Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
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Local: Sala Eduardo Hirtz, Casa de Cultura Mario Quintana
Data: 07/05/2022, sábado, às 10:15 da manhã
"Tre Piani"
Itália/ França, 2021, 120 min, 12 anos
Direção: Nanni Moretti
Elenco: Alba Rohrwacher, Nanni Moretti, Riccardo Scamarcio, Margherita Buy
Sinopse: O cotidiano de três famílias – todas vizinhas – é marcado por alguns acontecimentos trágicos, embora comuns: um atropelamento, uma suspeita de abuso, uma doença grave. À medida em que estes fatos se cruzam, os personagens vão revelando suas dificuldades em tomar decisões, enfrentar seus medos ou mesmo de ter uma convivência harmoniosa.
Vitalina Varela, a mais recente obra-prima do diretor português Pedro Costa, ganhador do Leopardo de Ouro no Festival de Locarno, entra em cartaz na Cinemateca Capitólio a partir do dia 03 de maio. O valor do ingresso é R$ 16,00.
De 3 a 13 de maio, a Cinemateca Capitólio apresenta a mostra A retomada do cinema gaúcho, um panorama de obras produzidas no Rio Grande do Sul entre 1991 e 1998, que coloca em perspectiva o renascimento da produção cinematográfica local após o fim traumático da Embrafilme no ano de 1990. A programação tem entrada gratuita.
No sábado, 07 de maio, às 19h, a Sessão Plataforma apresenta na Cinemateca Capitólio a exibição única de Memoria, de Apichatpong Weerasethakul, protagonizado por Tilda Swinton. Todos podem pagar meia entrada na sessão (R$ 8,00). Os ingressos serão vendidos a partir de terça-feira, 03 de maio, nos horários de funcionamento da bilheteria.
Lançado em 1955 pela Disney, o longa-metragem A Dama e o Vagabundo irá encerrar a atual temporada do projeto Sessão Vagalume. Mesclando os gêneros animação, musical e romance, esse clássico é uma das mais famosas histórias de amor já produzidas pelo cinema. O filme será exibido nos dias 7 e 8 de maio, sábado e domingo, às 16h, na Cinemateca Capitólio (Rua Demétrio Ribeiro, 1085 - Centro Histórico, Porto Alegre). Antes, a partir das 15h30min, o público poderá conhecer os bastidores do prédio histórico em visitas guiadas. Os ingressos custam apenas R$ 4,00 e R$ 2,00, a meia-entrada.
A Associação de Amigas e Amigos da Cinemateca Capitólio convida para a Sessão AAMICCA #3, a ser realizada no próximo domingo, 8 de maio, às 17h30, na Cinemateca Capitólio. No programa, Ventre Livre, documentário de 1994, dirigido por Ana Luiza Azevedo. A projeção será seguida de debate, tendo por convidadas a cineasta Ana Luiza Azevedo e a feminista, advogada e professora universitária Domenique Goulart. A mediação ficará a cargo de Juliana Costa, da diretoria da AAMICCA. Entrada franca.
Sinopse: O professor Alvo Dumbledore (Jude Law) sabe que o poderoso mago das trevas Gellert Grindelwald (Mads Mikkelsen) está se movimentando para assumir o controle do mundo mágico. Incapaz de detê-lo sozinho, ele pede ao magizoologista Newt Scamander (Eddie Redmayne) para liderar uma intrépida equipe de bruxos, bruxas e um corajoso padeiro trouxa em uma missão perigosa.
Na minha crítica sobre "Animais fantásticos: os Crimes de Grindelwald" (2018) eu havia finalizado dizendo que o filme era um capítulo que colocava em xeque o futuro da franquia "Harry Potter" no cinema. Começando de forma muito bem convidativa com "Animais Fantásticos onde Habitam" (2018), a mais nova franquia do universo bruxo sofreu com diversas subtramas com o capítulo do meio, sendo que as inúmeras informações apresentadas naquele momento confundiram por demais a mente do cinéfilo e pondo em risco o futuro próximo. Felizmente "Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore" (2022) corrige os erros do filme anterior, ao apresentar uma trama mais limpa e convidativa.
Novamente dirigido por David Yates, a trama é sequência das aventuras de Newt Scamander (Eddie Redmayne), um magizoologista que carrega em sua maleta uma coleção de fantásticos animais do mundo da magia descoberta em suas viagens. Dessa vez, ele é convocado por Albus Dumbledore (Jude Law) na luta contra o vilão Grindelwald (Mads Mikkelsen). A trama mostra por que o célebre bruxo de Hogwarts, que sabe da busca por controle de Grindelwald e é incapaz de detê-lo sozinho, confia no magizoologista para liderar uma equipe de bruxos, bruxas e um bravo padeiro trouxa em uma missão perigosa. Ao longo do enredo, eles encontrarão velhos e novos animais fantásticos, além de enfrentar a crescente legião de seguidores do vilão.
Talvez o grande acerto desse mais novo filme é de explorar ainda mais a complexa relação de amor e ódio entre Dumbledore e Grindelwald, cuja as suas ideias diferentes uma da outra com relação ao mundo dos trouxas fizeram com que ambos se separarem e se colocarem em lados opostos com relação a esse universo. Afastado devido aos inúmeros problemas com a justiça, Johnny Depp acabou sendo substituído por Mads Mikkelsen e que, felizmente, consegue carregar esse grande fardo de um personagem que já estava sendo bem construído nas telas com grande elegância e aproveitando para criar até mesmo novas camadas de sua pessoa. Já Jude Law assume de vez o protagonismo da franquia com a sua versão jovem de Dumbledore, já que Newt Scamander fica cada mais em segundo plano dentro da trama, mesmo sendo essencial em diversos pontos dela.
Assim como no filme anterior, David Yates novamente opta pelo primeiro ato menos acelerado, reapresentando os personagens centrais e fazendo com que a gente se recoloque dentro da trama com maior facilidade. Neste último caso, quem rouba a cena novamente é Dan Fogler com o seu simpático personagem Jacob, sendo que ele nada mais é como uma espécie de representação do nosso olhar inocente perante aquele universo fantástico e por conta disso nos identificamos facilmente com ele desde sempre. Ezra Miller, por sua vez, pouco pode oferecer ao seu personagem Credence, mesmo sendo uma peça fundamental dentro da trama.
Falando Credence, é curioso como os realizadores tornaram a sua origem tão complexa e difícil de ser compreendida no filme anterior, sendo que se ela tivesse sido melhor trabalhada ela seria, enfim, menos problemática. Mas é exatamente isso o que acontece neste terceiro filme, onde o seu passado é melhor explicado com os personagens irmãos Álbuns Dumbledore e Aberforth Dumbledore (Richard Coyle) em cena, mais precisamente na casa desse último e sem nenhum outro personagem inserido para nos confundirmos. Um exemplo claro que a simplicidade pode ser muito melhor compreendida do que diversas subtramas.
Acima de tudo, o filme é uma aventura convidativa para toda a família, mas que não deixa de possuir mensagens subliminares com relação a nossa realidade hoje em dia. Pelo fato de Grindelwald querer se tornar o líder mundial dos bruxos para separar esses últimos dos trouxas se há uma referência da proliferação da extrema direita ao redor do mundo atual e que tem o único intuito de levantar muros ao invés de unir os povos. Em tempos de mudanças de governo pelo mundo o filme vem em um momento mais do que certo e para fazer com que os jovens de hoje reflitam e escolham o lado certo.
O final, aliás, é digno de nota, ao não se enveredar por um show de luzes e efeitos especiais, mas sim mais para um duelo filosófico e psicológico, principalmente representado pelas figuras de Dumbledore e Grindelwald. Embora deixe um fio solto para uma eventual quarta parte, ao meu ver, essa nova franquia poderia se encerrar já aqui, pois ela sempre correrá o risco de sofrer nas mãos de um estúdio que insiste em alongar franquias boas no início unicamente para gerar lucro e acabar terminando em alguma parte do limbo do esquecimento. "Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore" se apresenta como um filme correto, sem carregar os mesmos erros do filme anterior e só por conta disso já é um grande feito.
De 3 a 13 de maio, a Cinemateca Capitólio apresenta a mostra A retomada do cinema gaúcho, um panorama de obras produzidas no Rio Grande do Sul entre 1991 e 1998, que coloca em perspectiva o renascimento da produção cinematográfica local após o fim traumático da Embrafilme no ano de 1990. A programação tem entrada gratuita.
A sessão de abertura da mostra, no dia 03 de maio, às 19h15, apresenta o curta-metragem Au Revoir Shirlei, de Gilberto Perin, realizado em 1991, e o média Rocky & Hudson: Os Caubóis Gays, de Otto Guerra, lançado em 1994. Os diretores participam de uma conversa após a sessão.
A programação contempla mais dois médias produzidos no período, o documentário Ventre Livre, de Ana Luiza Azevedo, e o drama experimental Bola de Fogo, de Marta Biavaschi, dois longas-metragens decisivos dos anos 1990, Anahy de las Misiones, de Sergio Silva, e Lua de Outubro, de Henrique de Freitas Lima, e o filme de episódios Felicidade É... que combinou os esforços de quatro produtoras (duas do Rio Grande do Sul e duas de São Paulo) para reunir quatro curtas em um projeto de longa coletivo premiado nos festivais de Brasília e Gramado em 1995.
No domingo, 08 de maio, às 17h30, Ventre Livre será exibido na Sessão AAMICCA, organizada pela Associação de Amigas e Amigos da Cinemateca Capitólio, com a presença da realizadora Ana Luiza Azevedo.
"Bohemian Rhapsody" (2018) tem se tornado um dos meus filmes preferidos do cinema recente e ter me dado a chance de conhecer melhor sobre a vida e a carreira do cantor Freddie Mercury. Porém, é preciso reconhecer que os realizadores foram para um caminho mais poético, cinematograficamente falando e suavizando algumas passagens mais polêmicas sobre a vida do cantor. "Rocketman" vai para um caminho inverso, ao não se deter em retratar os altos e baixos da vida do cantor Elton John e nascendo assim um filme honesto perante aos nossos olhares críticos.
Dirigido por Dexter Fletcher, o mesmo que havia substituído Brian Singer durante as filmagens de "Bohemian Rhapsody".o filme é uma adaptação sobre a vida do cantor Elton John (Taron Egerton) de "Kingsman - Serviço Secreto"(2015). Na trama, acompanhamos sobre o princípio, sucesso, decadência e redenção que o cantor tanto desejava. O filme é uma viagem, tanto sobre a vida de uma pessoa, como também de uma época mais colorida do universo da música.
Confira a minha crítica completa sobre o filme clicando aquie participe do Cine Debate amanhã.
Entre os dias 2 e 20 de maio, a Sala Redenção, nosso cinema universitário, continua a programação comemorativa de seus 35 anos, desta vez seguindo um clima investigativo, em que a desconfiança das imagens se mostra um fator determinante na maneira como assistimos a certos filmes. Com a parceria do Goethe-Institut Porto Alegre e da Aliança Francesa de Porto Alegre, a seleção vai do thriller estadunidense, passa pelo cinema ensaístico e chega no cinema gaúcho ficcional dos últimos anos, mergulhando em diferentes imagens que instigam nossa incerteza e nossa vontade de desvendar as maquinações que movem secretamente as narrativas nas quais estamos inseridos.
Pelo caminho da investigação estão Blow-Up: Depois Daquele Beijo, Um Tiro na Noite, Vício Inerente, Maratona da Morte e Subterrânea, filmes em que a obsessão pelo que não é visto leva seus protagonistas a um labirinto de desconfianças e conspirações acobertadas por forças maiores. Assim como em Vingador do Futuro, que faz da impulsividade para enfrentar esses conflitos o motor da narrativa, sendo tão frenético quanto O Homem do Rio, dois filmes de ação incessante. Este último, porém, marca um conflito que se estende para além de outras fronteiras, de forma semelhante ao clássico Marca da Maldade.
Utilizando a paranoia como forma de observar temas mais amplos, o recente sucesso do terror contemporâneo, Corra, forma um paralelo interessante com um dos capítulos do importante Um é Pouco, Dois é Bom, ambos apresentando uma conspiração baseada no conflito racial que persegue seus protagonistas. Em Trânsito faz da suspeita melindrosa uma forma de enxergar a interferência de governos autoritários na vida cotidiana. Neste sentido, a sessão com os curtas gaúchos Ângelo Anda Sumido, Peixe Vermelho e Teia Engole Aranha nos mostra um cotidiano afundado no pesadelo, impondo um real cada vez mais delirante. Da realidade fragmentada, em que não sabemos se acreditamos ou não no que vemos, os curtas da diretora francesa Chloé Galibert-Laîne, Assistindo a Dor dos Outros e Forensickness, ilustram de forma muito rica o imaginário paranoico na tela de um computador.
Nos onze longas e cinco curtas-metragens que compõem a mostra Tramas e Tramoias, poderemos apurar o nosso faro por pistas e indícios dos segredos escondidos dentro de tudo que vemos (e julgamos ver). A trama, assim como na costura, forma o tecido que irá cobrir ou ornamentar corpos e objetos, nosso trabalho enquanto espectadores é trazer à tona tudo que está encoberto. A Sala Redenção oferece esse mosaico de filmes que lidam com este tema, mantendo seu objetivo de gerar discussões e tensionar diferentes cinemas entre si, em sessões de segunda a sexta, às 15h e às 19h, sempre gratuitamente no campus central da UFRGS.
Texto: Victor Souza, bolsista da Sala Redenção
Confira a programação completa na pagina oficial da sala clicandoaqui.
Sinopse: Ascensão e queda fizeram parte da vida do político Willie Stark, que ganhou fama por defender os mais pobres numa comunidade rural. Inicialmente subestimado, Stark começa a ganhar poder e se torna tão corrupto quanto aqueles que um dia ele criticou.
No passado, quando assunto era política, Hollywood se enveredava para um pensamento mais conservador, pois na opinião deles, ou a mando da igreja ou do Capitólio, o poder acaba por corromper a pessoa mais honesta que existe. No clássico "A Mulher Faz o Homem' (1939), vemos o personagem de James Stewart entrar na política, mas mal sabendo da corrupção que a movia. "A Grande Ilusão" vai para um caminho um pouco mais inverso, em que vemos o cidadão humilde se corromper a partir do momento que precisa saber jogar para sobreviver neste jogo de xadrez.
Dirigido por Robert Rossen, o filme conta a história do pacato advogado Willie Stark (Broderick Crawford) que começa a ganhar fama por defender os mais pobres. Com reputação de homem honesto e apoiado pelas massas graças ao seu jeito caipira, o jurista popular passa a almejar novos objetivos, ingressando na política. Inicialmente subestimado, Stark começa a ganhar poder e se tornar tão corrupto quanto aqueles que um dia criticou.
É engraçado que os discursos políticos e o conflito da diferença entre as classes daquela época não são muito diferentes do que se houve hoje em dia. A diferença está na forma em como ela é induzida ao longo da história, ao vermos uma pessoa comum aos poucos ganhar simpatia do povo trabalhador, ganhando assim o poder, mas se corrompendo ao ponto de se tornar até mesmo pior se for comparado com os que estavam lá. Uma forma clara de como Hollywood estava sendo controlada na época, ao prevalecer o sistema do capitalismo e não dando brecha as ideias socialistas e tão pouco comunistas.
Estamos no final dos anos quarenta, época em que acontecia uma verdadeira caça às bruxas nos bastidores dos estúdios e que muitos que pensavam diferente acabavam sendo presos ou expulsos do país. Sobrou para nomes de grande porte como Charles Chaplin ao serem obrigados a sair do país onde construíram as suas carreiras e sendo posteriormente expulsos a paus e pedras. Lógico que mais tarde Hollywood pediria desculpas, mas nada apaga o que já está registrado nas histórias.
Polêmicas à parte, o filme ao menos consegue obter a nossa atenção do início ao fim, principalmente ao fazer do personagem jornalista Jack Burden (John Ireland) o nosso guia para conhecermos melhor a figura de Willie Stark. O ator Broderick Crawford constrói um belo desempenho, ao fazer do seu personagem transitar entre o bom senso e o desejo de obter mais na medida em que os recursos do poder vão diretamente para o seu colo. Não é de se admirar que o interprete tenha ganhado um Oscar, mesmo quando o roteiro queira nos induzir de que todos podem se corromper ao longo da história.
Em alguns momentos, o filme ganha ares de "Cidadão Kane" (1941), pois em ambos os casos vemos as duas figuras centrais se enterrando após terem obtido determinados status. A diferença é que no caso do clássico de Orson Welles o roteiro deixa muito claro que o protagonista nunca desejou chegar aonde havia chegado, enquanto aqui Stark não se cansa em obter poder, seja para ajudar o povo, ou para se manter na sua posição a qualquer custo. Neste último caso, Robert Rossen chega até mesmo a exagerar no tom, ao fazer de Stark e das pessoas próximas a ele figuras não muito diferente aos de gangsters e isso é cada mais acentuado em seu terceiro ato.
Neste último caso, os realizadores criam uma verdadeira justiça poética, mesmo ela soando imprevisível, pois antes disso parecia que Stark era indestrutível. Feito isso, o final me fez lembrar do clássico filme de gangsters "A Alma do Lobo" (1931) e estrelado por Edward G. Robinson, sendo que um tomba devido aos seus feitos no mundo do crime enquanto o outro cai perante ao seu próprio jogo para se manter no poder a qualquer custo. Regra clara que Hollywood sempre passava na época, mas que revista agora deixa mais do que claro o seu modo de persuadir os cinéfilos daqueles tempos.
Além de uma forte atuação de Mercedes McCambridge em cena, "A Grande Ilusão" é um filme simbólico do conservadorismo de tempos em que Hollywood não queria comprar briga com os que controlavam o sistema do capitalismo.