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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 10 de março de 2023

Cine Especial: Revisitando 'A Pequena Sereia'

Sinopse: Ariel é uma sereia princesa de dezesseis anos de idade insatisfeita com a vida no fundo do mar e curiosa sobre o mundo na terra. Ela se apaixona por um príncipe humano e faz um acordo com a bruxa do mar para transformar-se em humana.  

Os anos 70 e 80 foram terríveis para o estúdio Disney, pois os seus longas metragens de animação não obtinham o retorno desejado para eles se sustentarem. Entre 1967 e 1977, os únicos dois grandes sucessos da produtora nessa área foram "Mogli – O Menino Lobo" (1967) e "Bernardo e Bianca" (1977), porém, sofreram com um grande fracasso representado pelo "Caldeirão Mágico" (1985). A grande virada de mesa aconteceria somente em 1989, quando foi lançado "A Pequena Sereia", filme que inauguraria o que chamamos hoje de "a era de ouro Disney".

O filme se tornou um megassucesso, fazendo com que gerasse outros, como no caso do maravilhoso "A Bela e a Fera" (1991), sendo que esse ´título seria o primeiro longa animado da história a conquistar uma indicação ao Oscar de Melhor Filme. Posteriormente viria outras obras primas como "O Rei Leão" (1994) e fazendo com que essa época se tornasse tão importante para o estúdio quanto foi quando havia sido lançado "Branca de Neve e os Sete Anões" (1937). Portanto, se hoje a Disney é uma das marcas mais poderosas do cinema muito se deve "A Pequena Sereia".

Mas para chegar a esse tal feito não foi uma tarefa fácil, pois o estúdio precisava se reinventar através dos seus fracassos, mesmo quando eles possuíam alguns atrativos a serem analisados. Tanto o já citado O "Caldeirão Mágico" como também "As Peripécias do Ratinho Detetive" (1986) foram belos exemplos de tempos pré-computação gráfica alinhada com o desenho tradicional, mas que nos passava a sensação de que algo a mais estaria por vir em um futuro próximo. Portanto, esses filmes serviram de laboratório para a criação de "A Pequena Sereia", sendo esse conhecido anteriormente como um poema escrito pelo escritor Hans Christian Andersen, mas se tornando mundialmente conhecido pelas mãos do estúdio.

Ariel (voz de Jodi Benson) é uma princesa sereia fascinada pelo mundo dos humanos, mas seu pai, o Rei Tritão (Kenneth Mars), proíbe que os seres do fundo do mar tenham contato com os da terra. A jovem se sente prisioneira, mas depois que salva o príncipe humano Eric (Christopher Daniel Barnes) de um naufrágio, ela apaixonando-se por ele, é seduzida pelas promessas da vilanesca Úrsula (Pat Carroll), caindo em uma armadilha montada pela bruxa para derrubar Tritão do trono.

A trama é bastante convidativa, simples, mas bem estruturada. Ariel é uma jovem sonhadora como todos nós, que deseja ir muito mais além do que estava predestinada e fazendo com que nos identifiquemos com ela de forma imediata. O outro lado da moeda se encontra através da imagem de Ursula, o que faz despertar um total desespero vindo do personagem Sebastian (Samuel E. Wright), o siri jamaicano conselheiro do rei e babá a contragosto da menina. Suas aventuras no mar e na terra representam, com uma grande beleza, a busca de aventuras e o amadurecimento de uma jovem, pontilhado de inesquecíveis números musicais de Alan Menken e Howard Ashman.

Só com Ariel já é uma protagonista que nos encanta, não somente pela sua beleza, mas também pela sua personalidade genuína e da qual a sua inocência perante o universo dos humanos nos conquista. Porém, os personagens coadjuvantes obtêm um peso maior, ao ponto de roubarem o espetáculo da trama em alguns momentos, em especial no caso de Sebastian. A sua voz ficou a cargo de Samuel E. Wright e fazendo com que músicas como "Under the Sea e Kiss the Girl" começassem a ecoar nas mentes das pessoas por muito tempo.

Visualmente, o filme possui um dos traços mais inesquecíveis do estúdio, cuja cidade submarina do rei Tritão é um verdadeiro colírio para os nossos olhos na primeira vez que a testemunhamos. É preciso também destacar o visual surpreendente de Úrsula, que combina com estilo cantora de blues com um polvo e suas duas moreias, Flotsam e Jetsam, cada uma com um olho tipo farol, que nos faz lembrar dos crocodilos de Bernardo e Bianca. São traços que fazem com que os personagens ganhem personalidades distintas uma da outra e fazendo com que o filme se torne ainda mais rico de todas as formas.

Mesmo sendo um desenho feito tradicionalmente para época, o filme recebeu investimentos absurdos para algo que não era feito naqueles tempos. Com traços simples, o desenho se alinhava com os últimos avanços daqueles tempos, fazendo com que os cenários se tornassem absurdamente realistas e fazendo com que ganhassem profundidade na medida em que os nossos olhos vão em direção a elas. Curiosamente, o filme foi realizado com a presença de atores, onde os mesmos davam vida aos seus respectivos personagens e posteriormente sendo substituídos pelos desenhos, sendo algo parecido com que é visto atualmente com a “captura de performance”, mas sem os recursos de computadores.

Tudo isso foi a última e grande aposta do estúdio naquela época para gerar um grande lucro ou gerando um grande prejuízo que poderia fazer com que fechasse suas portas para sempre. Isso não ocorreu, pois o filme obteve ótimas críticas, se tornando um estouro de bilheteria e revitalizando a casa do Mickey Mouse de tal maneira que as consequências positivas são sentidas até hoje em dia. O filme abriu as portas para que o estúdio se arriscasse ainda mais, principalmente com relação a computação gráfica e que seria logo posto em prática em "A Bela e a Fera" na famosa cena do baile.

Por fim, "A Pequena Sereia" é uma obra prima, que representa para o estúdio Disney o fim de uma era e o começo de uma outra e da qual o brilho permanece até mesmo hoje em dia.  

NOTA: O filme foi exibido na "Sessão Vagalume" na Cinemateca Capitólio em sessões lotadas nos dias 04 e 05 de Março.   

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quinta-feira, 9 de março de 2023

Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (09/03/2023)

 Coração de Neon

Sinopse: Um jovem trabalha com o pai em um típico carro de telegrama cantante brasileiro chamado Coração de Neon. A bordo de um carro personalizado, eles são contratados para entregar mensagens românticas dadas como presentes para pessoas de toda a cidade. Após uma performance que terminou tragicamente, sua vida muda completamente e ele inicia uma jornada alucinante em busca de seus sonhos.



65 - Ameaça Pré-Histórica

Sinopse: 65 é a história de um cruzador espacial “futurista” que cai em um planeta distante e apenas o capitão e uma jovem sobrevivem. À medida que os dois viajantes espaciais se orientam pelo terreno estrangeiro, é revelado que o planeta é na verdade a Terra há 65 milhões de anos - e cheio de dinossauros pré-históricos que ameaçam sua sobrevivência. As coisas ficam ainda mais complicadas quando eles descobrem que um grande asteróide.



QUANDO FALTA O AR

Sinopse: O trabalho realizado por profissionais do SUS em uma das maiores crises sanitárias da história. O documentário traz a interseção da saúde com a religiosidade, a desigualdade social e o racismo estrutural presentes no país. A abordagem contempla ainda a pandemia com foco nos diferentes tempos e dimensões envolvidas no cuidado em saúde, revelando a face humana da luta coletiva contra a Covid-19.


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Cine Dica: CINEMATECA PAULO AMORIM - PROGRAMAÇÃO DE 9 A 15 DE MARÇO DE 2023

 SEGUNDA-FEIRA NÃO HÁ SESSÕES

BELCHIOR – APENAS UM CORAÇÃO SELVAGEM


SALA PAULO AMORIM


15h – A PORTA AO LADO - ESTREIA Assista o trailer aqui.

(Brasil, 2022, 110min). Direção de Júlia Rezende, com Dan Ferreira, Letícia Colin, Túlio Starling e Bárbara Paz. Manequim Filmes, 14 anos. Drama.

Sinopse: Mari e Rafa vivem um relacionamento tradicional e estável. O casamento segue tranquilo até o dia em que se muda para o apartamento ao lado o casal Isis e Fred. Os novos vizinhos vivem em uma relação aberta, separam sexo de amor e decidiram não ter filhos. O encontro dos dois casais irá provocar desejos, dúvidas, inseguranças, mentiras e transformações, fazendo com que cada um reavalie suas escolhas.


17h - CLOSE Assista o trailer aqui.

(Bégica/França/Holanda, 2022, 105min). Direção de Lukas Dhont, com Eden Dambrine, Gustav De Waele, Émilie Dequenne. O2 Filmes, 12 anos. Drama.

Sinopse: Léo e Rémi, de 13 anos, são inseparáveis - melhores amigos e próximos como irmãos. Mas, quando começam um novo ano escolar, as pressões da adolescência desafiam este vínculo tão fraterno, gerando consequências inesperadas e de longo alcance. O filme é um dos cinco indicados ao Oscar de melhor longa internacional.


19h – BELCHIOR – APENAS UM CORAÇÃO SELVAGEM - ESTREIA Assista o trailer aqui.

(Brasil, 2022, 90min). Documentário de Natália Dias e Camilo Cavalcanti. Clariô Filmes. 14 anos.

Sinopse: Antonio Carlos Belchior Fontenelle Fernandes (1946 – 2017), mais conhecido como Belchior, ganha um autorretrato que mergulha no coração selvagem do poeta, cantor e compositor cearense. Com suas canções geniais e suas ideias cortantes, ele marcou e ainda marca a vida de muita gente.


 (NÃO HAVERÁ SESSÃO NA TERÇA, DIA 14.)


19h – MOSTRA TUCO-TUCO DE VIDEOARTE RS - ENTRADA FRANCA.

(90min – classificação: 16 anos).

Sinopse: O projeto, financiado com recursos da lei Aldir Blanc, reúne 10 produções videográficas em três categorias: estudante, experimental e profissional. A seleção foi feita entre 60 produções, de artistas de 15 cidades do Rio Grande do Sul. Além da sessão em Porto Alegre, haverá exibições em Bento Gonçalves, Vacaria e Caxias do Sul.

(SESSÃO SOMENTE NA TERÇA, DIA 14.)


SALA EDUARDO HIRTZ


14h15 – MORTE A PINOCHET Assista o trailer aqui.

(Kill Pinochet - Chile, 2021, 81min). Direção de Juan Ignacio Sabatini, com Daniela Ramírez, Cristián Carvajal, Gastón Salgado. A2 Filmes, 16 anos. Drama político.

Sinopse: Enquanto o Chile vivia uma ditadura cruel sob o comando de Augusto Pinochet, poucos ousados consideravam o impossível: matar o presidente general. Os integrantes da Frente Patriótica Manuel Rodríguez, liderados pelo professor de educação física Ramiro e a psicóloga Tamara, marcaram o ataque armado para uma tarde de domingo, em setembro de 1986. Baseado em um episódio real, o filme destaca um movimento que foi determinante para a história chilena no contexto da época.


15h45 - AFTERSUN Assista o trailer aqui.

(Reino Unido/EUA, 2022, 100min). Direção de Charlotte Wells, com Frankie Corio e Paul Mescal. O2 Filmes, 14 anos. Drama.

Sinopse: Quando tinha 11 anos, Sophie passou alguns dias de férias com o pai, numa praia ensolarada e cheia de descobertas. Vinte anos depois, ela encontra um vídeo daquele verão e tenta se reconciliar com suas lembranças e com aquele homem que até hoje não conhece plenamente. Paul Mescal é um dos cinco indicados ao Oscar de melhor ator.


17h40 - BELAS PROMESSAS Assista o trailer aqui.

(Les Promesses - França, 2021, 100min). Direção de Thomas Kruithof, com Isabelle Huppert, Reda Kateb, Naidra Ayadi. Pandora Filmes, 12 anos. Drama.

Sinopse: Prefeita de uma cidadezinha do interior da França, Clémence é reconhecida pela sua dedicação às questões sociais, incluindo o combate à pobreza, ao desemprego e às gangues. Durante o mandato - que agora está chegando ao fim -, Clémence sempre contou com a ajuda de Yazid, seu chefe de gabinete. Entretanto, ao ser cotada para um ministério federal, a prefeita começa a questionar suas prioridades.


19h30 - CLOSE 

(Bégica/França/Holanda, 2022, 105min). Direção de Lukas Dhont, com Eden Dambrine, Gustav De Waele, Émilie Dequenne. O2 Filmes, 12 anos. Drama.

Sinopse: Léo e Rémi, de 13 anos, são inseparáveis - melhores amigos e próximos como irmãos. Mas, quando começam um novo ano escolar, as pressões da adolescência desafiam este vínculo tão fraterno, gerando consequências inesperadas e de longo alcance. O filme é um dos cinco indicados ao Oscar de melhor longa internacional.


SALA NORBERTO LUBISCO


16h - MATO SECO EM CHAMAS Assista o trailer aqui.

(Brasil, 2021, 152min). Direção de Joana Pimenta e Adirley Queirós, com Joana Darc Furtado, Léa Alves Da Silva, Andreia Vieira. Sessão Vitrine, 14 anos. Drama.

Sinopse: Na favela de Sol Nascente, na Ceilândia (DF), a principal moeda de troca entre grupos inimigos é o petróleo. Chitara, grande gasolineira da região, tenta fidelizar a clientela junto ao seu poço particular, com a ajuda da irmã. Quando o Brasil se torna mais conservador e ameaça votar na extrema-direita, o posicionamento de Chitara se transforma num ato político. Prêmios de melhor direção e roteiro no Festival de Brasília 2022.


19h15 – A PORTA AO LADO - ESTREIA

(Brasil, 2022, 110min). Direção de Júlia Rezende, com Dan Ferreira, Letícia Colin, Túlio Starling e Bárbara Paz. Manequim Filmes, 14 anos. Drama.

Sinopse: Mari e Rafa vivem um relacionamento tradicional e estável. O casamento segue tranquilo até o dia em que se muda para o apartamento ao lado o casal Isis e Fred. Os novos vizinhos vivem em uma relação aberta, separam sexo de amor e decidiram não ter filhos. O encontro dos dois casais irá provocar desejos, dúvidas, inseguranças, mentiras e transformações, fazendo com que cada um reavalie suas escolhas.

  (NÃO HAVERÁ SESSÃO NA QUINTA, DIA 9.)


19h30 – A MÚSICA DE ORISTELA ALVES - ENTRADA FRANCA

(Brasil, 2023, 37min) – documentário dirigido por Sandro Cartier e Raquel Guerra. O filme integra o projeto Cinema Musical Gaúcho, que apresenta filmes sobre a música do RS.

Sinopse: O filme a resgata trajetória de Oristela Alves, intérprete que brilhou nos palcos da Califórnia da Canção Nativa do Rio Grande do Sul entre 1975 e 1985 e em outros festivais no mesmo período.

(SESSÃO SOMENTE NA QUINTA, DIA 9.)

--

PREÇOS DOS INGRESSOS:

TERÇAS, QUARTAS e QUINTAS-FEIRAS: R$ 12,00 (R$ 6,00 – ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). SEXTAS, SÁBADOS, DOMINGOS, FERIADOS: R$ 14,00 (R$ 7,00 - ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). CLIENTES DO BANRISUL: 50% DE DESCONTO EM TODAS AS SESSÕES. 

Professores têm direito a meia-entrada mediante apresentação de identificação profissional. Estudantes devem apresentar carteira de identidade estudantil. Outros casos: conforme Lei Federal nº 12.933/2013. Brigadianos e Policiais Civis Estaduais tem direito a entrada franca mediante apresentação de carteirinha de identificação profissional.

*Quantidades estão limitadas à disponibilidade de vagas na sala.

A meia-entrada não é válida em festivais, mostras e projetos que tenham ingresso promocional. Os descontos não são cumulativos. Tenha vantagens nos preços dos ingressos ao se tornar sócio da Cinemateca Paulo Amorim. Entre em contato por este e-mail ou pelos telefones: (51) 3136-5233, (51) 3226-5787.


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quarta-feira, 8 de março de 2023

Cine Especial: Próximas Sessões do Clube de Cinema de Porto Alegre - 'Close' e 'A Porta ao Lado'

 Segue a programação do Clube de Cinema no próximo final de semana.


SESSÃO DE SÁBADO CLUBE DE CINEMA 

Local: Espaço de Cinema, Bourbon Shopping Country

Data: 11/03/2023, sábado, às 10:15 da manhã

"Close"

Bélgica/ França/ Holanda, 2022, 105 min, 12 anos

Direção: Lukas Dhont

Elenco: Emilie Dequenne, Eden Dambrine, Gustav De Waele

Sinopse: Um estudo elegante, poético e empático da juventude, do aclamado escritor e diretor Lukas Dhont. Léo e Rémi, de treze anos, são inseparáveis; melhores amigos, tão próximos como irmãos. No entanto, quando começam um novo ano escolar, as pressões da adolescência florescente desafiam seu vínculo com consequências inesperadas e de longo alcance. Com atuações incríveis dos estreantes Eden Dambrine e Gustav De Waele, o segundo filme de Dhont é uma história de amadurecimento profundamente comovente que terá um impacto duradouro.

Sobre o Filme: Embora seja vendido como um filme infantil é preciso reconhecer que o maravilhoso "Divertidamente" (2015) serve como também de alerta para as pessoas de todas as idades em jamais conter os seus sentimentos, mas sim libera-los para logo em seguida sentir-se bem consigo mesmo. Infelizmente vivemos em meio a uma sociedade em que se vive pelas aparências, como se a pessoa fosse obrigada a sempre tirar uma selfie sorrindo, quando na verdade está morrendo por dentro. "Close" (2022) fala sobre sentimentos amor e dor reprimidos e dos quais provocam consequências irreversiveis uma vez que não são liberados.

Dirigido por Lukas Dhont, acompanhamos  a história de dois super próximos, Leo e Rémi, ambos com 13 anos, acabam tendo a amizade interrompida. Tentando compreender o que aconteceu, Leo fala com Sophie, mãe de Rémi. Mas tudo isso aconteceu quando eles entraram na escola. Seus colegas percebem essa intimidade, comentam e alguns perguntam. Apesar de tudo, Leo parece ser o primeiro a perceber que sua relação com Rémi pode ser ruim para outras pessoas. Ele começa a evitar o contato físico entre eles na escola e também quando estão sozinhos, o que leva a uma luta de quarto que vai um pouco longe demais em uma manhã.

Lukas Dhont já havia explorado um assunto delicado com relação ao transexualismo no seu filme "Girl" (2020). Porém, aqui ele explora uma questão em que muitos irão se identificar pois, indepedente da sua Sexualidade, é um filme em que toca em um assunto espinhoso com relação a sentimentos reprimidos, devido ao medo pelas opiniões dos outros e não sendo feliz e satisfeito consigo próprio. O grande acerto no filme está pelo fato da trama explorar a pré-adolescência, sendo talvez um dos periodos mais complexos com relação a transição da inocência para os primeiros passos para a chegada da vida adulta.

Leo e Rémi são amigos desde sempre, ao ponto que essa amizade começa a se tornar algo a mais, mesmo eles não compreendendo exatamente ainda o que é. Por conta disso a reação por não compreender exatamente o que está passando faz com que ambos se expressam de formas peculiares, desde brigarem fisicamente, como também pelo fato de Leo começar a querer se afastar do seu amigo por medo, não somente pelo que os outros pensariam, mas talvez por não compreender ainda o que está sentido. Tanto  Leo e Rémi como Gustav De Waele estão ótimos em seus respectivos papeis, sendo que o primeiro expressa todos os seus sentimentos através de um olhar cheio de cicatrizes emocionais e das quais tem muito a dizer.

Uma vez que acontece uma determinada tragédia o filme ganha uma nova camada, mas cujo assunto sobre reprimir o que sente continua acentuado e isso irá até o fim do percurso. Os sentimentos de culpa de Leo se tornam uma força da qual busca uma saída, mas do qual o mesmo não deseja libera-los, pois teme pelas consequências que viram no decorrer do tempo. Esse medo é acentuado quando ele procura se abrir com a mãe de Rémi, sendo que ambos na realidade desejam se abrirem, porém, temendo com relação ao que forem ouvir um do outro. Ao final, a verdade precisa ser dita perante a possibilidade de uma nova tragédia, pois o casulo que os personagens se encontram precisa ser quebrado e isso é muito bem sintetizado nos derradeiros minutos finais da trama como um todo.

Vencedor do prêmio pelo Juri no último festival de Cannes e concorrendo ao próximo Oscar de Melhor filme Internacional, "Close" é sobre sentimentos reprimidos, dos quais se encontram assim devido ao medo da opinião dos outros, quando na verdade é preciso libera-los para assim não correr nenhum risco. 

* * * * * 

SESSÃO DE DOMINGO CLUBE DE CINEMA 

Local: Sala Paulo Amorim, Cinemateca Paulo Amorim, Casa de Cultura Mario Quintana. Data: 12/03/2023, domingo, às 10:15 da manhã

"A Porta ao Lado" 

Brasil, 2022, 110min, 14 anos

Direção: Júlia Rezende

Elenco: Dan Ferreira, Letícia Colin, Túlio Starling, Bárbara Paz

Sinopse: Mari e Rafa vivem um relacionamento tradicional e estável. O casamento segue tranquilo até o dia em que se muda para o apartamento ao lado o casal Isis e Fred. Os novos vizinhos vivem em uma relação aberta, separam sexo de amor e decidiram não ter filhos. O encontro dos dois casais irá provocar desejos, dúvidas, inseguranças, mentiras e transformações, fazendo com que cada um reavalie suas escolhas.

Atenciosamente, 

Marcelo Castro Moraes

Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do CCPA.

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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO CINEBANCÁRIOS 09 a 15 DE MARÇO

 ESTREIAS:

A Porta ao lado

A PORTA AO LADO

Direção: Júlia Rezende

Brasil/ 2022/Drama/ 1h53min

Classificação Indicativa: 16 anos

Sinopse:Em A Porta ao Lado, Rafa (Dan Ferreira) e Mari (Letícia Colin) vivem um relacionamento tranquilo e estável, dentro dos moldes mais tradicionais. Juntos há mais de cinco anos, os dois se acostumaram com a rotina e a monotonia da vida de casados. Mas quando Fred (Túlia Starling) e Isis (Bárbara Paz), um casal que vive um relacionamento aberto, se muda para o apartamento ao lado, Mari acaba sendo levada a questionar seu casamento e considerar outras formas de se relacionar. O encontro entre os dois casais provoca desejos, dúvidas e inseguranças, transformando completamente a vida dos quatro.

Elenco: Letícia Colin,Danilo Ferreira,Bárbara Paz



QUANDO FALTA O AR

Direção: Ana Petta e Helena Petta

Brasil/ Documentário/2022/81min

Classificação Indicativa: 10 anos

Sinopse: O filme registra o trabalho realizado por profissionais do SUS em uma das maiores crises sanitárias da história. Quando Falta o Ar traz a interseção da saúde com a religiosidade, a desigualdade social e o racismo estrutural presentes no país. O documentário aborda a pandemia com foco nos diferentes tempos e dimensões envolvidas no cuidado em saúde, revelando a face humana da luta coletiva contra a COVID 19.



EM CARTAZ:


MATO SECO EM CHAMAS

Direção: Adirley Queirós e Joana Pimenta

Brasil/ Drama/ 2022/153min.

Classificação Indicativa: 14 anos

Sinopse:Léa conta a história das Gasolineiras de Kebradas, tal como ecoa pelas paredes da Colméia, a Prisão Feminina de Brasília, Distrito Federal, Brasil.

Elenco: Joana Darc Furtado, Lá Alves da Silva, Andréia Vieira, Débora Alencar, Gleide Firmino, Mara Alves.



HORÁRIOS DE 09 A 15 DE MARÇO DE 2023 (Não há sessões nas segundas-feiras):


14h20: MATO SECO EM CHAMAS

17H: QUANDO FALTA O AR

19h: A PORTA AO LADO


Os ingressos podem ser adquiridos por R$ 12,00 na bilheteria do cinema . Idosos, estudantes, bancários sindicalizados, jornalistas sindicalizados, portadores de ID Jovem, trabalhadores associados em sindicatos filiados a CUT-RS e pessoas com deficiência pagam R$ 6,00.Aceitamos Banricompras, Visa, MasterCard e Elo.

CINEBANCÁRIOS :Rua General Câmara, 424 – Centro – Porto Alegre -Fone: 30309405/Email: cinebancarios@sindbancarios.org.br

terça-feira, 7 de março de 2023

Cine Dica: Em Cartaz - 'Entre Mulheres'

Sinopse: Mulheres em uma colônia isolada lutam para se reconciliar com sua fé após uma série de agressões. 

Embora vivemos em tempos de igualdade é notório que há também um retrocessos cada vez maior em nossa sociedade e do qual aflige principalmente as mulheres. Se existem filmes ou séries como, por exemplo, "Contos da Aia", é porque eles nos dizem que a ficção não está muito distante do nosso mundo real. "Entre Mulheres" (2022) fala sobre tempos não muito distantes, em que um grupo de mulheres procuram decidir qual é o melhor caminho para se trilhar, pois dominadas pelos homens isso é uma coisa que elas não podem mais suportar.

Dirigido por Sarah Polley, além de ser produzido e atuado por Frances McDormand, o filme é baseado no livro homônimo de Miriam Toews e inspirado em eventos reais ocorridos na colônia de Manitoba, na Bolívia, A trama é sobre mulheres de uma comunidade religiosa que lutam para conciliar sua fé com a realidade. Em 2010, as mulheres da comunidade isolada seguem a religião da igreja Menonita, e acabam descobrindo um segredo chocante sobre os homens da comunidade que controlaram suas vidas e fé. É revelado que os homens usaram anestésicos para drogar e estuprar mulheres e meninas durante a noite por muitos anos, às vezes resultando em gravidez.

O filme se torna forte em sua proposta principalmente se você for ir assisti-lo sem nenhuma informação, pois achamos em um primeiro momento que a trama se passa no século 19, quando na verdade ocorre em pleno século 21. Isso acontece porque a trama se passa em uma colônia isolada do mundo, onde a tecnologia quase não existe e fazendo com que a fé se torne a palavra dominante. Por outro lado, a fé em Deus se torna somente uma cortina de fumaça para o mundo dos homens, sendo que eles usam e abusam de suas mulheres e fazendo despertar nas mesmas o desejo de se questionar se aquele mundo ainda vale a pena em se manter nele.

Curiosamente, a presença dos homens é quase nula, sendo que quando eles aparecem são somente de costas ou nas sombras, pois se tornam pela perspectiva das protagonistas como verdadeiros monstros uma vez que praticam tamanho abuso. Somente August, interpretado pelo ator Ben Whishaw, é o que se torna a figura masculina constante, mas sendo alguém cheio de amor, com enorme conhecimento e que usa esses dons para ajudar as suas amigas a todo custo. Uma vez que as atrocidades acontecem elas decidem se reunirem em um celeiro é então que o filme toma forma como um todo.

Vale destacar a esplendida fotografia acinzentada, quase sem vida, como se aquele universo particular não houvesse muito perspectiva de tempos mais dourados. Há, por exemplo, a promessa da vinda como sempre de Jesus Cristo, da qual elas ainda possuem a crença nisso, mas que acabam começando a questionar por que acontece essas coisas quando Deus poderia protegê-las. O filme transita entre a lógica e a fé, onde a crença dá força para aquelas mulheres, mas não significa que ficaram cegas totalmente e abrindo as suas mentes com relação a possibilidade do que fazerem melhor para elas.

Com grande elenco, cada uma das personagens é interpretada por atrizes poderosas, das quais conseguem construir para elas mulheres fortes, mas que não escondem a sua fragilidade e cansaço perante horror que passaram. Destaque para Claire Foy e Rooney Mara, sendo que ambas não escondem a fúria em seus olhares perante a situação em que estão vivendo, mas também procurando a usar a lógica para não se rebaixarem perante os seus algozes. A violência, por sua vez, está sempre presente, mas nunca de forma explicita, mas sim nos revelando as suas consequências.

Vale destacar e muito os diálogos das protagonistas, sendo que eles são extensos, ao ponto de ficarmos nos perguntando qual será a sua conclusão, pois a reunião entre elas provoca desdobramentos impressionantes. Ao final, concluímos que não cabe aos homens decidirem os destinos das mulheres, pois elas próprias têm o poder para isso uma vez que o horizonte está bem na frente para ser explorado. Infelizmente o percurso é árduo, mas que precisa ser enfrentado.

Indicado a dois Oscar, incluindo Melhor Filme, "Entre Mulheres" fala sobre a força das mulheres com relação as suas escolhas e cuja decisão acontece no momento em que todas se unem para obterem novos rumos e abraçar a liberdade.    


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segunda-feira, 6 de março de 2023

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre - 'Belas Promessas'

Nota: Filme exibido para os associados no último sábado (04/03/2023). 

Sinopse: Clémence é a prefeita de uma pequena cidade que trava com Yazid, seu chefe de gabinete, uma dura batalha para salvar o distrito de Bernardins, cidade marcada pela insalubridade e pelos locatários abusivos. Esta será sua última luta antes de passar o cargo na próxima eleição. 

O que mais se destaca no filme “Belas Promessas” são os seus extensos diálogos que dá o que pensar. Claro que isso pode amedrontar os marinheiros de primeira viagem que não estão acostumados a esse tipo de narrativa e cujo cenário é a questão das entranhas da políticas. Porém, não é o caso que acontece aqui no filme de Thomas Kruithof, que através dos seus protagonistas ele demonstra como o cenário político do dia a dia é feito de maneira de grande importância e independente de qual cidade onde ela se encontra.

O que se tem, portanto, é um jogo político, onde as cartas do baralho são as palavras jogadas para fora e das quais podem mudar os rumos desta jogada. Mas isso, logicamente, não seria possível elaborar esse cenário complexo, do qual a maioria das pessoas procura evitar, se não houvesse um roteiro do qual consiga fisgar a pessoa para que a mesma pudesse ficar até o final da sessão. Por mais que fosse explicar passo a passo esse cenário era também importante criar um elo com a pessoa para que ela possa compreender e se identificar até mesmo com alguns personagens.

Por conta disso, a trama escrita também pelo diretor, se destaca pela sua simplicidade entrelaçada pelo emaranhado político. Na trama, uma prefeita (Isabelle Huppert) em final de mandato tenta conseguir com o governo federal a verba para a reforma de um enorme conjunto habitacional ocupado por classes menos favorecidas parisienses. Ela, é claro, terá que usar toda a sua experiência e estratégia para conseguir realizar esse projeto, que já esteve na pauta outras vezes, mas que nunca saiu do papel. Para tal feito, há a ajuda de seu competente e inteligente assessor Yazid (Reda Kateb).

O roteiro, portanto, nos surpreende principalmente pelo fato dos personagens serem muito bem representados pelos seus respectivos atores, principalmente quando focamos em Huppert. A veterana do cinema francês, por sua vez, nos transmite toda elegância de sua personagem, mas ao mesmo tempo transmitindo sinceridade genuína com relação ao que ela realmente deseja. Ao mesmo tempo, por exemplo, é curioso como ela transmite também certa ambiguidade e da qual faz com que ela se torne alguém imprevisível e que pode virar a mesa a qualquer momento.

Mas o seu assessor que nos faz a gente se perguntar quais são as suas reais intenções, já que ele se apresenta como alguém divido no cenário e jogando nos dois lados da moeda o tempo todo.  Em um determinado momento, por exemplo, parece que ele busca somente o poder e se alavancar mais em status para construir para si alguém intocável, mas o que torna a missão impossível principalmente quando ele não consegue esconder os seus próprios sentimentos. Portanto, Reda Kateb nos brinda com um grande desempenho e fazendo com que os momentos mais tensos se tornem os melhores momentos do filme como um todo.

É importante salientar que, graças ao desempenho de Isabelle Huppert e Reda Kateb e alinhado a narrativa principal da trama, o filme nos entrega a ideia principal elaborada pelos seus realizadores. Os dois, portanto, são fortes em suas apresentações vistas na tela e fazendo com que as entranhas políticas, por mais complexas que elas sejam em alguns momentos, faça com que a gente possa compreendê-la. Vale destacar a visão autoral de Kruithof, cuja sua câmera sempre focando as idas e vindas dos seus protagonistas faz com que a mesma se torne uma representação do que nós testemunhamos em determinados momentos.

É curioso observar que o filme como um todo é a representação de uma terra selvagem do universo político, onde os seus representantes parecem que irão se devorar a qualquer momento, mas basta uma proposta convidativa que é lançada para que os dois lados se alinhem em harmonia. Os minutos finais sintetizam muito bem isso, o que não permite que torne tudo no geral mais reconfortante, pois as decisões desses meros mortais é o que mudam os rumos da vida de milhares de pessoas, mas que fazem de as mesmas participarem, mesmo que indiretamente, de um jogo de xadrez e do qual nunca encontra o seu fim.

'Belas Promessas' é uma representação do jogo do cenário político francês, mas cujo tema é universal e seus desdobramentos nos soam familiares principalmente em tempos de conflito.  


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