DEVIDO A CENSURA SEM SENTIDO, FILME GANHA BATE BOCA MAIS DO QUE DEVERIA
Sinopse:: Milos (Srdjan Todorovic) é um ator pornô que se afastou das câmeras para construir uma família. Enquanto passa graves dificuldades econômicas, lhe é oferecido um cachê exorbitante para atuar num filme de arte.
Nem vou me alongar sobre a vasta polemica que se alastrou sobre o fato desse filme ter sido censurado por aqui em nossos cinemas (mais informações no site cinema em cena clicando aqui). O que vou falar aqui é sobre as qualidades e os pontos negativos que esse filme possui e que deu o que falar. Para começar, o filme não faz uma apologia a pedofilia, e sim é uma espécie de uma grande denuncia que faz contra esse mundo obscuro e terrível que é do mundo da pornografia, mais precisamente os tais snuff movies onde contem estupros, espancamentos e até mesmo (a quem diga) mortes reais filmadas. Em seu primeiro filme, o diretor sérvio Srdjan Spasojevic não poupa nem o espectador e tão pouco o protagonista (Srdjan Todorovic) ao adentrar neste território, que mesmo saindo vivo, ficara marcado pelo resto da vida, devido a momentos terríveis onde o diretor pornográfico da historia (Sergej Trifunovic) leva o protagonista a cometer atos terríveis e o drogando com altas doses para torná-lo um zumbi descontrolado por sexo. É nestes momentos que o ator Sergej Trifunovic rouba cena, pois ficamos perplexos em ver ele falar com a maior naturalidade que o que ele faz é arte e que deveria (pasmen) ser respeitada, em seqüências que beiram do chocante ao hilário, principalmente em tiradas que por mais absurdas que seja a situação, são de humor negro puro, como a frase que ele dispara em determinado momento da trama, “meu filme esta fugindo pela janela”.
Visualmente, Serbian film é bem interessante, devido aos seus cenários excêntricos dos tais atos, mais parecendo uma representação de um sonho que gradualmente vai se tornando em pesadelo na medida em que o filme começa a ficar cada vez mais e mais pesado, mas acredito que não havia uma forma de ser diferente. Se a intenção do diretor era fazer um retrato e uma espécie de denuncia contra esse horror do submundo dos snuff movies da Sérvia, então não poderia ser diferente. Muito embora aja partes que realmente chocam só por chocar, como a tão polemica cena de estupro de um recém nascido, que mesmo que todo mundo saiba que aquilo é um boneco eletrônico (visto recentemente no youtube) não há como não ficar desconcertado e enjoado, tanto na versão censurada (onde é mais sugestiva) como a sem cortes que chega ser horrível demais para ser vista. É ai que o diretor falha em seu filme denuncia, ao fazer cenas chocantes somente para chocar, principalmente no ato final em que o protagonista cai numa armadilha que custara sua sanidade, mas quando chega a esse momento, o espectador já tem uma base do que ira acontecer, devido ao fato de já termos tido uma dose de seqüências grotescas e com isso, a cena chave do filme se torna previsível e nada surpreendente se comparada a outros filmes que tocaram no mesmo tema como Old Boy que foi anos luz melhor em querer surpreender e chocar.
Entrando para o rol dos filmes polêmicos da historia do cinema, Serbian film poderia muito bem ter se tornado somente um pequeno filme cultuado pela sua produção de altos e baixos que não sabe ao certo se quer fazer refletir ou chocar em alguns momentos, mas que acabou ganhando boca a boca devido a políticos sem noção que poucos se prestaram a assistir ao filme e que acabaram proibindo-o de ser exibido. Num mundo atual que tudo pode ser baixado pela internet, onde tudo que se torna proibido acaba sendo mais visto, eles acabaram criando um verdadeiro erro de calculo que tende a cada vez mais crescer e que espero que com o tempo minimize e se torne um caso isolado com o devido tempo. Pois não são eles que devem dizer se devemos ou não gostar ou assistir a um filme e sim somos nos que temos esse direito e não devemos perde-lo.
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