Sinopse: Stéphane Belcourt é um escritor que, após 35 anos, retorna para Cognac, na França, quando aceita ser embaixador de uma famosa destilaria. Lá ele dá de encontro com o passado e revelações surpreendentes.
Quando a pessoa volta para a sua cidade de origem há sempre aquela sensação de nostalgia iminente. Porém, nem tudo são flores, pois algumas coisas inacabadas o ficam assombrando e cabe serem enfrentadas para ser colocado um ponto final nisso. "Pare Com Suas Mentiras" (2023) fala sobre uma história de amor do passado, mas que prevaleceu no decorrer dos anos mesmo quando duas pessoas seguiram seus próprios rumos.
Dirigido por Olivier Peyon, e baseado no livro de Philippe Besson, a história se concentra sobre a vida de Stéphane Belcourt (Guillaume de Tonquédec), um escritor que, após mais de três décadas, se vê na chance de revisitar Cognac, na França, pois o mesmo aceitou um convite do embaixador de uma famosa destilaria. Porém, durante a sua chegada ele começa a reviver algumas lembranças de sua paixão adolescente. Ao mesmo tempo, ele acaba conhecendo alguém que irá fazê-lo descobrir certas verdades que não desejaria ouvir.
O grande acerto do filme se encontra nas transições entre o passado e presente, já que o diretor Olivier Peyon procura fazer com que essas duas linhas do tempo se tornem únicas e faça com que a gente não sinta a passagem do tempo, mas sim a relação de amor que se encontra no filme como um todo. Em um determinado momento, por exemplo, vemos o protagonista lado a lado com a sua contraparte mais jovem, o que simboliza que o passado ali se encontra mais forte do que nunca e que jamais irá desaparecer mesmo que o tempo avance cada vez mais. Esse efeito é graças a uma edição de cenas caprichadas e que obtém grande êxito e sem grande uso de grandes pirotecnias.
É claro que muito desse efeito se deve ao ótimo elenco em cena, principalmente pelos atores Guillaume De Tonquédec e Jérémy Gillet, sendo que o primeiro interpreta a fase adulta do protagonista enquanto o segundo a fase adolescente. Esse último, por exemplo, defende com louvor a sua interpretação, já que nos passa alguém disposto em abraçar os seus verdadeiros sentimentos, o que difere da sua paixão, interpretado por Julien De Saint-Jean e que nos transmite medo e dúvidas sobre o seu futuro devido à sombra do preconceito. São dois lados da mesma moeda, mas que há uma barreira que os impede de que a paixão seja totalmente consumada.
O filme por si só vem em um momento atual em que a comunidade LGBT ainda enfrenta o medo de sair totalmente do armário, mas cabe não enfrentar somente possível preconceito, como também a si mesmo. O personagem Thomas, por exemplo, não o vemos em sua fase adulta, pois ele colocou em prática algo que lhe fez se colocar em um caminho sem volta, mas não sendo o suficiente para apagar o que havia construído ao lado do protagonista. Por conta disso, um personagem que surge no presente faz com que o mesmo obtenha uma presença constante, mesmo não surgindo em cena e fazendo com que a gente sinta esse efeito de forma imediata.
Ao final, vemos essas figuras centrais tendo que enfrentar os seus medos interiores para que assim se sintam por completos e tendo a consciência de sempre serem eles mesmos independente da resposta que virá do mundo. Com uma bela trilha sonora do compositor Thylacine, "Pare Com Suas Mentiras" fala sobre lembranças de um passado mais dourado, mas que poderia continuar predominando se não fosse devido ao medo perante esse mundo.
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