do porão e cuja maçaneta é vermelha. Falando desta cor ela está em vários pontos da trama e que simboliza o fato que as manifestações dos fantasmas estão acontecendo naquele momento.
Sim, o filme é sobre um menino que vê pessoas mortas, sendo que a cena em que ele revela isso para o personagem de Bruce Willis entrou para a história do cinema e que até hoje me arrepia sempre quando assisto ela. Porém, a minha cena de maior impacto é realmente quando o protagonista está ouvindo velhas gravações do seu antigo paciente Vincent e conseguindo ouvir que alguém a mais estava na sala enquanto ocorria a consulta. Uma cena simples, porém, assustadora e da qual me emociona todas as vezes que eu assisto ela.
É curioso que muitos rotulam o filme como uma obra de terror, o que é verdade, mas ele não se sustenta através de sangue ou cadáveres andando em cena, mas sim através de uma história humana e cujo os seus personagens nos identificamos rapidamente com eles. A mãe de Cole, interpretada magistralmente por Toni Collette, se sobressai dentro da história, ao nos passar para nós a angustia de uma mãe em não saber qual é verdadeiro problema que o seu filho está passando e tendo que ao mesmo tempo enfrentar desapontamentos vindos do passado. A cena final em que Cole revela para ela a verdade sobre o seu segredo e sobre algo do seu próprio passado me faz lamentar ainda mais o fato de Collette não ter recebido um Oscar por esse grande desempenho.
Após esse grande sucesso de público e crítica me parece que houve uma exigência exagerada para que M. Night Shyamalan nos surpreendesse novamente ou até mesmo que superasse o seu maior feito. "Corpo Fechado" (2000), por exemplo, foi vendido na época de uma forma bem errada, já que estávamos diante de um filme sobre a origem de um super herói e não de um filme de terror. Somente tempos depois que o público soube melhor compreender a sua proposta e fazendo que anos mais tarde o longa ganhasse as suas continuações que foram "Fragmentado" (2016) e "Vidro" (2019).
Revisto atualmente, se percebe que "O Sexto Sentido" envelheceu muito bem, onde M. Night Shyamalan, mesmo ainda jovem, dirigia como ninguém, com o direito de os movimentos da câmera contarem a história do filme e sendo algo que não se via desde os melhores anos de Steven Spielberg ou até mesmo do mestre Alfred Hitchcock. Se a cena fala por si o resto se torna tudo um acréscimo e fazendo com que a obra se torne ainda mais rica para dizer o mínimo. O cineasta pode ter tido os seus altos e baixos na carreira, mas talvez tudo o que ele queira é contar as suas próprias histórias e independente de nós gostarmos ou não delas.
"O Sexto Sentido" continua sendo o maior trunfo de M. Night Shyamalan, mas fazendo com que o público ao longo dos anos exigisse por demais de um cineasta que queria unicamente contar boas histórias e não só superar a sua maior obra prima.
Confira o novo filme do cineasta italiano Marco Bellocchio, apresentado pelo Clube de Cinema neste sábado. A obra, elogiada pela crítica, é uma mistura de drama e suspense que aborda de forma íntima e política a questão da intolerância religiosa.
Confira as informações!
SESSÃO CLUBE DE CINEMA
Local: Espaço de Cinema, Sala 3, Bourbon Shopping Country (Av. Túlio de Rose, 80 - Passo d'Areia)
Data: 03/08/2024, sábado, às 10:15 da manhã
"O Sequestro do Papa" (Rapito)
Itália, 2023, 134 min, 12 anos
Direção: Marco Bellocchio
Elenco: Paolo Pierobon, Fausto Russo Alesi, Barbara Ronchi
Sinopse: Baseado na impactante história real de Edgardo Mortara, um menino judeu sequestrado de sua família em Bolonha em 1858 por ordem do Papa Pio IX. Os pais de Edgardo lutam incansavelmente por anos para recuperar seu filho, mas, apesar de seus apelos desesperados e da indignação pública, o Papa permanece inflexível. Esta narrativa expõe um sombrio capítulo de tirania na história da Igreja, com o cenário de uma nação à beira da revolução.
Confira a minha crítica completa já publicada clicando aqui.
Sinopse: Anthony Miller (Russell Crowe) é um ator com um passado sombrio, marcado pelo abuso de drogas. Durante as filmagens do seu novo filme de terror, ele começa a exibir um comportamento perturbador, levantando suspeitas sobre seu estado mental.
PEQUENAS CARTAS OBSCENAS
Sinopse: Uma cidade litorânea inglesa dos anos 1920 testemunha um escândalo falso e ocasionalmente sinistro nesta comédia de mistério tumultuosa. Baseado em uma história real mais estranha que a ficção, “Pequenas Cartas Obscenas” segue duas vizinhas: a profundamente conservadora Edith Swan (Olivia Colman) e a desordeira imigrante irlandesa Rose Gooding (Jessie Buckley).
TECA E TUTI: UMA NOITE NA BIBLIOTECA
Sinopse: A pequena traça Teca vive com sua família e seu fiel ácaro de estimação Tuti numa caixa de costura. O que eles mais gostam é de comer papel, mas quando Teca aprende a ler, percebe que os livros não podem ser comidos, afinal eles guardam as histórias que ela adora.
TUESDAY: O ÚLTIMO ABRAÇO
Sinopse: Em TUESDAY – O ÚLTIMO ABRAÇO, uma mãe e sua filha adolescente precisam enfrentar a morte quando ela chega na forma de um surpreendente pássaro falante.
A Cinemateca Paulo Amorim, instituição da Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), segue com a programação de filmes em parceria com o Goethe-Institut. A sessão desta sexta-feira (dia 2), a partir das 19h, é VALSA PARA BRUNO STEIN, de Paulo Nascimento, seguida de um bate-papo com a produtora executiva Marilaine Castro da Costa.
Adaptado da obra homônima do escritor Charles Kiefer, o longa estreou nos cinemas em 2007 e tem como protagonista o ator Walmor Chagas (1930 – 2013). Ele deu vida ao personagem Bruno Stein, um alemão de moral rígida e conservadora que vive no sul do Brasil e não convive bem com seus próprios sentimentos. VALSA PARA BRUNO STEIN é mais um título de produção gaúcha que traz fatos e/ou personagens relacionados à cultura alemã e se integra a à programação da Cinemateca Paulo Amorim e do Goethe -Institut em comemoração aos 200 anos da chegada dos primeiros imigrantes alemães ao Rio Grande do Sul.
Devido ao fechamento temporário da Cinemateca Paulo Amorim, o Goethe-Institut disponibilizou a estrutura de seu auditório para a realização de exibições semanais, propostas pela curadoria da Cinemateca. Localizada na Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ), a CPA sofreu diversos danos causados pela enchente de maio e está passando por obras de recuperação. Os ingressos para a sessão do longa têm o preço único de R$ 10,00, com venda antecipada pela chave pix 91.343.103/0001-00 ou na hora da sessão pelo cartão de débito.
Serviço: Sessões especiais da Cinemateca Paulo Amorim no auditório do Goethe-Institut (av. 24 de Outubro, 112). Exibição de VALSA PARA BRUNO STEIN no dia 2 de agosto, às 19h.
Ingressos a R$ 10,00 (preço único)
Tenha vantagens nos preços dos ingressos ao se tornar sócio da Cinemateca Paulo Amorim. Entre em contato por este e-mail ou pelos telefones: (51) 3136-5233, (51) 3226-5787.
Sinopse: Se passando cem anos antes do golpe de estado contra Alta-Republica, conhecemos a história de Mae e Osha, irmãs gêmeas criadas por lendárias Bruxas, mas que acabam fazendo parte da história dos Jedis de forma inesperada.
Embora criticada por muitos fãs é notório que a segunda trilogia de Star Wars (1999-2005) comandada por George Luca não somente revelava o que levou Anakin a se tornar Darth Vader, como também o lado prepotente dentro do próprio universo Jedi. Defensores da Republica, esses cavaleiros acabaram sucumbindo perante a certeza que tinham com relação a tudo, quando na verdade não deixam de serem também humanos e tendo o risco de errarem ao longo do percurso. "The Acolyte" (2024) revela que isso já estava acontecendo já um bom tempo e que as sementes implantadas por Darth Sidious já estavam sendo implantadas nas sombras como um todo.
Criado por Leslye Headland, a série conta a história de uma jovem ex-padawan que se vê obrigada a se reunir com seu mestre Jedi para investigar uma série de crimes e cuja principal suspeita é a sua irmã gêmea. No caminho, eles deparam-se com forças mais sinistras do que esperavam, entre segredos e potências emergentes do lado sombrio da Força. Ao mesmo tempo, segredos são revelados e colocando todos em dúvida sobre quem é o principal envolvido nas principais peças da história.
Embora visualmente mais econômico se formos comparar com as outras séries lançadas nos últimos anos, "The Acolyte" se sobressai pelos seus personagens carismáticos, envolventes e ao mesmo tempo complexos diga-se de passagem. Amandla Stenberg se sobressai ao dar vida as irmãs Mae e Osha, cuja as personalidades de ambas aparentam serem distintas uma da outra, mas que aos poucos vai se revelando que essa diferença é na realidade bastante mínima. Duas personagens predestinadas para algo maior, mas que não era exatamente no mundo dos Jedis.
É aí que mora o ponto alto da produção como um todo, ao colocar em evidência certa arrogância, mesmo que mínima, da parte dos Jedis. O cavaleiro Sol, por exemplo, vivido pelo ótimo ator Jung-jae Lee, desde o primeiro momento em que surge em cena nota-se que ele carrega grandes segredos e que farão com que a história tome novos rumos. Por conta disso, nota-se que os atos e consequências, mesmo tendo sido orquestrados em um passado distante, são colocados em prática e resultando em uma grande carnificina que poderia ter sido evitada.
A série como um todo revela ainda alguns simbolismos já vistos nas trilogias anteriores, mas que aqui são melhor explorados, como no caso do significado dos siths usarem determinados capacetes e que se revelam não serem meras proteções. Além disso, é interessante observar que a série procura nos dizer que não é somente o lado sombrio que se nasce um determinado sith, mas sim devido as suas próprias ações e vindo da parte de outras pessoas. Quimir, por exemplo, é talvez um dos personagens mais complexos da trama ao sintetizar muito bem sobre isso, mas somente obtendo tal feito graças ao ótimo desempenho de Manny Jacinto.
Ao final, os erros do passado acabam ecoando forte no presente dentro da trama e fazendo com que ela se encaminhe para direções imprevisíveis. Pode-se dizer que a série termina de forma bem corajosa e se diferenciando e muito das demais produções que haviam sido lançados nos últimos anos. Cabe agora aguardar por uma segunda temporada, para não somente testemunharmos os desdobramentos da trama, como também explorar certos personagens que ficaram escondidos nas sombras.
"The Acolyte" é uma série que cresce e se tornando melhor a cada episódio, mesmo quando há alguns detratores que dizem ao contrário.