Nos dias 14 e 15 de fevereiro, estarei participando do curso “David Cronenberg: Seu Cinema e suas Obsessões”, criado pelo CENA UM e ministrado pela Prof.ª Dr.ª Rosângela Fachel de Medeiros. E enquanto esses dois dias não vêm, por aqui, estarei postando um pouco sobre cada filme, desse diretor que passa sua visão obscura (mas que fascina) para a tela do cinema!
A MOSCA
Sinopse: Cientista (Jeff Goldblum) testa maquina de teletransporte de matéria e inadvertidamente permite que uma mosca entre na câmara junto com ele. Quando se dá a reintegração, os resultados são terríveis. Foi o primeiro contato que eu tive com relação ao diretor David Cronenberg, e sem sombra de duvida, um dos grandes filmes de sua carreira. O mais surpreendente é o fato dessa produção ser uma refilmagem de um clássico dos anos 50 (A mosca da Cabeça Branca estrelado por Vincent Price), mas que eu acredito que Cronenberg deve não ter assistido nada daquele filme, pois sua obra vai por um caminho totalmente diferente. Da simples historia do cientista, em sua busca implacável de criar algo revolucionário, Cronenberg aproveitou para explorar as camadas de personalidade do seu protagonista (Jeff Goldblum, no melhor momento de sua carreira). Apresentado como um cientista brilhante e de bom caráter, o personagem de Goldblum vai demonstrando seu outro lado inconseqüente, a partir do momento em que sue corpo começa a mudar após a experiência de tele transporte, se transformando numa pessoa mesquinha, inconseqüente e imprevisível. Após perceber que de sua forma perfeita, começa a mudar para uma forma tenebrosa, o seu personagem então começa a entrar num estagio de loucura e sem volta. A transformação do homem para a mosca seria o motivo de sua mudança de conduta? Ou elas estavam sempre lá e a transformação foi apenas um empurrão?
Essa é a forma que David Cronenberg cria os seus personagens, pois nunca temos uma exatidão sobre quem são eles realmente. Pois quando achamos que já sabemos tudo sobre eles, sempre surgem novas surpresas no decorrer da trama. A Mosca também é um dos casos raros de quando a técnica para a criação de uma historia se casa muito bem com o desempenho do elenco. A horrenda maquiagem que Goldblum vai usando no decorrer do terceiro para o ato final, é uma forma de representação, não somente da mudança fisica do seu personagem, mas também da sua mente jaz afetada, e mesmo com toneladas de maquiagem (premiada com um Oscar), Goldblum se sobressai de uma forma impressionante. Atenção nas cenas em que o personagem se encara no espelho e começa á ver seu mundo desabar, a partir das mudanças do seu corpo. Por essas cenas e outras, foram tão marcantes, que serviram de inspiração para a transformação (ou não) da personagem de Natalie Portman em Cisne Negro.
Destaque também para Geena Davis, em um dos seus primeiros papeis de destaque, onde ela passa todo o seu conflito interno e a impotência perante ao inexplicável e sem saber o que fazer, quando vê o homem de quem se apaixonou se transformar, isso sem falar na surpresa que lhe aguarda, num ato final cheio de horror e surpresas!
Curiosidade: Várias cenas rodadas não foram usadas na versão final do filme. Entre elas, está um teleporte feito por Seth Brundle (Jeff Goldblum) com um babuíno e um gato juntos, resultando em uma criatura híbrida ao término da operação. A outra seria um final alternativo, onde Veronica (Geena Davis) tem outro sonho com seu bebê, desta vez com belas asas de borboleta.