Sinopse: O professor Alvo Dumbledore (Jude Law) sabe que o poderoso mago das trevas Gellert Grindelwald (Mads Mikkelsen) está se movimentando para assumir o controle do mundo mágico. Incapaz de detê-lo sozinho, ele pede ao magizoologista Newt Scamander (Eddie Redmayne) para liderar uma intrépida equipe de bruxos, bruxas e um corajoso padeiro trouxa em uma missão perigosa.
Na minha crítica sobre "Animais fantásticos: os Crimes de Grindelwald" (2018) eu havia finalizado dizendo que o filme era um capítulo que colocava em xeque o futuro da franquia "Harry Potter" no cinema. Começando de forma muito bem convidativa com "Animais Fantásticos onde Habitam" (2018), a mais nova franquia do universo bruxo sofreu com diversas subtramas com o capítulo do meio, sendo que as inúmeras informações apresentadas naquele momento confundiram por demais a mente do cinéfilo e pondo em risco o futuro próximo. Felizmente "Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore" (2022) corrige os erros do filme anterior, ao apresentar uma trama mais limpa e convidativa.
Novamente dirigido por David Yates, a trama é sequência das aventuras de Newt Scamander (Eddie Redmayne), um magizoologista que carrega em sua maleta uma coleção de fantásticos animais do mundo da magia descoberta em suas viagens. Dessa vez, ele é convocado por Albus Dumbledore (Jude Law) na luta contra o vilão Grindelwald (Mads Mikkelsen). A trama mostra por que o célebre bruxo de Hogwarts, que sabe da busca por controle de Grindelwald e é incapaz de detê-lo sozinho, confia no magizoologista para liderar uma equipe de bruxos, bruxas e um bravo padeiro trouxa em uma missão perigosa. Ao longo do enredo, eles encontrarão velhos e novos animais fantásticos, além de enfrentar a crescente legião de seguidores do vilão.
Talvez o grande acerto desse mais novo filme é de explorar ainda mais a complexa relação de amor e ódio entre Dumbledore e Grindelwald, cuja as suas ideias diferentes uma da outra com relação ao mundo dos trouxas fizeram com que ambos se separarem e se colocarem em lados opostos com relação a esse universo. Afastado devido aos inúmeros problemas com a justiça, Johnny Depp acabou sendo substituído por Mads Mikkelsen e que, felizmente, consegue carregar esse grande fardo de um personagem que já estava sendo bem construído nas telas com grande elegância e aproveitando para criar até mesmo novas camadas de sua pessoa. Já Jude Law assume de vez o protagonismo da franquia com a sua versão jovem de Dumbledore, já que Newt Scamander fica cada mais em segundo plano dentro da trama, mesmo sendo essencial em diversos pontos dela.
Assim como no filme anterior, David Yates novamente opta pelo primeiro ato menos acelerado, reapresentando os personagens centrais e fazendo com que a gente se recoloque dentro da trama com maior facilidade. Neste último caso, quem rouba a cena novamente é Dan Fogler com o seu simpático personagem Jacob, sendo que ele nada mais é como uma espécie de representação do nosso olhar inocente perante aquele universo fantástico e por conta disso nos identificamos facilmente com ele desde sempre. Ezra Miller, por sua vez, pouco pode oferecer ao seu personagem Credence, mesmo sendo uma peça fundamental dentro da trama.
Falando Credence, é curioso como os realizadores tornaram a sua origem tão complexa e difícil de ser compreendida no filme anterior, sendo que se ela tivesse sido melhor trabalhada ela seria, enfim, menos problemática. Mas é exatamente isso o que acontece neste terceiro filme, onde o seu passado é melhor explicado com os personagens irmãos Álbuns Dumbledore e Aberforth Dumbledore (Richard Coyle) em cena, mais precisamente na casa desse último e sem nenhum outro personagem inserido para nos confundirmos. Um exemplo claro que a simplicidade pode ser muito melhor compreendida do que diversas subtramas.
Acima de tudo, o filme é uma aventura convidativa para toda a família, mas que não deixa de possuir mensagens subliminares com relação a nossa realidade hoje em dia. Pelo fato de Grindelwald querer se tornar o líder mundial dos bruxos para separar esses últimos dos trouxas se há uma referência da proliferação da extrema direita ao redor do mundo atual e que tem o único intuito de levantar muros ao invés de unir os povos. Em tempos de mudanças de governo pelo mundo o filme vem em um momento mais do que certo e para fazer com que os jovens de hoje reflitam e escolham o lado certo.
O final, aliás, é digno de nota, ao não se enveredar por um show de luzes e efeitos especiais, mas sim mais para um duelo filosófico e psicológico, principalmente representado pelas figuras de Dumbledore e Grindelwald. Embora deixe um fio solto para uma eventual quarta parte, ao meu ver, essa nova franquia poderia se encerrar já aqui, pois ela sempre correrá o risco de sofrer nas mãos de um estúdio que insiste em alongar franquias boas no início unicamente para gerar lucro e acabar terminando em alguma parte do limbo do esquecimento. "Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore" se apresenta como um filme correto, sem carregar os mesmos erros do filme anterior e só por conta disso já é um grande feito.