Nos dias 5 e 6 de novembro, estarei participando do curso, “INGMAR BERGMAN – O Cinema da Angústia Existencial”, no Museu da Comunicação (Rua dos Andradas, 959 – Porto Alegre / RS). Enquanto os dois dias não vem, por aqui, estarei postando um pouco sobre cada filme pertencente, a uma filmografia incomum, de um diretor incomum.
O SÉTIMO SELO
Sinopse: Após dez anos, um cavaleiro (Max Von Sydow) retorna das Cruzadas e encontra o país devastado pela peste negra. Sua fé em Deus é sensivelmente abalada e enquanto reflete sobre o significado da vida, a Morte (Bengt Ekerot) surge à sua frente querendo levá-lo, pois chegou sua hora. Objetivando ganhar tempo, convida-a para um jogo de xadrez que decidirá se ele parte com a Morte ou não. Tudo depende da sua vitória no jogo e a Morte concorda com o desafio, já que não perde nunca.
Sombria parábola sobre o mundo existencial e religiosa sobre a relação incerta que o homem tem algumas vezes sobre determinados assuntos, que por vezes, aflige sua mente, como a existência de Deus ou o que há após a morte. Bergman passa todo esse desconforto, do inicio ao fim, de uma forma original e até hoje insuperável. Com um preto e branco belíssimo, onde cada cena parece um quadro pintado, de uma forma rica e lírica. Praticamente contemporâneo a Morangos Silvestres, outra grande obra prima do diretor (veja abaixo), o filme é fruto de uma das poucas concepções não realistas de sua carreira.
Curiosidade: O Sétimo Selo é uma referência ao capítulo 8 do Livro das Revelações.
MORANGOS SILVESTRES
Sinopse: O velho professor Isak Borg viaja de carro para uma universidade para receber uma homenagem. No caminho, depara-se com estranhos e parentes, o que faz ele reviver velhos momentos de sua vida e tentar descobrir o significado de estranhos sonhos que vinha tendo.
Um belo retrato sobre os significados da velhice e o vicio do ser humano pelas suas recordações de momentos que não voltam mais. Por ser uma obra séria, o filme é um tanto que dificil na primeira vista, mas numa segunda e terceira revisão, se torna um filme maravilhoso de se assistir, para então, observar os seus inúmeros símbolos, com seus significados ao longo da projeção. O grande destaque vai para os momentos de flashback, devido a sua ótima iluminação, graças a uma estupenda fotografia (de Gunnar Fischer), pela criativa direção de Bergman e pela incrível interpretação do antigo diretor Sjostrom, como o velho professor.
Curiosidade: Grande vencedor do urso de Ouro no festival de Berlim.
PERSONA
Sinopse: Atriz emudece e é internada por isso. Na verdade, apenas se nega a falar e passa a ser cuidada por uma enfermeira. As duas, isoladas, vão estabelecendo uma relação de intimidade e simbiose de personalidades.
Talvez, o melhor filme ao explorar o lado psicológico do ser humano. Um ensaio rápido e certeiro de Bergman, onde ele cria um verdadeiro tour de force para as duas grandes atrizes centrais, pois a câmera jamais as abandona de forma alguma, e com isso, conhecemos cada expressão das duas, e tendo uma ligeira idéia do que elas estão pensando. Eu digo ligeira, pois são múltiplas possibilidades do que elas estão pensando em cada cena.
Uma verdadeira tensão em cada seqüência, pois o que vemos, são duas mulheres de uma fortíssima personalidade cada uma, sendo que, ao se chocarem essas duas personalidades, há de surgir momentos inquietantes para o espectador que assistir. Um texto poético e perturbador, um dos melhores de Bergman.