Nos dias 10 e 11 de Junho,
eu estarei participando do curso Quadrinhos no cinema: Uma História quadro a
quadro, criado pelo Cena Um e ministrado pelo autor da "Enciclopédia dos
Quadrinhos" (Editora L&PM) André Kleinert. Enquanto o curso não
chega, por aqui estarei fazendo uma retrospectiva das melhores adaptações das
HQ para o cinema e sobre o que mudou para aqueles que curtem essas duas artes
de contar historias.
HERÓIS HUMANOS
Cavaleiro das Trevas, Watchmen,
A Queda de Murdock, Piada Mortal e dentre outras, foram HQ que mudaram a cara
dessa arte para sempre nos anos 80. Antes invencíveis, os anos 80 trouxeram um
lado mais sombrio e humano para os super heróis e conquistando novamente aqueles
leitores que um dia leram as suas historias e conquistando uma nova geração que
acreditava que HQ era somente para criança. Nas adaptações para o cinema
essa mudança também foi sentida, confiram:
(2005) Batman Begins
Sinopse: Marcado pelo
assassinato de seus pais quando ainda era criança, o milionário Bruce Wayne
(Christian Bale) decide viajar pelo mundo em busca de encontrar meios que lhe
permitam combater a injustiça e provocar medo em seus adversários. Após
retornar a Gotham City, sua cidade-natal, ele idealiza seu alter-ego: Batman,
um justiceiro mascarado que usa força, inteligência e um arsenal tecnológico
para combater o crime.
Após o fiasco que a
Warner fez com Batman e Robin, parecia que jamais haveria uma chance de Batman
retornar aos cinemas para limpar a sua imagem depois daquele vexame. Eis que
então, a Warner decidida a trazer novamente o herói de volta, contratou
Christopher Nolan que, soube criar um filme, cuja trama não só soube respeitar
o personagem do inicio ao fim, como também criou o universo do morcego algo
mais crível para o nosso mundo real. A trama não tem pressa em apresentar o
personagem já encapuzado e sim mostrar todo o desenvolvimento e os motivos que
levaram um homem a combater o crime de uma cidade corrupta, sendo algo que nem
nas outras adaptações soube mostrar isso. Christian Bale faz do seu personagem,
algo mais humano, e também não esconder as dores que carrega ao longo dos anos
e desde já se tornou o melhor Bruce Wayne/Batman. Michael Caine, Liam Neeson,
Morgan Freeman, Gary Oldman, Ken Watanabe, Katie Holmes, Cillian Murphy, Tom
Wilkinson e Rutger Hauer completam o elenco de estrelas, nesse belo filme que
trouxe respeito e dignidade de volta para o ícone dos quadrinhos.
Curiosidades: Antes
do início das filmagens o diretor Christopher Nolan reuniu todo o elenco para
uma sessão privada de Blade Runner, o Caçador de Andróides (1982). Após o
encerramento do filme, Nolan disse a todos que era daquele jeito que queria que
fosse Batman Begins. Apesar de Cillian Murphy não ter sido escolhido para
interpretar Batman, o diretor Christopher Nolan gostou tanto de seu teste de
cena que o convidou para interpretar o personagem Espantalho.
(2006) V DE VINGANÇA
Sinopse: Em uma
Inglaterra do futuro, onde está em vigor um regime totalitário, vive Evey
Hammond (Natalie Portman). Ela é salva de uma situação de vida ou morte por um
homem mascarado, conhecido apenas pelo codinome V (Hugo Weaving), que é
extremamente carismático e habilidoso na arte do combate e da destruição. Ao
convocar seus compatriotas a se rebelar contra a tirania e a opressão do
governo inglês, V provoca uma verdadeira revolução. Enquanto Evey tenta saber
mais sobre o passado de V, ela termina por descobrir quem é e seu papel no
plano de seu salvador para trazer liberdade e justiça ao país.
Marcando a estreia do australiano James
McTeigue na direção, após ter auxiliado o trabalho dos irmãos Wachowski
(trilogia Matrix), agora produtores e roteiristas, V de Vingança é a adaptação para os cinemas da HQ dos renomados
autores Alan Moore e David Lloyd. Lembrando muito o clássico 1984, de George
Orwell, o filme constrói um Reino Unido tomado por um Partido autoritário, cujo
poder tem como consequência um controle intenso sobre a população. No entanto,
um misterioso – e sobretudo poético – personagem mascarado, conhecido por V
(Hugo Weaving), confronta o partido e transmite uma mensagem a toda a nação:
dentro de um ano, a situação vai mudar, quando o mesmo planeja destruir o
edifício do Parlamento Britânica.
Quando a funcionária de um meio de comunicação Evey Hammond (Natalie Portman), salva por V em um dado momento, resolve ajudá-lo, torna-se um meio termo entre cúmplice e refém. Dessa forma, os membros do Partido, liderados por Adam Sutler (John Hurt), o Chanceler, tentam capturá-la como forma de obter informações do mascarado. No entanto, V, motivado por uma vingança de um passado sofrido por conta do Partido, esconde muitos segredos e pretende levar seu plano até o final. Embora de temática forte e bastante política, V de Vingança possui uma leveza beirando à ingenuidade. O enigmático protagonista, que possui um gosto pela erudição e é incrivelmente habilidoso no combate, encanta o espectador pela sua desafiadora mensagem de esperança. Em 1984, o protagonista também arma contra o Partido, mas é incomparavelmente menos imponente.
Desse modo, mesclando falas otimistas, poéticas e ao mesmo tempo contundentes, V investe no seu objetivo e parece ter tudo muito bem planejado. Paralelamente, Evey, apesar de contribuir um pouco, torna-se uma grande aprendiz – mesmo a contragosto – dos valores pregados por V. Há relação desses valores com a anarquia. Não por acaso, o símbolo adotado por V é desta letra envolta por um círculo, na cor vermelha. De cabeça para baixo, é o ícone anarquista. A cena em que Evey é levada a uma prisão e tem contato com bilhetes escritos por uma moça que foi detida por ser homossexual, é uma das mais bonitas do filme e ilustra bem a luta que se prega pela justiça, liberdade individual e igualdade de direitos. Nessas esferas, o filme expande seu significado.
O lado culto que o filme evoca é uma constante. V, por exemplo, executa demolições de prédios imaginando-se como regente de uma orquestra (detalhe: nas suas bombas, há vários fogos de artifício, que dão um ar de festa). Outro personagem, companheiro de Evey, cozinha ao som de bossa nova. Uma boa produção, que conta com ótimas cenas de ação, misturada com um roteiro interessante que traz uma história envolvente, uma vez que V corre atrás dos “cobrões” do Partido, além de toda a poesia, resultam no sucesso do filme. De V de Vingança podemos concluir que os governos autoritários podem até obter controle político e ideológico, mas nunca vão calar as idéias e a voz dos dissidentes.
Quando a funcionária de um meio de comunicação Evey Hammond (Natalie Portman), salva por V em um dado momento, resolve ajudá-lo, torna-se um meio termo entre cúmplice e refém. Dessa forma, os membros do Partido, liderados por Adam Sutler (John Hurt), o Chanceler, tentam capturá-la como forma de obter informações do mascarado. No entanto, V, motivado por uma vingança de um passado sofrido por conta do Partido, esconde muitos segredos e pretende levar seu plano até o final. Embora de temática forte e bastante política, V de Vingança possui uma leveza beirando à ingenuidade. O enigmático protagonista, que possui um gosto pela erudição e é incrivelmente habilidoso no combate, encanta o espectador pela sua desafiadora mensagem de esperança. Em 1984, o protagonista também arma contra o Partido, mas é incomparavelmente menos imponente.
Desse modo, mesclando falas otimistas, poéticas e ao mesmo tempo contundentes, V investe no seu objetivo e parece ter tudo muito bem planejado. Paralelamente, Evey, apesar de contribuir um pouco, torna-se uma grande aprendiz – mesmo a contragosto – dos valores pregados por V. Há relação desses valores com a anarquia. Não por acaso, o símbolo adotado por V é desta letra envolta por um círculo, na cor vermelha. De cabeça para baixo, é o ícone anarquista. A cena em que Evey é levada a uma prisão e tem contato com bilhetes escritos por uma moça que foi detida por ser homossexual, é uma das mais bonitas do filme e ilustra bem a luta que se prega pela justiça, liberdade individual e igualdade de direitos. Nessas esferas, o filme expande seu significado.
O lado culto que o filme evoca é uma constante. V, por exemplo, executa demolições de prédios imaginando-se como regente de uma orquestra (detalhe: nas suas bombas, há vários fogos de artifício, que dão um ar de festa). Outro personagem, companheiro de Evey, cozinha ao som de bossa nova. Uma boa produção, que conta com ótimas cenas de ação, misturada com um roteiro interessante que traz uma história envolvente, uma vez que V corre atrás dos “cobrões” do Partido, além de toda a poesia, resultam no sucesso do filme. De V de Vingança podemos concluir que os governos autoritários podem até obter controle político e ideológico, mas nunca vão calar as idéias e a voz dos dissidentes.
(2008) O CAVALEIRO
DAS TREVAS
Sinopse: Em sua nova
aventura para o cinema, Batman segue como o vigilante de Gotham City e tem Jim
Gordon (Gary Oldman) e o promotor público Harvey Dent (Aaron Eckhart) como
aliados, além do apoio de seu fiel mordomo Alfred (Michael Caine) e do amigo
Lucius Fox (Morgan Freeman). Mas um inimigo surge para ameaçar a paz da cidade:
o Coringa (Heath Ledger), que inicia uma série de ataques e ameaça Rachel Dawes
(Maggie Gylenhaal). Batman então percebe que não enfrenta simplesmente mais um
vilão, e sim um adversário maquiavélico e inteligente que não poupará esforços
para sair triunfante da batalha.
Christopher Nolan havia feito no filme
anterior, um filme correto e no momento certo para tentar revitalizar o
personagem no cinema, ao fazer um filme pé no chão em que a ficção se
misturasse com a realidade. Agora, ninguém esperava que a seqüência fosse tão
boa ao ponto de chegar a um novo patamar nas adaptações das historias em
quadrinhos. Se no filme anterior era trazer mais realismo ao universo do
morcego, aqui mostra o que realmente aconteceria se uma pessoa decidisse
combater o crime, sendo que sempre haveria consequências e o nome de uma delas
é Coringa.
Ao introduzir o personagem no filme, a trama vai a níveis nunca alcançados antes em outras adaptações de HQ. Quando acha que o personagem já fez de tudo, pode esperar pelo efeito surpresa e isso, claro, se deve a assombrosa interpretação de Heath Ledger. Se em 2006 ele ousou ao interpretar o caubói gay em O Segredo em Brokeback Mountain de Ang Lee, aqui ele simplesmente desaparece no personagem tornando um ser humano assustador e imprevisível que deseja nada mais além do mais puro caos.
Com isso, o filme explora até que ponto vai a maldade e a loucura humana, até que ponto o ser humano pode ou não ceder ao seu lado sombrio perante o horror que há no mundo, e isso é muito bem retratado pelos personagens Batman/Bruce (Christian Bale), Gordon (Gary Oldman) e Harvey Dent (Aaron Eckhart, espetacular), uma trindade que se uniu para o bem de uma cidade, mas mal sabem que haveria tantos sacrifícios em prol de algo maior.
Cenas ação realistas ao extremo, e espetaculares em momentos de pura tensão psicológica, fazem desse filme um dos melhores dos últimos anos que infelizmente não foi reconhecido muito bem na academia (com exceção Heath Ledger que acabou sendo indicado e ganhando todos os prêmios incluindo o Oscar).
Ao introduzir o personagem no filme, a trama vai a níveis nunca alcançados antes em outras adaptações de HQ. Quando acha que o personagem já fez de tudo, pode esperar pelo efeito surpresa e isso, claro, se deve a assombrosa interpretação de Heath Ledger. Se em 2006 ele ousou ao interpretar o caubói gay em O Segredo em Brokeback Mountain de Ang Lee, aqui ele simplesmente desaparece no personagem tornando um ser humano assustador e imprevisível que deseja nada mais além do mais puro caos.
Com isso, o filme explora até que ponto vai a maldade e a loucura humana, até que ponto o ser humano pode ou não ceder ao seu lado sombrio perante o horror que há no mundo, e isso é muito bem retratado pelos personagens Batman/Bruce (Christian Bale), Gordon (Gary Oldman) e Harvey Dent (Aaron Eckhart, espetacular), uma trindade que se uniu para o bem de uma cidade, mas mal sabem que haveria tantos sacrifícios em prol de algo maior.
Cenas ação realistas ao extremo, e espetaculares em momentos de pura tensão psicológica, fazem desse filme um dos melhores dos últimos anos que infelizmente não foi reconhecido muito bem na academia (com exceção Heath Ledger que acabou sendo indicado e ganhando todos os prêmios incluindo o Oscar).
(2009) Watchmen - O
Filme
sinopse: Em 1977 foi
aprovada pelo congresso norte-americano a Lei Keene, que proibia as atividades
de mascarados no combate ao crime. Isto fez com que vários super-heróis
deixassem a carreira, como o Coruja (Patrick Wilson) e Espectral (Malin
Akerman). Outros, como o Comediante (Jeffrey Dean Morgan) e o Dr. Manhattan
(Billy Crudup), passaram a trabalhar para o governo. Dois anos antes da
implementação desta lei Adrian Veidt (Matthew Goode) decidiu revelar sua
identidade como Ozymandias, dedicando-se a partir de então na construção de um
império econômico. Em 1985 o mundo vive o clima da Guerra Fria, no qual um
ataque nuclear pode acontecer a qualquer momento, vindo dos Estados Unidos ou
da União Soviética. Neste clima de tensão política Edward Blake, o Comediante,
é assassinado. Em seu funeral comparecem, em momentos diversos, seus antigos
companheiros. Entre eles está Rorschach (Jackie Earle Haley), que acredita que
sua morte seja o indício da existência de um assassino de mascarados.
Quando se achava que
nada poderia se igualar a Batman: Cavaleiro das Trevas, eis que o diretor Zack
Snyder (300) leva para os cinemas a historia conhecida por muitos como a bíblia
dos quadrinhos, um verdadeiro marco dessa arte. Resumidamente o filme levanta a
seguinte questão: O mundo seria melhor se os super heróis realmente existissem?
A resposta esta numa trama de mais de duas horas e meia, recheada de
personagens humanos e com os seus inúmeros defeitos perante as escolhas que
terão que saber (ou não) administrar. Elenco de primeiro linha ( Jackie Earle
Haley como o personagem Rorschach está impecável) efeitos especiais de ultima
geração e isso sem contar o maravilhoso crédito de abertura onde se reconstitui
inúmeros momentos históricos americanos e mundiais da nossa realidade onde os
heróis desse universo participam, embalado com uma fantástica musica do mestre
Bob Dylan, desde já uma das melhores adaptações de HQ para o cinema.
Curiosidades: Durante
a escalação do elenco o diretor Zack Snyder deu a cada ator uma cópia do
roteiro e outra da graphic novel “Watchmen”. Posteriormente, já durante as
filmagens, Snyder permitiu que os atores levassem ao set a graphic novel e
reescrevessem eles próprios seus diálogos.O próprio Zack Snyder pediu a Dave
Gibbons, um dos autores de “Watchmen”, que desenhasse o primeiro cartaz do
filme. Gibbons aceitou o convite e o fez com algumas pistas sobre a trama da
história, escondidas no próprio visual.
4 comentários:
Eu sei q o filme "Watchmen" não foi bem nas bilheterias e não agradou mto à boa parte dos leitores e fãs da HQ....
mas eu sou um dos maiores defensores do filme e achei mto bom mesmo: os atores estavam ótimos nos papéis (em especial a bela Carla Gugino como a Sally Júpiter dos anos 40)!
Abs!
Watchmen levou nota 10 pela revista SET na época e muitos críticos de prestigio elogiaram o filme. Se não fez muito sucesso é porque ainda o publico não estavam prontos para super heróis tão humanos e falhos como eles.
Opa, começa hoje o curso então, Marcelo!
Bom, não li as HQs e não vi todos os filmes... tô muito por fora, como sempre, hehehe! Abraço!
Pois é Nanda, queria muito que vc e o Leo participassem comigo, pois vcs são também especialistas no assunto.
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