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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 14 de março de 2016

Cine Dica: Em Cartaz: O ABRAÇO DA SERPENTE



Sinopse:Théo (Jan Bijvoet) é um explorador europeu que conta com a ajuda do xamã Karamakate (Nilbio Torres) para percorrer o rio Amazonas. Gravemente doente, ele busca uma lendária flor que pode curar sua enfermidade. Quarenta anos depois, a trilha de Théo é seguida por Evan (Brionne Davis), outro explorador que tenta convencer Karamakate a ajudá-lo.
Ciro Guerra usa fatos verídicos para criar o seu O Abraço da Serpente, primeiro filme colombiano a concorrer ao Oscar, um longa, cuja suas referências históricas em torno do conhecimento, da exploração e da colonização na América Latina, mas ao mesmo tempo sobre o culto à natureza que põe em cheque o encontro de dois mundos distintos. Não é somente mundo vindo da civilização e dando de encontro com a natureza selvagem, mas o real e as fronteiras do misticismo que também correm com o rio e suas margens em jornadas distintas, porém, ligadas uma com a outra: a do etnologista alemão Theodor Koch-Grünberg (Jan Bijvoe) e a do etnobotânico norte-americano Richard Evans (Brionne Davis), guiados pelo xamã Karamakete. 
No ano de 1940, Evans sai em busca da yakruna, uma planta rara, recriando a cruzada de Koch-Grünberg, que viaja pela a região em 1909, febril, em busca dos dons curativos da flor. Ambos levados por Karamakete, vivido em dois tempos por Nilbo Torres, o ainda jovem xamã que se destaca pela presença magnética e Antonio Bolivar, que associou à sua altivez a sabedoria acumulada com os anos de reclusão voluntária na selva. As duas narrativas surgem em épocas diferentes, porém, as semelhanças de ambas as jornadas fazem com que elas se fundem numa única história.
O filme se torna uma aventura realística, ao explorar as culturas indígenas e impõem-se como uma necessidade incontornável de avaliar o mistério e determinar o valor das coisas insondáveis em meio à exploração, que inclui a ação do homem branco. Filmado com uma bela fotografia em preto e branco, O Abraço da Serpente tenta nos passar a existência em seus inúmeros instantes, indo além ao infinito, fazendo então uma bela referencia (em cores) a 2001 – Uma Odisséia no espaço (1968), de Stanley Kubrick, onde se encontra um espaço místico, profundo, sendo uma trajetória do homem para o além do universo do qual ele habita. O terror mostrado por Conrad em O Coração das Trevas (1902), adaptado por Coppola no seu clássico Apocalipse Now, é também retratado pelas mãos de Ciro Guerra
As cenas, por sinal,  revelam-se para além do registro dos acontecimentos narrados. São fortes e enlouquecedoras, no sentido de determinar a beleza, a magia, o inusitado e a importância dos fatos. O Abraço da Serpente situa-se entre a alucinação e a realidade, referindo-se diretamente ao martírio de  Koch-Grünberg. Não é à toa que se encontra, ali, uma espécie de cosmologia da imagem, que tenta apreender em seu espaço-tempo o princípio de uma natureza infindável.
Nisso, Guerra pode encontrar como referências desde o Terrence Malick  na sua obra prima A Árvores da Vida, em suas ingerência no sentido de abordar o homem e sua perspectiva diante de um universo ainda intocável e obscuro, ao transe mágico e religioso da forma como se manifestou no Hector Babenco de Brincando nos Campos do Senhor de 1991. Mas é no Werner Herzog, sobretudo de Aguirre – A Cólera dos Deuses (1971) e Fitzcarraldo (1981), ambos ambientados na selva amazônica, assim como o filme de Babenco, que o cineasta se inspira  como um todo para fazer um ensaio insano sobre o homem enfrentando o desconhecido, porém, algo que não se devia temê-lo.
 



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sexta-feira, 11 de março de 2016

Cine Especial: Análise e Interpretação de Filmes: Parte 2

Nos dias 21, 22 e 23 de março eu estarei participando em Porto Alegre do curso Analise e Interpretação de Filmes, atividade criada pelo Cine Um e ministrada pela jornalista Fatimarlei Lunardelli. Enquanto os dias da atividade não vêm, eu irei fazer por aqui uma pequena analise dos principais filmes que serão analisados no decorrer da atividade.     
 
    Rebecca, a mulher inesquecível (1940)

Sinopse: Baseado no romance clássico de Daphne Du Maurier, "Rebecca" é uma das obras máximas de Alfred hitchcock. Oscar de Melhor Filme de 1940, "Rebecca" usa, de forma brinlhante o clima onírico e intimista para contar a história da jovem que, casada com um rico viúvo, é assombrada pelo espectro da primeira esposa do marido. Denso e angustiante, explorando com habilidade a atmosfera misteriosa de uma velha mansão, Rebecca é um dos trabalhos mais sofisticados ja feitos por Hitchcock.
Rebecca, a mulher inesquecível de1940 foi o primeiro filme feito por Alfred Hitchcock nos Estados Unidos e sob o comando do maior produtor do momento: David O. Selzick. Todo esse prestígio se dava ao fato de ter sido Selzick o produtor de ...E o vento levou 1939. Essa mudança, mais que uma mudança geográfica, faria com que Hitchcock consolidasse sua carreira e se consagrasse como o Mestre do Suspense.
O filme é um thriller psicológico sobre as memórias da falecida Rebecca, do título, que nunca aparece, nem mesmo em flashback.   Inicia com uma narração, de uma mulher, das primeiras linhas do romance “A noite passada   sonhei que voltava à Manderley novamente”. Enquanto isso vemos a mansão Manderley.  O filme conta a história de uma jovem que trabalha como dama de companhia para a  ricaça Sra. Edythe Van Hopper. Elas vão a Monte Carlo, onde a jovem conhece o aristocrata viúvo Maximilian “Maxim”de Winter. 
No dia seguinte, Maxim encontra a jovem almoçando sozinha no restaurante do hotel. Ele senta para lhe fazer companhia, pedem os pratos  e acabam se apaixonando. Após algumas semanas eles se casam, e ele a leva para Manderley, sua casa de campo na Inglaterra.No entanto, a jovem Sra. De Winter não  bem recebida na casa, principalmente, por parte da Sra. Danvers, a governanta, que mantém o quarto de Rebecca como um santuário, enaltecendo, sempre, a beleza e sofisticação da falecida.
A presença de Rebecca na casa passa a assombrar a jovem senhora. Mas tudo muda quando ela começa a descobrir segredos surpreendentes referentes ao passado de Rebecca e o que a faz tornar inesquecível. 
Hitchcock dirige a história com maestria: Rebecca, a personagem do título, está morta e não aparece nem em lembranças. Porém, ela se mostra influente sobre a jovem esposa, que não tem nem primeiro nome, é insegura, vive numa imponente mansão, oprimida por uma empregada da casa. Hitch utiliza, para entendermos as condições da Sra. De Winter, técnicas nunca antes usadas. Por exemplo, ele escolhe planos que fazem a personagem ficar pequena em contraste com a imensidão de Manderley . E também a utilização de tecnologia que possibilitava o aumento de profundidade, causando a sensação de vazio dentro da casa. O vazio que Rebecca havia deixado. Além disso, este é o primeiro filme do diretor a contar com uma trilha sonora. 
Rebecca, a mulher inesquecível teve onze indicações ao Oscar e levou as estatuetas de Melhor Filme e Melhor Fotografia. Apesar de indicado a Melhor Diretor, perdeu para John Ford com Vinhas da Ira (The Grapes of Wrath, 1940). Sem dúvida, foi uma estréia em Hollywood. 

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Cine Dica: Apichatpong, Jia Zhang-ke, Miguel Gomes, Jeff Nichols e grandes nomes contemporâneos na Cinemateca Capitólio

PANORAMA DO CINEMA CONTEMPORÂNEO NA CINEMATECA CAPITÓLIO
A partir de 15 de março, a Cinemateca Capitólio exibe a mostra Panorama do Cinema Contemporâneo, com uma seleção de dez filmes do cinema internacional realizados por novos nomes ou por cineastas com grande importância dentro do período atual.
O projeto de restauração e de ocupação da Cinemateca Capitólio foi patrocinado pela Petrobras, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES e Ministério da Cultura. O projeto também contou com recursos da Prefeitura de Porto Alegre, proprietária do prédio, e realização da Fundação CinemaRS – FUNDACINE.

PANORAMA DO CINEMA CONTEMPORÂNEO

Como definir o cinema contemporâneo? São tantos os caminhos apontados por cineastas de origens diversas, que parece cada vez mais difícil mapear os estilos, as formas e as ideias correntes na produção atual. Naturalmente, as questões centrais da arte dos filmes, como o jogo entre o ficcional e o documental e a redefinição do sujeito no mundo, ganham novos olhares. Ao mesmo tempo, a febre pelas armadilhas das narrativas parece nortear muitas das novas propostas. Aproximando filmes de distantes continentes e regiões, a mostra Panorama do Cinema Contemporâneo busca um retrato de uma geração desconcertante que ainda escreve sua trajetória dentro da história do cinema. 
Entre as obras exibidas, há grandes marcos do cinema asiático como Tio Boonmee, que Pode Recordar Suas Vidas Passadas, do tailandês Apichatpong Weerasethakul, vencedor da Palma de Ouro em Cannes, O Grande Mestre, último longa de Wong Kar-wai, um dos favoritos do cinema de Hong Kong e Em Busca da Vida, do cultuado chinês Jia Zhang-ke, e o cazaque Tulpan, de Sergey Dvortsevoy.
Filmes europeus singulares dos últimos anos também marcam presença: o aclamado Tabu, do português Miguel Gomes, As Quatro Voltas, do italiano Michelangelo Frammartino, e Minha Felicidade, do bielorrusso Sergei Loznitsa, seguindo a tradição densa do cinema do leste europeu. A mostra também destaca duas obras do cinema latino-americano, Outubro, dos peruanos Diego e Daniel Vega, e O Abismo Prateado, do brasileiro Karim Aïnouz. Para completar, Amor Bandido, um dos grandes filmes de Jeff Nichols, revelação da nova geração hollywoodiana. Com projeção em 35mm, os filmes serão exibidos entre os meses de março e junho.
 
GRADE DE PROGRAMAÇÃO

Tio Boonmee, que Pode Recordar Suas Vidas Passadas
(Lung Boonmee Raluek Chat, Tailândia, 2010, 110 minutos)
Direção: Apichatpong Weerasethakul

Sofrendo de insuficiência renal, Tio Boonmee (Thanapat Saisaymar) resolveu passar os últimos dias de sua vida recolhido em uma casa perto da floresta, ao lado de entes queridos. Durante um jantar com a família, o espírito de sua esposa falecida aparece para ajudá-lo em sua jornada final. A eles se junta Boonsong, filho de Boonmee, que retorna após muito tempo metamorfoseado em outra forma de existência. Juntos, eles percorrerão o interior de uma caverna misteriosa, onde Boonmee nasceu em sua primeira vida.
 
As Quatro Voltas
(Le Quattro Volte – Suíça, Itália, Alemanha, 2010, 88 minutos)  
Direção: Michelangelo Frammartino

Em um antigo vilarejo sobre as montanhas da Calábria, um pastor vive seus últimos minutos de vida. Ele morre cercado por suas cabras, dentro de sua própria casa. Entre os animais, nasce um cabrito. Mas um dia o animal se perde dos demais, e fica tremendo de frio, balindo ao pé de um imenso pinheiro. Esta é a árvore escolhida pelos moradores locais para festejar a "Pita", assim ela é cortada e vendida a lenhadores. Ela também servirá para aquecer o lar dos camponeses, queimada junto a imensas extrações de carvão. Através de quatro histórias cruzadas, o filme funciona como uma homenagem ao ciclo de vida em suas quatro manifestações: humana, animal, vegetal e mineral.
 
Amor Bandido
(Mud – Estados Unidos, 2012, 130 minutos)
Direção: Jeff Nichols

Ellis (Tye Sheridan) e Neckbone (Jacob Lofland) são grandes amigos que decidem desbravar uma ilha que fica no rio próximo às suas casas. Lá eles encontram Mud (Matthew McConaughey), um homem foragido que tem vivido em um barco preso nos galhos de uma árvore. Apesar da desconfiança inicial, os garotos resolvem ajudar Mud em seus planos ao saber que ele está à espera de Juniper (Reese Witherspoon), o grande amor de sua vida, que se envolveu com o homem errado.
 
Em Busca da Vida
(Sanxia Haoren, China, 2006 108 minutos)
Direção: Jia Zhang-ke

A antiga cidade de Fengjie ficou submersa para a construção da represa de Três Gargantas, no rio Yangtze. Han Sanming (Han Sanming) é um trabalhador de minas de carvão que viaja até o local para reencontrar sua ex-mulher, a qual não vê há 16 anos. Simultaneamente Shen Hong (Zhao Tao), uma enfermeira, também retorna a Fengjie, na intenção de procurar seu marido, que não vê há 2 anos. O reencontro com seus esposos trará consequências diferentes para eles.
 
Minha Felicidade
(Schastye moe, Rússia, Ucrânia, Alemanha, 2010, 127 minutos)
Direção: Sergei Loznitsa

Um jovem caminhoneiro se perde no campo russo. Ele acaba conhecendo um senhor infeliz, prostituta menor de idade, um estranho cigano e policiais corruptos. Quanto mais ele tenta encontrar seu caminho de volta à civilização, mais descobre que a força e instintos de sobrevivência substituíram qualquer forma de humanidade.

Outubro
(Octubre, Peru, Espanha, Venezuela, 2010, 88 minutos)
Direção: Diego Vega Vidal e Daniel Vega Vidal

Clemente é um penhorista pouco comunicativo e a nova esperança amorosa de Sofia, vizinha solteira, devota em Outubro ao culto do Senhor dos Milagres. A relação deles começa quando Clemente descobre uma menina recém-nascida, fruto da sua relação com uma prostituta que desapareceu. Enquanto Clemente procura a mãe da pequenina, Sofia ocupa-se dela e de fazer a limpeza na casa do penhorista. Com a chegada destes dois seres na sua vida, Clemente terá ocasião de repensar às suas relações com os outros.
 
Tabu
(Portugal, Brasil, Alemanha, 2012, 110 minutos)
Direção: Miguel Gomes

Aurora é um idosa temperamental que divide o andar de um prédio em Lisboa com sua empregada cabo-verdiana, e uma vizinha dedicada a causas sociais. Quando Aurora morre, as outras duas passam a conhecer um oculto episódio do seu passado: Uma história de amor e crime vivida numa África de filme de aventuras, que conta também a história do início do fim do império de Portugal no continente africano.
 
O Abismo Prateado
(Brasil, 2013, 82 minutos)
Direção: Karim Aïnouz

Violeta (Alessandra Negrini) é uma dentista casada e com um filho, que tem um dia normal de trabalho. Ao ouvir uma mensagem deixada na secretária do celular ela entra em desespero. A mensagem foi gravada por seu marido, Djalma (Otto Jr.), que disse que estava deixando-a e partindo para Porto Alegre. Ele pede para que Violeta não o siga, mas ela não segue o conselho e tenta viajar, o quanto antes, para a capital do Rio Grande do Sul.  

Tulpan
(Cazaquistão, Suíça, Itália, 2008, 100 minutos)
Direção: Sergey Dvortsevoy

Após completar seu período de trabalhos na marinha, o jovem Asa (Askhat Kuchinchirekov) volta ao Cazaquistão para viver com sua irmã mais nova e começar uma nova vida como pastor de ovelhas. Asa está ansioso para voltar para o campo, onde ele planeja viver uma vida nômade. Mas ele se sente um tanto solitário e sonha em encontrar uma noiva. O rapaz se interessa pela jovem Tulpan, filha de um pastor local, mas a moça não se sente atraída por Asa devido a suas grandes orelhas.

O Grande Mestre
(Yut doi jung si, Hong Kong, China, França, 2013, 123 minutos)
Direção: Wong Kar-wai

Este drama de ação mostra a história de um dos maiores mestres em artes marciais da história, Ip Man (Tony Leung), o homem que treinou Bruce Lee. O lema desta trama é "Nas artes marciais não existe certo ou errado, apenas o último homem de pé".
 
GRADE DE HORÁRIOS
PRIMEIRA SEMANA
15 a 20 de março de 2015
 15 de março (terça)
20h – Amor Bandido

16 de março (quarta)
16h – Amor Bandido
18h30 – Wood & Stock: Sexo, Orégano e Rock'n'Roll
20h – Tio Boonmee, que Pode Recordar Suas Vidas Passadas

17 de março (quinta)
Programação Fechada

18 de março (sexta)
16h – Amor Bandido
18h30 – Wood & Stock: Sexo, Orégano e Rock'n'Roll
20h – As Quatro Voltas

19 de março (sábado)
16h – Tio Boonmee que Pode Recordar Suas Vidas Passadas
18h30 – Wood & Stock: Sexo, Orégano e Rock'n'Roll
20h – Amor Bandido

20 de março (domingo)
16h – Amor Bandido
18h30 – Wood & Stock: Sexo, Orégano e Rock'n'Roll
20h – As Quatro Voltas

quinta-feira, 10 de março de 2016

Cine Especial: Análise e Interpretação de Filmes: Parte 1



Nos dias 21, 22 e 23 de março eu estarei participando em Porto Alegre do curso Analise e Interpretação de Filmes, atividade criada pelo Cine Um e ministrada pela jornalista Fatimarlei Lunardelli. Enquanto os dias da atividade não vêm, eu irei fazer por aqui uma pequena analise dos principais filmes que serão analisados no decorrer da atividade.      

 

O Encouraçado Potemkin  (1925)



 Sinopse:Em 1905, na Rússia czarista, aconteceu um levante que pressagiou a Revolução de 1917. Tudo começou no navio de guerra Potemkin quando os marinheiros estavam cansados de serem maltratados, sendo que até carne estragada lhes era dada com o médico de bordo insistindo que ela era perfeitamente comestível. Alguns marinheiros se recusam em comer esta carne, então os oficiais do navio ordenam a execução deles. A tensão aumenta e, gradativamente, a situação sai cada vez mais do controle. Logo depois dos gatilhos serem apertados Vakulinchuk (Aleksandr Antonov), um marinheiro, grita para os soldados e pede para eles pensarem e decidirem se estão com os oficiais ou com os marinheiros. Os soldados hesitam e então abaixam suas armas. Louco de ódio, um oficial tenta agarrar um dos rifles e provoca uma revolta no navio, na qual o marinheiro é morto. Mas isto seria apenas o início de uma grande tragédia.

Através da descontinuidade, Eisenstein brinca com a “realidade” e inaugura um estilo de montagem que inverte fluxos de movimentos e surpreende o espectador a cada cena. “Eu não sou realista, sou materialista, acredito que a matéria provoca em nós sensações”, já dizia o cineasta. A sequência “A Escadaria de Odessa” tem 11 minutos. Nela se desenrola o massacre do povo de Odessa pelos cossacos - guarda imperial do Czar russo. Mulheres, crianças e homens desarmados são aniquilados sem qualquer economia dramática. Eisenstein procura mostrar simbolicamente como se inicia e desenrola a revolução socialista. As referências à estratificação social russa e a utilização de diversos signos simbólicos faz com que se reproduza em torno do filme todo o movimento social do país.
A cena da escadaria é uma sequência brilhante de enquadramento mostra uma câmara suspensa que corre pelas escadarias e acompanha o movimento nervoso dos cidadãos encurralados. Como não havia trilhos de travelling e muito menos gruas, são surpreendentes as possibilidades exploradas por Eisenstein, que utilizou com maestria a câmera subjetiva nesta seqüência. Nota-se também aí o descarte da verossimilhança, uma vez que a escada parece nunca acabar, pois as pessoas correm e não chegam a lugar nenhum (o contraposição entre o tempo da narrativa e o tempo da realidade).
O jogo de oposições em conflito fica claro no momento em que os cidadãos em pânico correm em direções contrárias e atravessadas. Não há mais união aqui, pois cada um luta famigeradamente pela sua própria sobrevivência. O pavor é tamanho que até mesmo uma mãe, que tenta fugir com o filho da mira das baionetas sanguinárias, apenas percebe que a criança ficou para trás após algum tempo. Nesta cena, um inesquecível semblante surge no rosto daquela mulher, que presencia o desfalecimento do seu filho e o posterior atropelamento do corpo pelos demais, que ainda têm esperança de permanecerem vivos. É comum o close no rosto dos cidadãos, mas não se vê o rosto dos cossacos, pois eles não são personagens em si, são apenas símbolos de um sistema político vigente, opressor e cruel.

Surge então uma das mais belas cenas do filme. A mãe, em prantos com o seu filho ferido no colo, solicita aos cossacos que poupem a população. A cena, numa perspectiva alegórica, faz uma clara referência ao fato histórico real conhecido como o “estopim da revolução russa”. O faminto e miserável povo russo acreditava que o Czar Nicolau II não sabia que eles passavam fome e viviam na miséria. Portanto, decidiram escrever uma carta mostrando-lhe a situação, na esperança de que o imperador se sensibilizasse e os ajudasse. No entanto, ao receber a carta, o Czar considerou a iniciativa uma insolência e ordenou aos cossacos o imediato extermínio de todos. Os cossacos se postaram e, ao grito de permissão para atirar, massacraram toda a população. A cavalaria completou o extermínio cegando, com furos nos olhos as crianças e mutilando o ventre das mulheres grávidas. A sequência da Escadaria de Odessa faz uma representação exitosa deste fato histórico.




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