Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
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O mito de Dom Juan e uma possível paternidade numa produção independente estadunidense no ciclo sobre laços familiares na Sala Gilda e Leonardo. Continua o ciclo de julho do Cineclube Torres com um filme de um dos mais interessantes e anómalos diretores dos EUA, Jim Jarmusch, que ao longo da sua carreira trabalhou sempre com orçamento limitado, sendo considerado um autêntico representante do cinema independente.
Com esta fama, mesmo sem orçamentos milionários, ele sempre consegue trabalhar com excelentes atores e atrizes: só nesse filme para contracenar com o protagonista masculino encontramos nada mais nada menos que Sharon Stone, Frances Conroy, Jessica Lange, Tilda Swinton e Julie Delpy. O protagonista, Don Johnston, interpretado por um antológico Bill Murray, é um conquistador e solteirão convicto, que terminou recentemente mais um namoro. Repentinamente ele recebe uma carta que diz que ele possui um filho de 19 anos. Surpreendido e curioso, Don decide então partir pelos Estados Unidos em busca do filho desconhecido, encontrando assim as mulheres com as quais teve relações no período.
É obvia a relação entre Dom Johnston e Dom Juan, mas nesse caso em lugar de um fascinante conquistador, temos um apático e cínico homem de meia idade, em plena crise existencial, numa viagem pelas estradas e subúrbios norte-americanos. Para acompanhar esse périplo do protagonista, uma excelente trilha sonora hipnótica estilo Ethio-Jazz (Jazz da Etiópia) do Mulatu Astatke, músico até então praticamente desconhecido ao grande público que graças ao filme ficou merecidamente valorizado.
O filme foi indicado à Palma de Ouro na edição do Festival de Cannes de 2005, só perdendo para “A Criança” dos irmãos Dardenne, mas acabando por ganhar o Grande Prémio do Júri daquele ano. A sessão, com entrada franca, integra o ciclo "Assuntos de Famílias" na programação continuada de segundas feiras na Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, realizada pelo Cineclube Torres, associação sem fins lucrativos em atividade desde 2011, Ponto de Cultura certificado pela Lei Cultura Viva federal e estadual, Ponto de Memória pelo IBRAM, contando para isso com a parceria e o patrocínio da Up Idiomas Torres.
Serviço:
O que: Exibição do filme “Flores Partidas”, integrado no ciclo “Assuntos de Famílias”.
Onde: Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, na escola Up Idiomas, Rua Cincinato Borges 420, Torres
Quando: Segunda-feira, dia 8/07, às 20h.
Ingressos: Entrada Franca, até lotação do local (aprox. 22 pessoas).
Cineclube Torres
Associação sem fins lucrativos
Ponto de Cultura – Lei Federal e Estadual Cultura Viva
Joel Coen e Ethan Coen são dois irmãos cineastas, produtores e roteiristas autorais que dois quais demorei um pouco para conhece-los, mas uma vez assistindo alguns dos seus filmes acabei me apaixonando. Eu tive um conhecimento maior deles, por exemplo, quando participei do curso do Cine Um e do qual encerramos as atividades em um hotel depois que o Museu da Comunicação da Rua das Andradas de Porto Alegre se esqueceu de nós no lado de fora da entrada. Uma situação inusitada e combinando muito bem com os cineastas.
Aliás, a palavra “inusitado” é a palavra chave que molda boa parte das tramas de seus filmes, onde normalmente assistimos personagens, por vezes, excêntricos e dos quais participam de situações ainda mais excêntricas para dizer o mínimo. Tudo moldado com um humor sombrio, refinado e ao mesmo tempo contagiante na medida do possível. "Matadores de Velhinha" (2004) é um belo exemplo de uma simples situação de roubo, mas que desencadeia eventos absurdos para os seus protagonistas no decorrer do tempo.
O filme é uma refilmagem do britânico "Quinteto da Morte" (1955), sendo que na minha ingenuidade eu achava que "Bravura Indômita" (2010) era a primeira refilmagem que os realizadores haviam colocado em prática. Sinceramente, na época do seu lançamento, eu havia ignorado esse filme, já que ele não teve críticas muito positivas na época, principalmente pela revista de cinema Set que eu colecionava. O filme é um desses casos em que num primeiro momento a crítica não entende a proposta dos realizadores e fazendo com que ela somente cresça posteriormente.
O filme conta a história do professor G.H. Dorr (Tom Hanks), que tem um grande plano para assaltar um cassino. Ele aluga um quarto na casa de uma senhora (Irma P. Hall), onde convoca seus comparsas para discutir o plano de ação, que é cavar um túnel a partir do local até em direção do cofre do cassino. Porém, a situação se complica quando certas adversidades acontecem no decorrer do percurso, principalmente quando eles tentam a todo modo esconder o plano da senhora a todo momento.
Assim como Wes Anderson, os irmãos Coen possuem uma visão curiosa com relação aos EUA, ao retrata-la na maioria das vezes de uma forma falsa, cartunesca, mas que não esconde o seu lado hipócrita e fazendo das situações se tornarem ainda mais surreais. Verdade seja dita, o mundo real é ainda mais absurdo do que qualquer ficção e, portanto, a visão dos realizadores pode estar ainda mais próxima dela do que se imagina. Portanto, os desdobramentos vistos na trama podem soar até mesmo inverossímeis, quando na verdade ele desperta em nossas memórias situações de crimes ainda mais absurdos e que gerariam também um ótimo filme nas mãos dos realizadores.
Como sempre, os personagens possuem características distintas uma da outra, sendo que os principais são apresentados no primeiro ato para que possamos conhecer as suas reais raízes e para quem sabe, simpatizarmos com eles. Porém, o personagem interpretado por Tom Hanks é algo curioso, sendo que não temos ao certo uma noção sobre a sua real origem, sendo que a sua caracterização é próxima de um Diabo de desenho animado e o tornando ainda mais interessante ao ser observado de perto. Ele, portanto, se torna uma contraparte da senhora da casa, da qual é temente a Deus e respeitando os pensamentos do seu falecido marido e sempre pensando no que ele faria se caso ele estivesse vivo.
Em certa ocasião eu ouvi dizer que "Pulp Fiction" (1994) do mestre Quentin Tarantino é um filme cristão com relação a sua visão do mundo dos gângsters perante situações que os levam a querer escolher uma vida normal ao invés do mundo do crime. Se formos simplificar por esse lado, portanto, "Matadores de Velhinhas" talvez seja o filme mais cristão dos irmãos Coen, já que a pobre senhora se mantém fiel no que acredita e fazendo disso o seu escudo para se proteger do grande perigo que lhe assombra mesmo quando a própria mal está sabendo disso. Enquanto isso, o grupo de ladrões passam por diversos obstáculos, como se estivessem sendo testados antes de adentrarem ao paraíso da riqueza que tanto desejam, mas que talvez não seja exatamente por aí que eles deveriam ir.
O ato final sobre o destino de cada um deles soa tão absurdo que acaba se tornando divertidíssimo e que só não supera se formos comparar ao ótimo "Queime Depois de Ler" (2008) também dos irmãos Coen. Curiosamente, o filme também possui vários simbolismos como no caso do curioso gato que observa tudo e que posteriormente se torna o protagonista nos minutos finais da trama e fechando ela de forma enigmática. Sendo ato divino ou não, os irmãos Coen sabem como ninguém brincar com as nossas expectativas.
"Matadores de Velhinha" é uma comédia sombria bem ao estilo dos irmãos Coen e cuja a imprevisibilidade da trama nos soa absurda e contagiante.
Às vésperas de completar 80 anos, em setembro de 2016, o escritor gaúcho Luis Fernando Verissimo se tornou o centro do documentário VERISSIMO, de Angelo Defanti (O Clube dos Anjos). O longa, que teve sua primeira exibição ao público na Mostra Competitiva de Longas Brasileiros no Festival É Tudo Verdade, ganha sessão comentada na Cinemateca Capitólio nesta terça-feira, 9 de julho, às 19h30min, com a participação do diretor, da jornalista Fernanda Verissimo, filha do escritor, e do cineasta Jorge Furtado.
O filme é produzido pela Sobretudo Produção, Lacuna Filmes e Canal Brasil, e a distribuição é da Boulevard Filmes em codistribuição com a Vitrine Filmes e Spcine.
O valor do ingresso é R$ 16,00.
Sinopse: Um documentário observa Luis Fernando Verissimo enquanto Luis Fernando Verissimo observa o mundo ao seu redor se ouriçar com a chegada dos seus 80 anos.
Sinopse: No terror ENTREVISTA COM O DEMÔNIO, o apresentador Jack Delroy (David Dastmalchian) tenta recuperar a audiência de seu programa, que despencou desde a trágica morte de sua esposa. Desesperado pelo sucesso, Jack planeja um especial para o Halloween de 1977, mas o que começa como uma noite de entretenimento se transforma em um pesadelo ao vivo.
A FLOR DO BURITI
Sinopse: Em 1940, duas crianças do povo indígena Krahô encontram na escuridão da floresta um boi perigosamente perto da sua aldeia. Era o prenúncio de um brutal massacre, perpetrado pelos fazendeiros da região. Em 1969, os filhos dos sobreviventes são coagidos a integrar uma unidade militar, durante a Ditadura brasileira.
MEU MALVADO FAVORITO 4
Sinopse: Gru, Lucy, Margo, Edith e Agnes dão as boas-vindas a um novo membro da família, Gru Jr., que tem a intenção de atormentar seu pai. Gru enfrenta um novo nêmesis, Maxime Le Mal e sua namorada Valentina, e a família é forçada a fugir.
Sinopse: Protagonizado por Bill Skarsgård, Contra o Mundo acompanha "Garoto", que jura vingança depois que sua família é assassinada por Hilda Van Der Koy
O típico filme ação dos anos oitenta protagonizado pelo "exército de um homem só" foi tão reaproveitado ao longo do tempo que no final do século vinte ele já se encontrava moribundo. Porém, eis que a franquia "John Wick" provou que com estilo, ótima direção, violência estilizada e um ótimo protagonista pode sim dar um passo à frente para que o público volte a ver os filmes desse gênero com novos olhos. Temos então "Contra o Mundo" (2024), um filme de ação na veia e que não mede esforços para nos surpreender a cada cena.
Dirigido por Moritz Mohr, acompanhamos a história de "O Garoto" (Bill Skarsgård) que deseja vingança depois que sua família é assassinada por Hilda Van Der Koy (Famke Janssen), a matriarca de uma dinastia pós-apocalíptica que deixou o menino órfão, surdo e sem voz. O protagonista então é treinado pelo xamã (Yayan Ruhian) para se tornar uma máquina de guerra contra o governo totalitário e que não medirá esforços para matar a sua líder. Porém, para que isso seja feito, ele terá que enfrentar um grande exército e provocando uma verdadeira carnificina.
Nitidamente Moritz Mohr buscou inspiração nas HQ para a realização do seu filme, pois visualmente ele parece uma história típica extraída desta arte e cujo visual é cartunesco e nostálgico. Neste último caso isso é devido as várias referências que o longa usa e mistura no decorrer da trama, que vai desde aos filmes de ação, vídeo game e o que havia de melhor na década de oitenta e que hoje se fortalece devido a essa onda de nostalgia que nos toca a cada dia que passa. É algo parecido com que foi visto, por exemplo, no ótimo "Scott Pilgrim contra o Mundo" (2010), mas alinhado com uma violência gráfica bem ao estilo Kill Bill (2003) de Tarantino.
Mas o melhor de tudo fica por conta do seu próprio protagonista, já que o personagem de Bill Skarsgård não fala por ser surdo e mudo, mas sabemos o que ele está pensando através da narração off. Esse artificio não somente remete os tempos do subgênero noir como também é outra referência as HQ, onde sempre víamos o herói pensando através dos balões e fazendo com que isso se torne ainda mais atrativo. O melhor de tudo é que nunca sabemos ao certo se ele está realmente bem mentalmente, já que a sua mente por vezes é bastante fragmentada, com o direito de sempre testemunharmos ele conversando com a sua irmã já morta.
Aliás, o filme é recheado de diversas reviravoltas, com o direto de nunca sabermos ao certo se o protagonista está realmente indo em direção ao lugar certo de sua jornada. Embora seja homem vs sistema totalitário, esse conflito gera perda de ambas as partes e fazendo chegar um ponto que o protagonista se perguntará sobre qual será o caminho mais lógico em meio a uma violência completamente fora das fronteiras da normalidade. Tudo acaba se tornando uma grande piada, ao ponto que os vilões são cartunescos em meio a esse absurdo, sendo que o personagem falastrão vivido por Brett Gelman é o melhor que sintetiza isso.
Ao final da jornada do herói concluísse que tudo que lhe resta é viver na nostalgia e de tempos mais coloridos, pois o mundo caótico atual está fazendo tudo desmoronar e fazendo todos se esquecerem do que havia de melhor nele. Uma diversão de primeira, mas que fala desse nosso vício de olharmos para o passado e abraçarmos a nostalgia a tal ponto que queremos esquecer dos dilemas atuais como um todo mesmo que seja por alguns momentos. Diversão e reflexão em um único pacote e a gente só agradece.
"Contra o Mundo" é uma grata surpresa para aqueles que apreciam um ótimo filme de ação e todo alinhado com que há de melhor da cultura pop.
A partir de 4 de julho, a Cinemateca Capitólio retoma a programação da mostra Volta ao Mundo – Diálogos Africanos, interrompida durante o período de inundações em Porto Alegre. Até o dia 16, a mostra apresenta uma viagem cinematográfica pelo continente africano, com uma seleção de filmes que destaca produções realizadas entre 1964 e 2023 por cineastas de Costa do Marfim, Madagascar, Congo, República Centro-Africana, Guiné, Cabo Verde, Somália, Níger, Guiné-Bissau, Egito e Tunísia. O valor do ingresso é R$ 10,00.
Mais informações: https://www.capitolio.org.br/novidades/7359/volta-ao-mundo-dialogos-africanos-2/
CENTENÁRIO DE MARLON BRANDO
Entre os dias 5 e 14 de julho, a Cinemateca Capitólio celebra o centenário de Marlon Brando, uma das figuras míticas da história do cinema, com exibições do faroeste A Face Oculta, seu único trabalho como diretor em longa-metragem. O valor do ingresso é R$ 10,00.
A FANTÁSTICA FÁBRICA DE CHOCOLATE NA SESSÃO VAGALUME
A Sessão Vagalume do mês de julho vai transformar a Cinemateca Capitólio em uma grande fábrica de chocolates para as crianças! Nos dias 6 e 7, às 15h, será exibida a versão dublada de A Fantástica Fábrica de Chocolates, de Tim Burton. O valor do ingresso é R$ 4,00.
FILME DE ALICE ROHRWACHER NO CINECLUBE ACADEMIA DAS MUSAS
No domingo, 7 de julho, às 17h, o Cineclube Academia das Musas apresenta uma sessão comentada de La Chimera, longa-metragem mais recente da diretora italiana Alice Rohrwacher. Após a exibição, ocorre um debate mediado por integrantes do coletivo que pesquisa obras dirigidas por mulheres ao longo da história do cinema. O valor do ingresso é R$ 10,00.
Sinopse: Anos antes de se tornar o presidente tirânico de Panem, Coriolanus Snow, de 18 anos, vê uma chance de mudar sua sorte quando se torna o mentor de Lucy Gray Baird, o tributo feminino do Distrito 12.
A série literária Jogos Vorazes escrita por Suzanne Collins adotou os jovens que cresceram lendo Harry Potter e desfrutaram de uma ficção adulta que fala muito sobre a própria humanidade obcecada pelo voyeurismo e de como a mesma decai perante a sedução autoritarismo. Os três livros foram adaptados para o cinema em quatro longa metragem e dos quais respeitaram a sua essência primordial e obtendo mais fãs ao redor do globo. E quando se parecia que tudo estava encerrado eis que chega "Jogos Vorazes – A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes" (2023) filme baseado no livro que nos conta eventos anteriores da trama que nós conhecemos e nos surpreendendo pelo seu teor ainda mais adulto e corajoso.
Novamente dirigido por Francis Lawrence, o filme se passa antes de Katniss Everdeen, sua revolução e o envolvimento do 13 distrito nesta trama conhecendo Presidente Snow, ou melhor, Coriolanus Snow. A história é do ditador de Panem antes de chegar ao poder. Anos antes, Coriolanus Snow vivia na capital, nascido na grande casa de Snow, que não anda muito bem em popularidade e financeiramente. Ele se prepara para sua oportunidade de glória como um mentor dos Jogos. O destino de sua Casa depende da pequena chance de Coriolanus ser capaz de encantar, enganar e manipular seus colegas para conseguir mentorar o tributo vencedor. Foi lhe dado a tarefa humilhante de mentorar a garota tributo do Distrito 12. Os destinos dos dois estão agora interligados – toda escolha que Coriolanus fizer terá consequências dentro e fora do Jogo.
Embora mais conhecido por ter dirigido "Constantine" (2005) e a própria franquia "Jogos Vorazes", o diretor Francis Lawrence poderia ter seguido um novo percurso na carreira que mesmo assim seria reconhecido, pois ele possui um olhar pessoal com relação a cada filme que ele dirige e fazendo dos mesmos se distinguirem um dos outros. Para começar é interessante o próprio cenário onde ocorre os jogos sangrentos, dos quais o diretor usa a câmera de uma forma que torna aquele lugar claustrofóbico e fazendo com que fiquemos ainda mais próximos da protagonista que se encontra perante a morte a todo momento. Se alguém achava a violência suave nos filmes anteriores aguarde para o que estar por vir neste.
Porém, o filme se diferencia e muito dos capítulos anteriores, principalmente pelo fato do cenário do jogo político se destacar ainda mais e revelando quais foram as verdadeiras peças que moldaram aquele mundo dividido em setores e que para conter uma nova guerra era preciso realizar um reality show mortal. Devido ao teor conspiratório nos bastidores deste mundo não se surpreenda, portanto, que o ator Peter Dinklage, o grande astro da série "Game of Thrones" esteja presente na produção, já que o seu personagem se encaixa como uma luva neste universo de intrigas, traições e armações. O mesmo pode-se dizer da personagem Dra.Volumnia Gaul, interpretada de forma assombrosa por Viola Davis e cuja suas maquinações transmitem veneno literalmente falando.
Mas o filme é sobre a origem de Snow, interpretado de forma segura pelo jovem ator Tom Blyth, e onde o vemos como um rapaz ambicioso para obter status, mas mal sabendo o preço que irá pagar para chegar a tanto. Ao conhecer o seu tributo Lucy Gray Baird, interpretada com intensidade por Raqhel Zegler, ele vê nela a chance de mudar a forma como os jogos são vistos, mas descobrindo que não é fácil mudar um sistema diabólico uma vez que ele continua sempre funcionando. A Relação dos dois é o que move o filme como um todo, mas declinando para um final trágico, porém, esperado.
Snow seria espécie de representação de todo jovem que espera a grande oportunidade se erguer na vida através do poder, mas uma vez que ele obtém acaba sendo seduzido em colocar em prática ações que o levam para um caminho sem volta. Portanto, ao ser responsável, mesmo de forma indireta, por mortes que ocorrem no decorrer da história, o mesmo se dá conta que, para manter a bondade dentro de si, é preciso ter uma força extraordinária em um mundo em que tudo é resolvido através de um jogo de tv insano, mas do qual a humanidade se maravilha com isso. No final das contas, Snow somente jogou pesado para continuar vivendo neste mundo onde certos valores se perderam no seu devido tempo.
"Jogos Vorazes – A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes" é o filme mais pesado e corajoso da franquia, do qual não somente revela algumas das raízes principais da saga, como também é uma síntese da queda do ser humano perante um poder do qual só lhe resta abraçá-lo.