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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 8 de maio de 2018

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre: "One + One" (1968)



NOTA: o filme será exibido no próximo sábado (12/05/18), na Cinemateca Capitólio de Porto Alegre, para associados e para os demais frequentadores do cinema.     


Sinopse: O filme acompanha as sessões de estúdio da banda inglesa Rolling Stones. O grupo estava no auge da carreira, compondo músicas criativas e com uma postura política típica dos anos dourados.


Embora tenha sempre seguido uma carreira com um olhar autoral, cujo teor crítico lhe fez ser considerado o cineasta mais politizado do movimento Nouvelle vague, Jean Luc Godard, ainda sim, criava filmes dos quais se tinha sempre começo, meio e fim. Porém, a partir do filme A Chinesa, do qual antecipava o que seria os eventos de Maio de 68, o cineasta começou a criar um cinema mais experimental, onde o enredo costumeiro dava lugar a um ensaio cinematográfico e que se tirava dali algo mais do que uma mera história previsível. One + One é uma representação dos protestos de Maio de 68, cujas as imagens e discursos moldam a obra como um todo e independente dela ter ou não uma história linear.
O filme, basicamente, acompanha as sessões de ensaio dentro de um estúdio, onde testemunhamos a banda Rolling Stones no auge da carreira e compondo o seu grande sucesso, Sympathy for the Devil. Em determinados momentos, Godard sai desse cenário e começa a focar diversas situações, desde uma garota pinchando muros em forma de protesto, ou focando determinados grupos de personagens que fazem discursos calorosos e políticos. Tem-se, então, um mosaico de situações que soam o que é e o que foi aquele período do final dos anos 60.
Estreando em dezembro de 1968, o filme chegou ainda com o calor dos movimentos de Maio de 68, onde estudantes, sindicalistas, e dentre outros, tomaram as ruas de Paris para protestar contra o governo. O movimento atravessou o rio Sena, chegando aos demais estados, atravessando o oceano e chegando até mesmo no Brasil justamente no período pós-golpe de 64. Porém, mais do que somente discutir sobre questões que vão desde ao socialismo, ao comunismo x capitalismo, Godard lança em cena diversas discussões, que vai desde sobre morte de Kennedy, Martin Luther King, guerra do Vietnã, ditaduras pelo mundo a fora, liberação feminina, sexo, drogas e outros assuntos que ganhavam cada vez mais as ruas, jornais e revistas daquele tempo.
O filme, então, seria uma espécie de manifestação dos pensamentos e sentimentos que Godard tinha naquele momento. Participativo aos movimentos de Maio de 68, o cineasta não queria, a meu ver, escolher somente um lado, mas sim discutir tudo que havia de errado no mundo naquele momento. Ao inserir, por exemplo, a banda Rolling Stones em boa parte do filme, isso seria uma espécie de representação do estado de espírito rebelde que o cineasta estava tendo e fazendo com que a música Sympathy for the Devil se tornasse o seu grito em forma de protesto.
Embora seja visto hoje como uma representação de uma época, "One + One" é um filme que não envelheceu, pois os males que provocaram o nascimento dos movimentos de Maio de 68 estão ainda por aí e assombrando muitos de nós que não querem retroceder. 



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Cine Dica: Curso DC x MARVEL

Curso
Nos últimos dez anos, as maiores bilheterias do mundo tem oscilado entre alguns gêneros, mas a constante tem sido os filmes baseados em histórias em quadrinhos. Por que isso acontece? Qual a fórmula do sucesso? E por que as grandes rivais das HQs, Marvel e DC, tem se consolidado no cinema?

Este curso tem como objetivo tentar responder a estas questões enquanto apresenta um panorama geral das principais obras do gênero comandadas pela Disney e a Warner.


Filmes baseados em histórias em quadrinhos existem desde que o Superman foi criado há 80 anos. De 1940 até hoje, foram inúmeros longas, curtas e séries para a TV e o cinema. Homem de FerroCapitão AméricaBatmanMulher Maravilha Homem-Aranha, todos eles – e outros tantos - foram adaptados para as telas. Alguns casos são icônicos, como a primeira vez em que vimos Superman voar em cores nos anos 70 sob as mãos de Richard Donner. O morcegão, por sua vez, foi o grande astro entre o fim dos anos 80 até a metade dos 90. Anos depois, foi a vez dos mutantes da Marvel estrelarem uma reinvenção do gênero.


Nos intervalos destas produções, houve fracassos, filmes medianos ou até mesmo nenhum estúdio se arriscando a levar os personagens de uma mídia mais de nicho. Porém, como nada em Hollywood se cria, apenas se reinventa, nos anos 2000 se percebeu o desgaste de outros temas de sucesso de outrora em blockbusters, como os "machões" do cinema de ação, as comédias românticas datadas e previsíveis e, até os mundos de fantasia literários - salvo exceções bilionárias como as sagas de O Senhor dos Anéis e Harry Potter.

Nos últimos dez anos, as maiores bilheterias do mundo tem oscilado entre alguns gêneros, mas a constante tem sido as produções que bebem nas fontes das HQs. Por que isso acontece? Qual a fórmula do sucesso? E por que as grandes editoras rivais, Marvel e DC, tem se consolidado no cinema?


Proposta

O Curso DC x MARVEL: BATALHA DE TITÃS NAS TELAS, ministrado por Matheus Bonez, vai analisar a trajetória das adaptações cinematográficas das gigantes líderes do mercado editorial das HQs. O curso apresentará um panorama geral das principais obras do gênero, comandadas hoje pelos impérios da Disney e da Warner, que disputam a atenção e as preferências de legiões de fãs pelo mundo afora.



Programa

Aula 1


- Para o alto e avante: um breve histórico das HQs no cinema dos anos 40 a 2000.
- A jornada do herói: a influência da narrativa de Campbell na história dos super-heróis.
- DC: é preciso uma maravilha para superar a crise?



Aula 2
- O triunfo da Marvel: dez anos de sucesso de bilheterias.


- A fórmula: por que os Vingadores estão sempre no topo?


Ministrante: Matheus Bonez
Jornalista e crítico de cinema, especializado em "Cinema Expandido" pela PUCRS. Apresentador dos programas "Espaço Público Cinema" e "Curta Cine" da TV Assembléia - RS. Geek fanático por HQs desde a infância.




Curso
DC x MARVEL:
BATALHA DE TITÃS NAS TELAS
de Matheus Bonez

Datas: 26 e 27 de Maio (sábado e domingo)

Horário: 14h às 17h

Duração: 2 encontros presenciais (6 horas / aula)

Local: Cinemateca Capitólio Petrobras (Porto Alegre - RS)

Investimento: R$ 95,00
* Desconto para pagamento por depósito bancário:
a) R$ 80,00 (para as primeiras 10 inscrições)
b) R$ 90,00 (demais inscrições)

Formas de pagamento: : Depósito ou transferência bancária / Cartão de crédito (PagSeguro)

Material: Certificado de participação e Apostila

Informações
cineum@cineum.com.br  /  Fone: (51) 99320-2714

Realização
Cine UM Produtora Cultural

Patrocínio
Apoio
Cinemateca Capitólio Petrobras

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segunda-feira, 7 de maio de 2018

Cine Especial: Grandes Temas da Filosofia no Cinema: Parte 1


Nos dias 12 e 13 de Maio eu estarei na Cinemateca Capitólio de Porto Alegre, onde acontecerá o curso Grandes Temas da Filosofia no Cinema, criado pelo Cine Um e ministrado pelo filosofo Rafael Alves de Oliveira. Enquanto os dias do curso não chegam, por aqui eu irei relembrar e passar para vocês sobre os filmes que serão analisados e debatidos durante atividade. 

O Clube da Luta (1999)

Sinopse: Um homem deprimido que sofre de insônia conhece um estranho vendedor chamado Tyler Durden e se vê morando em uma casa suja depois que seu perfeito apartamento é destruído. A dupla forma um clube com regras rígidas onde homens lutam. A parceria perfeita é comprometida quando uma mulher, Marla, atrai a atenção de Tyler.

Um dos filmes que mais soube sintetizar o que foi a década de 90. Violento, não só no visual como também na ideologia por alguns dos personagens, que são a favor da brutalidade, destruição e para que aí sim se sentirem livres. Polêmico e original, o filme possui uma cena impressionante, quase idêntica aquela divulgada pela mídia em setembro de 2001, por ocasião aos atentados que Nova York passou. Com um ato final imprevisível, o filme dividiu e muito o público na época, que acabou não indo em massa para assistir a trama, mas felizmente foi descoberto em vídeo e se tornou um dos primeiros grandes sucessos de venda em DVD.
Visto hoje, é um verdadeiro retrato da alienação das pessoas do mundo contemporâneo, onde se tornaram verdadeiros zumbis do consumo desenfreado e presos ao sistema. Tecnicamente, o filme de David Fischer dá uma verdadeira aula de montagem de imagens nunca antes vistas no cinema e apresentou os melhores desempenhos de Bratt Pitt e Eduard Norton.

A Outra História Americana (1998) 

Sinopse: Vivendo uma vida marcada pela violência e racismo, o neonazista Derek Vinyard finalmente vai para a prisão depois de matar dois jovens negros que tentaram roubar seu carro. Após a sua libertação, Derek promete mudar seu jeito e espera evitar seu irmão mais novo, Danny, que idolatra Derek, de seguir os seus passos enquanto ele luta contra seus próprios preconceitos.

A Outra História Americana é grandioso em sua proposta de nos mostrar como o racismo nasce e como ele invade a vida das pessoas, tornando-as cegas, insensíveis e propensas a violência. Filmes contra o preconceito tem vários, mas o cineasta Tony Kaye assumiu essa missão com maestria retratando fortemente a ascensão da violência por causa da xenofobia, conseguindo comover e sensibilizar o público em um assunto que deve ser refletido diariamente, inclusive mostrando o poder da influência que as pessoas que amamos tem sobre nós. E como um país que se julga "a terra da oportunidade", tem ainda tão arraigada em sua cultura um preconceito extremamente hipócrita e violento em que resta só a reflexão de cada um para mudar isso.

OLDBOY (2003)

Sinopse: 1988. Oh Dae-su (Choi Min-sik) é um homem comum, bem casado e pai de uma garota de 3 anos, que é levado a uma delegacia por estar alcoolizado. Ao sair ele liga para casa de uma cabine telefônica e logo em seguida desaparece, deixando como pista apenas o presente de aniversário que havia comprado para a filha. Pouco depois ele percebe estar em uma estranha prisão, que na verdade é um quarto de hotel onde há apenas uma TV ligada, no qual recebe pouca comida na porta e respira um gás que o faz dormir diariamente. Através do noticiário da TV ele descobre que é o principal suspeito do assassinato brutal de sua esposa, o que faz com que tente o suicídio. Sem obter sucesso, ele passa a se adaptar à escuridão de seu quarto e a preparar seu corpo e sua mente para sobreviver à pena que está sendo obrigado a cumprir sem saber o porquê.

 A escola Tarantino ultrapassou fronteiras e chegou à Coréia do Sul no início do século 21. OldBoy é uma das melhores produções que lembram o estilo do diretor norte-americano. Vingança, submundo e muita violência são os ingredientes deste longa ousado, perturbador e espetacularmente subversivo. O longa tem uma linha narrativa independente e não precisa de seu antecessor para o entendimento da história. OldBoy é um ‘soco na mente’ do espectador.
Ao começar pelo ótimo roteiro baseado em um mangá japonês que é repleto de mistério, reviravoltas e violência, tanto física como psicológica.A trama, que lembra o conceito de 1984 e a subversão de Laranja Mecânica, expõe o sentimento humano à ambiguidade, à represália e à insanidade e de uma forma densa, dramática e amorosamente desesperançosa. A boa fotografia, que faz da opressão algo artístico, e a atmosfera underground ditam o ritmo do longa até o clímax surpreendente e fazem o espectador apreciar uma das experiências mais perturbadoras do cinema. Destaque para a antológica cena de luta em um estreito corredor filmado em plano-sequência. 


Mais informações sobre o curso cliquem aqui. 


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domingo, 6 de maio de 2018

Cine Dica: Em Cartaz: O Dia Depois

Sinopse: Areum (Kim Min-Hee) está pronta para o seu primeiro dia de trabalho em uma pequena editora, onde ela precisa lidar com seu chefe Bongwan (Hae-hyo Kwon) e sua vida amorosa complicada. Após uma crise no casamento, no entanto, a esposa de Bongwan encontra um bilhete amoroso na mesa dele e acaba por envolver Areum nesta situação delicada.

É fácil para o cinéfilo gostar da filmografia de Sang-Soo Hong, pois basta assistir um título seu para logo ser conquistado. Em Porto Alegre, por exemplo, se tornou corriqueiro as suas principais obras chegarem nas cinematecas da capital e ganhando rapidamente adeptos. O Dia Depois, pode até não ter ficado por muito tempo em cartaz, mas é um título que não passou desapercebido e que pode ser facilmente cultuado através do tempo. 
Na trama, acompanhamos a história da jovem Areum (Min-Hee Kim, de Na Praia á Noite Sozinha), que consegue um emprego em uma editora, mas que terá que lidar com a complicada vida amorosa do seu chefe Bongwan (Hae-Hyo Kwon) e que sofre pelo término de um relacionamento secreto com uma funcionária anterior. O problema é que a esposa de Bongwan acha um bilhete antigo em sua casa e que era para sua amante. Revoltada, a esposa invade o local de trabalho e agride Areum, que não tinha nada a ver com isso e desencadeando uma situação, deveras, complicada. 
Sang-Soo Hong não se intimida em colocar uma parte de si em suas obras, pois isso já era sentido no genial Na Praia á Noite Sozinha e aqui, mesmo em menor grau, é novamente sentido. O personagem Bongwan nada mais é do que o alter ego do cineasta, em que enfrenta dilemas que poderiam ser facilmente resolvidos, mas nunca é fácil quando os sentimentos são facilmente agredidos pelo mundo real. Areum, por sua vez, nos passa uma aura de lucidez com relação ao mundo em sua volta e faz com que ela questione as ações de Bongwan, mesmo tendo conhecido ele num curto espaço de tempo. 
Os diálogos entre os dois transita, tanto em situações banais, como também algumas reflexões com relação a vida e a morte. A simplicidade nesses momentos saltam na tela, mas os dilemas em que os personagens convivem, faz com que ambos se encontrem numa corda bamba, mesmo quando ela poderia facilmente ser evitada. A chegada da esposa revoltada no local do trabalho, por exemplo, se cria um momento de tensão, mas não se estendendo no decorrer do filme, pois os personagens, mesmo em situações complexas, tentam manter a razão.
É então que Sang-Soo Hong tenta nos dizer que vive em uma guerra interna, talvez desde que conheceu atriz Min Hee Kim, já que, há quem diga, ambos tiveram um caso durante a produção de uma obra anterior. Isso foi o suficiente para que ele colocasse em pauta os seus sentimentos que são vistos na tela e se criando diversos patamares sobre o que ele pensa e sente em cada uma de suas obras. Pode parecer, num primeiro momento, um tanto que pretensioso da parte do cineasta, mas não há como negar que isso tenha rendido grandes pérolas vindas de sua filmoagrafia.
Curiosamente, Sang-Soo Hong também brinca com atenção do cinéfilo, já que a trama, em alguns pontos específicos, vem e volta do presente ao passado e nos forçando a ter um pouco de maior atenção sobre o que está acontecendo. Em Certo Agora, Errado Antes, por exemplo, assistimos os dois protagonistas se conhecendo, mas logo o cineasta reapresenta esse momento de uma outra forma, como se ele nos dissesse que queria ter corrigido aquela situação especifica. Em O dia Depois isso parece acontecer novamente num primeiro momento, mas o cineasta nos prega uma peça para, não somente testar a nossa atenção, como também representar o estado de espirito que os personagens se encontram naquela altura do campeonato.
Com uma bela fotografia em preto e branco, O Dia Depois  é mais uma deliciosa obra Sang-Soo Hong, que pode facilmente ser degustada e cultuada.