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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 21 de agosto de 2018

Cine Dica: Pornochanchadas revisitadas e Dietrich & von Sternberg (21 a 31 de agosto)



HISTÓRIAS QUE NOSSO CINEMA (NÃO) CONTAVA E DUPLA EXPLOSIVA DE HOLLYWOOD EM CARTAZ NA CINEMATECA CAPITÓLIO PETROBRAS
 
A Cinemateca Capitólio Petrobras retoma a programação regular nesta quinta-feira (nos dias 21 e 22 apenas a sessão das 20h será realizada).
Na quinta-feira, 23 de agosto, Histórias Que Nosso Cinema (Não) Contava, dirigido por Fernanda Pessoa, entra em cartaz na Cinemateca Capitólio Petrobras. O documentário realiza uma releitura dos anos 1970 no Brasil através apenas de imagens e sons de filmes populares da época, muitos considerados "pornochanchadas", o gênero mais visto e produzido no período. O valor do ingresso é R$ 16,00, com meia entrada para estudantes e idosos.
No dia 30 de agosto, às 20h, a diretora participa de um debate após a exibição, com a mediação da cinéfila e pesquisadora Juliana Costa, integrante do cineclube Academia das Musas.
Uma edição especial do Projeto Raros apresenta no dia 31 de agosto, às 20h, a cópia em 35mm de As Aventuras Amorosas de um Padeiro, de Waldir Onofre, um dos filmes investigados pelo filme de Fernanda Pessoa. Informações completas da sessão em breve!  
Na quinta-feira, às 20h, a Cinemateca Capitólio Petrobras realiza mais uma edição do projeto Curta na Cinemateca com a exibição de três filmes, seguida de um debate com a diretora Nara Normande. A sessão tem entrada franca.
A partir de sábado, 25 de agosto, a Cinemateca Capitólio Petrobras apresenta a mostra Dietrich & von Sternberg, com seis obras-primas que marcam o encontro entre a atriz Marlene Dietrich e o diretor Josef von Sternberg, um dos pares criativos mais intensos da história do cinema. O valor do ingresso para os filmes da mostra é R$ 10,00, com meia entrada para estudantes e idosos.

HISTÓRIAS QUE NOSSO CINEMA (NÃO) CONTAVA
Brasil, 2017, 79', DCP
Direção e roteiro: Fernanda Pessoa
Classificação indicativa: 16 anos
O documentário realiza uma releitura dos anos 1970 no Brasil através apenas de imagens e sons de filmes populares da época, muitos considerados "pornochanchadas", o gênero mais visto e produzido no período.


DIETRICH & vON STERNBERG
Já aposentado do cinema, nos anos 1960, Josef von Sternberg afirmou ao crítico e cineasta Peter Bogdanovich que todos os seus filmes eram abstratos. Em um punhado de filmes da primeira metade dos anos 1930, entretanto, todas as formas, luzes e sons pareciam existir para concretizar um dos grandes mitos da história do cinema: Marlene Dietrich. Se as histórias muitas vezes parecem secundárias, mesmo em situações extremas ou lugares distantes, é porque o interesse de von Sternberg, o maior esteta de sua geração em Hollywood, era a busca serena de um rosto, um gesto, um olhar, uma fala, uma pequena ou grandiosa ação de sua musa inquietante que conseguisse traduzir em imagens uma galeria complexa de emoções. Com apoio da distribuidora MPLC, a programação da mostra Dietrich & von Sternberg apresenta seis obras-primas dirigidas por Josef von Sternberg e protagonizadas por Marlene Dietrich nos Estados Unidos.

FILMES
Marrocos
(Morocco)
EUA, 1930, 92 minutos, HD
Direção: Josef von Sternberg
Na pele de uma desgastada dama de cabaret, a Mademoiselle Amy Jolly, Marlene Dietrich apaixona-se por Tom Brown (Cooper), um desterrado soldado na Legião Estrangeira Francesa. Apesar dos esforços de outros pretendentes, incluindo o mundano Kennington (Menjou), Amy combina um encontro com Tom Brown quando a atração fatal de ambos se transforma em amor.

Desonrada
(Dishonored)
EUA, 1931, 91 minutos, HD
Direção: Josef von Sternberg
Marie Kolverer é uma prostituta vienense que se oferece como espiã ao serviço secreto de seu país. Transformada na sedutora agente X27, uma espécie de Mata Hari, ela facilmente seduz e extrai segredos de oficiais inimigos durante a Primeira Guerra Mundial. Contudo, ela acaba se apaixonando pelo Coronel Kranau, um espião russo, e o deixa escapar de suas garras. Presa, é condenada a morrer diante de um pelotão de fuzilamento.

A Vênus Loira
(Blonde Venus)
EUA, 1932, 94 minutos, HD
Direção: Josef von Sternberg
Marlene Dietrich interpreta Helen, uma antiga estrela de clubes nocturnos casada com um cientista americano, Edward Faraday (Herbert Marshall), a quem foi diagnosticado envenenamento por rádio. Para conseguir dinheiro para uma cura na Europa para o marido, Helen regressa aos palcos como "A Vênus Loira" e transforma-se num sucesso noturno.

O Expresso de Shanghai
(Shanghai Express)
EUA, 1932, 82 minutos, HD
Direção: Josef von Sternberg
Numa viagem pela China, devastada pela guerra civil, num trem com os mais estranhos e perigosos passageiros, Shanghai Lily, célebre cortesã, encontra um velho amor, um médico enviado numa perigosa missão.

A Imperatriz Vermelha
(The Scarlet Empress)
EUA, 1934, 105 minutos, HD
Direção: Josef von Sternberg
A Princesa Sofia da Prússia é enviada à Rússia para casar-se com o Grão-Duque, sobrinho da Imperatriz. Ela pretende trazer mais sangue real aos descendentes, e obriga a jovem a mudar sua religião e seu nome. Assim, a jovem e bela Sofia torna-se Catarina, e amadurece em meio aos encantos e luxos de seu novo império de prazeres.

Mulher Satânica
(The Devil is a Woman)
EUA, 1935, 80 minutos, HD
Direção: Josef von Sternberg
Antônio Galván (César Romero), jovem militar com posto de oficial, conhece uma mulher misteriosa e atraente, Concha Perez (Dietrich) e logo cai enfeitiçado em seus braços sedutores. Antônio confessa seu amor por Concha a um amigo, Don Pasqual (Lionel Atwill), um oficial do alto escalão e mais velho. Pasqual fica aterrorizado com a paixão de Antônio, pois anos atrás conhecera Concha; foi uma relação longa e desastrosa.

GRADE DE PROGRAMAÇÃO
21 a 31 de agosto de 2018

21 de agosto (terça)
20h – Zardoz
22 de agosto (quarta)
20h – Matadouro 5

23 de agosto (quinta)
14h - Westworld – Onde Ninguém Tem Alma
15h30 – Ano 2003 – Operação Terra
18h30 – Histórias que Nosso Cinema (Não) Contava
20h – Curta na Cinemateca: Filmes de Nara Normande

24 de agosto (sexta)
14h – Planeta dos Macacos
16h – De Volta ao Planeta dos Macacos
18h – Colossus 1980
20h – Histórias que Nosso Cinema (Não) Contava

25 de agosto (sábado)
14h – Marrocos
16h – Os Invasores de Corpos
18h15 – O Expresso de Shanghai
20h – Histórias que Nosso Cinema (Não) Contava

26 de agosto (domingo)
14h – A Vênus Loira
16h – Fuga no Século 23
18h15 – Desonrada
20h – Histórias que Nosso Cinema (Não) Contava

28 de agosto (terça)
14h – A Imperatriz Vermelha
16h – Capricórnio Um
18h15 – Mulher Satânica
20h – Histórias que Nosso Cinema (Não) Contava

29 de agosto (quarta)
14h – O Expresso de Shanghai
16h – O Enigma de Andrômeda
18h15 – Marrocos
20h – Histórias que Nosso Cinema (Não) Contava

30 de agosto (quinta)
14h - Divulgação em breve
16h – Divulgação em breve
18h – Divulgação em breve
20h – Histórias Que o Nosso Cinema (Não) Contava + debate com Fernanda Pessoa

31 de agosto (sexta)
14h - Divulgação em breve
16h – Divulgação em breve
18h - Divulgação em breve
20h – Projeto Raros Especial (As Aventuras Amorosas de um Padeiro, de Waldir Onofre)

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre: A Festa


Nota: filme exibido para associados no último sábado (18/08/18) na Casa de Cultura Mario Quintana.  

Sinopse: Janet, uma política de esquerda, convida os amigos do partido para comemorar a nomeação para o cargo de Ministra da Saúde britânica, coroando um objetivo que ela perseguia há anos. Seus amigos também têm suas revelações, como uma gravidez inesperada. Mas, é a surpresa revelada pelo marido de Janet, o intelectual Bill, que transforma completamente o evento, fazendo a festa logo se transformar em pesadelo.



Foi a partir de O Deus da Carnificina, de Roman Polanski, que surgiu um pequeno subgênero ( seria teatro filmado?), onde a trama se concentra num único cenário e com um pequeno grupo de personagens carismáticos. Dos filmes que vieram a seguir o mais notório foi o francês Qual o nome do bebê?, do qual possuía altas doses de humor e reflexão. É aí que chegamos ao filme inglês A Festa, que nos traz, não somente a mesma fórmula, como também uma ambiguidade sedutora vinda de cada um dos seus personagens.
Dirigido por Sally Potter (Yes), o filme se passa numa tarde qualquer na casa de Janet (Krisnt Scott Thomas) uma política da esquerda que está comemorando o fado dela ter sido nomeada a ministra da Saúde Britânica. Ela decide fazer uma pequena festa, reunindo velhos amigos. Porém, a reunião traz revelações inesperadas de alguns convidados e fazendo com que a festa harmoniosa tenha grandes chances de terminar numa verdadeira tragédia grega.
Embora com pouco mais de uma hora de duração, Sally Potter consegue a proeza de acrescentar inúmeros temas dentro da história, que vai desde a rixas de partidos políticos, direitos humanos, LGBT, fidelidade e tudo moldado para que seja transbordado  já nos primeiros minutos de projeção. A principio se cria até mesmo momentos de suspense, principalmente da forma como se abre a projeção e fazendo com que a gente crie inúmeras teorias sobre o que acontecerá nos minutos seguintes. Além da proeza de saber conduzir a sua câmera em cenários limitados, Sally Potter teve a sorte de ter escolhido a dedo um ótimo elenco, onde cada um dos seus respectivos personagens possui um segredo oculto. 
Krisnt Scott Thomas, por exemplo, nos brinda novamente com um papel digno de nota, onde a sua personagem, aos poucos, se revela alguém que tenta obter absoluto controle de tudo, mas que acaba descobrindo que o mundo sempre continua girando. Timothy Spall, que interpreta o seu marido, consegue inserir em nós um verdadeiro ponto de interrogação nos primeiros minutos de projeção, já que o seu personagem possui tantos conflitos internos vistos em seu olhar que fica até mesmo difícil adivinhar com relação ao que ele está passando. E se Patricia Clarkson nos encanta com personagem extremamente sarcástica perante aos eventos que virão a seguir, Cillian Murphy nos brinda com um personagem imprevisível, do qual nos dá tanto momentos de tensão como também de humor.
É tantos conflitos vistos em cena que fica até mesmo fica difícil escolher qual exatamente é o principal deles. A meu ver, Sally Potter optou em colocar o dedo na ferida com relação à classe média alta, que se vê incapaz de administrar situações inesperadas, mesmo quando algumas delas soem, por vezes, absurdas. O filme seria, então, uma crítica ácida sobre uma realidade, cuja carapuça esconde o lado hipócrita de uma sociedade a beira de um ataque de nervos. 
Com uma bela fotografia em preto e branco, A Festa é um pequeno grande filme que desmascara uma parcela de uma sociedade moldada com máscaras e que se encontram perdidos uma vez que se é revelado os seus próprios defeitos. 
Onde assistir: Sala Paulo Amorim. Horário: 19h15min. Casa de Cultura Mario Quintana. Rua das Andradas, nº 736. Centro de Porto Alegre.  

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sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Cine Dica: Em Cartaz: Unicórnio



Sinopse: O pai de Maria deixa sua casa e a menina e sua mãe voltam a seu cotidiano de cuidar da casa e da plantação, esperando que ele regresse. Porém, o destino das duas se cruza com um criador de cabras que vive na região.
 
Eduardo Nunes surpreendeu a crítica com o seu Sudoeste (2011), filme que nos trouxe uma interpretação espetacular da atriz Simone Spoladore e fazendo do diretor um dos melhores do cinema autoral brasileiro recente. Obviamente, não é um cineasta que nos joga em tramas com soluções fáceis, mas que seja, no mínimo, uma pequena experiência sensorial. Seu mais novo trabalho, Unicórnio, é baseado em dois contos de Hilda Hilst e nos oferece uma das mais belas imagens do nosso cinema recente.
O filme se inicia de uma forma inesquecível, onde não tem como deixar de se apaixonar pela fotografia de Mauro Pinheiro Jr, com cores quentes e se casando com harmonia com o som de Roberto de Oliveira. Claramente o cineasta nos brinda com uma experiência audiovisual poucas vezes vista em nosso cinema e fazendo até mesmo a gente se perguntar de que maneira as imagens foram elaboradas. Se por um lado o som nos joga no cenário lírico dos personagens, as cores nos brindam com um visual único, como se elas saíssem de alguma obra prima de determinado artista.
Isso faz com que nos perguntemos onde se passa exatamente aquela história que beira a fantasia. Na realidade o universo que se passa a história não nos dá uma pista exata se ela se passa no presente, passado ou até mesmo futuro. Se por um lado, as roupas remetem tempos do início do século 20, do outro, há pequenos detalhes de objetos que dão a entender que os eventos se passam em tempos não muito longínquos.
O cineasta, aliás, possui o total controle da história, como se comprova nas sequências em que não há nenhuma palavra vinda dos poucos protagonistas em cena. A primeira meia hora de filme é sem sombra de dúvida os melhores momentos da trama. Assim como no recente filme de horror Um Lugar Silencioso, Unicórnio comprova também que os tempos do cinema mudo eram sem dúvida os mais dourados.
Claro que isso tudo, talvez, exija um pouco de paciência do cinéfilo que espera grandes desempenhos do elenco, no que, em parte, é então obtido. A falta de diálogos, por vezes, dificulta o que os interpretes querem passar para os seus respectivos personagens, mesmo sendo alguns deles grandes talentos. Patrícia Pillar, por exemplo, chega ser até mesmo ofuscada pelo jovem talento Bárbara Luz que aqui interpreta a filha de sua personagem.
Porém, isso é contornado numa trama que é dividida em duas linhas narrativas. De um lado temos Maria (Luz), uma jovem garota que mora no campo com a mãe e vê como esta lida com a chegada na terra ao lado de um novo vizinho (Lee Taylor). De outro, acompanhamos a mesma menina trancada em um quarto com ladrilhos brancos ao lado de pai (Machado), num cenário que claramente remete a uma instituição de tratamento.
Isso se cria mais perguntas do que respostas com relação ao que realmente está acontecendo, principalmente quando a trama pula de um cenário para o outro. No meu entendimento, o filme pega carona até mesmo com gênero de suspense psicológico, onde nem tudo que nós enxergamos possa ser realmente verossímil. A experiência visual, portanto, dá lugar a cores pálidas, como se a fantasia fosse descortinada e revelasse a trágica verdade dos fatos da história. 
Unicórnio é uma obra que oferece muito ao cinéfilo, pois ela cresce no decorrer do tempo e nos faz a gente se perguntar o que realmente estava acontecendo naquele mundo.  
  
Onde assistir: Cinebancários. Rua General Câmara, nº 424, centro de Porto Alegre. Horário: 15h e 19h.



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