Sinopse: O filme conta o que poderia ter acontecido nos últimos dias do casamento da princesa Diana (Kristen Stewart) com o príncipe Charles (Jack Farthing).
Pablo Larraín vem construindo uma carreira digna de respeito, principalmente quando cria tramas cujo os protagonistas são pessoas conhecidas pelo mundo. Porém, Tanto "Jackie" (2016) como "Neruda" (2016) são visões pessoais de sua autoria e cuja as tramas, tanto do famoso poeta do Chile, como da viúva do Presidente Kenedy, podem ser contestados por aqueles que viram de perto a carreira de ambos. Portanto, "Spencer" (2021) poderá dividir a opinião de muitos sobre a sua visão pessoal sobre Lady Diana, mas que vale muito a pena uma conferida.
"Spencer" é um longa cujo título faz referência ao sobrenome de solteira de Diana. Se passando nos anos 1990, Diana passa o feriado do Natal com a família real na propriedade de Sandringham, em Norfolk, Reino Unido. Apesar das bebidas, brincadeiras e comidas que Diana já sabe o script, esse final de ano vai ser diferente. Após rumores de traição e de divórcio, a princesa se vê em um impasse quando percebe que seu casamento com Príncipe Charles já não está dando mais certo, mesmo com os dois filhos, portanto ela decide o deixar. Spencer é apenas uma especulação do que pode ter acontecido durante esses turbulentos dias e noites.
Por estarmos acostumarmos em nos lembrar de uma Lady Diana linda, firme e forte através de imagens de vídeo e fotos, porém, o que temos aqui é algo totalmente o inverso, onde testemunhamos uma mulher à beira de uma crise nervosa, mas não se entregando do modo fácil. Pablo Larraín procura construir um cenário em que mostra a ligação da protagonista com as suas raízes, assim como também a tão tumultuada história da família real Britânica e cuja a mesma nunca conseguiu esconder os seus podres da realeza. Neste último caso, o filme ganha contornos quase de um terror psicológico com o direito da imagem do Príncipe Charles e da Rainha Elizabeth se tornarem peculiares para dizer o mínimo.
Dito isso vemos, portanto, uma Diana tendo que enfrentar todas as regras de etiqueta, das quais a sufoca a todo momento, já que cada uma se torna uma coleira ou uma corda encurtada para lhe manter presa naquele cenário. Em um determinado momento, por exemplo, uma corrente de pérolas se torna uma amarga lembrança e cuja a peça se torna parte de um dos momentos mais angustiantes trama. Porém, essa angustia somente é sentida graças atuação poderosa de Kristen Stewart.
Conhecida mundialmente pela franquia "Crepúsculo", Stewart vinha construindo uma carreira cada vez mais diversificada, ao ponto de surpreender em títulos como "Acima das Nuvens" (2014) e "Personal Shopper" (2017) ambos de Olivier Assayas. Aqui atriz desaparece em cena, mas não dando lugar a Diana da qual nós conhecíamos, mas talvez de acordo com a visão do diretor ou até mesmo da forma em que atriz a construiu para si. Aqui, vemos uma Diana com trejeitos peculiares, cujo o seu modo de andar parece estar sempre recuando de algo que a gente jamais vê, mas cujo o mal que lhe assombra pode estar bem ali.
Porém, aos poucos, constatamos que essa Diana precisa enfrentar e derrotar os seus demônios interiores, cujos os mesmos podem estar no coração da realeza, mas também em suas próprias dúvidas com relação a sua pessoa. A sua redenção, portanto, se encontra em seu passado, onde a figura de um antigo espantalho pode se tornar a sua peça chave para sua fuga em direção a uma realidade um pouco mais acolhedora. O final, embora distante da realidade propriamente dita, é uma declaração de amor do cineasta para uma mulher da qual somente ela sabia como as engrenagens da realiza funcionavam e cujo o seu miolo, talvez, tenha sido bastante amargo.
Com uma bela edição de arte e fotografia. "Spencer" é a luta de uma mulher que viu o seu conto de fadas ruir e que precisava acordar para assim fugir e ser um pouco mais feliz.
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