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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 14 de agosto de 2018

Cine Dica: O Galo Missioneiro – a trajetória de um militante


Nota: o documentário teve exibição especial na última segunda-feira (13/08/18) no Cine bancários de Porto Alegre. 

Sinopse: A narrativa acompanha o dia a dia de Olívio, como militante das causas do povo trabalhador. O documentário também resgata imagens históricas e momentos inesquecíveis do partido dos trabalhadores e serve como inspiração para os novos desafios da esquerda brasileira.  

Por eu ter morado a mais de vinte anos no município de Guaíba eu acabei estudando na escola Ruy Coelho Gonçalves e no segundo andar de lá eu tinha uma visão do território onde serviria de local para a fábrica da Ford na época. Quando houve toda aquela polêmica da saída da fabrica e sendo ela transferida para Bahia, eu já estranhava a mídia focando somente um lado daquela história e ignorando as explicações do até então Governador Olívio Dutra. Quase vinte anos após aqueles eventos os verdadeiros fatos vieram recentemente à tona, mas porque então os meios de comunicação não foram claros na época?
Após os recentes eventos que culminaram com a saída da então presidente Dilma, por exemplo, fica cada vez mais evidente que existe um atrito, não somente entre partidos da direita e esquerda, como também dos meios de comunicação que são facilmente comprados pelas elites e que, infelizmente, se tornam parciais com os eventos que acabam mudando o nosso percurso da história. Por outro lado, o cinema brasileiro atual, principalmente o nosso cinema independente, entrou na fase do “cinema verdade” onde documentários e ficções que transitam com a realidade focam cada vez mais os males que afligem o povo brasileiro nestes últimos anos. “O Galo Missioneiro – a trajetória de um militante” pode até ser uma pequena obra em meio o formigueiro de inúmeras opções para serem vistas na telas do cinema, mas sendo grande ao transmitir humildade que tanto faz falta em nossa atual política.
Dirigido por Thiago Köche, o documentário explora os primeiros dias de Olívio Dutra como político e do seu papel nos primeiros anos de um Brasil após a extinção dos anos de Chumbo. Ao mesmo tempo, conhecemos o outro lado dessa figura importante de nosso estado, desde as suas raízes como também o seu dia a dia fora do cenário político. Passado, presente e futuro se entrelaçam numa obra de pouco mais de uma hora, mas de grande significado.
Mesmo feito com poucos recursos, Thiago Köche foi criativo nas passagens em que retrata os primeiros anos Olívio na sua transição para o cenário político. Com elaboração de Lucas Argenta, há uma animação que reconstitui esse período e remete até mesmo as típicas tiras de HQ vistas nos jornais de antigamente. Ao mesmo tempo, conhecemos as raízes humildes do político, desde a casa onde cresceu como também os pais dele vistos em antigas cenas de arquivos.
Falando nisso, as cenas de arquivos é o que dão um estalo em nossas memórias, principalmente quando surgem nas telas velhas imagens de propaganda política e de suas conhecidas músicas eleitorais da época. Vemos, então, um jovem Olívio em meio a figuras que, posteriormente, se tornariam importantes no complexo cenário político. Lula, Dilma, Raul Pont e Tarso Genro são essas figuras que surgem na tela, onde dão a sua opinião sobre o papel de Olívio no mundo da política, além de testemunharmos os mesmos em tempos mais dourados de uma luta sem trégua.
Curiosamente, quando não há cenas sobre o passado, vemos outro Olívio nunca visto pelos canais de TV. O ápice disso é quando adentramos no lar dele e de sua esposa Judite e testemunhamos paredes moldadas por quadros e livros dos mais diversos assuntos. É tamanha quantidade de livros em cena que dá para se sentir o cheiro de uma velha e boa literatura.
Embora curto, o documentário tem tempo até mesmo de tocar em assuntos espinhosos, como o já citado caso da Ford. É aí, então, que o documentário adentra ao cenário do “cinema verdade”, onde os dois lados da mesma moeda dos fatos são colocados na mesa e revelando o circo plástico moldado por mídias da época e que apoiavam somente um lado da história. Vários anos depois, se percebe o quão a história é implacável, seja ela revelada nos livros ou no próprio cenário cinematográfico.
Nos minutos finais, vemos então um Olívio com o seu dever comprido, mas sempre participando das causas sociais e dando o exemplo para essas novas gerações que buscam um caminho correto em meio aos obstáculos. O Galo Missioneiro – a trajetória de um militanteé a reconstituição da vida de uma importante figura da nossa política, mas que nunca deixou de ser gente como a gente. 


Nota: o documentário terá exibido em Erechim, dia 31/08, as 19horas no Seminário Nossa Senhora de Fátima. Avenida Sete de Setembro, nº 1305.   


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Cine Dica: PROJETO RAROS CELEBRA CENTENÁRIO DE ROBERT ALDRICH



Na sexta-feira, 17 de agosto, às 19h30, a Cinemateca Capitólio Petrobras apresenta uma edição especial do Projeto Raros para celebrar o centenário do diretor Robert Aldrich, com a exibição de seu favorito pessoal, Triângulo Feminino (The Killing of Sister George, 1968, 138 minutos). Com projeção digital, legendas em português e apresentação do programador Leonardo Bomfim, a sessão tem entrada franca.
O filme russo Tesnota, de Kantemir Balagov (ingressos a R$ 16,00), e a mostra 1970: Os enigmas da ficção-científica (ingressos a R$ 10,00) seguem em exibição até o dia 22 de agosto.

PROJETO RAROS
Triângulo Feminino
(The Killing of Sister George)
EUA/Reino Unido, 1968, 138 minutos
Direção: Robert Aldrich
Em Triângulo Feminino, June Duckbridge é uma atriz de meia idade prestes a perder o emprego na novela mais popular do país durante décadas. Pior do que isso é o fato dela suspeitar que a sua jovem namorada está tendo um caso com outra mulher.
Do faroeste ao filme policial, dos filmes de guerra aos tensos retratos de estrelas decadentes, Robert Aldrich chacoalhou as estruturas do cinema hollywoodiano desde anos 1950, tornando-se um dos precursores – na abordagem de temas delicados, na escolha subversiva de seus personagens principais – da Nova Hollywood dos anos 1960 e 70.
Em 1968, Aldrich vinha do enorme sucesso de Os Doze Condenados, com dinheiro e autonomia criativa. Apostou em dois projetos extremamente pessoais: A Lenda de Lylah Clare, uma revisitação radical de Um Corpo que Cai, clássico de Hitchcock, com a atriz Kim Novak interpretando novamente uma mulher idêntica a outra, desta vez uma estrela do cinema morta de forma misteriosa, e Triângulo Feminino, adaptação da peça de Frank Marcus, um dos primeiros filmes de Hollywood a lidar abertamente com a homossexualidade feminina. Se o primeiro filme acabou como um dos fracassos mais incríveis de sua carreira, o segundo teve grandes problemas com a censura em vários países. Nos Estados Unidos, Aldrich foi um dos primeiros a ganhar o X-Rated (impróprio para menores), logo após o fim do Código Hays, que vetava previamente, antes mesmo da filmagem, uma série de temas e situações.


GRADE DE HORÁRIOS
16 a 22 de agosto de 2018

16 de agosto (quinta-feira)
14h – Fuga no Século 23
16h – Tesnota
18h – Geração Proteus
19h45 - Capricórnio Um

17 de agosto (sexta-feira)
14h – No Mundo de 2020
16h – Tesnota
18h – Fase IV: Destruição
19h30 – Projeto Raros Especial (Triângulo Feminino, de Robert Aldrich)

18 de agosto (sábado)
14h – Corrida Silenciosa
16h – Tesnota
18h – Os Invasores de Corpos
20h – A Ilha do Sol

19 de agosto (domingo)
14h – Colossus 1980
16h – Tesnota
18h30 – Sessão de pré-lançamento de Unicórnio + debate

21 de agosto (terça)
14h – Westworld: Onde Ninguém Tem Alma
16h – Tesnota
18h – Ano 2003 - Operação Terra
20h - Zardoz

22 de agosto (quarta)
14h – O Planeta dos Macacos
16h – Tesnota
18h – De Volta ao Planeta dos Macacos
20h – Matadouro 5

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Cine Dica: Em Cartaz: Como fotografei os Yanomami

Sinopse: Documentário que retrata as relações entre índios Yanomami e agentes de saúde, mostra as particularidades de uma convivência que transcende língua e costumes.

Foi devido a uma viagem até as regiões  da Terra Yanomami, na Serra de Surucucu, Roraima, que o diretor Otavio Cury  veio em sua mente a ideia de realizar o documentário Como fotografei os Yanomam’. Durante a viagem, o que lhe mais chamou atenção, foi as diferenças entre as culturas dos índios e dos agentes da saúde. Aqueles que levavam os remédios para eles não sabiam palavra alguma da linguagem dos Yanomami e não conseguiam se comunicar com eles facilmente.
Para a tribo, estar doente é estar com a sua imagem ferida. Para reave-la, os xamâs fazem os seus rituais sagrados de cura. Porém, pelo olhar concreto dos enfermeiros que chegavam ao local, os males e curas são muito diferentes.
A obra traz um curioso ponto de vista dos enfermeiros que passam muito mais tempo nas entranhas da floresta do que com as suas famílias. Uma vez eles se encontrando por lá, todos se questionam: como eles veem realmente aquela tribo e como eles se transformam de acordo com o tempo que vai passando? Como lidar com as diferenças culturais e como ambos os lados duelam com as doenças que chegam? 
Não deixa de ser engraçado, por exemplo, as reações de alguns agentes da saúde com relação ao comportamento dos índios com relação ao sexo. Se para as pessoas vindas da civilização que, são moldadas por décadas por um conservadorismo hipócrita com relação ao sexo, por outro lado, os índios tratam disso como a uma coisa mais corriqueira do mundo. Pelos relatos do grupo de saúde, já imaginamos a situação incomoda que eles se sentiram ao testemunharem o dia a dia da tribo agindo de acordo com as suas raízes ditam. 
As cenas oferecem uma visão e voz a uma agente de saúde Yanomami e apresenta a visão de mundo do xamã Davi Kopenawa, a partir de passagens do livro A queda do céu, memórias de um xamã yanomami, de Davi Kopenawa e Bruce Albert. Pela narrativa documental, Cury apresenta um relato minucioso e chama ainda atenção para o futuro da floresta e dos Yanomami.
Cury é diretor de fotografia e de documentários. Em sua filmografia estão Cosmópolis (2005), Constantino (2012) e História de Abraim (2015). Em Constantino, sua obra de maior destaque, ele retoma a trajetória do bisavô, o dramaturgo sírio Daud Constantino Al-Khoury (1860-1939), por meio de uma viagem à Síria. Constantino foi filmado antes do início da revolução síria. Já o curta-metragem História de Abraim (2015) retrata a vida de uma liderança da etnia Macuxi na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, também em Roraima. Vale a pena conhecer os seus trabalhos.

Onde assistir: Cinebancários: Rua General Câmara, Nº 424, centro histórico de Porto Alegre. Horário: 19h.  

Cine Dica: Curso Pier Paolo Pasolini

INSCRIÇÕES ABERTAS
 
O curso PIER PAOLO PASOLINI: INTELECTUAL E CINEASTA MALDITO, ministrado por Fatimarlei Lunardelli, abordará o pensamento e a obra fílmica do diretor. Serão apresentadas as ideias principais do cineasta que se valeu de uma estética cinematográfica radical para criticar a alienação da sociedade de consumo e denunciar a dessacralização do mundo pelo capitalismo avançado.

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Curso PIER PAOLO PASOLINI: INTELECTUAL E CINEASTA MALDITO - de Fatimarlei Lunardelli
* Datas: 01 e 02 / Setembro (sábado e domingo)
* Horário: 14h às 17h
* Local: Cinemateca Capitólio Petrobras (Rua Demétrio Ribeiro, 1085 - Porto Alegre - RS)

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* INSCRIÇÕES / INFORMAÇÕES:
http://cinemacineum.blogspot.com/2018/08/pier-paolo-pasolini.html

sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Cine Especial: Sessão Cine Iberê: O Gabinete do Dr. Caligari (1920)


Sinopse: Hipnotizado pelo maléfico Dr Caligari, sonâmbulo vai assassinando diversas pessoas, até se rebelar quando lhe é exigido que mate bela jovem.

 

Em certa ocasião Tim Burton disse que  se inspirava e muito no diretor Ed Wood (Plano 9) nas suas criações, mas pelo visto, a filmografia de Wood não foi a sua única inspiração. Assistindo recentemente O Gabinete do Dr. Caligari (dirigido por Robert Wiene), percebo vários elementos visuais que sempre estiveram nos filmes de Burton. Pegue, por exemplo, Batman: O Retorno: o Pingüim (Dany Devito) na visão de Burton era idêntico a Caligari. Marco do expressionismo alemão, até hoje é lembrado pelos criativos cenários e pela brilhante iluminação, que remetem o filme a um belíssimo clima surrealista que não deve nada ao Salvador Dali. Trazendo ainda um desfecho fabuloso e surreal, O Gabinete do Dr. Caligari, talvez, tenha sido uma das obras mais influentes de todos os tempos: é fácil assistir ao filme e pensar o quanto dele é tomado como referência, não só em obras feitas posteriormente, como até hoje (o desfecho deve ter sido assistido inúmeras vezes por David Lynch, por exemplo). Merece ser revisto, relembrado, ou descoberto pelos novos cinéfilos de hoje. 

NOTA: o filme será exibido no próximo domingo (12/08/18) às 16h no Cine Iberê e com trilha sonora ao vivo.  Fundação Iberê Camargo: Av. Padre Cacique, 2000 - Cristal, Porto Alegre.

  

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