Sinopse: Uma história de traição e vingança realizada por Ridley Scott, com Jodie Comer, Adam Driver, Matt Damon e Ben Affleck nos papéis principais.
Embora não tenha uma visão autoral definida dentro de sua filmografia Ridley Scott é responsável por grandes obras primas do cinema, que vai desde "Os Duelistas (1977), para "Alien - O 8ª Passageiro (1979), "Blade Runner (1982) e "Gladiador" (2000). Só por esses títulos seria o suficiente para ele receber carta branca através dos estúdios e comandar qualquer tipo de projeto, mesmo quando aquele corre o sério risco de ser um fracasso. "O Último Duelo" (2021) é um desses casos que o projeto poderá sair caro para o estúdio, mas em compensação somos brindados por uma produção que se arrisca a nos dizer para que veio.
"O Último Duelo" é uma história sobre o duelo entre o cavaleiro Jean de Carrouges e o escudeiro Jaques Le Gris, acusado de ter violado a esposa do cavaleiro. A luta, estabelecida pelo próprio rei da França, Carlos VI, marca o grande drama de vingança e crime do século XIV, que tem a esperança de ser resolvido somente após o combate. Baseado no romance homônimo de Eric Jager.
Embora longo se percebe que Ridley Scott tentou ao máximo para que o filme tivesse uma edição dinâmica e fluida, mesmo quando sentimos em alguns determinados momentos uma falta de umas passagens da história. Em compensação, ele nos brinda com uma trama que possui três perspectivas diferentes uma da outra, ou seja, cabe cada um tirar as suas próprias conclusões sobre quem realmente possui a história mais verossímil. Algo parecido que o mestre Akira Kurosawa havia usado em sua obra prima "Rashomon" (1951) e aqui está fórmula ainda funciona com perfeição.
Com uma reconstituição de época precisa, além de uma fotografia e edição de arte que andam de mãos dadas, o filme ainda nos brinda com boas atuações em cena. É curioso, por exemplo, observar Matt Damon e Ben Affleck novamente contracenando em um mesmo filme após vários anos, porém, se percebe que ambos não possuem mais aquele lado amador que tinham quando eram jovens, pois cada um aprendeu da melhor e da pior maneira possível como tem que se trabalhar realmente em uma Hollywood sempre movida pelo dinheiro. Adam Driver, por sua vez, continua colhendo os frutos desde que participou da terceira trilogia de “Star Wars”, pois obteve reconhecimento e acumulando atuações cada vez mais intensas em filmes pequenos, porém, autorais e de bastante conteúdo.
Mas o filme pertence atriz Jodie Comer do começo ao final de sua projeção. Com uma carreira solida em séries de tv, Jodie Comer tem nos surpreendido cada vez mais nas telonas e sua personagem aqui é um retrato de uma mulher que sofre nas mãos de uma cultura do patriarcado, do machismo e do fanatismo religioso, em uma época em que as mulheres poderiam ser mortas unicamente por tomar suas próprias escolhas. Nas três versões da trama observamos que ela desconstrói a imagem que o homem tentava sempre nos passar, mesmo quando o mesmo possuía a palavra final através do poder da igreja.
O ato final possui fortes emoções, principalmente em um duelo sangrento e que não se via na filmografia de Ridley Scott desde "Cruzada" (2004). Ao final, vemos um dos personagens centrais demonstrando certa felicidade em seu rosto, mas também não escondendo um alto preço para obter isso em meio a um sistema hipócrita vindo da própria igreja. Um momento puramente simples, mas que carrega um grande peso se olharmos para trás com relação ao que havia acontecido.
"O Último Duelo" é uma super produção que foge das regras comuns do cinema hollywoodiano e só por esse feito merece ser conferido.
Onde Assistir: Star+
2 comentários:
Li a crítica, Ridley Scott e um elenco considerável...mas vou esperar um pouco.
De uma chance a obra o mais rápido possível.
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